Leitores, deixem-se de megalomanias e delírios. Pela realidade é que vamos. E foi da realidade que extraí o essencial do postal anterior: os partidos não podem constituir governo. E tanto assim é, com verificação empírica à exaustão, que foi aos próprios partidos que fui buscar a ideia. Senão reparem, para os grunhos duma parte, os outros não podem ascender à governação senão é o desastre; para os burgessos da outra parte, os que governam são uma desgraça. Acontece que ambas as partes têm razão. Qualquer partido, de resto, considera os outros partidos como uma calamidade garantida. E, nisso, como a experiência tem atestado, todos os partidos estão certos.. Por conseguinte, tratava-se apenas de congraçar a plenitude da verdade: todos eles, em abarbatando a governação, conduzem à catástrofe e ao desgoverno obsessivo. A solução, portanto, é mais que óbvia: nenhum deles reúne condições para montar governo. São eles próprios, todos, que o certificam e proclamam.
Resta-nos raciocinar e agir em conformidade.
Mas como vamos dar um ponto final ao actual sistema?
ResponderEliminarSe a história se repete e agora estamos na fase da farsa, diria que estamos a viver o final do João Franco e que se segue a I República. Se calhar não havia mesmo forma de pôr fim a esta merdocracia sem um final apoteótico...
ResponderEliminarMiguel D
Vamos ver é se ainda há País para salvar depois disto. Por muito má que fosse a I República, quando desabou havia recursos espirituais por cá. Hoje o prognóstico é mais reservado.
ResponderEliminarMiguel D
Vivendi,
ResponderEliminarA parte boa é que não se trata dum sistema, longe disso (senão é que estávamos mesmo lixados). Trata-se apenas dum amontoado de esquemas, todos eles falsários e usurpadores, e todos eles oligofrénicos (belo termo, este).
A outra parte menos má é que se os sistemas humanos não são eternos, muito menos os entulhos esquemáticos. Todavia, a parte má é que, não sendo nada de elevado, ou sequer edificado, também não é, por assim dizer, derrubável: não se derruba algo que chafurda e escava túneis na lama e no lixo.
A outra parte muito problemática é essa "primeira pessoa do plural" - o "nós". Nós, quem? Estão onde, os portugueses? Dispersos, mas, pior que isso, descrentes. Desanimados. Folhas caídas ao sabor do vento. É apenas a mudança da estação, o outono de todos nós, ou é o tronco da árvore que, perdidos vigor e seiva, decepado das raízes, fenece e socumbe?
Os portugueses do antanho não se distinguiam por serem sobremaneira mais valentes ou intrépidos - esses eram efeitos de outra coisa mais essencial e fortificadora: e essa coisa é que eles tinham Fé. E nós não temos.
Poucos, sempre fomos. Mas a verdadeira força não vem da quantidade: vem do Alto. É a força que faz o Ser e faz a vida. Fazemos como, então? Somos. Estamos. As maiores árvores germinam de sementes minúsculas. Qualquer semente é um portento maior que toda a retórica do mundo.
Aqui há dias perguntava-me o Muja pela propaganda da verdade: a Verdade não precisa de propaganda, precisa de atenção. De claridade no olhar. Rodeia-nos, sustenta-nos, respiramo-la todos os dias.
Mais não sei.
Muito clarificadoras as suas palavras Dragão.
ResponderEliminarVamos ter fé e aguardar.