sábado, agosto 13, 2022

Os Bulldozeres da Pseudo-História




 «Sempre pensei, nessa altura, e à medida que o tempo foi passando, que a grande solução para a Guiné, como para todos os territórios portugueses, era pensarmos num Portugal alargado numa Grande Comunidade Lusófona. Nunca gostei, nem usei, a sigla PALOP's. Como nunca disse que o Brasil é um país irmão, porque acho que o Brasil é o nosso filho mais velho.

A minha posição em relação ao 25 de Abril de 1974 tem que ver com essa ideia de que era preciso criar mais filhos. O nosso projecto era um projecto de autonomias, e por acreditar nisso conspirei contra o antigo regime, fui preso a seguir ao 16 de Março de 1974.»

- Gen. Almeida Bruno in "Os Últimos Guerreiros do Império"

Faleceu esta semana, paz à sua alma, João de Almeida Bruno, General de Cavalaria, "Comando".

Os obituários nos mass-merdia foram unânimes: que tinha falecido (o que é um facto) e que como maior glória na sua existência transportava para a eternidade o "ter sido alvo de uma tentativa de assassinato pela Pide" (o que é grosseira, obscena e descarada mentira). Mas é o trivial destas bestas.

Na Lusa (donde todos os outros copiam) temos qualquer coisa como:

«Aquando da revolta das Caldas da Rainha, em março de 1974, prelúdio do 25 de Abril, foi alvo de uma tentativa de assassinato pela polícia política do Estado Novo, a PIDE.»

Logo à partida, se o senhor fosse alvo dalguma tentativa desse jaez, seria o primeiro a denunciá-lo, ou não?. Acabamos de ouvi-lo, em epígrafe, na primeira pessoa. Foi preso. Porque o facto foi esse. Um facto equivalente, nessa altura, ao facto de ter falecido esta semana. 

Mas desmontemos, com requintes, a contrafacção inform...entira...

1. A Pide não poderia sequer ter feito isso, porque já nem existia: dera lugar à DGS (uma suavização da Primavera marcelista, não só no nome, mas, também, no músculo; e por algum motivo a DGS não gostava de Marcelo). Por conseguinte, se queríamos ser rigorosos (até na peta) dizíamos: a DGS tentou matar o tenente-Coronel Almeida Bruno.

2. Acontece que a DGS não tinha jurisdição orgânica sobre o Exército, ainda por cima oficial, e oficial superior, do quadro permanente. Isto é, a DGS não podia, por sua alta recreação, prender um oficial do exército, ou as pessoas já esqueceram que o Exército (e as Forças Armadas) constituía o pilar principal do anterior regime ?... Fará agora andar por ali, por birra ou capricho, a abater oficiais. De resto, a forma festiva, piqueniqueira e efusiva com que decorreu a conspiração que conduziu ao 25 de Abril, por parte duma quantidade apreciável de magalas, só atesta de como a DGS se estava positivamente nas tintas para o que dali germinasse. Sobretudo, porque, tudo indicava, ou eles assim tendiam a crer, o grande general Spínola telecomandava e superentendia aos acontecimentos. E quem era o braço direito do marechal: exacto, o Ten. Coronel Almeida Bruno. 

3. O que a DGS podia fazer era intervir em determinado caso ou situação, a pedido das estruturas superiores das próprias Forças Armadas. Quer dizer, a tropa pedia à DGS para proceder, por exemplo, a uma qualquer detenção. A DGS detinha e entregava à tropa. Aos serviços disciplinares e prisionais da tropa. E foi isso, precisamente, que aconteceu, nalguns casos, a seguir ao 16 de Março de 1974, a intentona da Caldas. Para quem não saiba, antigamente, existiam duas coisas que regiam os comportamentos militares: o RDM (Regulamente de Disciplina Militar) e o CJM (Código de Justiça Militar). Os militares estavam sujeitos e respondiam exclusivamente perante estes dois regulamentos, e não perante os códigos legais civis, nem perante as suas polícias, procuradorias ou tribunais. Tanto que a pena de morte, em 1974, ainda existia na Justiça Militar - por Alta Traição. Tanto que existiam, com soberania total na sua área, instituições como Polícia Judiciária Militar, Tribunais Militares e Presídios Militares. Acresce que, por tradição no antigo regime, os serviços policiais civis, incluindo a PIDE/DGS, eram geralmente chefiados por oficiais oriundos da Forças Armadas. Imaginem o Silva Pais, ele próprio Major do Exército, a ordenar o assassinato dum oficial superior do exército, altamente condecorado na guerra, braço direito do principal general do país e que, ainda por cima, não era comunista, nem gostava de comunistas... Mesmo com dose reforçada de LSD, garanto-vos, não conseguem: porque seria impossível.

4. Mas como isto dos factos, ao contrário das atoardas manhosas e compulsivas, tem nomes, horas, locais, passemos aos ditos. Quem foi o torcionário da "Pide" que tentou, alegadamente, assassinar Almeida Bruno? Logo por azar, Óscar Cardoso. A notícia não o diz, porque nem sequer sabe, nem quer saber, e tem ódio ao trabalho de investigação e jornalismo sério, mas sim, foi o Óscar Cardoso. Há testemunhos, e lá iremos, mas ele próprio narra o episódio. Oiçamo-lo, então:

«(...)A PIDE nunca prendeu militares. Foram os próprios militares que prenderam os seus colegas golpistas. O único momento em que as coisas não se passaram dessa forma foi por causa de uma reunião que estava convocada para 16 de Março em casa do Almeida bruno. Ora, como eu morava perto, no Monte Estoril, os militares pediram-me para deitar a mão ao Almeida Bruno e aguentar as coisas enquanto eles não chegassem. Dirigi-me então para lá. Ele morava num bloco com vários apartamentos. Já estavam todos lá dentro. Identifiquei-me então como inspector-adjunto da DGS a um morador do prédio e pedi-lhe para me deixar telefonar para a António Maria Cardoso. Já não sei com quem falei, mas lembro-me de ter dito ser necessário os militares virem depressa porque os outros já estavam todos reunidos e eu não podia fazer nada sozinho. E vim para a rua. Entretanto, saiu de casa do Almeida Bruno o capitão Farinha Ferreira. Eu disse-lhe o que estava ali a fazer e enganei-o dizendo que aquilo estava tudo cercado, que havia militares em vários telhados vizinhos e que, por isso, era melhor ele manter a calma. Contudo, ele estava excitadíssimo, não havia maneira de acalmá-lo. Disse-lhe: Eu não lhe quero fazer mal nenhum, mas olhe que os tipos que estão ali nos telhados ainda lhe dão um tiro!... Pedi-lhe então para se encostar a uma árvore, abraçando-a, e pus-lhe as algemas. Dali ele já não saía. Só se arrancasse a árvore pela raiz! E o tipo diz-me: Senhor inspector, eu sou um oficial do Exército e nunca me senti em toda a minha vida tão humilhado como neste momento. Disse-lhe que, desde que ele me desse a sua palavra de honra em como não saía dali, eu lhe tirava as algemas. Respondeu-me que sim e eu tirei-lhe as algemas. Entretanto chegaram os militares e levaram todos para o governo militar de Lisboa. »  (in, Histórias Secretas da PIDE/DGS, pp.149-150 - de Bruno Oliveira Santos).

Portanto, o homem da DGS nem sequer adentrou a reunião. Se tanto, atentou contra a ecologia, submetendo a árvore a afagos e apertos indesejados. Pode ter tentado matar o outro por telepatia? Quem sabe. Nisto das "teoria da conspiração", tudo é possível.

5. O insuspeito Otelo Saraiva de Carvalho, corrobora a "visita" de Óscar Cardoso aos "spinolistas" :

«O inspector (Óscar Cardoso) era, nessa noite (16 de Março), o visitador especialmente destacado para o Movimento, a partir do momento em que um velho general, ministro do Exército (Andrade e Silva), resolvera tomar a atitude que não se julgava possível: requerer a Marcelo a utilização da PIDE para a perseguição e prisão de oficiais, só por suspeita de spinolismo e mesmo em suas casas! Óscar Cardoso "falhara" Almeida Bruno mas prendera Farinha Ferreira e obtivera finalmente uma boa pista sobre Monge e Casanova. Fora já um bom avanço! Mas o regime perdia ainda mais, perante nós, a face e a vergonha!»
   - Otelo Saraiva de Carvalho, "Alvorada em Abril" (pp.273)

Nota de rodapé: nestes pequenos pormenores é que se nota uma certa falta de jeito de Marcelo para a poda: com Salazar, jamais a PIDE/DGS seria autorizada a meter-se abertamente no assunto.  Controlaria, mas não agiria directamente. Isso competia exclusivamente aos militares - aos leais, bem entendido. Chamar a DGS é o mesmo que dizer que já não se confia no principal sustentáculo da nação. Ora, isso é meio caminho andado para o desastre. Se um pilar oscila, reforça-se, repara-se, conserta-se ; não se vem lançar o alarme público e suscitar a suspeita generalizada. Quando Otelo refere que "o regime perdia ainda mais, a face e a vergonha", perante eles, conta apenas metade da cantiga: ambos, eles e o regime, iriam em breve perder completamente a face a a vergonha, perante a Nação e perante a História. 

Por outro lado, nem Otelo, nem nenhum dos revolucionários abrileiros, se queixam de qualquer tentativa de assassínio da parte da DGS, nem ao longo da animada conspiração, nem depois. Muito menos de Óscar Cardoso, que os conhecia a todos e tinha andado com grande parte deles na Guerra. Até porque estamos a falar dum indivíduo que não era exactamente um amanuense, mas, bem pelo contrário, um grandíssimo operacional, nada indigno de ombrear com os nossos maiores vultos guerreiros do Ultramar. Convém apenas relembrar que foi Óscar Cardoso quem criou os Flechas.

6. O Relato do General António de Spínola sobre o episódio em análise:

«Entretanto, o Tenente-Coronel Almeida Bruno, que estivera reunido na Academia Militar com o Coronel Rafael Durão e o Major Mensurado, passou também por minha casa para me esclarecer sobre o inesperado evoluir da situação, informando-me, ao mesmo tempo, que o General Costa Gomes pernoitaria no Regimento de Cavalaria 7. Ainda durante a noite, procurou-me novamente para me informar que a sua casa se encontrava cercada por elementos da DGS e que o coronel Leopoldo Severo o avisara ter ordem para o prender caso ele voltasse à Academia Militar. Aconselhei-o a apresentar-se naquela Unidade, o que ele efectivamente fez.»

- António de Spínola, "País sem Rumo", pp.99

Em suma, não restam dúvidas que, por requisição das autoridades militares (o Ministro do Exército), a DGS, na pessoa do inspector Óscar Cardoso, recebeu ordens para deter os oficiais "spinolistas". Facto. A treta mirabolante do assassínio é pura fake-news por retro-escavação, uma especialidade típica dos marteleiros desinformativos cá do burgo (e arredores). Não lembra ao diabo, e mesmo aos filhos deles, só àqueles que resultaram da reprodução avulsa  com senhoras de vida fácil.

O Futuro duma nação traduz-se na capacidade de respeito pelo seu próprio Passado. Entre nós, apenas piora a cada dia que passa. E já vai abaixo de zero.



16 comentários:

  1. Figueiredo5:39 da tarde

    Excelente publicação, acertou bem na muche, é impressionante o grau da mentira e revisionismo que a comunicação social Portuguesa utiliza.

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  2. Quando não há coragem para enfrentar a história do Estado Novo, reinventa-se ou criam-se falsas novelas para tentar sustentar o falhado regime de Abril.

    Devolvam a ponte, ao seu dono. É a ponte Salazar, caralho!

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  3. Figueiredo8:54 da tarde

    Os liberais/maçonaria controlam a comunicação social Portuguesa, compraram, apoderaram-se, e infiltraram-se nos jornais Portugueses que outrora eram reconhecidos pela sua qualidade, ética, e inclusive imparcialidade; destruíram-nos por dentro, a Velha Guarda foi morrendo - outros afastaram-se ou foram perseguidos -, restou a corja liberal/maçónica e os parolos que deles dependem.

    Dos jornais em Portugal só ficaram os nomes e o seu passado glorioso.

    A forma como a comunicação social Portuguesa se refere ao falecimento do Gen. Almeida Bruno, prova claramente o incansável esforço dos liberais/maçonaria em estabelecer o pensamento único junto das massas, para que sigam todos a narrativa, daí o revisionismo e a ocultação de factos importantes.

    - Resposta ao comentador Vivendi:

    Faz uns bons anos, foi lançada uma petição para repor o nome da ponte, se não estou em erro foi por volta de 2006, ou se calhar antes, não me recordo. Nesse ano que aponto realizou-se também a votação para escolher o maior Português de todos os tempos, no programa «Grandes Portugueses» emitido pela Rádio e Televisão de Portugal (RTP).

    Por tanto, é fazer uma nova petição, bem redigida, devidamente fundamentada, e em Português correcto.

    Depois é só divulgar pela Internet, via correio electrónico, fóruns (se ainda existirem), aplicativos de mensagem como o Telegrama e afins...

    P.S.: O Leitor(a) ao ler a minha descrição sobre os jornais em Portugal pode ficar desanimado(a), mas ainda existem dois jornais que vale a pena ler: o «Tal & Qual» e «O Diabo».

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  4. Vocês e a ponte, ahaha!

    Já na altura o Excelentíssimo Senhor não queria o nome dele nela, e não lhe passaram cartão! Mas ele bem sabia e não se enganou.

    Pior ignomínia que dela lho terem tirado era voltarem agora a dar-lho! Quanta magnanimidade demokrática seria!

    Esta trampa em que transformaram o que ele deixou não merece sequer o nome dele em nada.

    Que caia a ponte com o nome que tem quando, como inevitavelmente acontecerá, forem incapazes de a conservar erguida. Já não seria a primeira, caso se não lembrem...

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  5. E seria a metáfora deste desgraçado país: erguido sob Salazar, arruinado sob o 25.

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  6. Boas sugestões meus caros...

    A meu ver, o nome da ponte tem uma carga de simbolismo da total apropriação do regime abrileiro, de tudo e mais alguma coisa, desde as obras materiais, como as estradas, barragens, hospitais, escolas, universidades.

    E também do imaterial, a destruição da alma de Portugal.

    Irá a Ibéria salvar-nos?
    Espanha passa também por grandes provações, mas ainda tem muita capacidade de resistência e até de regeneração.

    Portugal e Espanha fora da UE, é o caminho da salvação.

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  7. Figueiredo12:23 da tarde

    Espanha é uma ditadura monárquica, que elege os funcionários da corte.

    O ditador Filipe Grecia, que ocupa o posto de rei e governa Espanha, é um lacaio de Davos e embaixador da Agenda 2030, projecto de sub-desenvolvimento, desumanização, anti-Nacional, anti-Identidade, anti-Soberania, homossosexualista/woke/pedófilo, que pretende implantar uma tirania liberal de escala mundial:

    https://pbs.twimg.com/media/FZrJ0kTXwAA_Yxk?format=jpg&name=small

    (Na imagem presente na ligação, vê-se o sr.º Barack Hussein Obama, ex-Presidente dos EUA, e o sr.º Filipe Grecia, Rei de Espanha, envergando o pin da Agenda 2030)

    Ibéria, como escreveu o comentador Vivendi, ou uma federação ibérica, com gente deste calibre nem pensar, ainda acabamos por perder novamente a Independência e o com risco desta vez de deixar-mos de existir completamente como país.

    De Espanha, nem bom vento, nem bom casamento.

    Os Espanhóis estão sempre à espera de uma oportunidade e pretexto para invadir, ocupar, e anexar Portugal, em 1910 o motivo era o «medo» de que a República Portuguesa atacasse Espanha sendo esse o pretexto de Afonso XIII para invadir o nosso país, argumento esse - da invasão/ataque - completamente infundado que seria depois posto à baila também por Francisco Franco.

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  8. O Caro Draco viu o artigo do Sol desta semana sobre o Almeida Bruno? Frase do próprio: a última vez que comemorou o 10 de junho foi no ano de 1973. E esta, hein?

    Miguel D

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  9. Miguel,

    Não vi. Mas faz sentido. O Almeida Bruno, como o Jaime Neves e muitos outros, arrependeram-se.
    Todavia, há aquilo a que se chama o "inferno" das boas intenções. Vão-se encontrar ambos nesse. Eu também vou reencontrá-los, mas num outro: aquele que reza a lenda: "os "Comandos" não morrem, reagrupam-se no inferno."

    Já agora, um apontamento extra: dois filhos do Almeida Bruno também fizeram o curso de Comandos. Em 1984, salvo erro. E sei de fonte limpa que se comportaram à altura e ganharam a boina vermelha sem qualquer tipo de favor ou facilitação. Na altura o Almeida Bruno era Comandante Geral da PSP.

    Outra coisa. Ele comandou o Batalhão de Comandos na Guiné. E seguramente levou com ele para a sepultura uma grande mágoa pela tragédia que aconteceu aos seus ex-militares. Foram torturados e fuzilados, grande parte, pelo PAIGC. Alguns escaparam. O filho dum deles, em 2006, em Bissau, confiou-me o pai que vinha em consulta médica a Portugal. Senti-me honrado. Veio ao meu lado no avião e falou pouco (muito achacado)... Apenas o suficiente para manifestar o seu desprezo completo pelas actuais tropas especiais da Guiné, onde o próprio filho pontificava nos Fuzileiros. Entreguei-o no aeroporto, em Lisboa, aos familiares, e prestei-lhe uma sentida continência. Puta de vida, esta!...

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  10. Que belo apontamento.
    Já Lhe tinha dito noutra encarnação, Caro Draco: passar essas experiências a forma de letra, num livro de memórias sobre África seria uma grande dádiva às gerações que não viveram aqueles tempos.
    Dou-lhe um exemplo: há uns tempos, em casa de um amigo que festejava o aniversário, uns 10 tipos da minha idade (nascidos em finais de 70s e princípios de 80s) passaram o serão em silêncio, maravilhados com as histórias do pai do aniversariante. Um oficial pára-quedista com serviço prestado nos 3 teatros de guerra. Pois bem, ouvimos o Coronel V. com um gosto e com uma atenção que só se explica por nos abrir a mente a um mundo desconhecido, diria mesmo um outro universo.
    Falou-se sobre momentos altos e outros nem tanto, sobre os planos de então, personalidades conhecidas, etc..
    Mais tarde comentámos, quase todos em acordo, que se trata de uma geração que viveu algo mais sério e mais profundo do que as gerações actuais. E mesnmo conscientes do preço alto que essa geração pagou, não deixámos de reconhecer em nós uma inveja boa por isso mesmo.

    Miguel D

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  11. A fraca opinião do Comando sobre as actuais tropas da Guiné lembrou-se uma entrevista do Marcelino da Mata, na qual dizia que, com algum apoio material, os guineenses das forças armadas portuguesas teriam deixado o PAIGC entretido durante muitos e bons anos e teriam tido boas chances de dominar parte importante do território.
    Enfim, mais um caso em que parece que as ventosidades da história nos levaram à pior solução possível.

    Miguel D

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  12. Já agora, desconte aquele “forma de letra” ali em cima, a dislexia está pior ahaha

    Miguel D

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  13. Dito pelos próprios ex-guerrilheiros do PAIGC: "em 74 estávamos à beira da exaustão. Já não podíamos com uma gata pelo rabo."

    A guerra subversiva tem esta característica: é essencialmente uma guerra de desgaste, físico e psicológico. Mas não desgasta só uma das partes. Até um certo momento, desgasta mais quem defende; a partir dum certo momento desgasta mais quem ataca. Ora, em 74, estava-se claramente na segunda parte.

    Agora, dois fenómenos são indesmentíveis: a pacaça, em grande medida, era uma merda. Uma cambada de chorões à medida da tradição nacinhal. Os senhores oficiais do quadro estavam nas lonas e alguns, bastantes, milicianos já vinham inquinados do esquerdismo universitário.

    PS: "Pacaça" é o termo que nós "Comandos" usamos para referir o exército regular. :O) Temos desprezo por eles? Completo. Não é bonito de dizer, nem edificante, convenhamos, mas é assim. Desde a antiga Esparta.

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  14. Mas como gosto de justiça, um último desabafo:
    Os verdadeiros heróis estavam na pacaça. Aqueles que não eram chorões. Tinham que arrostar com os chorões, com o inimigo (e o inimigo atirava-se à pacaça como gato ao bofe) e ainda com os guerreiros do ar condicionado (os palhadinos do Estado-Maior). É obra. Digna de Hércules.

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  15. Figueiredo,

    Como escrevi, Portugal e Espanha juntas só faz sentido fora da UE.

    Como andam as coisas no mundo todos os cenários estão em cima da mesa.

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  16. o Sr General Almeida Bruno, sempre tranquilo e atento, mesmo quando todos pensavam o contrário.
    a talhe de foice, lembro-me também do Sr Cor Caçorino dias, desiludido, triste, mas com uma vontade de fazer, brutal.

    marcaram muito a minha entrada na idade adulta, como Homens presos das suas vontades na Honra de servir.

    a missão sempre, mesmo com o sacrifício da própria vida.

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