«Conheci membros do parlamento que, fosse qual fosse a sua riqueza ou os seus poderes de arengar era quase certo não serem capazes de entrar sequer para as categorias mais baixas dos serviços públicos ou de progredir no comércio acima da categoria de empregador-copiador.
Seria possível, sem fazer quaisquer mudanças radicais no sistema actual, melhorar a qualidade da assembleia legislativa, exigindo simplesmente do legislador as mesmas provas de competência conforme são exigidas de todo o administrador. Se alguém fosse autorizado a candidatar-se ao parlamento que não tivesse provado ser capaz, pelo menos, de entrar para as categorias mais elevadas do funcionalismo público, o parlamento seria automaticamente expurgado de muitos dos seus piores incompetentes e charlatões. É possível que, se este teste fosse imposto, alguns homens de real mérito poderiam ser excluídos, mas a sua perda seria compensada pela exclusão de uns tantos indivíduos meramente palradores ou meramente ricos ou influentes, de tantos curandeiros e vagabundos ignorantes. Se ao mesmo tempo o direito de votar ficasse dependente da capacidade para passar um teste de inteligência toleravelmente puxado - se ninguém fosse autorizado a participar no governo do País desde que não tivesse pelo menos uma idade mental de quinze anos - é provável que a influência dos demagogos e dos jornais fosse consideravelmente reduzida. Os adultos são mais judiciosos, menos facilmente sugestionáveis, do que as crianças.
Que somente os crescidos-mentais deveriam votar e que ninguém deveria ser autorizado a fazer leis desde que não fosse pelo menos inteligente e bem informado como os homens que as administram - estes são princípios políticos que o senso comum vulgar tem de aprovar. Somente os democratas misticamente mais fervorosos, que consideram a votação como uma espécie de acto religioso, e que ouvem a voz de Deus na do Povo, podem ter qualquer razão para desejar perpetuar um sistema pelo qual pode ser dado poder aos cavalheiros de indústria, aos homens ricos e aos quacres, através do voto de um eleitorado composto em grande parte por Peter Pans mentais, cuja infantilidade os torna peculiarmente susceptíveis às blandícias dos demagogos e às sugestões incansavelmente repetidas nos jornais dos homens ricos.»
- Aldous Huxley, "Sobre a Democracia e outros textos"
Entre nós, e à presente data, todas estas fórmulas - de lhana sensatez de Huxley -, perderiam qualquer hipótese de implementação. Os que administram são os mesmos que legislam e também os mesmos que seleccionam. Nesse aspecto, já não se corre o risco de discrepâncias. Afinal, é um dos efeitos comprovados e universais de décadas de democracia: primeiro, a proliferação e homogeneização da mediocridade; depois a ascensão metódica, quando não meteórica, dos piores. Nesse sentido, a democracia, como já bem tinham bispado os grandes pensadores gregos, é o contrário da aristocracia, quer dizer, é o governo não pelos melhores mas pelos piores. E geralmente até pelos piores princípios, razões e motivos. Nesse sentido, pode ser definida, a dita democracia, como um genuína Cacocracia. Do grego Kakos - (mau, feio, disforme, defeituoso, cobarde...) e kratos - (poder, domínio, governo...). Traduzindo: Mau-Governo. Deficiência dominante. Na realidade, tirania da estupidez, da malignância e da mediocridade.
Já nem a Inglaterra se safa na loucura da democracia...
ResponderEliminarTirando a Suíça, com a sua democracia participativa, federação, cantões e comunidades, onde aí conseguimos observar alguns aspectos interessantes e positivos, mas mesmo assim também caem por vezes no pior da democracia e suas aberrações...
Ler também , acrescento , do Thoreau ,:” a desobediência civil “ , para uma perspectiva desapaixonada desta “desmocracia pugressista” ...
ResponderEliminarElon Musk
ResponderEliminar@elonmusk
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2h
What really happened with the Hunter Biden story suppression by Twitter will be published on Twitter at 5pm ET!
https://twitter.com/mtaibbi/status/1598822959866683394
ResponderEliminarOh Sr Dragão , já reparou na boquinha do Kuleva , faz lembrar aquele roto da casa Pia que era um delfim do pêiésse ,descullpe se já não me lembra o nome , só gravei o bujón de azeiteiro ...
ResponderEliminarAnónimo,
ResponderEliminarPor acaso já tinha reparado. Mas ainda bem que assinala. E Kuleva é todo um programa onomástico. Aliás, deve ser gémeo, ao espelhoi, do Levanoku (assessor de imprensa do anão Zelicoso)... :O)
Só escrevi Kuleba para não denunciar a pronúncia do norte e a escola que me deram do Lombroso...moita carrasco , dragón
ResponderEliminar> capaz, pelo menos, de entrar para as categorias mais elevadas do funcionalismo público,
ResponderEliminarLá estão os escriturários a seleccionar escriturários.
Ao menos os gregos tiravam à sorte, quando queriam exercitar aquela teoria que o Mencken definiu ser "o povo saber o que queria, e levar com isso com força."