sábado, setembro 26, 2015

O menino da mamã dele




O meu contributo para o peditório do momento:

A literatura, felizmente, não é uma questão de ciência, mas apenas de estética e, por conseguinte, de gosto. E de estilo. O Lobo Antunes tem todo o direito a uma opinião e, por arrasto, a não gostar do Pessoa. Eu também não gosto do Lobo Antunes e isso não o diminui nem o aumenta.
Porém, devo confessar, por amor à verdade, que, apesar de tudo, noto nele uma evolução indespicienda: aqui atrazmente* o sujeito estipulava  que (sic) escrever era como cagar. Agora, segundo a entrevista,  atesta que a literária arte decorre duma qualquer refinação da foda. Sempre é uma elevação, que diabo, um progresso no âmbito das vísceras. Presumir o alambique nos testículos em vez dos intestinos até merece algum louvor e rasgado estímulo. Já passou das traseiras para o frontespício. Foi proeza! Agora só lhe falta sublimar nos andaimes do edifício e subir ao coração. Talvez numa nova encarnação, fruto de abnegada ascese, alcance o (ou um?) cérebro. E ai, finalmente, poderá entender, mesmo não amando, o Pessoa.
De qualquer modo, fazendo fé nesta nova definição do Antunes, o Ildefonso Caguinchas é muito melhor escritor que ele. Só que não está para aí virado. Anda muito ocupado a foder, não tem tempo para punhetas...à pluma. E aufere ainda doutra grandessíssima vantagem: esteve na guerra e divertiu-se. Em vez do trauma maricas, cultiva, muito homérica e portuguesmente,  a saudade.
Parafraseando o Pessoa. tudo vale a pena se a alma não é pequena. Esperemos ao menos que, no Antunes, para bem do mister, a pila literária não reproduza a alma minúscula.

E agora vou acender uma vela ao Bocage a ao José Agostinho de Macedo, que era padre, putanheiro e génio literário por cúmulo, paradoxo e excesso.



*Nota: Conceito que congrega simultaneamente o aqui atrás e o aqui atroz: no Antunes, o atrás e o atroz confundem-se.


4 comentários:

  1. António Lobo Antunes é um cretino que até aflige. É a ovelha negra da família, sem dúvida alguma, mas lá está, como sabemos há-os em todas elas. Família, que não só é extremamente educada, como, que eu saiba, nunca nenhum dos seus irmãos, designadamente o cirurgião (e já agora, os restantes membros) desceu tão baixo no palavreado rasteiro, senão mesmo ordinário, só admissível por estivadores das docas de uma qualquer cidade portuária do terceiro ou quarto mundo. A sua família deve ter uma vergonha deste espécie que só Deus sabe.

    Pessoa foi só o nosso maior escritor/poeta do século vinte. Bolsar semelhantes dislates sobre Pessoa só denota uma inveja iniludível que o corrói por dentro e por fora. A incomensurável capacidade intelectual, a inexcedível qualidade literária e finalmente, mas não menos importante, o patriotismo inabalável que caracterizava F.P., é o mesmo que, cavando um fosso intransponível entre este e A.L.A., separa em distância a Terra da Lua.
    Maria

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  2. Leia-se "... vergonha deste espécime", claro. A tecla M está sempre a falhar-me:) Sorry!
    Maria

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  3. o lobo antunes teve um cancro no intestino. Pode ter a barriga maior por várias causas. Uma delas é ter disseminação cancerosa no fígado ou no peritoneu. Ou, trivialmente, ser tão-só cirrose (do álcoól).

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  4. Leia-se "há-as (e não, há-os) em todas elas".
    Maria

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