sábado, novembro 07, 2015

Recordando aos amnésicos

Desde o século XVIII, duas perspectivas do Estado têm vindo a digladiar-se encarniçadamente: a utopia liberal e a utopia socialista. No essencial, não diferem: na instrumentalização desenfreada do Estado. Os liberais entendem que o Estado deve ser mero instrumento dos príncipes mercantis; os socialistas sustentam que o estado deve converter-se em absoluta ferramenta dos príncipes burocráticos (vulgo partidos ou nomenklaturas). Dito em função da propriedade, esse conceito mágico que nos dois casos omnipreside: os liberais procuram no estado o mero garante para  a preservação e cristalização da propriedade dalguns indivíduos (quanto mais predadores económicos, melhor); os socialistas servem-se do estado como meio providencial e oportuno de aquisição e acumulação de propriedade. Donde não espanta que o destino sempre fatal dos socialistas, mai-la respectiva utopia. é devirem, após estágio potestativo, liberais. Outra curiosa singularidade que os gemina é a perversão intrínseca que os habita, camufla e dirige. Principia nos próprios títulos que arvoram: liberal traduz-se na realidade e na acção por liberticida; socialista comprova-se nos efeitos e obras como socioclasta. Quer dizer, tal qual o desempenho das políticas ditas liberais conduz invariavelmente à sujeição larvar a uma  pura tirania financeira e publicitária, a prática dos preceitos e receitas ditas socialistas transporta fatalmente a  uma desagregação social, movida a polícia e propaganda,  que apenas prepara e antecipa uma "solução liberal".  No fundo, liberais e socialistas, por aparente diversidade de meios, servem o mesmo fim. Obedecem à mesma lógica... e a quem a destila. Assim, ao longo dos dois últimos séculos, estes instrumentistas do estado têm por sua vez vez servido de instrumento a algo que os utiliza, alternadamente, na paulatina, sinuosa e consecutiva dissolvência de toda e qualquer genuína liberdade e sociedade, passe a redundância. Sabemos hoje, plena e sobejamente, o real significado de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade": "Submissão, Desigualdade e Fratricídio". Houve traição aos princípios?  Na revolução francesa, como na russa, como em todas as revoluções modernas, não pode haver traição a algo que não existe. Há e houve, isso sim, a cegueira mental, entre venal e obtusa, entre profissional e induzida, de fantasiar princípios em algo que, ausente de todos eles, apenas esbanja meios e serve fins. E quando digo fins, nem sequer subentendo concretas finezas ou reais finalidades, mas, tão sòmente, finanças.
Porque "finança", etimologicamente, revela bem da sua raiz: fin. O verbo da "finança" é o verbo "finar" - neste caso, finar-se. O finar-se e refinar-se da nossa civilização. O toque de Midas, o toque a finanças é, não duvidem, o toque a finados. De todos nós.

5 comentários:

  1. Tudo coméçô há um tempo atrais na Monarquia Constitucional onde foram criados o partido dos Regeneradores e os Progressistas. E a coisa não mudou muito desde então.
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    Pelo meio houve o caos que os militares contrariaram, colocando os partidos de lado e dando força a um homem. Salazar. Homem esse fundamental para nos tirar do caos e recuperar a finança.
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    Tudo corria bem até meados da década de 50. Altura em que Salazar devia ter saído e deixado o lugar a Caetano.
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    A nossa história é feita de expulsões em massa. Não sei o que falta expulsar.
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    No séc 16 Expulsamos os judeus, uns 15% da população, para benefício de quem os acolheu.
    No sec 18 Expulsamos os jesuítas que detinham a educação em Portugal. 90% das escolas eram da companhia de Jesus.
    No séc 20 decada de 60 Expulsamos 1,5 de portugueses para a emigracai., compensado mais tarde pelo retorno de 700 mil retornados.
    No sec 21 Expulsamos, desde 1999 até hoje, para a emigração cerca de 800 mil pessoas. Temos uma pop emigrada de 2,3 milhões de pessoas. Mais de 20% da pop.
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    O que é que vamos expulsar a seguir?
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    Rb

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  2. O Ricciardi?

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  3. Esse não, faz-nos cá falta...

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  4. Os países independentes levantam-se e mantêm-se por via de, entre outras coisas, expulsões, quando não coisas piores. Os países tontos e decaídos suportam invasões. E ainda explicam que é para seu próprio bem.

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