quarta-feira, novembro 23, 2016

O 25 de Nevoembro (reposição do postal de 2012)









«O Thermidor de Novembro trouxe de volta os brandos costumes; a extrema-esquerda pagou algumas das contas; o PC ficou, mais discreto, mas onde estava; Ramalho eanes foi o Bonaparte de um Mário Soares girondino, que simbolizaria mais que ninguém, a transição e a III República; Cavaco Silva veio depois desta história (a que já não pertence), para arrumar as contas e os cantos à casa. E foi ficando até Janeiro de 1995...»

- Jaime Nogueira Pinto, "O Fim do Estado Novo e as Origens do 25 de Abril" (Prefácio à 2ª edição)

O PREC durou enquanto tinha que durar. E o 25 de Novembro aconteceu, tarde, mas quando tinha que acontecer. O PC, a troco da impunidade negociada pelo não obstaculizar os acontecimentos, pode retirar-se para uma plácida aposentação parlamentar. Afinal, a sua missão estava concluída. Desde 11 de Novembro que já não havia mais motivo para agitação, efervescência, nem tumultos. Pois;  fora declarada a independência de Angola.
Os "brandos costumes", como diz, e bem, Jaime Nogueira Pinto, regressaram de facto. A extrema-esquerda desmobilizou e aderiu à pastagem  nos partidos do "arco do poder". O PPD pôde largar o marxismo. O PS tratou de meter sossegadamente o socialismo na gaveta. E o intrépido  Eanes tratou de montar plantão a qualquer recaída, digamos assim, menos branda. Sá Carneiro e a espinha dorsal da AD foram pelos ares, curiosamente, no auge duma campanha em que apoiavam um candidato descentrado. Contra Eanes.
Chegou pois tarde demais, o 25 de Novembro, e terminou cedo demais. A ideia entre os "Comandos" não era exactamente assim tão branda.  Pouco tempo depois, Jaime Neves teve a recompensa pelo resgate nacinhal: a título de lhe imporem o curso de generais (subida honra que ele mandou enfiar num certo sítio ao então Garcia dos Santos, CEMGFA - e outra das figurinhas do brando presépio subsequente), foi afastado do comando do regimento perigoso e mandado para a prateleira, digo, reforma. O próprio Regimento de Comandos, antro suspeito e estacionário, foi também ele sendo vilipendiado e denegrido por toda a espécie de imprensa gaiteira, até à sua extinção nos anos 90.
E assim, todos, com a diluição europédica pelo meio, vivemos muito felizes e contentes até à bancarrota actual. A parede no fim do beco. Ou a luz do comboio ao fundo do túnel. É só escolher consoante a preferência for de índole mais estática ou dinâmica.

Ou pensavam que da árvore da traição frutificava o quê, cornucópias?  Bem, frutificar, até frutificam, mas não são para todos. É só para quem tem a agilidade e afoiteza de trepar.





PS: Dos Comandos, hoje e sempre, o que importa registar é que é a força militar mais condecorada em combate do exército português. E aquela que, em percentagem, mais sangue verteu em defesa da pátria. O resto é ruído. O regime que muito lhes deve sempre lhe pagou com a moeda dos traidores, dos ingratos e dos cobardes. A começar na própria corporação militar, passando pela classe pulhítica e terminando, com imundo destaque, na súcia jornalixeira e merdiática que sempre lhes devotou um ódio rasteiro, canino e ranhoso. Resquício dum tempo e duma grandeza que, para todos estes pigmeus morais, mentais e históricos, importa apagar e soterrar. Luso-avatar duma Esparta antiquíssima num tempo de decadência ateniense regurgitada e reciclada ad nausea.

8 comentários:

  1. 3 bancarrotas e a 4ª quando os "mercados" (narigudos globalistas) quiserem.

    Um país onde se morre mais do que se nasce.

    Com casamentos de fantochada.

    Uma comunidade tradicional trocada por uma sociedade estupidificada.

    Uma elite ao nível do esgoto.

    À Puta que os pariu a toda escumalha abrileira.

    Arriba Jaime Neves.


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  2. O zé povinho adora o actual regime.Só tem pena de não darem ouvidos ao Mamadou Ba um príncipe preto da democrata Guiné Conakry que clama por mais pretos a representar-nos naquele luminoso edifício de S.Bento que já foi mosteiro...
    Mas o CES vai tratar já do assunto com mais 900000 pretos que fatalmente vão lutar pela representação.Tudo com a internacional sempre a dar como se fosse o Hino Nacional(prontos já borrei a escrita)

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  3. Brilhante pedaço de texto. Parabéns pela reposição.
    Maria

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  4. O 25 de NOVEMBRO DE 1975, como eu o vivi... e o entendi.

    25Nov75; Portugal alvorece em pé guerra; o País sofre mais uma convulsão de epilepsia revolucionária.

    Capitão pára-quedista, recém-chegado de Angola a 5 de Nov, e de férias em Mangualde, sou acordado com um telefonema que me diz:

    -”Vermelho 9”; era o código para me apresentar de imediato na Base Aérea da NATO na Cortegaça, e assim fiz.

    Estava em curso já a terceira e última golpada do processo revolucionário iniciado com o 25 Abr 74, acelerado com o 11 Mar 75 e desacelerado intencionalmente com este 25 Nov 75, por razões que adiante se compreenderão.

    Na noite de 24 para 25 Nov 75, sargentos e soldados paraquedistas ocuparam as Bases Aéreas, prenderam os comandantes, e exigiram a demissão do Chefe de Estado-maior da Força Aérea.

    Os Fuzileiros, a Polícia Militar, o RALIS, etc. solidarizaram-se com eles; obedeciam às ordens do acéfalo herói de Abril, Otelo S. de Carvalho.

    Aparentemente, o PCP e a extrema-esquerda faziam o assalto final ao Poder.

    Seguiram-se diversos desenvolvimentos militares e políticos, que se saldaram por três militares mortos na Ajuda, Lisboa, e terminaram com o sucesso pré-planeado da facção oposta a Otelo, liderada pelo Ten Cor Ramalho Eanes e pelo "Grupo dos 9" de Mello Antunes.

    Carlos Fabião, General Chefe do Estado Maior e Otelo S. Carvalho, Chefe do COPCON são derrubados, mais tarde são detidos e bem, depois soltos e mal..

    A revolução devorava assim mais alguns dos seus filhos e paria novos heróis, como todas as outras.

    Ramalho Eanes ascende à condição de “herói” pré-fabricado, é promovido a General Chefe de Estado Maior do Exército e eleito mais tarde Presidente da Republica.. foi o mais correcto e digno dos Presidentes da República pós 74.

    Os autênticos Heróis desta “guerra” foram o Coronel Jaime Neves e os seus Comandos.. foram eles que morreram no campo de batalha..... heróis mal quistos no entanto, como sempre em Portugal... onde os "Heróis dos Gabinetes, Paradas e Secretárias" se sobrepõem sempre.. aos verdadeiros.

    As invejas de caserna "queimaram-no", militar e politicamente, preteriram-lhe a promoção a General várias vezes, por não encaixar nos perfis políticos requeridos.. acabaram por promovê-lo mais tarde...

    O folclórico e mentecapto Major Otelo Saraiva e seus seguidores, a irracionalidade irrealista da extrema-esquerda e a ignorância ingénua dos sargentos e soldados pára-quedistas foram usadas neste golpe magistral do PCP, para este os eliminar...

    Eliminar por serem já desnecessários e até incontroláveis politicamente, e porque havia que acalmar a Europa e os EUA, alarmados que estavam com a bandalheira anarco comunista, em que Portugal se transformara.

    Antes do 25 Nov 75, Henry Kissinger, então Secretário de Estado dos EUA, afirmava que Portugal era já a vacina anti comunista da Europa

    Em Espanha estava em perspectiva a legalização do PC espanhol.

    A França e a Itália, em vésperas de eleições, esperavam votações significativas nos seus PC’s.

    A lógica da estratégia de expansão do comunismo internacional obrigava o PCP a dar um urgente passo à retaguarda em Portugal..

    Para que os avanços europeus atrás previstos se concretizassem, e para que o comunismo português não se transformasse na tal vacina de que Kissinger falava, o que não interessava à ex URSS.

    O 25 de Nov 75 foi esse passo á rectaguarda, pré planeado e levado á execução pela URSS/ Moscovo, via PCP e Maj. Mello Antunes.

    O Coronel Mankeiev da KGB/ URSS chegou a Portugal em 18Nov75 e partiu em 23 Nov, tendo estado no Quartel General de OTELO, no COPCON, juntamente com uma figura do PCP, Jaime Serra, chefe do aparelho clandestino do PCP, a ultimar os detalhes da golpada, num desses dias, 23 Nov, esteve lá até ás 5 da manhã.

    O Expresso noticiou na altura a chegada ao aeroporto de Lisboa do Coronel Mankeiev da KGB a 18 de Nov e noticiou também a sua partida a 23 Nov.

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  5. Eu confirmei a presença do Coronel Mankeiev no COPCON, em documentos arquivados no processo do Otelo/ COPCON, quando mais tarde integrei a comissão de averiguações a estes acontecimentos.

    Ambas as facções em confronto no terreno, os esquerdistas civis e militares de Otelo, aos quais o PCP esteve inicial e aparentemente associado, e os seus opositores liderados por Ramalho Eanes (operacional) / Mello Antunes (cérebro), com mais ou menos consciência desse facto, foram sempre e todos eles telecomandadas pelo PCP.

    As bases da facção liderada pelo Ten Cor Ramalho Eanes, onde me integrava pelos paraquedistas, não sabiam e até pensavam que a guerra era contra o PCP e seus satélites mais á esquerda.

    Otelo ignorava que, para ele e toda a extrema esquerda que o orbitava, estava reservado, desta vez, o papel de carneiros a sacrificar no altar da revolução e dos interesses pró soviéticos.

    A esta distância, não deixa de ser espantosa a arte e a eficiência da ex URSS e do PCP na concepção, planeamento e execução de tais golpadas.

    Desde 25Abr75, que a ex URSS controlou em absoluto o poder político em Portugal através do PCP e seus correlegionários militares e civis, até nos conseguir “LIBERTAR” de todas as colónias ou vice versa.

    A última colónia "LIBERTADA", e passada para a dependência da URSS, foi Angola, em 11Nov75; estive lá.

    Não é por acaso que o 25Nov75 ocorre logo 14 dias depois..

    Estando este Golpe já a ser preparado desde Agosto, pelo maquiavélico e sorrateiro proto comunista Melo Antunes, através do seu “documento dos nove”..

    Eu tomei parte activa em Angola no esclarecimento feitos ás praças e sargentos acerca do "documento dos 9", enquanto Chefe da Comissão de Unidade, no BCP 21..

    Este então célebre documento, pelo seu propositado conteúdo anti excessos políticos em curso no Verão de 75, serviu para captar todas as forças à direita do PCP e para as motivar e preparar para uma acção normalizadora desses excessos.

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  6. O "documento dos 9" foi pois o ponta pé de saída do 25Nov75, que só podia ocorrer depois da independência de Angola, esta a 11Nov75.

    O brilhante sucesso da ex URSS contra os EUA, na “LIBERTAÇÃO OU CAÇA” selvagem às colónias portuguesas, via pseudo independências, deveu-se à rapidez criminosa com que as colónias foram entregues aos movimentos comunistas da URSS lá existentes, por ordens e acções sujas dos miseráveis traidores obedientes a Moscovo, que eram então poder político em Portugal.

    Tal rapidez conseguiu-a o PCP à custa duma outra golpada anterior, o 11Mar75, que serviu para eliminar resistências á intenção de entregar as colónias á URSS, enfiando nas enxovias de Caxias todos os civis e militares, que se opunham a essa traição.

    Poucos terão a percepção exacta da lógica política e sequencial de tais eventos; as versões oficiais do 25Abr74, 11Mar75 e 25Nov75 são falsas, relativamente aos verdadeiros objectivos e reais organizadores dos mesmos; só a cronologia dos factos conhecidos e os agentes activos à vista estão correctos.

    O 25Abr74 foi concebido e planeado pela ex URSS e EUA, aproveitando um descontentamento pontual dos militares com as promoções, usando esses militares, asilados políticos, desertores e outros traidores para os manipularem, e os levarem a execução do dito; eu, fui um dos manipulados.

    O 11Mar75 e o 25Nov75 foram golpadas da ex URSS, via PCP.

    O primeiro para acelerar a comunização do País e acelerara a “libertartação” das colónias, para entrega á URSS, e o outro, feitas já as entregas das colónias á URSS, para eliminar a já inútil e inconveniente extrema-esquerda .

    E ainda para o PCP recuar o tal passo, camuflando-se nos bastidores do poder com a providencial ajuda de Mello Antunes, e acalmar assim a Europa e os EUA, e até o próprio povo português, que já andava a incendiar as sedes comunistas pelo País fora, como aconteceu em Viseu e não só.

    A coberto das máscaras da liberdade e da democratização de Portugal, (as mesmas ainda hoje usadas pelos EUA para irem ao Iraque, Líbia, Síria saquear o petróleo, etc.)..

    A URSS e os EUA pretenderam com a revolução de Abril 74 em Portugal, apenas e só, roubar-nos ou libertar-nos das incomensuráveis riquezas do ultramar português, através das apalhaçadas e conhecidas piruetas políticas de independências, que nunca o foram, não o são, e nunca o serão.

    Qualquer outra versão é poesia, ingenuidade, falta de informação, lirismo e ignorância ou conivência política...

    Em contrapartida, entregaram Portugal a esta corrupta coisa pseudo democrática, em que chafurdamos, nos atolamos e nos bancarrotamos.

    José Sousa

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  7. A boa notícia de hoje é que o mundo ficou livre de mais um criminoso.
    Pena é que vão tarde e a más horas...
    Carlos

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  8. Bravo Vivendi/José Sousa! Que maravilha de textos. Uma fidedigna e magnìficamente pormenorizada descrição do que realmente foram todos os golpes sujos e traidores perpetrados em Portugal pela pior escumalha que este nosso querido, ingénuo e infeliz País deu à luz num tão aziago dia, em Abril de 1974.

    Muitos parabéns por tão brilhante quão oportuno testemunho, que ainda mais valor acolhe, se tal é possível, por ter sido presencial. É um marco e fica para a História.
    Maria

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