segunda-feira, julho 20, 2015

Uma Electricidade, dois Estados



Imaginemos a galinha dos ovos de ouro. Transposto para a realidade dá qualquer coisa como, por exemplo, a EDP.
A opção socialista é comer a galinha; a opção liberal é vendê-la. Ambas são espantosamente estúpidas. E atentatórias do interesse nacional.
O défice energético português ronda actualmente os 7 mil milhões de euros. 
Mas este é pacífico e tranquilo. Não preocupa ninguém. O que preocupa muito as pessoas, desde as Agências de Notação aos desgovernantes delegados, passando pelos FMIs e coiso e tal, é o défice tarifário. Este, entidade próxima do inefável, significa o diferencial entre o preço da electricidade ao consumidor e o preço "real" da electricidade. Ninguém sabe exactamente como se apura, mas o certo é que os vendedores de electricidade perdem dinheiro no negócio, coitados. E isso causa até insónias aos Joões Miranda deste mundo.
Ora, em Portugal paga-se um preço caríssimo pela electricidade (o segundo mais elevado da União Europeia). Mas, segundo estes curandeiros da economia, esse exorcbitante preço, afinal, é artificialmente baixo.  O que se passa é que  os empórios eléctricos, além do balúrdio que esmifram ao consumidor, ainda recebem um complemento do Estado (ou seja, além do balúrdio que cobram directamente ao consumidor, cobram um complemento indirecto ao mesmo consumidor, feito contribuinte, na pessoa do Estado). 
Entretanto, algumas destas luminárias pantacientes explicam-nos como o Estado subsidia a electricidade aos consumidores (socialismo inadmissível!!...). Ao mesmo tempo que arrecada uma carga fiscal de 42% no preço da electricidade (austeridade obrigatória e indiscutível).  Quer dizer, tudo bem pesado, o consumidor é esfolado a meias pelo Estado e pelo Grande traficante de energia. Que, curiosamente eram, até há pouco tempo, a mesma pessoa, ou seja, o Estado e ele próprio. Agora já não: são dois Estados - o Anti-Português e o Chinês.

É certo que somos já e seremos cada vez mais competitivos. Não na economia, é certo; mas seguramente na estupidez. Sempre é melhor que nada.




11 comentários:

  1. Mas o que propõe o Dragão para acabar com o défice energético?

    Investimento nas fósseis, renováveis, nuclear, eficiência das redes e indústria, um misto, sei lá?

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  2. Sou um grande defensor do nuclear.

    As meninas que não se preocupem. Não ficarão com rugas...

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  3. Bem, não vai ser da noite para o dia (o que complica a coisa, pois entre esta gente tudo o que não for da noite para o dia é impossível e utópico)...
    Mas se não temos petróleo, não podemos continuar a gastá-lo à tripa forra. Para já, em relaçãpo aos hidrocarbonetes, já devia estar mais avançada e consequente a deslocação da gsolina/gasóleo para o gás natural. Depois ,temos vento, sol, mar - há que aproveitar e rentabilizar tudo isso; temos que estar atentos à tal "fusão a frio" e equacionar o nuclear (benefícios/risco - se diminui o segundo, aumenta o primeiro); e , claro, eficiência urbanística, nas redes, etc.
    Tudo isto está mais ou menos balizado e estudado, até por gente das universidades que se dedicou ao assunto. Tenho lido algumas coisas, e não me parece que sejam tresloucados.
    Acresce que temos bons engenheiros neste país. Em vez de enxotá-los, é pô-los a trabalhar para o bem comum. Só que o Estado não tem dinheiro para investimento, porque gasta-o todo a sustentar a parasitagem partidária. Quer dizer, o Estado não tem energia para trabalhar, porque está ancorado a uma obesidade mórbida. Enquanto não se varrer essa escumalha toda, não vamos a lado nenhum.

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  4. Caro Dragao só há uma solução NUCLEAR*! Excepto nos Açores :)Geotermica

    Cold Fusion é uma fantasia :) Viola leis da fisica!
    LENR (low energy nuclear reaction) nao é nuclear fusion!

    *Fourth-Generation Reactors

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  5. "Quer dizer, o Estado não tem energia para trabalhar, porque está ancorado a uma obesidade mórbida. Enquanto não se varrer essa escumalha toda, não vamos a lado nenhum."

    Nem mais nem ontem, Dragão. Mas e como é que se varre esta escumalha se ela está agarrada ao poder como a lapa ao casco do navio? Pudera!, está farta de se encher de biliões à custa do povo, tapadinho de todo, precisamente através do regime/sistema que diabòlicamente engendrou.
    Só há um meio de alterar o estado de podridão em que nos encontramos com sucesso garantido a 100%, fazer rebentar uma revolução a partir da base da população com o posterior apoio dos militares, mas dos honrados, dos patriotas e não dos vendidos ao sistema vigente que, oportunistas e traidores que foram/são, também estão fartos de encher os bolsos com os milhões criminosamente surripiados aos portugueses com o apoio tácito dos falsos democratas e altamente corruptos governantes que com falinhas mansas e vís os souberam maquiavèlicamente aliciar arrastando-os para dentro de um sistema maçónico do qual jamais poderão desligar-se e tudo por sua culpa exclusiva.
    Está mais do que visto que precisamos de uma verdadeira revolução mas desta vez de base, de raíz popular genuína. Pacífica ou não, mas uma efectiva revolução, com a imediata expulsão do País dos traidores à Pátria, não sem antes terem sido devidamente julgados e punidos.
    Sem uma revolução deste género nunca mais passaremos da cepa torta.
    Nos entretantos os portugueses continuam a definhar...
    Maria

    Nos entretantos o povo continua a definhar...

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  6. O nuclear evoluiu muito. Hoje é uma tecnologia muito mais limpa e segura.

    Só tenho um receio em relação ao nuclear. O Regime. Isto está muito corrupto e abandalhado. Haveria logo chico-espertice.

    Para termos nuclear daqui a 20 ou 30 teríamos de começar agora a preparar o terreno. Mas o Regime não está preparado para isso.

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  7. É seguro que haveria chico-espertice. Obra pública de magna dimensão é mel para essa gente. Só o orçamento derraparia para cima de centena de vezes.

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  8. Sem resolver o problema da chico-espertice não haverá futuro para este país.

    Em termos relativos nas últimas décadas ficámos para trás de muitos países de todos os continentes e o processo continuará.

    A nossa situação nunca foi tão grave. Além do endividamento externo, um dos maiores do planeta, há a carência de poupanças, o desordenamento do território, a saída das grandes empresas das mãos de portugueses.

    O petróleo vai subir nos próximos 40/50 anos. É incontornável. O gás também subirá. Nós se quisermos crescer precisaremos de energia barata. Não vejo outras soluções senão as que irei enumerar:

    1) Temos de discutir o nuclear. Para nos reindustrializarmos precisaremos de energia barata. Não há volta a dar.

    2) Os centros urbanos têm de ser repovoados. Não poderemos importar tantos hidrocarbonetos num futuro próximo. Menos carros, mais vida de bairro e mais comércio tradicional. O Estado pode incentivar o repovoamento com isenção de IMI para os centros de Lisboa, Porto, Coimbra, Covilhã, Faro, Braga e outras cidades. As casas devolutas ou degradadas pagarão um IMI avultado. A lei dos arrendamentos deverá ser revista. O IVA sobre o arrendamento deverá baixar. O mercado está longe de ser dinâmico e os preços continuam elevados para a nossa realidade económica e financeira.

    3) O problema da propriedade ter de ser resolvido. O Estado tem de encontrar um mecanismo para acabar com as heranças indivisas. A cartografia nacional das terras deve avançar. O Estado tem de encontrar mecanismos para termos um mercado fundiário dinâmico. A propriedade é muito pequena em vastas regiões do país para que possamos ter projectos agrícolas ou florestais viáveis e competitivos. Espanha não tem este problema.

    4) As mais valias imobiliárias devem ser taxadas a 100%. A urbanização de terras deve ser decidida a nível central. Tal como sucedia com Salazar, tal como sucede em boa parte da Europa dita civilizada. O mercado da especulação imobiliária tem de ser morto e enterrado pois destruiu o país.

    5) Precisaremos de boas linhas para transporte de mercadorias e passageiros em bitola europeia. É fundamental unir o eixo Setúbal-Braga e depois unir este eixo a Espanha. É no eixo Setúbal-Braga que se concentra a maior parte da actividade económica e da população. Não falo de um TGV, mas de uma linha decente onde um Alfa circule à velocidade máxima sem constrangimentos, onde a linha não esteja congestionada com regionais e intercidades. O planeamento das cidades deverá ter em conta a localização das estações como locais de centralidade.

    Temos um problema energético e temos um problema de Ordenamento em Portugal.

    Os portugueses ocupam demasiado espaço para a densidade populacional que temos. Isto torna os transportes públicos deficitários, obriga os portugueses a usar o transporte privado, a importarmos mais carros e mais hidrocarbonetos.

    Salazar sabia deste problema e falou dele. Na minha freguesia o Estado Novo tentou criar um centro urbano e tirar as pessoas dos montes, quintas e sítios e concentrá-las numa nova vila. E conseguiu, até que veio o 25 de Abril e estragou tudo.

    Em boa verdade o país tem de ser refeito de cima a baixo. Isto só se consegue com outro Regime, ou melhor, outro tipo de Regime, pois esta democracia já deu o que tinha a dar.

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  9. Zephyrus,

    concordo com grande parte. No geral, uma excelente achega e ponto de partida para discussão.

    Resta saber se alguns desses cancros (o da especulação imobiliária, por exemplo) são estritamente nacionais ( confináveis ao território), ou consequência do tal escancaramento do país às ingerências e influências externas...

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  10. “O défice energético português ronda actualmente os 7 mil milhões de euros.”
    Desculpe a minha ignorância, mas que é o “défice energético”?

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  11. “Ora, em Portugal paga-se um preço caríssimo pela electricidade”

    Devido à aposta, do Governo de Guterres e seguintes na eólica e na solar, caríssimas por comparação com as fontes tradicionais. Está a acontecer o mesmo em vários países europeus, mas no nosso caso é mais grave porque alguns países desenvolveram primeiro a tecnologia, fabricaram as turbinas eólicas e os painéis fotovoltaicos e só depois os instalaram, mas nós comprámos tudo lá fora, gastando fortunas na compra e no transporte.

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