Depois do 11 de Março, o PREC entra em modo turbo. O Verão Quente de 75 é prenunciado em 28 de Maio com a rusga do COPCON (em larga medida foi o regimento de Comandos que desesempenhou a tarefa) pelas sedes do MRPP e subsequente detenção de cerca de 400 militantes daquela força política (não sei se Durão Barroso foi dentro nesse dia, mas, se não foi, tenho imensa pena). Os operários educandos do Grande Educador foram arrecadados em Caxias e no Pinheiro da Cruz, para desgosto de Otelo que propugnava por deportá-los prás Berlengas (não estou a brincar). Aliás, a ideia das Berlengas como Luso-gulag foi debatida e tinha em vista a criação dum parque para recalcitrantes ineducáveis (o que era estranho nos MRPPs, já que o seu chefe coincidia com o Grande Educador - grande e, pelos vistos, improfícuo).
A extrema-esquerda era, de um modo geral, agitada pelos americanos para agranelar o MFA e hostilizar os comunistas. É da praxe e até corriqueira a manigância e, dados os crânios em desfile, funcionava com relativo sucesso. Otelo vivia assessorado pelos PRP's de Isabel do Carmo; e o RALIS (a unidade revolucionária por excelência, segundo confidências de Leal de Almeida quando assumiu o comando), era um centro de convívio de MRPP's, LUAR's, UDP's, etc. O certo é que a coisa resultou na esquizofrenização do MFA revolucionário em duas taras rivais: a facção Otelo e a facção Vasco Gonçalves. Para estes, Otelo, sob o seu aparente "guevarismo", era, na verdade, um anti-comunista primário. E há um episódio pitoresco onde ele próprio assim se proclama... Acontece no seguimento do saneamento do Coronel Jaime Neves e de vários oficiais no Regimento de Comandos, em 30 de Julho de 1975, por manobra de inspiração Gonçalvista e levada a cabo por quadros esquerdistas daquela unidade. Otelo insurge-se (Jaime Neves, no meu modesto entender, exercia um certo fascínio sobre Otelo, que via nele o operacional destemido que gostaria de ser ) e determina-se a repor Jaime Neves no comando do regimento. Ao major Tomé, ruge: "Isto é uma golpada do PC e eu não alinho em jogadas partidárias..." E ao próprio Vasco Gonçalves verbera:
-"Sou anti-comunista... Tornei-me anti-comunista... Não perdoo o que os gajos fizeram ao Jaime Neves... Hei-de dar cabo deles!... Qualquer dia vou à televisão e jogo as minhas estrelas contra eles!..." E reforçou, com ênfase: Vou à Televisão e digo que o povo de Rio Maior já deu o exemplo e nessa altura não serão apenas 3 ou 4 sedes do PCP queimadas...nem 30...serão 300 ou mais!..."O certo é que, num comunicado do COPCON de 04AGO75, Otelo ordena a readmissão dos oficiais e sargentos saneados e o procedimento de disciplina militar contra os saneadores.
Jaime Neves, que não era um ingrato, retribuir-lhe-á o favor, semanas adiante, dias antes do 25 de Novembro, quando um sargento "comando" se propõe liquidar liminarmente Otelo ( e tê-lo-ia feito sem dificuldades nem hesitações de maior, posso certificá-lo). Responde Jaime Neves: "- Não, isso não!... Ele é maluco, mas não é mau de todo... Não é preciso matá-lo! É preciso é pô-lo fora de serviço!..."
E assim escapou Otelo a ficar isento de certas maçadas posteriores, nomeadamente em barra de tribunal.
O caminho para o 25 de Novembro, entretanto, fica solidamente pavimentado quando, em fins de Outubro, se procede ao passo determinante no Regimento de Comandos: através da Associação de Comandos, são convocados ex-"comandos" do Ultramar, gente de reconhecida fidelidade , com os quais se forma um novo batalhão - o Batalhão 12. O que, em termos operacionais, praticamente duplica o poder de intervenção e choque da unidade.
Isto, não sem que antes, em fins de Setembro, através de manobras palacianas, o Processo Revolucionário se tentasse desembaraçar de Jaime Neves e dos seus "Comandos". O general Fabião, ante a recusa da Polícia Militar em embarcar para Angola, a fim de supervisionar os últimos dias antes da entrega, tentou que embarcassem os "Comandos". O que, por um lado, era capaz de ter tido consequências interessantes... Basta relembrar que, nesse mesmo verão, em 27 de Julho, uma companhia de Comandos portugueses, naquele que terá sido o último gesto digno do nosso exérvcito, em retaliação contra o assassínio de um alferes português por tropas das FAPLA (forças armadas do MPLA), tinha arrasado o posto de Comando central daquele Movimento, em Vila Alice, abatendo vários dirigentes, militares e avulsos que lá se encontravam. Imagine-se o que teria sido o regimento completo naquelas paragens... Provavelmente, teriam que adiar a Independência, por falta de receptores. Este episódio (que mesmo entre as tropas "Comando" ficou emerso em névoas de lenda, havendo discussões se foi uma companhia que vinha castigada de Moçambique se uma enviada da Metrópole quem cometera o feito -todos os que não participaram, incluindo eu, ficaram sempre com uma certa inveja), aparece estudado, em documento acessível na Net, pela antropóloga Margarida Paredes, do qual retiro dois breves trechos extremamente sugestivos:
Sobre o enquadramento geral da acção: «Nos últimos anos da guerra, guerra que os portugueses chamam de Colonial e os angolanos de Luta de Libertação, os ventos da história e das independências africanas sopravam contra Portugal, o país era condenado internacionalmente pela ocupação colonia e a ditadura projectava Portugal no mundo como uma país periférico, subalterno e atrasado. (...)Aos dezanove anos, em 1973, tomei a iniciativa de aderir ao MPLA (...)»
Sobre a acção propriamente dita : «A reflexão enquadra esta acção militar num quadro de violência colonial ligada a arquétipos predominantemente masculinos e a paradigmas de masculinidades transversais e a hierarquias de raça e género destinadas a humilhar e inferiorizar os africanos»
Posta esta retrospectiva masculina em contra-vento, regressemos a Jaime Neves, na Metrópole, estava ele a ser empandeirado para Luanda. Em resposta a Fabião, Neves diz que vai falar com os oficiais da unidade. Perante estes, conclui: "nunca cairei na armadilha de sair do continente, pois eles (os esquerdalhos) depois já não me deixariam entrar...e até são capazes de me bombardear à chegada ao aeroporto, no avião de regresso...»
E assim os "Comandos" não embarcaram (para alívio do MPLA e futuro regalo dos nossos democratas parlamentares, que puderam montar a tenda depois do 25 de Novembro).
Mas a esquerda não desarrmou. Alguém alvitrou ao general Fabião, numa reunião: 'A única maneira de salvar a Revolução é colocarmos de vez, oficiais de confiança nas Unidades de força... e o Jaime Neves poderá ser transferido do Regimento de Comandos e substituído por um oficial de confiança... 50 Chaimites entregues a um inimigo declarado é demais, meu general!...»
-"Deixem-no lá estar! Ao menos ali está vigiado - retorquiu Fabião - prefiro-o ali, porque ali, ao menos, ele está enquadrado! tenho muito mais medo dele se for fazer guerrilhas para o Nordeste Transmontano, do que se estiver no regimento de Comandos...
Aqui, Diniz de Almeida, repudia o argumnento e insiste:
«- Não posso concordar com o meu general! jaime Neves apenas é perigosos enquanto comsandante do regimento de Comandos, pelo potencial blindado que o Otelo e outros responsáveis, inexplicavelmente, lhe deram.»
-"Não!...Não!... prefiro-o no Regimento do que nas florestas a fazer guerrilha - teimou Fabião» (in AScensão, Apogeu e Queda do MFA, pp.287)
Poucos dias depois, a 03 de Outubro, uma transferência de 3000 espingardas-automáticas G3 do Depósito Geral de Material de Guerra para o CIAAC é autorizada por Otelo.
Ora, o que é curioso é que esta Unidade era considerada contra-revolucionária e aliada dos "comandos". E era de facto. Tanto que as armas foram distribuidas , nas vésperas do 25 de Novembro, a militantes do PS, que coadjuvaram, a vários títulos, na noite do contra-golpe que acabou com o circo MFA. No PS da altura, convém dizer, aglutinavam-se elementos de várias procedências: desde sociais-democratas da farinha amparo a gente de centro-direita e até oriunda do antigo-regime, que se havia alistado por oportunismo e vira-casaquismo atávicos, ou, em muitos casos, para o combate possível aos comunistas (estes, os anti-comunistas, quase todos, foram abandonando, logo nas primeira eleições presidenciais); a cúpula, que a maçonaria já tomara de assalto (escovando logo no fim do verão de 74 as bases marxistas), era apoiada pela CIA e assumia-se como delegação dos ventos para a administração da futura Liliput. O que, com efeito, viria a acontecer.
O resto da história é conhecido. Concretizada a independência de Angola (depois das restantes províncias africanas) a 11 de Novembro, já podia acabar a bandalheira. Já não era necessária.O objectivo do 25 de Abril estava consumado. Otelo foi dormir, o COPCON congelou, os comunistas trocaram a imunidade posterior e a via parlamentar pela posição de estátua compenetrada naquela noite, os "Comandos" receberam luz verde e acabaram com o circo da extrema-esquerda e com a bandalheira militar já em deriva SUV. Esclarecedora a resposta de Rosa Coutinho a Diniz de Almeida, quando este pedia apoio dos fuzileiros: "quem se meteu nelas que se desenrasque!"
De resto, o 25 de Novembro foi bem sucedido pela mesma razão que o 28 de Setembro e o 11 de Março não foram. E não foi apenas porque os "Comandos" intervieram e eram temidos (se houvesse ordem para disparar, disparava-se sem hesitações)... Ou porque Costa Gomes apoiou (apoiou porque sabia que ia ganhar, e estava vingado o seu 13 de Abril de 1961)... Foi também porque os comunistas não dificultaram e a tripla aliança abençoou. Afinal, já tinham convertido Angola ao novo "Império ideológico" e passavam bem sem uma nova Cuba. E foi assim que, antes mesmo de socialistas guardarem o socialismo na gaveta, adquirimos comunistas que aderiram ao parlamentarismo. E ainda dizem que os portugueses não têm sentido da originalidade...e humor.
Do que dependesse de Jaime Neves e dos "Comandos" o resultado não teria sido exactamente este. E tanto assim era que o poder político, desconfortável, não descansou enquanto não separou Neves da sua Unidade. Como já não restasse Angola onde enviá-lo, uns anos depois, quiseram enviá-lo a General. O Coronel Jaime Neves mandou o Chefe do Estado Maior, general Garcia dos Santos, dar uma volta. Em resultado, foi punido. E preferiu passar à reserva a tornar-se brigadeiro de pacotilha. Como tantos, aliás, absolutamente vácuos, que por aí vegetam a expensas do erário público. Os "comandos", os "Comandos coloniais" sofreriam uma perseguição ressentida e incidiosa da imprensa "democrática" até Dezembro de 1993, quando foram finalmente extintos, para consolo e descanso de todas as delicadas consciências. Com eles desapareceu o último resquício dum tempo e duma guerra para a qual tinham protagonizado a única força portuguesa, de elite, especificamente concebida e treinada. Sim, e parafraseando a antropóloga luso-angolana, um arquétipo de masculinidade à deriva num país claramente amaricado, que, cada vez mais, maquilha a descida à sepultura com a saída, amaneirada, do armário.
PS: Sobressai, em tudo isto, um par de ambíguos que merece estudo aprofundado: Otelo e Costa Gomes. Ou então tudo se resume a um fenómeno repetido: Costa Gomes manobrou Otelo como antes tinha manobrado Spínola e Caetano.
Jaime Neves, que não era um ingrato, retribuir-lhe-á o favor, semanas adiante, dias antes do 25 de Novembro, quando um sargento "comando" se propõe liquidar liminarmente Otelo ( e tê-lo-ia feito sem dificuldades nem hesitações de maior, posso certificá-lo). Responde Jaime Neves: "- Não, isso não!... Ele é maluco, mas não é mau de todo... Não é preciso matá-lo! É preciso é pô-lo fora de serviço!..."
E assim escapou Otelo a ficar isento de certas maçadas posteriores, nomeadamente em barra de tribunal.
O caminho para o 25 de Novembro, entretanto, fica solidamente pavimentado quando, em fins de Outubro, se procede ao passo determinante no Regimento de Comandos: através da Associação de Comandos, são convocados ex-"comandos" do Ultramar, gente de reconhecida fidelidade , com os quais se forma um novo batalhão - o Batalhão 12. O que, em termos operacionais, praticamente duplica o poder de intervenção e choque da unidade.
Isto, não sem que antes, em fins de Setembro, através de manobras palacianas, o Processo Revolucionário se tentasse desembaraçar de Jaime Neves e dos seus "Comandos". O general Fabião, ante a recusa da Polícia Militar em embarcar para Angola, a fim de supervisionar os últimos dias antes da entrega, tentou que embarcassem os "Comandos". O que, por um lado, era capaz de ter tido consequências interessantes... Basta relembrar que, nesse mesmo verão, em 27 de Julho, uma companhia de Comandos portugueses, naquele que terá sido o último gesto digno do nosso exérvcito, em retaliação contra o assassínio de um alferes português por tropas das FAPLA (forças armadas do MPLA), tinha arrasado o posto de Comando central daquele Movimento, em Vila Alice, abatendo vários dirigentes, militares e avulsos que lá se encontravam. Imagine-se o que teria sido o regimento completo naquelas paragens... Provavelmente, teriam que adiar a Independência, por falta de receptores. Este episódio (que mesmo entre as tropas "Comando" ficou emerso em névoas de lenda, havendo discussões se foi uma companhia que vinha castigada de Moçambique se uma enviada da Metrópole quem cometera o feito -todos os que não participaram, incluindo eu, ficaram sempre com uma certa inveja), aparece estudado, em documento acessível na Net, pela antropóloga Margarida Paredes, do qual retiro dois breves trechos extremamente sugestivos:
Sobre o enquadramento geral da acção: «Nos últimos anos da guerra, guerra que os portugueses chamam de Colonial e os angolanos de Luta de Libertação, os ventos da história e das independências africanas sopravam contra Portugal, o país era condenado internacionalmente pela ocupação colonia e a ditadura projectava Portugal no mundo como uma país periférico, subalterno e atrasado. (...)Aos dezanove anos, em 1973, tomei a iniciativa de aderir ao MPLA (...)»
Sobre a acção propriamente dita : «A reflexão enquadra esta acção militar num quadro de violência colonial ligada a arquétipos predominantemente masculinos e a paradigmas de masculinidades transversais e a hierarquias de raça e género destinadas a humilhar e inferiorizar os africanos»
Posta esta retrospectiva masculina em contra-vento, regressemos a Jaime Neves, na Metrópole, estava ele a ser empandeirado para Luanda. Em resposta a Fabião, Neves diz que vai falar com os oficiais da unidade. Perante estes, conclui: "nunca cairei na armadilha de sair do continente, pois eles (os esquerdalhos) depois já não me deixariam entrar...e até são capazes de me bombardear à chegada ao aeroporto, no avião de regresso...»
E assim os "Comandos" não embarcaram (para alívio do MPLA e futuro regalo dos nossos democratas parlamentares, que puderam montar a tenda depois do 25 de Novembro).
Mas a esquerda não desarrmou. Alguém alvitrou ao general Fabião, numa reunião: 'A única maneira de salvar a Revolução é colocarmos de vez, oficiais de confiança nas Unidades de força... e o Jaime Neves poderá ser transferido do Regimento de Comandos e substituído por um oficial de confiança... 50 Chaimites entregues a um inimigo declarado é demais, meu general!...»
-"Deixem-no lá estar! Ao menos ali está vigiado - retorquiu Fabião - prefiro-o ali, porque ali, ao menos, ele está enquadrado! tenho muito mais medo dele se for fazer guerrilhas para o Nordeste Transmontano, do que se estiver no regimento de Comandos...
Aqui, Diniz de Almeida, repudia o argumnento e insiste:
«- Não posso concordar com o meu general! jaime Neves apenas é perigosos enquanto comsandante do regimento de Comandos, pelo potencial blindado que o Otelo e outros responsáveis, inexplicavelmente, lhe deram.»
-"Não!...Não!... prefiro-o no Regimento do que nas florestas a fazer guerrilha - teimou Fabião» (in AScensão, Apogeu e Queda do MFA, pp.287)
Poucos dias depois, a 03 de Outubro, uma transferência de 3000 espingardas-automáticas G3 do Depósito Geral de Material de Guerra para o CIAAC é autorizada por Otelo.
Ora, o que é curioso é que esta Unidade era considerada contra-revolucionária e aliada dos "comandos". E era de facto. Tanto que as armas foram distribuidas , nas vésperas do 25 de Novembro, a militantes do PS, que coadjuvaram, a vários títulos, na noite do contra-golpe que acabou com o circo MFA. No PS da altura, convém dizer, aglutinavam-se elementos de várias procedências: desde sociais-democratas da farinha amparo a gente de centro-direita e até oriunda do antigo-regime, que se havia alistado por oportunismo e vira-casaquismo atávicos, ou, em muitos casos, para o combate possível aos comunistas (estes, os anti-comunistas, quase todos, foram abandonando, logo nas primeira eleições presidenciais); a cúpula, que a maçonaria já tomara de assalto (escovando logo no fim do verão de 74 as bases marxistas), era apoiada pela CIA e assumia-se como delegação dos ventos para a administração da futura Liliput. O que, com efeito, viria a acontecer.
O resto da história é conhecido. Concretizada a independência de Angola (depois das restantes províncias africanas) a 11 de Novembro, já podia acabar a bandalheira. Já não era necessária.O objectivo do 25 de Abril estava consumado. Otelo foi dormir, o COPCON congelou, os comunistas trocaram a imunidade posterior e a via parlamentar pela posição de estátua compenetrada naquela noite, os "Comandos" receberam luz verde e acabaram com o circo da extrema-esquerda e com a bandalheira militar já em deriva SUV. Esclarecedora a resposta de Rosa Coutinho a Diniz de Almeida, quando este pedia apoio dos fuzileiros: "quem se meteu nelas que se desenrasque!"
De resto, o 25 de Novembro foi bem sucedido pela mesma razão que o 28 de Setembro e o 11 de Março não foram. E não foi apenas porque os "Comandos" intervieram e eram temidos (se houvesse ordem para disparar, disparava-se sem hesitações)... Ou porque Costa Gomes apoiou (apoiou porque sabia que ia ganhar, e estava vingado o seu 13 de Abril de 1961)... Foi também porque os comunistas não dificultaram e a tripla aliança abençoou. Afinal, já tinham convertido Angola ao novo "Império ideológico" e passavam bem sem uma nova Cuba. E foi assim que, antes mesmo de socialistas guardarem o socialismo na gaveta, adquirimos comunistas que aderiram ao parlamentarismo. E ainda dizem que os portugueses não têm sentido da originalidade...e humor.
Do que dependesse de Jaime Neves e dos "Comandos" o resultado não teria sido exactamente este. E tanto assim era que o poder político, desconfortável, não descansou enquanto não separou Neves da sua Unidade. Como já não restasse Angola onde enviá-lo, uns anos depois, quiseram enviá-lo a General. O Coronel Jaime Neves mandou o Chefe do Estado Maior, general Garcia dos Santos, dar uma volta. Em resultado, foi punido. E preferiu passar à reserva a tornar-se brigadeiro de pacotilha. Como tantos, aliás, absolutamente vácuos, que por aí vegetam a expensas do erário público. Os "comandos", os "Comandos coloniais" sofreriam uma perseguição ressentida e incidiosa da imprensa "democrática" até Dezembro de 1993, quando foram finalmente extintos, para consolo e descanso de todas as delicadas consciências. Com eles desapareceu o último resquício dum tempo e duma guerra para a qual tinham protagonizado a única força portuguesa, de elite, especificamente concebida e treinada. Sim, e parafraseando a antropóloga luso-angolana, um arquétipo de masculinidade à deriva num país claramente amaricado, que, cada vez mais, maquilha a descida à sepultura com a saída, amaneirada, do armário.
PS: Sobressai, em tudo isto, um par de ambíguos que merece estudo aprofundado: Otelo e Costa Gomes. Ou então tudo se resume a um fenómeno repetido: Costa Gomes manobrou Otelo como antes tinha manobrado Spínola e Caetano.
Jaime Neves, mais um transmontano de fibra.
ResponderEliminarLembrava-me nìtidamente da frase: «Concretizada a independência de Angola (depois das restantes províncias africanas) a 11 de Novembro, já podia acabar a bandalheira.» Deu-me ideia que pudesse V. repescar o texto e cá está. Escusei de ir à procura.
ResponderEliminarO caso é que a cada 25 de Novembro sempre vejo por aí uns tristes a reclamar de que esta é que é a data certa do 25 de Abril e, nada disso! A frase lá atrás resume o negócio todo. E nela também o modo em como a suserania soltou a arreata às bestas e as mandou à sua vidinha no portugalinho que sobrou.
O 25 de Novembro, apesar dos feitos e dos homens, foi só o berrar de «Organizem-se!» da anedota.
Seguiram-se a Rodésia e a África do Sul, mas o orgulho já vai muito, muito além do adro, como se bem vê.
Pois, meu caro. Infelizmente, é mesmo isso. E tem sido uma fossa que vem virando abismo. O despatriamento ufano da classe politiqueira alcança já o olimpo.
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