Pensava eu ser interessante discutir certas questões e debater diversos pontos de vista.
Enganei-me. Redondamente. E disso desde já me penitencio.
Parece que, para quem é, chicana basta. O importante é untar a forma com uma qualquer trafulhice rançosa, bramar muito a mesma petição catita, fazer finca pé na auto-intrujice compulsiva, assar umas folhas de scanner na braza, polvilhadas de umas alegres presunções e já está: Abrilau à Zé du Pip.
O Abrilau à Zè du Pip é uma mistela intragável que é vendida como último grito da culinária gourmet para sopeiras anti-comunistas da 25ª hora.
Trata-se, na essência, da mais solerte teoria da conspirracinha de que há memória. Culpados - inequívocos e inapeláveis? Todos os militares, ex-militares, polícias, guardas republicanos, escuteiros, enfim, todos os fardados (mesmo à paisana) do dia, mais os sapadores bombeiros da Avenida D.Carlos, que estavam de prevenção, para o caso dos blindados desfalecerem por falta de combustível ou hipertensão dos galuchos (já que munições parece que nem tinham). Nesse caso, avançariam os bombeiros, de machado reluzente, escada à tiracolo e canhão de água em riste. Aliás, fazendo jus à hedionda cor das suas próprias viaturas auto-tanque, que ao Zé do Pipo nunca o enganaram. O regime-nódoa, caso falhasse o golpe de cuspe, seria assim lavado à mangueirada. E os voluntários, perguntará, o leitor mais curioso? Os voluntários, nesse dia, não alinharam, porque eram milicianos e estavam de candeias apagadas com os sapadores (que, por definição, são profissionais).
Único Imaculado e pulcro incocente naquele dia sinistro, vítima-mor duma conspiração universal de proporções bíblicas, apenas um: Marcelo Caettano. Um verdadeiro calimero excelentíssimo. Porquê? Porque sabia pontuar muito bem as frases e escreveu parágrafos que muito deslumbraram, na sua pré-adolescência coorporativa, o Zé du Pip. Também porque o Zé du Pip tem uma crença, aliás fezada, a todos os títulos inexpugnável: o Marcello declarou-se inocente. Tricotou até livros sobre o assunto, todos eles muito bem pontuados e replectos de frases sinceras, entremeados de metáforas, sinestesias e até, pasme-se, alguns anacolutos raros.. Alibi perfeito, convenhamos. Quer dizer, perfeito ou imperfeito depende... se o arguido cai no goto do Zé, é perfeito. Se não cai no goto, cai-lhe no esgoto e aí é uma carga de trabalhos. De scanner em riste, o Zè du Pip atira-se ao malandrim como gato ao bofe. Embrulhado em papel de jornal, que vai do Correio da manhã ao Expresso da Noite, passando pelos pasquins todos da comarca mais as folhas de couve da paróquia, peixe, e peixeirada, dos mais variados odores e proveniências, é-lhe ministrado, ao condenado, pelas ventas criminosas abaixo, sem dó nem piedade, ou, tão pouco, interrupção para almoço.. Porque o Zé du Pip processa como argumenta: ali indicia, inquire, instrói, julga, condena e executa; aqui faz a festa, lança os foguetes e vai apanhar as canas. Com as quais, para requinte final, constrói abrigos precários contra intempéries magnas. E põe-se à espera, muito satisfeito consigo próprio, para ver o que acontece. Acontece que a palha lá por ser tripla, na cabeça, no chapéu e na cabana, não constitui grande protecção. Nesta altura, embora tardiamente, o Zè du Pip já percebeu isso. Vagamente, começa até a sentir-se despromovido a Zé Destelhado.
Mas prossigamos no rol estrepitante das suas audácias chibantes, ou coices de mula sorrateiros, como ele próprio se matricula na zoologia argumentícia.
Concentremo-nos apenas no seu último montículo erístico, que anotarei em detalhe, como manda a tradição e o povo tanto gosta (incluindo o Zé, e vamos lá a ver se, dando ele os lombos ao manifesto, também aprecia)...
«Kaúlza tem sido uma espécie de desejado póstumo para alguns líricos das epopeias em fraldas de camisa. Ele e o então presidente da República poderiam ter sido os salvadores da Pátria e não foram porque, hélas!, não lhes deixaram ser o que o futuro lhes tinha reservado.»
Aqui o Zé, se bem decifro a esguelhadela, pretende alvejar o Temível Dragão. Acontece que esse temível animal imaginário o é triplamente, já que habita a mitologia, o índex da blogosfera e, sobretudo no vertente caso, a petit mitomania do Zè. É o chamado Dragão de conveniência para o Zeca fazer bonito a armar ao pingarelho semiótico. Faz de conta que o Dragão defendeu isto ou teceu loas ao Kaúlza ou ao Américo. Assim, atamanca ele, do alto da sua pesporrinha, como o Dragão Mau bateu no meu calimero de estimação, eu, que sou muito azougado, vou gozar o Kaúlza e o Américo. E vou gozá-los como? Ora, na pontuação. Não redigiam primorosamente. Que argumento estupendo, a porejar versúcia e gleba! Mas há melhor: o Zèzu desanca nos dois cromos fascistas exactamente nos mesmos termos depreciativos com que propaganda comunista e esquerdóide os anos 60/70 os mimoseava, para efeito de chalaça de taberna (onde recrutava os principais quadros, e alguns triângulos amorosos também). O próprio Salazar, nos trombones dessas varas, não andava longe de mentecaptidade zoina atribuída àqueles seus dois velhos aliados. Afinal, o Du Pip, mata-comuníscaros e trinca-sushilistas de saguão confunde-se com aqueles que proclama estar em ânsias de passevitar quando lhe convém à trica. E o pobre dragão de conveniência, coitado, sujeito às comodidades do Zé, vê-se descomposto em fraldas de camisa à desfilada por lírica epopeia. Pior figura, convenhamos, faz o vate indómito de tal rilhafuligem, que desvaira a pedir urgente camisa-sem-mangas. Delírio etrusco e público, onde consome, de resto, o parágrafo seguinte:
«Infelizmente a fantasia de alguns é a frustração do Desejado e por isso o melhor seria descerem à realidade que o próprio Kaúlza contou em tempos no livro que publicou em 1987- "Guerra e Política, em nome da verdade os anos decisivos".»
Traduzindo: Scanner meu, sacaner meu, há alguém mais desenfreado do que eu?”
Não há. O pobre do scanner já nem deve poder vê-lo à frente. E nem uma míuda gira, uma Gina como deve ser, vá lá, uma Playboy das antigas: aquilo é papel que ninguém, no seu perfeito juízo, se arrisca a usar para limpar o olho cego, quanto mais para educar os dois que mal vêem. E, francamente, para um gajo na minha idade que nem na merda das letras no teclado já acerta, ter que estar de lupa em riste para decifrar o cabrão do ecrã não lembra ao meu primo do apocalipse. Desisto.
Quanto a descer à realidade, se a invectiva é comigo, então negociemos: eu desço à realidade quando a Scanner Man subir à racionalidade. Até lá, temo bem que a comunicação, senão impossível, será difícil.
A pérola seguinte, senhores:
«A explicação para o golpe de Estado dá-a singelamente como Marcello Caetano a dá: toda a gente borregou. Levantaram-se todos do rancho e começaram a tilintar talheres. Alguns puseram cravos no cabelo, como os hippies de S. Francisco.»
Toda a gente borregou, ora nem mais. Toda? Não. Na holística da galga há uma aldeia mínuscula que resiste, arrosta e não borrega: Marcello. O Ásterix da Galga. Não borrega porque não tem sequer tempo para isso: explica; conversa em família.... Explica ao Zé Destelhado e o Zé Destelhado explica-nos a nós, dando-se grandes alardes de inteligência superior, aeronáutica. Em suma, todos borregam menos Marcello. Que explica. E explica duma forma tanto mais retumbante quanto uma experiência mediúnica consegue ser: Marcelo incorpora em Zé, Zé mesmetiza-se de Marcello, Marcelo e Zé entrecoçam-se, Marcelllo passa a bola a Zé, Zé cruza para Marcello e.... golo! - a revelação soturna, cavernal, a comunicação telefónica do Além, entre Alhures e Alheira-de-Baixo, produz-se: rancho levantado a tilintar talheres. Parece, assim à primeira vista, código misterioso. Mas não é. Rutilante revelação: Não foi um Golpe de Estado, foi um Buffet itinerante. Um piquenique urbano. Com tantos galuchos e campinos presentes até admira não ter culminado numa largada de toiros.
«Kaúlza nesse dia fatídico nem saiu de casa. Aliás esteve sempre em casa a partir daí e até ao 28 de Setembro, altura em que o comunismo militar do COPCON o foi buscar porque era "fascista".»
Sim, é evidente...Eventualmente esteve escondido debaixo da cama. Durante o dia, claro está. À noite, refugiava-se no armário, por incompatibilidades com o penico. Aos domingos, conta a doméstica reformada, dava uma saltada ao chuveiro e nomadizava entre a a despensa e o sótão. O comunismo militar não foi buscá-lo coisa nenhuma: foi , a pedido de Santo Álvaro, quebrar-lhe a dentadura reaccionária. Que Kaúza guardava num copo, enquanto lavava os dentes. E não era “fascista”. Vamos lá a ser semióticos, caramba: era “ultraconservador”; ou com tendência para “epopeias líricas em fraldas de camisa”
«Ele que assegura que após o pedido de demissão de Marcello Caetano, na sequência de publicação do livro de Spínola, poderia ter sido presidente do Conselho e talvez tivesse evitado o golpe, não o chegou a ser porque o presidente Tomás "hesitou" e não o nomeou.»
O presidente Tomás, na sua cabana do Restelo, hesitou e, naturalmente, borregou. Todos borregaram, já sabemos. Talvez Kaúlza tivesse evitado o golpe? Só se não borregasse. Ora, o Destino (Fado nosso) já tinha ungido o seu eleito: Marcello. Só ele estava destinado a não borregar. O seu poder superlativo de redacção (e arenga) conferia-lhe esse poder mágico. Isso, vários pontos de interrogação, um prontuário ortográfico e a poção que ele bebia duma panela druídica lá de casa. (Receita dietética, subtil, e por isso não engordava)...
«Sobre o presidente Tomás não vale a pena gastar muitos caracteres. Nesse dia esteve em casa e à espera que o fossem buscar para o exílio. E lá foi. Sem um ai.»
Relatos fidedinos, mas mantidos sob reserva “Ultra confidencial” dos Arquivos do Estado-Maior a que tive acesso, descrevem-no a tentar domar o tapete de Arraiolos (puro sangue) do hall de entrada, de modo a conseguir evadir-se nele. A selvajaria indomável daquele (não sendo persa, recusava-se determinantemente à volatilidade) torpedeou o sagaz expediente. Todavia, e logo para azar do Zè du Pip, há um relato público da peripécia real, por parte de Sanches Osório, no seu livro de Maio de 1975, “Equívocos de Abril”, pp.46.. Reza o seguinte:
«A prisão do Alm. Américo Tomás processou-se da seguinte forma: sabíamos que o presidente da República estava na sua casa do Restelo pelo que para lá se dirigiu o Ten.Cor. Almeida Bruno com uma companhia de para-quedistas a fim de o prender. Acontece que o velho almirante se recusou a sair de casa ou a deixar-se prender. Almeida Bruno telefonou para a Pontinha informando o sucedido, dizendo que não era ético forçar fisicamente o almirante e pedindo instruções. Foi o próprio prof. Marcello Caetano que lhe telefonou da Pontinha, explicando-lhe que tudo estava perdido e que tinha de obedecer à força comandada pelo Ten. Cor. Almeida Bruno, cujas instruções eram as de o levar para o Aeroporto da Portela, de onde seguiria para o Funchal. O Gen Spínola mandou acrescentar que “toda a segurança seria dispensada à família” do Almirante Américo Tomás.»
Vês, Zézinho? Já podes contar ao Huguinho e ao Luízinho... parece que a cabulice e a scannice não compensam. Afinal, foi mais que um ai. E sempre estrebuchou um bocadinho mais do que o Marcello. Até teve que ser o Marcello a explicar-lhe: senhor Presidente, tem que borregar. O único autorizado a não borregar sou eu. Um argumentista vindouro assim obriga, bem vê.”
Em resumo: não vale de facto a pena gastar muitos caracteres, bastava apresentar-se um pouco mais de carácter, daquele que distingue os homens dos troca-tintas.
As citações puguessistas não consigo ler, mas imagino o teor edificante e rigoroso. Certamente ao nível da astrofísica do Correio das Manhã. Sem til, já agora.
Vamos ao final infeliz, que isto já vai longo:
«E assim se perdeu a oportunidade de salvação do país. Marcello, esse renegado, estragou tudo com a d. inércia à ilharga e faltou-nos essa experiência fantástica de termos um presidente de Conselho como Kaúlza a tentar edificar as novas bases do Estado, salvíficas e redentoras.»
A salvação do país é uma falsa questão: ele estava a ser salvo nesse dia, é preciso que o Zè du Pip assuma as suas fantasias retroactivas. Ia até, segundo ele, encaminhar-se para um novo paraíso terreal, mercantil, pós-histórico (ou histérico, para as senhoras) – uma verdadeira disneylândia à beira mar plantada- se não fossem... (grande suspense, porque agora surge a grande tese à Zè du Pip) «Quem nos estragou o futuro foi o socialismo e o comunismo e quem neles votou ao longo dos anos».
Et voilà, minhas damas e monsenhores: eis o peixe. A pescadinha de rabo na boca...
Portanto, o problema não esteve na salvação do país, mas sim na perdição do país. No seu tresmalhamento escabreado para parte incerta. Por obra e desgraça desses energúmenos que votaram no socialismo e no comunismo. Vossências, leitores mais jovens, nem imaginais: aquilo a seguir ao 25, por aqueles heróicos e trepidantes meses a fora, eram eleições todos os dias. Às vezes, em dias de festa, era até como os antibióticos: três vezes ao dia, geralmente a seguir às refeições. Um tipo bebia a bica e exclamava, satisfeito: bem, agora vou votar!. E isto já para não falar nos incontinentes, que passavam dias seguidos a correr às urnas. Comunistas e socialistas, todos eles. Os outros também votavam, mas votavam em ambiente, digamos, mais doméstico, no recato do lar (e caso este não estivesse a ser ocupado por alguma brigada revolucinhária). E fora aqueles "ultraconservadortes" e "líricos da epopeia" que eram arrecadados em Caxias, onde dispunham de tempo para longas meditações pré-eleitorais (ficavam internados por prisão de ventre e dispensados de votar). O certo é que as primeiras eleições quadrienais, em que se organizou uma quermesse festiva para todos tirarem rifas à molhada, só aconteceu em Junho de 1975 (para a Constituinte, onde todos foram socialistas, excepto o CDS que se declarou abstémio e agnóstico, mas piedoso); e em 25 de Abril de 1976, para as primeiras Legislativas. Entretanto, o Ultramar já tinha ido todo à viola. Bem, todo não: os Açores, a Madeira, Macau, as Selvagens e as Berlengas resistiram.
Mas ficarmos sem o Ultramar até nem era mau, para os entreguistas à vela como o Zè du Pip. O pior, senhores, o horrível medonho foi termos ficado sem futuro. Aliás, sem passado nem futuro, estamos condenados a vagar, como almas penadas, num perpétuo gulag do presente. Há um lado bom, agora reparo: assim não envelhecemos (a estupidez é imarcescível). Mas também não coisamos nem saímos debaixo. Há quem goste. Há quem lucre. Há até quem vá de vento(da história em popa). O que, desde logo arruína a tese de Du Pip & Du Pip; . É que esse futuro colectivo do "nós" agora já não se coloca. O que o colocava e fez, porfiadamente, contra eventos e e marrecos, para que se mantivesse, já morreu. Aliás, ainda estava vivo, e já o estavam a enterrar. Foi o maior de todos os líricos das epopeias, fora o Pessoa, dos últimos cem anos e, juntamente com outros líricos do passado, que remontam ao Rei fundador desta nação, continua a induzir em erro alguns líricos do presente. Que, e pela parte que me toca o avalio, continuam nem vencidos nem convencidos. Portanto, o futuro agora é meramente individual. E foi em nome dessa individualidade que se mandou o colectivo às urtigas. Cada qual trata de si e do seu gigantesco ego, ao volante da sua vidinha, pelo que, futuro, doravante, é de bolso e descartável, Há quem tenha e quem não tenha; quem se amanhe e quem não se amanhe; quem se oriente e quem não se oriente. Eu, seguramente, não tenho. Mas carros alemães, casotas de praia, pingarelhos electrónicos, fermentos corporativos e ascensorismos diversos não faltam nesta piolheira. O Chico sem futuro cobiça o futuro ao Manel montado nele. Os eleitores, que me causam indiscriminadamente um intenso nojo, mais as eleições, que apenas servem à bandalheira instalada, tratam do futuro de alguns, delapidando o futuro de muitos. E o resto são lérias. O Zé du Pip, a avaliar pelos nacos de prosa e as scannagens de três em pipa, com leitmotif muito sistemático ao fundo do túnel, em romaria pré-eleiçoeira, sob a cortina do "futuro nosso que está no céu", também se arrisca a que pensem que, se calhar, está a tratar do futuro dele. É a vida. Porque atribuir culpas, com tanta persistência, aos eleitores socialistas e comunistas, soa esquisito. Só estes? Os primeiros, é certo, são casos de polícia, os segundos de psiquiatria, mas os comunistas estão fora do governo desde 1975 e os socialistas têm alternado e associado no saque com outras quadrilhas organizadas... Zé du Pip, a essoutras putativamente angélicas, inocenta-as, arbitrária e antojosamente, como inocenta o Marcello? Neo-Marcellismo aos molhos, é? Calimerismo de conveniência para engrampar papalvos?... Se é do futuro que trata ou de nós que trata por parvos, não sabemos.
Entre tratantes e safados, que pode um velho, lírico e honesto Dragão fazer senão escarrar fogo nesta merda toda?...
Cada povo tem o futuro que merece. E este, enquanto não arranjar ideia que se veja, carácter que se recomende e vontade própria que se manifeste, nem há passado que o reconheça nem há futuro que lhe pegue.
Em 25 de Abril, como certo estrangeiro disse, não mudámos apenas de regime: mudámos de país. Porque, e aí o Estado-Novo falhou redondamente, não conseguiu mudar de gente.
Nota - Comentários voltaram ao antigamente.
«Kaúlza tem sido uma espécie de desejado póstumo para alguns líricos das epopeias em fraldas de camisa. Ele e o então presidente da República poderiam ter sido os salvadores da Pátria e não foram porque, hélas!, não lhes deixaram ser o que o futuro lhes tinha reservado.»
Aqui o Zé, se bem decifro a esguelhadela, pretende alvejar o Temível Dragão. Acontece que esse temível animal imaginário o é triplamente, já que habita a mitologia, o índex da blogosfera e, sobretudo no vertente caso, a petit mitomania do Zè. É o chamado Dragão de conveniência para o Zeca fazer bonito a armar ao pingarelho semiótico. Faz de conta que o Dragão defendeu isto ou teceu loas ao Kaúlza ou ao Américo. Assim, atamanca ele, do alto da sua pesporrinha, como o Dragão Mau bateu no meu calimero de estimação, eu, que sou muito azougado, vou gozar o Kaúlza e o Américo. E vou gozá-los como? Ora, na pontuação. Não redigiam primorosamente. Que argumento estupendo, a porejar versúcia e gleba! Mas há melhor: o Zèzu desanca nos dois cromos fascistas exactamente nos mesmos termos depreciativos com que propaganda comunista e esquerdóide os anos 60/70 os mimoseava, para efeito de chalaça de taberna (onde recrutava os principais quadros, e alguns triângulos amorosos também). O próprio Salazar, nos trombones dessas varas, não andava longe de mentecaptidade zoina atribuída àqueles seus dois velhos aliados. Afinal, o Du Pip, mata-comuníscaros e trinca-sushilistas de saguão confunde-se com aqueles que proclama estar em ânsias de passevitar quando lhe convém à trica. E o pobre dragão de conveniência, coitado, sujeito às comodidades do Zé, vê-se descomposto em fraldas de camisa à desfilada por lírica epopeia. Pior figura, convenhamos, faz o vate indómito de tal rilhafuligem, que desvaira a pedir urgente camisa-sem-mangas. Delírio etrusco e público, onde consome, de resto, o parágrafo seguinte:
«Infelizmente a fantasia de alguns é a frustração do Desejado e por isso o melhor seria descerem à realidade que o próprio Kaúlza contou em tempos no livro que publicou em 1987- "Guerra e Política, em nome da verdade os anos decisivos".»
Traduzindo: Scanner meu, sacaner meu, há alguém mais desenfreado do que eu?”
Não há. O pobre do scanner já nem deve poder vê-lo à frente. E nem uma míuda gira, uma Gina como deve ser, vá lá, uma Playboy das antigas: aquilo é papel que ninguém, no seu perfeito juízo, se arrisca a usar para limpar o olho cego, quanto mais para educar os dois que mal vêem. E, francamente, para um gajo na minha idade que nem na merda das letras no teclado já acerta, ter que estar de lupa em riste para decifrar o cabrão do ecrã não lembra ao meu primo do apocalipse. Desisto.
Quanto a descer à realidade, se a invectiva é comigo, então negociemos: eu desço à realidade quando a Scanner Man subir à racionalidade. Até lá, temo bem que a comunicação, senão impossível, será difícil.
A pérola seguinte, senhores:
«A explicação para o golpe de Estado dá-a singelamente como Marcello Caetano a dá: toda a gente borregou. Levantaram-se todos do rancho e começaram a tilintar talheres. Alguns puseram cravos no cabelo, como os hippies de S. Francisco.»
Toda a gente borregou, ora nem mais. Toda? Não. Na holística da galga há uma aldeia mínuscula que resiste, arrosta e não borrega: Marcello. O Ásterix da Galga. Não borrega porque não tem sequer tempo para isso: explica; conversa em família.... Explica ao Zé Destelhado e o Zé Destelhado explica-nos a nós, dando-se grandes alardes de inteligência superior, aeronáutica. Em suma, todos borregam menos Marcello. Que explica. E explica duma forma tanto mais retumbante quanto uma experiência mediúnica consegue ser: Marcelo incorpora em Zé, Zé mesmetiza-se de Marcello, Marcelo e Zé entrecoçam-se, Marcelllo passa a bola a Zé, Zé cruza para Marcello e.... golo! - a revelação soturna, cavernal, a comunicação telefónica do Além, entre Alhures e Alheira-de-Baixo, produz-se: rancho levantado a tilintar talheres. Parece, assim à primeira vista, código misterioso. Mas não é. Rutilante revelação: Não foi um Golpe de Estado, foi um Buffet itinerante. Um piquenique urbano. Com tantos galuchos e campinos presentes até admira não ter culminado numa largada de toiros.
«Kaúlza nesse dia fatídico nem saiu de casa. Aliás esteve sempre em casa a partir daí e até ao 28 de Setembro, altura em que o comunismo militar do COPCON o foi buscar porque era "fascista".»
Sim, é evidente...Eventualmente esteve escondido debaixo da cama. Durante o dia, claro está. À noite, refugiava-se no armário, por incompatibilidades com o penico. Aos domingos, conta a doméstica reformada, dava uma saltada ao chuveiro e nomadizava entre a a despensa e o sótão. O comunismo militar não foi buscá-lo coisa nenhuma: foi , a pedido de Santo Álvaro, quebrar-lhe a dentadura reaccionária. Que Kaúza guardava num copo, enquanto lavava os dentes. E não era “fascista”. Vamos lá a ser semióticos, caramba: era “ultraconservador”; ou com tendência para “epopeias líricas em fraldas de camisa”
«Ele que assegura que após o pedido de demissão de Marcello Caetano, na sequência de publicação do livro de Spínola, poderia ter sido presidente do Conselho e talvez tivesse evitado o golpe, não o chegou a ser porque o presidente Tomás "hesitou" e não o nomeou.»
O presidente Tomás, na sua cabana do Restelo, hesitou e, naturalmente, borregou. Todos borregaram, já sabemos. Talvez Kaúlza tivesse evitado o golpe? Só se não borregasse. Ora, o Destino (Fado nosso) já tinha ungido o seu eleito: Marcello. Só ele estava destinado a não borregar. O seu poder superlativo de redacção (e arenga) conferia-lhe esse poder mágico. Isso, vários pontos de interrogação, um prontuário ortográfico e a poção que ele bebia duma panela druídica lá de casa. (Receita dietética, subtil, e por isso não engordava)...
«Sobre o presidente Tomás não vale a pena gastar muitos caracteres. Nesse dia esteve em casa e à espera que o fossem buscar para o exílio. E lá foi. Sem um ai.»
Relatos fidedinos, mas mantidos sob reserva “Ultra confidencial” dos Arquivos do Estado-Maior a que tive acesso, descrevem-no a tentar domar o tapete de Arraiolos (puro sangue) do hall de entrada, de modo a conseguir evadir-se nele. A selvajaria indomável daquele (não sendo persa, recusava-se determinantemente à volatilidade) torpedeou o sagaz expediente. Todavia, e logo para azar do Zè du Pip, há um relato público da peripécia real, por parte de Sanches Osório, no seu livro de Maio de 1975, “Equívocos de Abril”, pp.46.. Reza o seguinte:
«A prisão do Alm. Américo Tomás processou-se da seguinte forma: sabíamos que o presidente da República estava na sua casa do Restelo pelo que para lá se dirigiu o Ten.Cor. Almeida Bruno com uma companhia de para-quedistas a fim de o prender. Acontece que o velho almirante se recusou a sair de casa ou a deixar-se prender. Almeida Bruno telefonou para a Pontinha informando o sucedido, dizendo que não era ético forçar fisicamente o almirante e pedindo instruções. Foi o próprio prof. Marcello Caetano que lhe telefonou da Pontinha, explicando-lhe que tudo estava perdido e que tinha de obedecer à força comandada pelo Ten. Cor. Almeida Bruno, cujas instruções eram as de o levar para o Aeroporto da Portela, de onde seguiria para o Funchal. O Gen Spínola mandou acrescentar que “toda a segurança seria dispensada à família” do Almirante Américo Tomás.»
Vês, Zézinho? Já podes contar ao Huguinho e ao Luízinho... parece que a cabulice e a scannice não compensam. Afinal, foi mais que um ai. E sempre estrebuchou um bocadinho mais do que o Marcello. Até teve que ser o Marcello a explicar-lhe: senhor Presidente, tem que borregar. O único autorizado a não borregar sou eu. Um argumentista vindouro assim obriga, bem vê.”
Em resumo: não vale de facto a pena gastar muitos caracteres, bastava apresentar-se um pouco mais de carácter, daquele que distingue os homens dos troca-tintas.
As citações puguessistas não consigo ler, mas imagino o teor edificante e rigoroso. Certamente ao nível da astrofísica do Correio das Manhã. Sem til, já agora.
Vamos ao final infeliz, que isto já vai longo:
«E assim se perdeu a oportunidade de salvação do país. Marcello, esse renegado, estragou tudo com a d. inércia à ilharga e faltou-nos essa experiência fantástica de termos um presidente de Conselho como Kaúlza a tentar edificar as novas bases do Estado, salvíficas e redentoras.»
A salvação do país é uma falsa questão: ele estava a ser salvo nesse dia, é preciso que o Zè du Pip assuma as suas fantasias retroactivas. Ia até, segundo ele, encaminhar-se para um novo paraíso terreal, mercantil, pós-histórico (ou histérico, para as senhoras) – uma verdadeira disneylândia à beira mar plantada- se não fossem... (grande suspense, porque agora surge a grande tese à Zè du Pip) «Quem nos estragou o futuro foi o socialismo e o comunismo e quem neles votou ao longo dos anos».
Et voilà, minhas damas e monsenhores: eis o peixe. A pescadinha de rabo na boca...
Portanto, o problema não esteve na salvação do país, mas sim na perdição do país. No seu tresmalhamento escabreado para parte incerta. Por obra e desgraça desses energúmenos que votaram no socialismo e no comunismo. Vossências, leitores mais jovens, nem imaginais: aquilo a seguir ao 25, por aqueles heróicos e trepidantes meses a fora, eram eleições todos os dias. Às vezes, em dias de festa, era até como os antibióticos: três vezes ao dia, geralmente a seguir às refeições. Um tipo bebia a bica e exclamava, satisfeito: bem, agora vou votar!. E isto já para não falar nos incontinentes, que passavam dias seguidos a correr às urnas. Comunistas e socialistas, todos eles. Os outros também votavam, mas votavam em ambiente, digamos, mais doméstico, no recato do lar (e caso este não estivesse a ser ocupado por alguma brigada revolucinhária). E fora aqueles "ultraconservadortes" e "líricos da epopeia" que eram arrecadados em Caxias, onde dispunham de tempo para longas meditações pré-eleitorais (ficavam internados por prisão de ventre e dispensados de votar). O certo é que as primeiras eleições quadrienais, em que se organizou uma quermesse festiva para todos tirarem rifas à molhada, só aconteceu em Junho de 1975 (para a Constituinte, onde todos foram socialistas, excepto o CDS que se declarou abstémio e agnóstico, mas piedoso); e em 25 de Abril de 1976, para as primeiras Legislativas. Entretanto, o Ultramar já tinha ido todo à viola. Bem, todo não: os Açores, a Madeira, Macau, as Selvagens e as Berlengas resistiram.
Mas ficarmos sem o Ultramar até nem era mau, para os entreguistas à vela como o Zè du Pip. O pior, senhores, o horrível medonho foi termos ficado sem futuro. Aliás, sem passado nem futuro, estamos condenados a vagar, como almas penadas, num perpétuo gulag do presente. Há um lado bom, agora reparo: assim não envelhecemos (a estupidez é imarcescível). Mas também não coisamos nem saímos debaixo. Há quem goste. Há quem lucre. Há até quem vá de vento(da história em popa). O que, desde logo arruína a tese de Du Pip & Du Pip; . É que esse futuro colectivo do "nós" agora já não se coloca. O que o colocava e fez, porfiadamente, contra eventos e e marrecos, para que se mantivesse, já morreu. Aliás, ainda estava vivo, e já o estavam a enterrar. Foi o maior de todos os líricos das epopeias, fora o Pessoa, dos últimos cem anos e, juntamente com outros líricos do passado, que remontam ao Rei fundador desta nação, continua a induzir em erro alguns líricos do presente. Que, e pela parte que me toca o avalio, continuam nem vencidos nem convencidos. Portanto, o futuro agora é meramente individual. E foi em nome dessa individualidade que se mandou o colectivo às urtigas. Cada qual trata de si e do seu gigantesco ego, ao volante da sua vidinha, pelo que, futuro, doravante, é de bolso e descartável, Há quem tenha e quem não tenha; quem se amanhe e quem não se amanhe; quem se oriente e quem não se oriente. Eu, seguramente, não tenho. Mas carros alemães, casotas de praia, pingarelhos electrónicos, fermentos corporativos e ascensorismos diversos não faltam nesta piolheira. O Chico sem futuro cobiça o futuro ao Manel montado nele. Os eleitores, que me causam indiscriminadamente um intenso nojo, mais as eleições, que apenas servem à bandalheira instalada, tratam do futuro de alguns, delapidando o futuro de muitos. E o resto são lérias. O Zé du Pip, a avaliar pelos nacos de prosa e as scannagens de três em pipa, com leitmotif muito sistemático ao fundo do túnel, em romaria pré-eleiçoeira, sob a cortina do "futuro nosso que está no céu", também se arrisca a que pensem que, se calhar, está a tratar do futuro dele. É a vida. Porque atribuir culpas, com tanta persistência, aos eleitores socialistas e comunistas, soa esquisito. Só estes? Os primeiros, é certo, são casos de polícia, os segundos de psiquiatria, mas os comunistas estão fora do governo desde 1975 e os socialistas têm alternado e associado no saque com outras quadrilhas organizadas... Zé du Pip, a essoutras putativamente angélicas, inocenta-as, arbitrária e antojosamente, como inocenta o Marcello? Neo-Marcellismo aos molhos, é? Calimerismo de conveniência para engrampar papalvos?... Se é do futuro que trata ou de nós que trata por parvos, não sabemos.
Entre tratantes e safados, que pode um velho, lírico e honesto Dragão fazer senão escarrar fogo nesta merda toda?...
Cada povo tem o futuro que merece. E este, enquanto não arranjar ideia que se veja, carácter que se recomende e vontade própria que se manifeste, nem há passado que o reconheça nem há futuro que lhe pegue.
Em 25 de Abril, como certo estrangeiro disse, não mudámos apenas de regime: mudámos de país. Porque, e aí o Estado-Novo falhou redondamente, não conseguiu mudar de gente.
Nota - Comentários voltaram ao antigamente.
Tristemente antológica, a frase final.
ResponderEliminarO texto, em si,"limita-se a ser rotineiramente brilhante"...
Ainda bem que temos os comentários de volta ao normal.
ResponderEliminarQuanto ao prato do dia, como 'e possível falar em ranchos quando o próprio Salgueiro Maia, segundo um comentador do blog do José, referia que o MArcello 'as 8,30 da manhã já perguntava pelo Spinola... Aliás, esta memória do Maia 'e perfeitamente congruente com o relato do Feytor Pinto, que descreve um Marcello tranquilo e confiante de madrugada e crescentemente agitado com o passar das horas. Como falar de rancho quando as Forças Armadas no seu global guardam o princípio hierárquico quase até ao fim do dia 25? Como falar de rancho num caso em que os chefes constitucionalmente consagrados não dão 'a tropa qualquer indicação de resistência, obrigando aqueles que poderiam querer resistir a passarem 'a ilegalidade? Este não 'e detalhe de somenos, num regime fundado no legalismo (por vezes bizantino), na hierarquia e no respeito da ordem.
Migue D
Desculpas ao Draco pelo atabalhoado texto, estou a escrever num teclado do demo.
ResponderEliminarMiguel D
AHAHAHAHAHA
ResponderEliminarContinuem que isto é de chorar a rir
":O))))))))))
Os escuteiros e os fardados à paisana
ResponderEliminar":O))))))))))))
«O pobre do scanner já nem deve poder vê-lo à frente.»
ResponderEliminarahahahaha
Ó maluco, basta abrir a imagem noutro url e aquilo aumenta que até um ceguinho vê.
«até admira não ter culminado numa largada de toiros.»
ResponderEliminarAHAHHAHAHAHAHA
Já me dói a barriga de tanto rir.
Uma sessão de vs. os dois a contarem o 25 de Abril, ficava na História.
ResponderEliminar":O))))))))))
Não dá para imaginar o que acontecia se isto fosse ao vivo.
AHAHAHAHAHAH
E foi mesmo uma palhaçada de borregados em que meio mundo acredita.
«senhor Presidente, tem que borregar. O único autorizado a não borregar sou eu.»
ResponderEliminarAHAHAHAHAHAHA
Um dia ainda vais constatar um detalhe que te amofina:
ResponderEliminarA economia do Estado Novo não era de troca directa.
E se o 25 de Abril espatifou um país foi precisamente por a terem destruído em nome de utopias socialistas e comunistas.
É isto que o José diz- não é programa eleiçoeiro nem medievalista.
O José acha que com o 25 de Abril se perdeu o ethos, se entregou vergonhosa e apressadamente o Império e se destruiu a economia.
ResponderEliminarTu achas que com o 25 de Abril se perdeu o Império e com isso se perdeu o país.
Resta perguntar se fosse o Kaulza a liberalizar, autonomizar e tornar progressista o país, o que achavas tu que restava.
Porque a alternativa que colocas é que é entre general Tappioca e general Alcazar.
Zazie,
ResponderEliminarNão sabia que esse detalhe me amofinava.
Não sabia que a economia do Estado-Novo não era de troca directa.
E também não sabia que eu colocava uma alternativa. Ainda mais essa.
Isso deve ter sido o tal Temível de conveniência, de palco de feira, que se coloca a dizer patacoadas de teatro de fantoches.
Só há um problema: o excessivo ruído de ventrilocar com o de fancaria acaba por acordar o verdadeiro.
ehehe
ResponderEliminarEntão qual é o teu problema?
Borregaram todos. Mentira?
O Kaúlza só dizia disparates e também borregou porque os que estavam com ele borregaram e aqueles com que os que estavam com ele contavam, idem.
O 25 de Abril destruiu Portugal e, em particular, espatifou a economia que tínhamos que não era capitalismo de Estado- era mercado mas com regras e sem nos baixarmos aos estrangeiros para, por favor, virem cá dar uma moedinha.
No essencial é isto.
Os detalhes dos motivos do 25 de Abril já tu também disseste- foi coisa mesquinha de interesses da tropa.
Só faltaria agora explicar mais detalhadamente que interesses eram esses já que todos estavam interessados num golpe.
Ou seja- a contar com a vidinha estavam os que devem colocar em primeiro lugar a Nação.
ResponderEliminarSe nem estes pensaram nela, então como atribuir culpas a quem não tem armas e não entregou nada, ao ponto de ser preciso um golpe militar?
> não conseguiu mudar de gente
ResponderEliminarDizem que um bom artifice não se queixa das ferramentas.
Até acho surpreendente, dadas as quantidades maciças de drogas injectadas mediáticamente, que ainda sobrem largos traços de portuguesismo no povo, e que este tenha poucas ilusões e um asco crescente à república de bandidos que o tenta exterminar.
Já as nossas elites ...
É que há coisas estúpidas e outras que estão para além disso.
ResponderEliminarEntra na cabeça de alguém com juízo que um golpe militar, depois de 48 anos de governo sem alternâncias não ia dar revolução besta?
Tem ponta por onde se pegue esta ideia de um bondoso golpe de Estado para manter um Estado autoritário como já não havia praticamente igual na Europa?
Lê-se o maluco do Kaúlza e fica-se com a ideia que por ali a coisa era igualmente besta- à Alcazar, contra Tappioca.
Ah e tal e coisa, ele não queria fazer golpe, isso eram outros ultra (quais?).
ResponderEliminarEle queria que o Thomaz mandasse embora o Marcello para os dois modernizarem a coisa.
Isto é de loucos. E o Thomaz não foi louco. Não lhe fez a vontade.
Eu não sei se pensaste em alternativa.
ResponderEliminarSei que escreveste por aí que o erro foi a continuação de Salazar pelo Marcello Caetano.
Ora, em se identificando um erro é porque se tem uma ideia que esse erro podia ter sido evitado.
Depois disseste que até o Marcello estava a prazo porque o Thomaz já tinha pensado no Kaúlza para o substituir.
Essa é a parte macaca com que o José brincou. Com recortes, sim, com as palavras do próprio.
A bem dizer, estas perguntas deviam ser colocadas ao Jaime Nogueira Pinto.
ResponderEliminarEu gosto muito de o ler mas a visão dele do fim do Estado Novo parece ser um grande disparate.
Ou então, pronto, é efeito de excesso de Corto Maltese
":OP
«Borregaram todos. Mentira?»
ResponderEliminarSim, mentira. O Marcello não borregou. Temos que acreditar que borregaram todos para que ele se salve. Já expliquei no postal acima.
Os eleitores comunistas e socialistas deram cabo do resto.
Essa ladainha do Kaúlza, por seu lado, resulta do facto muito típica do marcellismo e do neo-marcellismo serôdio que acha que toda a crítica que não venha da esquerda marxista (ou derivada) é necessariamente da direita fascista. O que denota, sem margem para dúvida, com que detergente lavaram as ideias.
eheheh
ResponderEliminarLeste o que o Kaúlza dizia?
A ladainha é toda dele.
Tu fazes-te ceguinho e passas à frente porque essa é a parte macaca que o Destelhado te ofereceu
":O))))))
O fascista estava entre aspas e foi para pegar nas palavras besta do COPCOM quando o prendeu.
ResponderEliminarEles não chamavam "ultras"- era mesmo "fascistas" com a "dentadura da reacção"
«Depois disseste que até o Marcello estava a prazo porque o Thomaz já tinha pensado no Kaúlza para o substituir.»
ResponderEliminarIsso, estás a ver, é que dá ler à pressa ou à boleia de outras leituras na braza. Eu referi um facto histórico: forças onde pontuava o Kaúlza andavam a pressionar o Américo para substituir o Marcello. Isso é um facto. O Marcello sabia disso. Chegou a pedir demissão. São factos. Aliás, o Marcello vivia atormentado com a direita, bem mais do que com a esquerda, que tratava de apaparicar.
Caso o Thomaz tivesse substituído o Marcello, seria logicamente por outro civil. Era a lógica do regime. O Kaúlza seria nomeado ou para CEMFA ou para o Ministério da Defesa, jamais para primeiro-ministro, isso só em cabeças de vento ou argumentistas de fotonovela.
Um maluco que escreve isto, é de Direita porquê?
ResponderEliminar«: " E talvez tivesse também realmente conseguido mudanças que, mantendo a estrutura nacional, conduzissem a uma liberalização fecunda, a um mais autêntico Estado de Direito, a mais verdadeira justiça social, a mais eficaz sistema económico, e, fundamentalmente ao sucesso das lutas em África".»
Estás a ver a "liberalização fecunda" e não te cheira a neotontice?
E a "verdadeira justiça social" não é programa do MFA?
Mais sistema económico nem sei o que é- importava-se sistema?
Depois vem o sucesso que agora é só escolar.
A um "mais autêntico Estado de Direito"
ResponderEliminarAHAHAHHAHA
Este paleio é que era paleio para campanha de ir à urna.
Portanto, a Direita era o Kaúlza com esse programa?
ResponderEliminarOk. Nesse caso nem precisávamos de levantamento de rancho- ia tudo à urna para mais liberalização e mais sistema económico e mais Estado de Direito e muito sucesso em África
Se eu li o que o Kaúlza escreveu?
ResponderEliminarMas interessa-me a obra literária do Kaúlza?
Li tudo o que o Marcello escreveu (fora a parte técnica) e está muito bem escrito. E depois?
Governar é fazer boas redacções?
Então se o José me cria atacar a mim que atacasse as minhas redacções. Agora vai atacar as redacções do Kaúlza para me atacar a mim?
Isto não lembra ao diabo. Só tem uma explicação: erupção poscroce de espírito samurai. Hara-kiri au piri-piri.
Ainda no outro dia disseste que isso de "Direita" e "Esquerda" nem faz sentido.
ResponderEliminarMas agora falas numa "Direita" que se opunha ao Estado Novo e que era abafada pelo status quo, que usava o espantalho da Esquerda para evitar danos.
A tua fezada no Kaúlza é por telepatia, então.
ResponderEliminarSe não te interessa o que ele dizia e defendia, era mais uma empatia à Corto Maltese
":OP
Hara-kiri au piri-piri.
ResponderEliminarAAHAHAHAHAHAHAHAHAH
Zazie,
ResponderEliminarantes que eu perca a paciência, que não ando com muita estes dias....
O Kaúlza é estar a divagar para fugir à questão. o Kaúlza não foi nomeado para coisa nenhuma, nem teve responsabilidades nos governos do Marcello.
O Marcello é que governou e tem que ser responsabilizado pelo resultado dessa governação. O resto é treta e ruído. Vir com o Kaúlza é como vir com os eleitores socialistas e comunistas para arcarem com a merda toda de trinta anos de traição descarada, videirismo ufano, corrupção pimpona e idolatria do dinheiro. E tem uma tradução muito simples: o centro anafado, vácuo, cagão e filisteu a tentar limpar-se às margens.
Portanto, se querem contar histórias da carochinha, há por aí muitos blogues conceituados e rebanhos carentes. Comigo não.
Mas o levatamento de rancho faz todo o sentido.
ResponderEliminarDe outro modo é que não se compreende como até os que já sabiam não tinham sequer tropas com eles para resistirem-
É o Kaulza que conta.
Depois, o Otelo dizia:
“Vamos fazer uma operação com classe, desta vez vai ser a sério".
O Salgueiro Maia, idem e disse que estava disposto a ir até ao fim- tipo kamilkaze.
E vêm desarmados!
Eu gostava de perceber isto. Não me convence que foi apenas criancice ou esquecimento.
Ó pá, eu gostava de perceber o 25 de Abril.
ResponderEliminarApenas isso.
Andamos nesta conversa há um ano, com o José.
Avançou-se agora um pouco e tu deste uma boa ajuda.
O resto, o blá, blá, que estava decadente ou murcho é que não sei.
Não sei traduzir palpitações acerca do marcelismo porque essas já as ouvimos há 40 anos.
Precisava de mais factos para ajuizar sem seguir palpitações daqui ou dali.
Bem, eu vou continuar aqui as minhas exposições. Se alguma coisa te for útil, óptimo. Se não, olha, paciência. Tento apenas não partir de preconceitos, nem de conclusões à priori. Muito menos crendices fetishe. E tudo, consoante novos dados entretanto descobertos, está sujeito a revisão. Agora fait-divers, chicanas e lanas-caprinas, não perco mais tempo com isso.
ResponderEliminarAgradeço apenas é que leias o que eu escrevo e depois mo atribuas, e não algo que os outros me atribuem, sem ler, ou sem perceber, ou sem querer sequer perceber o que eu escrevo. Esse será sempre um bom caminho.
Ok.
ResponderEliminarMas eu também gosto muito dos teus gozos
ehehehehe
Não me importo nada que continues com eles.
Mas o 25 de Abril e o resto é uma série de macacadas que não se entendem.
O Silva Pais lembra-se de pôr a Salvo o Marcello no Carmo.
Ninguém se lembra de pôr a salvo o Presidente que fica em casa.
Depois parece aquela do "primeiro que saltar" do 25 de Novembro.
Dá sempre a ideia que avançam uns e os outros ficam à espera de agarrar a oportunidade.
E é uma história meramente militar.
Não é golpe de Estado- é golpada militar, feita exclusivamente por militares.
Por outro lado, o Marcello esteve 6 anos no poder, contra 40 do Salazar.
ResponderEliminarO que ele fez é pouco mais que um mandato de agora.
Não dá para aferir.
Dá é para entender que ainda apanhou com os 40 em cima.
Ainda hoje é essa a versão- são os 48 anos de trevas que são interrompidas com o 25.
Está visto que com uma cronologia destas é sempre tramado para quem está no meio- nos 6 anos. Que tanto são herança recebida como decadência que explica a trampa que se segue.
Pela minha parte, queria apenas ter mais dados factuais dos golpes militares- 25 e seguintes.
ResponderEliminarNão, não é um golpe militar. É um golpe levado a cabo por militares, com bafos invisíveis internacionais, apoio político interno (da esquerda) e ligações a gente da própria situação e do próprio governo.
ResponderEliminarDE certa forma, é a 2ª parte do 13 de Abril de 1961.
Ok.
ResponderEliminarAs duas primeiras são evidentes. Falta a 3ª
Mais ninguém conta estas coisas. Só tu e o José.
..................
Ainda em relação aos militares, sabe-se da tal questão dos milicianos.
Mas faltam outras, as que levariam a que até se pensasse num golpe de sentido inverso.
O que unia os militares no desejo de um golpe?
Mas, já agora, como dizes que é um golpe liderado por militares mas com ligações a gente do governo, eu pergunto apenas porque é que nunca apareceu um único civil?
ResponderEliminarHá dados sobre tudo isso... A seu tempo.
ResponderEliminarAqui temos o Dragão uma vez mais a rasgar a história do Portugal Contemporâneo que não passa de uma fábula muito mal contada e a tentar abrir a mente dos seus leitores para que possam ter uma verdadeira dimensão e alcance da gravidade e o tremendo erro histórico do 25 de Abril. Pior que em 1580.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarQuem não se convencer que Marcello era fraco como líder e que foi demasiado condescendente ao ponto de termos um dia de circo a fazer de conta que era um dia revolução é porque não quer perceber patavina de nada do que realmente aconteceu.
ResponderEliminarVeja-se como Portugal ficou sem as suas terras na Índia e compare-se a espinha dorsal de Salazar com a de Marcello Caetano.
Contra os maus "ventos da história" não se vai ao sabor do vento fica-se de pé e enfrenta-se com firmeza e se for para cair que se caia com dignidade.
Ó papagaio tosquito- Goa, Damão e Diu perderam-se no tempo de Salazar.
ResponderEliminarNaveguei na mesma "Barca" fizemos a mesma
ResponderEliminarviagem (s). A sua # Acromiomancia Revisitada l
a XIV # vai de encontro à realdade que vivi . Espero q continuem. Uma Páscoa Feliz
Um abraço
Takitali
"Ó papagaio tosquito- Goa, Damão e Diu perderam-se no tempo de Salazar."
ResponderEliminarCompare-se a postura...
http://liceu-aristotelico.blogspot.pt/search?q=goa
Com o quê?
ResponderEliminarO que é que se perdeu mais com Marcello para comparar "posturas de perda"?
Ah! Já voltaram os comentários antigos!
ResponderEliminarE eu que perdi isto ontem, mas não perdes pela demora.E hoje é Páscoa e vista pastal e tudo o mais.
Não tenho tempo para mais senão este breve comentário e uma pequena ilustração da luta que vem a seguir...
Antes disso sugiro que para se ler o que o Kaúlza escrever e que é o mesmo que Marcello disse e que é o mesmo que tenho escrito,basta clicar na imagem com o botão do lado direito do rato e depois ver o que se pode fazer para aumentar a imagem que fica aberta noutra janela.
Sem isso, um Temível Dragão torna-se num tarequinho de circunstância, a ronronar baforadas à la salcede.
Primeiro é preciso ler; depois comentar como deve ser.
O que eu li aqui é uma fuga com o rabo entre as pernas.
Não é isso que espero de um Temível...
Então se o José me CRIA atacar a mim que atacasse as minhas redacções. Agora vai atacar as redacções do Kaúlza para me atacar a mim?
ResponderEliminarAhahahahahahahhaha
https://www.youtube.com/watch?v=tfOzIFBfEa0
ResponderEliminarCom o quê?
ResponderEliminarO que é que se perdeu mais com Marcello para comparar "posturas de perda"?
Marcello só perdeu o império (com Portugal incluído), de ânimo leve entregando de mão aberta uma civilização secular a seitas jacobinas e à corja internacionalista.
https://www.facebook.com/video.php?v=10153715673356679&pnref=story
És parvo ou andas a treinar?
ResponderEliminarSó é parvo quem se verga.
ResponderEliminar"O Meu valente e numeroso Exercito correo todo ás armas. A todos os momentos recebo continuadas provas da sua acrisolada fidelidade. Finalmente a Nação toda está como hum só homem prompta a defender-se, e assim como me prestou o seu juramento solemnissimo por meio dos seus Representantes nos Três Estados do Reino, Assim Eu tambem Hei de desempenhar aquelie, que lhe Prestei perante os mesmos Três Estados; e a Promessa do Deos Todo Poderoso feita ao Santo Rei Afonso Henriques nos Campos de Ourique continuará a ser cumprida, salvando estes Reinos da impiedade e da anarquia. . ."
Palácio Queluz, em 28 de Março de 1832.
D. Miguel, Rei.
E assim falou um dos maiores traidores da nossa história, que por ter ganho a guerra, com um exército de mercenários estrangeiros contratados e as forças conjuntas da Quadrupla-Aliança, ficou registado na nossa história como Pedro IV (quarto) de Portugal. Mas, este registo é falso, pois o traidor nunca foi Aclamado como Rei de Portugal em Côrtes algumas, foi apenas Regente em nome da filha, a Princesa Maria da Glória, mais tarde, Dona Maria II de Portugal (a primeira Presidente da Republica Coroada de Portugal).
ResponderEliminar(...) “Portugueses!... Meu único interesse é a glória e o vosso bem. São hipócritas os que vos pintam o Governo constitucional como inimigo da nossa santa religião. Ninguém será privado, nem da sua vida, nem dos seus direitos civis, nem da sua propriedade…
Portugueses…Não me obrigueis a empregar a força para vos libertar!”.
Dom Pedro I do Brasil, frente ao Mindelo.
Mas afinal, o Pedro Brasileiro era mentiroso, como podemos ver nos escritos de Almeida Garrett.
(...) “E quando vejo os conventos em ruínas, os egressos a pedir esmola e os Barões de berlinda, tenho saudade dos frades – não dos frades que foram, mas dos frades que podiam ser.”
Almeida Garrett, «Viagens na minha terra»
Essa dos pitões é chover no molhado da irrelevância.
ResponderEliminarÉ semelhante à invocação do Hitler sempre que se desenvolve uma discussão política...e que tem sido considerado o bordão mais corriqueiro para aniquilar o que já está longe de o poder ser.
Não tenho tempo para ler todos estes textos mas gostaria de acrescentar um ou dois temas para futura discussão, caso seja do interesse dos comentadores ou do autor do blogue.
ResponderEliminarSendo o Ordenamento do Território um tema que me interessa desde jovem, defendo que é um dos maiores senão o maior problema estrutural que Portugal tem na actualidade. E não há economista que diga isto.
De mãos dadas com este problema vem outro: o poder desmesurado que a construção civil teve em Portugal nos últimos 40 anos, aliada por sua vez ao PSD, ao PSD e à CDU, ao poder local e à Banca.
Ora as sementes deste desastre foram lançadas no Estado Novo.
Tudo começa nos anos 40 com as demolições de património histórico. São crimes do Regime que devem ser recordados. Sublinho as demolições da Alta de Coimbra, do centro histórico do Porto ou do Palácio de Cristal, na mesma cidade.
Nos anos 50 e 60 começam a ser demolidos edifícios em bom estado, com boa traça e boas volumetrias, sendo até alguns recentes, para dar lugar ao famigerado mamarracho. Porto, Lisboa ou o Algarve foram seguramente as cidades e a região que mais sofreram.
Mas o pior estaria para vir.
Com Salazar havia um Ordenamento digamos europeu. Era o Estado que delineava as urbanizações, havia planeamento feito por quem percebia do assunto. Marcelo alterou esta realidade, para pior. Diz-se que já no final do mandato, quando tentou corrigir o erro, o poder do betão já estava tão forte que não conseguiu. E houve avisos de Orlando Ribeiro e Gonçalo Ribeiro Teles...
Nos anos 70 o desastre consuma-se. É feita a ocupação maciça das ilhas da Ria Formosa, surgem torres em zonas dunares, constrói-se em leitos de cheia. Fazem-se fortunas com a especulação imobiliária, os mamarrachos nascem como cogumelos em Lisboa, Porto ou Faro.
Nos anos 90, com os juros baixos, o monstro ganha ainda mais peso. Agora vem a moda da segunda e terceira habitação. Ele é prédios e mais prédios em Portimão, moradias em banda na Manta Rota, casas de luxo no Alentejo, campos de golfe com hotel e spa. Ah, e lojas e centros comerciais...
Destruíram-se as estradas nacionais com rotundas, stands, restaurantes, moradias, tudo à beira do asfalto, convertendo estradas onde a circulação deveria ser a 90 km/h em extensas ruas onde se circula a 50 km/h. E com sinistralidade elevada. Surge então a necessidade de construir alternativas: IPs, auto-estradas, e mais auto-estradas paralelas a outras em anos recentes...
Chegados a 2015, o cenário é este.
Consta que cerca de 75% da dívida externa do país está enterrada em cimento.
Parece que mais de 80% dos portugueses têm casa própria. Na Alemanha esse valor é inferior a 50%.
Metade de um salário médio paga a renda de um T1 nos subúrbios de Lisboa ou Porto. As rendas estão desmesuradamente elevadas face ao salário médio.
Em Portugal as mais valias imobiliárias não pagam imposto. Consta que o Estado teria arrecadado 75 mil milhões de euros nos últimos 20 anos caso cobrasse este imposto.
A construção civil foi uma das principais vias de enriquecimento rápido e duvidoso para milhares de almas. E uma das actividades onde houve mais corrupção entre empresas, poder local e Estado.
Nem menciono as teias que envolvem grandes construtoras e partidos, nomeadamente o PS de Sócrates.
Ora quem criou o monstro? O Estado Novo, mais concretamente Marcelo Caetano. Quem o engordou para níveis absurdos? A democracia.
Afinal o presidente Tomás parece que eu um ai. Mas como foi ouvido apenas pelos seus próximos, não conta.
ResponderEliminarFoi o "ai, a minha rica vidinha..." e como se sabe, estes ais tão íntimos e reservados valem o mesmo que os que são despendidos pelo fundo das costas...
Portanto, os parcos caracteres que usei até me parecem demais.
E portanto outra vez, perdeste uma belíssima ocasião de ficares na reserva quanto à sindiância do meu carácter salta pocinhento ou trocatintista.
Mas como já disse noutro sítio, este textículo é fracote. Feneceu antes de florescer.
José, caro amigo,
ResponderEliminareu avisei. Fui avisando...
Quem avisa nosso amigo é.
Por mim o assunto está encerrado. Sobre esta questão habitamos posições inconciliáveis, senão mesmo antagonistas.
O que torna a coisa mais inflamada é que não se trata duma questão acssória, mas sim dum questão essencial. Que tem que ver com princípios.
A ver se eu consigo simplificá-la: que o Marcello borregasse, diante de tudo aquilo, humanamente, até pode ser compreensível (será que eu faria melhor? - e lá vamos nós para o "não julgues"). Porém, à distância da desastre, quando já ninguém nos aponta armas, quando a catástrofe lá cobrou a sua factura, nós continuarmos a sustentar, feitos eunucos, que tinha que ser fatalmente assim, que não havia alternativa, que afinal não é Deus mas a Moira grega que pilota o mundo (a dar ao fole dos ventos da história), é, quanto a mim, inaceitável, desprezível e indigno dum homem inteiro e vertical. Podem roubar-me as coisas terrenas, mas o espírito, a fé e a coragem, só eu posso abdicar deles, porque Quem mos deu está cima da História e das mundanidades passageiras. E Quem mos deu, estou certo como haver sol e céu, há-de perguntar-me por eles no fim desta viagem.
Convido-te a meditar nisto. Mas a meditar mesmo.
«A construção civil foi uma das principais vias de enriquecimento rápido e duvidoso para milhares de almas. E uma das actividades onde houve mais corrupção entre empresas, poder local e Estado.»
ResponderEliminarDe acordo.
E com algum efeito perverso na criação de emprego fictíco e passageiramente empolado, com ressacas anunciadas?...
Caro Dragão:
ResponderEliminarNão é inteligente, a tua aposta, por isto:
Marcello não tinha alternativa. A única via de actuação que concitaria o teu assentimento e dos que pensam assim seria quixotesca.
Inútil. Sem remédio e de sacrifício vão.
Os dados estavam lançados e não foi Marcello quem jogou. Foi isso que o Kaúlza reconheceu precisamente quando os anos já tinham passado e tinha reflectido nisso.
As posições de princípio, a meu ver nem devem ser essas como passarei a demonstrar já no meu blog...
Deus só nos pedirá contas do que fizemos de Mal podendo fazer Bem.
ResponderEliminarOs pecados por "palavras, actos e omissões" têm que vir associados à "minha culpa, minha tão grande culpa"...
Quem actuou na consciência que devia ser assim, não responderá perante Deus, como se tivesse de ser diferente.
E Marcello julgo que tendo os mesmos princípios, só borregou quando não tinha alternativa.
O suicídio era pecado e a morte para salvar outros seria heroísmo.
Mas não era o caso...
Marcello demitira-se antes. E nesse dia demitiu-se efectivamente porque pensava que o regime talves pudesse ser salvo com outros protagonistas.
ResponderEliminarMarcellol não entregou voluntariamente o regime à canalha.
Entregou o regime para evitar que a canalha ( a rua) o abocanhasse em dois tempos, como veio a suceder dali a poucas semanas.
Mas isso não é da responsabilidade de Marcello.
Finalmente e quanto a julgamentos: quem faz o julgamento sumário de Marcello...quem é? E a condenação de preceito sem sequer ler a defesa...quem é?
ResponderEliminarPas moi, mon ami. Pas moi.
ResponderEliminarSeria a honra de samurais- o harakari do Marcello no quartel do Carmo.
ResponderEliminar":O)))))
A Mal nunca é necessário, é apenas uma possibilidade. A ordem do necessário, é a ordem da eternidade, do que permanece e nunca muda. Essa desculpa da fatalidade do mal, serviria para dar cobertura a qualquer psicopata.
ResponderEliminarNo teu afã para defender o Marcello, no que te foge a pena para a advocacia e não para a história, não te apercebes do beco em que te enfias.
Qual é, repito, a nossa divergência profunda? É que tu não consideras o 25 de Abril uma manifestação da pura desordem maligna, achas que foi corrompido depois. Branqueias assim o Marcello - e o Spínola, necessariamente. Eu entendo que a corrupção começou antes, e que o 25 de Abril não tem qualquer ponta por onde se lhe pegue; já vinha dos últimos anos de Salazar e agravou-se perigosamente durante o Marcellismo, e que uma vez desencadeado, só poderia dar naquilo que deu. Porque aquilo que deu foi o seu objectivo íntimo, fulcral e eficiente desde quase o início. Porque era a dínâmica inerente a todo o processo. havia como que uma espécie de sonambulismo tele-dirigido. Não tinha que ser expresso nem apregoado, aconteceria como numa espécie de mecanismo dominó. A partir do momento em que o Marcello abdicasse da via do Direito, que era um critério maior do Salazarismo, quer na política interna, quer na externa, estava a abrir a porta ao caos. A PARTIR DO MOMENTO QUE CEDDESSE A UMA GOLPADA, TUDO O RESTO CEDERIA A TODAS AS GOLPADAS. Objectivamente, estava a fazer aquilo que fez: a entregar o poder à sargeta.
Agora eu passo muito sem te convencer, persuadir, ou quer que seja. Pensa o que quiseres. A vontade é tua. A razão obedece-lhe.
O que não podes, pela mesma ORDEM DE RAZÃO, é querer converter-me á tua crença pessoal. Factos, meu caro, eu guio-me por factos e acções manifestas. Depoimentos não valem como verdade. Tal qual notícias. É preciso confrontar e comparar com todas as fontes e dados disponíveis.
E falácias eu como ao pequeno almoço.
Fiz a pergunta ao Muja e faço-a também a ti, a ver se entendo qual é o busílis da questão:
ResponderEliminarAchas que hoje- em 2015, ainda poderíamos ter o Império?
> Destruíram-se as estradas nacionais
ResponderEliminarEsta parte não é razoável, e retira credibilidade ao resto que o é.
As estradas nacionais passavam no interior das povoações, no desenho original. Foram projectadas quando 100 km/h era uma velocidade estonteante que poucos veículos poderiam sustentar na prática. Os Mercedes talvez, outros tremiam e abanavam por todo o lado.
Uma viagem Lisboa-Porto em seis horas - com paragem no centro de Coimbra para comprar arrufadas - era perfeitamente normal. E Venda-das-Raparigas fazia parte do trajecto.
(Mas sim. E ver quando foram congeladas as rendas e Lisboa e no Porto - ainda nos anos 60, antes da inflação dos 70.)
As rendas cá são baratíssimas comparadas com qualquer outra cidade europeia.
ResponderEliminarSerão caras apenas em locais VIP.
O resto está em crise porque há excesso de habitação e gente agarrada aos bancos com tretas cujo valor caiu para metade.
> Achas que hoje- em 2015, ainda poderíamos ter o Império?
ResponderEliminarOs franceses tiveram de largar formalmente a Argélia e outros bocados de África, mas retiveram tudo quanto era ilha, sem falar da Guiana. De fininho, sem levantar muitas ondas. Quer dizer, quando não mandavam os páras.
São assim uma espécie de americanos mais baratos, e não libertam tanto.
Euro2cent,
ResponderEliminarestá-se a esquecer do Pombal...
Zazie,
Se era possível hoje o império? Já em 1961 não era império. A questão de Direito Internacional que Portugal brilhantemente esgrimiu na ONU foi essa. E nesse aspecto estávamos a ganhar de cabazada.
Portanto, a pergunta não faz sentido. É improcedente.
Ok.
ResponderEliminarE se lhe deres outro nome, como era?
Aquilo para que se caminhava era isto:
ResponderEliminarhttp://gyazo.com/f938b9b6373916b1ad0982bea19fe2cd
Mantém-se a pergunta.
Franco Nogueira:
ResponderEliminar"Para mais, a União Soviética não desejaria que caissem em poder de Washington as posições portuguesas, e Washington não quereria que estas caíssem em poder daquela: as duas grandes potências excluiam-se mutuamente: e por isso Portugal ficava com a faculdade de optar entre três políticas, quer dizer, não ceder, ceder a Washington, ceder a Moscovo. As duas últimas políticas não ofereiam dificuldade: entregar é sempre fácil. Era mais difícil a primeira política: mas era essa que estava de harmonia com os direitos portugueses, os interesses portugueses, e o perfil histórico da Nação. E os tempos nem eram outros nem eram novos: estava-se em face de um quadro de ambições que repetia quadros passados: apenas diferiam os nomes, os personagens, e os mitos. Não se tratava de ser arcaico, ou de se querer regressar aos tempos imperiais, ou de se pensar que tudo é imutável e eterno. Tratava-se de se ser independente e de ter uma visão lúcida e realista da conjuntura. Creio que já foi dito: as ideias e os homens que se desencontram com o presente, em geral reencontram-se com o futuro.
"dominó. A partir do momento em que o Marcello abdicasse da via do Direito, que era um critério maior do Salazarismo, quer na política interna, quer na externa, estava a abrir a porta ao caos."
ResponderEliminarConsidero está uma das explicações plausíveis para a conduta do grosso das FA no dia 25/4. Mais do que para as chefias militares, a legalidade era levada a sério pela generalidade, como o número baixíssimo de desertores ao longo de toda a guerra comprova. Como bem disse o Dragao, o 25/4 foi a segunda parte da Abrilada de 61 e até os protagonistas das duas são parcialmente comuns. Nos dois casos o cerne foi o Ultramar, nós dois casos houve vaidades ocas (Botelho Moniz e Spinola) manobradas por outros, nós dois casos houve estrangeiros metidos no núcleo do movimento e nos dois casos há lutas de poder. Ah, e nas duas ocasiões ganharam os com mais cabeça.
Miguel D
O Vasco Pulido Valente, admirador de Marcello e muito crítico de Salazar di-lo claramente: a frente interna resistiu (vide a referência aos desertores e a ausência de movimentos sociais de massas contrários ao regime, ao contrário do sucedido em casos de regimes bem mais musculados). E se resistiu, a tese dos ventos da história cai pela base.
ResponderEliminarMiguel D
E tanto resistiu que a oposição política considerava em 73 que não havia qualquer perspectiva de enfraquecimento do regime nos tempos mais próximos. Só em 74, com a instabilidade no seio das FA começam a acreditar que algo pode mudar. Engraçado como o 25/4 muda a percepção das coisas mas em 73, do ponto de vista político, Mario Soares era um tipo bastante desacreditado na própria oposição (Congresso de Aveiro), para não falar no saco de gatos de Argel. O regime resistia. De repente tudo mudou, até o passado.
ResponderEliminarMiguel D
E que "instabilidade" era essa?
ResponderEliminar"É que tu não consideras o 25 de Abril uma manifestação da pura desordem maligna, achas que foi corrompido depois".
ResponderEliminarFoi tão maligno como o 28 de Maio de 1926.
Um golpe militar é um golpe militar. O que vem depois é que conta.
O golpe do 25A ocorre por uma série de razões e o Kaúlza chama-lhe fatalidade que teria que acontecer mais cedo ou mais tarde.
A isso eu chamo "ventos da História", ou seja a inevitabilidade de algo que acontece porque tem de acontecer.
A mudança do regime era assunto que o próprio Marcello admitia e por isso se demitiu.
O presidente Tomás era um atraso de vida, tal como o Kaúlza que nem escreve sabia.
Eram eles os depositários do graal que Salazar deicara?
Deixa-me rir. Basta ler o que Kaúlza escreve para perceber que nunca o poderia ser e até duvido que percebesse bem a essência do Salazarismo para além da integralidade do Portugal de Minho a Timor.
O que eu não percebo é a essência do teu mito. Sim, que mito é esse de acreditar num Portugal salazarista em que nem o próprio Salazar acreditaria.
Acho que isso tem um recorte: ser mais papista que o papa.
O que gostaria de entender era mesmo isso: em que acreditam afinal de contas, relativamente ao salazarismo que poderia ser preservado em 1974?
És capaz de escrever tal coisa em modo claro e sucinto?
Em 74 aparece uma "instabilidade" nas forças armadas que estavam finas até ai.
ResponderEliminarDepois dizem que se perdeu tudo por desmoralização, quando até aí se estava a ganhar.
Eu costumo ouvir estes memes- iguaizinhos- sempre que há mundial de bola e perdemos, por desmoralização, quando até estávamos a ganhar.
"De repente tudo mudou, até o passado."
ResponderEliminarÉ exactamente isso que também acho que sucedeu.
E porquê?
Sem o PREC esse "de repente mudou tudo, até o passado", não tinha mudado assim.
ResponderEliminarHá um hiato histórico, um espaço de trevas que tem uma âncora e é sempre a mesma- o bom do jacobinismo republicano e laico.
Perdeu-se um passado guiado por este que ainda era mais antigo.
E modernizado pela anormalidade única na Europa que aconteceu com o PREC.
Os golpes militares são tramados. Permitem rupturas e nunca se sabe o que vem dali.
ResponderEliminarNa altura era previsível o que vinha dali.
As tais ventosidades que v.s negam e que também fazem a História.
As vírgulas, senhores, as vírgulas entre o sujeito e o predicado é que tolhem tudo, caçalho.
ResponderEliminarO 28 de Maio foi ruptura. O que veio dali negou a continuidade.
ResponderEliminarEm 74 a continuidade logicamente também ia ser quebrada.
Também ninguém a travou, sem ser a tropa.
Por isso é que me custa a aceitar que tenha sido um "golpe de Estado" com políticos civis à mistura.
ResponderEliminarNunca apareceram.
Sim, pode coloca-las por mim, que estou sem tempo para isso.
ResponderEliminarNem olho para o teclado, quanto mais para a redacção.
Se o golpe de 25A tivesse apenas mudado os cabeças do poder ( Marcello e Tomás) mais a abolição dos instrumentos de sustentação do regime político, como a DGS e a Censura, o que poderia surgir não era necessariamente o Mal.
ResponderEliminarO Mal surge depois e isso parece-me tão evidente que nem carece demonstração.
Sobre as raizes desse mal, é preciso cavar um pouco mais, mas não tem necessariamente que se religar ao que sucedeu depois.
Esse mal não era necessário porque a Espanha não o teve e mudou de regime também na mesma altura.
Pode dizer-se que aprendeu connosco? Nem por isso. Fez diferente porque o Mal não existia lá como existia por cá.
Mas acredita que para isso era preciso um golpe militar sem um único político envolvido?
ResponderEliminarUm golpe militar que arregimenta "pessoal" por questões de "descontentamento" e corporativismo, ia apenas mudar as cabeças e estava interessado em "democratizar"?
Por favor.
Não acredito ou então acredito que militares são burros e ceguinhos.
Continuar a insistir no Mito de um sebastianismo salazarista que pereceu num dia de nevoeiro abrilista não me parece razoável.
ResponderEliminarPor duas razões: não sei exactamente a cor, paladar e som desse Mito. E gostava de saber porque não chega pronunciar as qualidades de uma certa verticalidade Humana para se definir a sua essência.
A segunda é que não antevejo, em prognose póstuma, em 1974 o surgimento de tal Mito. Seja ele qual for.
Em 1974 o país já estava na rota do "puguesso" e isso não é necessariamente mau. O que é mau é o abuso desse "puguesse" de modo a arruinar um país economicamente.
Como é que o raio de um grupo de militares sem cabeça, sem conhecimentos políticos que desse para se perceber alguma coisa, ia mudar as hierarquias do Poder e fazer isso democraticamente pelas armas?
ResponderEliminarPara começar, precisavam de fazer o inverso para se legitimarem.
Só depois podiam inventar as tais eleições que é assim que até costuma acontecer no terceiro-mundo e com vigilância internacional.
Aqui, queriam democratizar politicamente sem terem políticos a oferecerem-se para a função?
Quem toma o poder no dia 25A foi uma Junta Militar. No Chile também foi.
ResponderEliminarO que veio depois, foi a entrega feita por essa Junta Militar do poder a civis, mantendo a arreata curta.
O MFA continuou a ser um órgão de soberania de facto. E depois de Direito.
Escrever que Marcello abandonou o Direito é uma heresia.
A Espanha mudou sem esse Mal e não perdeu o tal passado que se tornou outro, porque não teve golpe militar!
ResponderEliminarNão há revoluções sem golpe militar.
O primeiro PM foi Palma Carlos, um calmeirão maçónico mas adepto do Direito e também liberal, sem ser socialista.
ResponderEliminarPor ele, o Mal nunca teria entrado. POr isso o correram, logo em Junho.
É aí que entra o Mal e é aí que coloco o problema do 25 A.
Durante as primeiras semanas o poder económico ainda era o que fora, e ficara satisfeito com o 25A. Champallimaud gabava-se de não ser benquisto no governo anterior...
Meio mundo andava a cantar a revolução- a brincar ou meio a sério- era a cantiga da altura.
ResponderEliminarHá um golpe militar e nem tem direcção- pega-se na cantiga e a revolução está ali à espera.
Veio tudo assistir à festa exótica.
Havia um passado que tinha sido interrompido pelas armas.
ResponderEliminarFacilmente esse passado é diablizado- era longo, são as trevas medievais para a partir daí se criar o tal futuro.
As revoluções não cuidam do presente- são sempre aluadas a olhar para o futuro.
O 28 de Maio foi diferente porque foi repor uma Tradição.
O 25 de Abril era contra uma longa Tradição.
Foi perfeitamente republicano e laico- e com os ingredientes dos golpes populares- tricolores e assim.
ResponderEliminar«Foi tão maligno como o 28 de Maio de 1926.»
Obrigado por confirmares a divergência profunda.
É que é exactamente ao contrário do que afirmas (no meu modesto entender).
O que importa e define é a causa e a motivação: em 26, contra a desordem e para implantar uma ordem.
Em 74, contra a ordem e para implantar a desordem.
É o que anima a coisa que é determinante, não é o depois mecânico. Se o que anima é mau, o depois é fatalmente péssimo.
Mas eu exporei exaustivamente a demonstrarei sem margem para dúvidas em futuros capítulos.
E os milicianos em África tratam logo de escrever ao Spínola a pedirem negociações com os independentistas.
ResponderEliminarIsto em Maio, ainda antes de haver por cá palhaçada de garotos a fazerem que iam boicotar o embarque no aeroporto da Portela.
Em Moçambique e na Guiné. O clima militar por lá até se antecipou ao que aqui se fez.
ResponderEliminarA conjugação de forças logo a seguir ao 25A foi resvalando para a esquerda e para o Mal comunista. Não houve ninguém capaz de lhe fazer frente e pará-lo.
ResponderEliminarÉ a isso que me refiro quando falo no que se estragou com o 25A.
Nesse detalhe de diferença entre 28 de maio e 25 de Abril concordo com o Dragão.
ResponderEliminarNão há comparação. Um é para construir, para repor o que tinha sido espatifado- é tradicional.
O outro é prá-frentex- em tudo, a começar pelos cravos e nos 3 D
«Não houve ninguém capaz de lhe fazer frente e pará-lo.»
ResponderEliminarSó haveria a Igreja.
Como eu teimo que nem golpe político foi. só poderia haver a Igreja a travar ou a tropa.
Consta que foi a tropa que travou em Novembro. Sem político civil envolvido.
«Quem toma o poder no dia 25A foi uma Junta Militar. No Chile também foi.»
ResponderEliminarPois, isso é ler os jornais.
A Junta Militar mandava tanto como a Comissão Coordenadora. E ainda havia outra entidade que competia com as duas: O EMGFA. Depois também havia o "Governo"...
E ainda havia uma quinta entidade... Adivinha qual?
Mas é preciso ir com calma.
"O que importa e define é a causa e a motivação: em 26, contra a desordem e para implantar uma ordem.
ResponderEliminarEm 74, contra a ordem e para implantar a desordem."
Quem fez o golpe do 28 de Maio? Militares.
Quem fez o de 25A? Militares.
Para quê, em ambos os casos?
Substituir uma ordem por outra. No 25A não foi para substituir a ordem pela desordem. Foi para modificar a ordem que se afigurava demasiado opressiva e não era por isso ordem que se pudesse manter como tal por muito mais tempo.
Pacificamente, sem golpe de força, poderia ter-se chegado lá na mesma. A Espanha demonstrou-o.
No 28M o golpe foi um acto para repor outra coisa.
A essência é a mesma: acabar com algo indesejado e repor outra ordem. A malignidade é a mesma, proque não há malignidade nesse acto em si mesmo.
A malignidade surge depois.
No 28M surge Salazar um par de anos depois, para repor as Finanças em desordem e o que se segue é um regime que apanhou um indivíduo excepcional que o orientou, em parceria com dois ou três indivíduos mais ( Armindo Monteiro, por exemplo ou Pedro Teotónio Pereira).
O 25A poderia ter um destino idêntico no caso de o primeiro governo ter sido de outra feição e força.
Porque não foi? POis está aí a resposta. Não estã no golpe do 25A.
E vocês insistem e insistem... Estudem a história porra.
ResponderEliminarPorquê 1974 e porque não 1961?
Em Abril de 1961, Júlio Botelho Moniz liderou uma tentativa de golpe de estado, depois designada por Abrilada de 1961 ou golpe Botelho Moniz, no qual conjuntamente com Craveiro Lopes e outras personalidades ligadas aos círculos do poder, intentou forçar a demissão de Salazar no âmbito da legalidade do regime.
Na origem do incidente, na realidade o extremar de uma dissidência interna no seio da elite político-militar do regime, esteve o repúdio sentido por parte da elite governativa, particularmente a mais aberta à influência americana, pela posição de intransigência assumida pelo Governo português em relação à questão da descolonização. A causa próxima da tentativa foram as exigências das potências aliadas, em particular dos Estados Unidos da América, para que Portugal aceitasse o direito à autodeterminação dos seus territórios ultramarinos, no contexto do movimento global de autodeterminação dos povos submetidos a regime colonial que então ganhava ímpeto.
Botelho Moniz, como aliás parte importante da inteligentsia do regime na fase posterior à vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial repudiava a posição oficial sobre a descolonização e a falta de evolução democrática do regime, que contribuíra para as dificuldade de admissão de Portugal na Organização das Nações Unidas, que apenas ocorrera em 1955 e ainda assim ensombrada pela crítica generalizada dos aliados naturais do País e pelo levantamento do veto da URSS apenas conseguido por conveniência conjuntural no âmbito das negociações entre as superpotências. Esta posição de isolamento fora acentuada pelo apoio que desde 1959 o então senador John F. Kennedy publicamente concedera a Holden Roberto, o líder da UPA/FNLA, tornado mais evidente em 1961 quando aquele senador ascendeu à presidência dos Estados Unidos da América.
Não há divergência alguma na análise, mas apenas equívoco interpretativo.
ResponderEliminarQuanto a quem mandava, a Junta era o órgão que mandava. Ponto. Era quem assinava os decretos que extinguia isto e aquilo e que deixou que Tomás e Marcello fossem para o Brasil.
Dizer o contrário é mistificar e enganar.
«Foi tão maligno como o 28 de Maio de 1926.»
ResponderEliminarO José ainda está iludido com a democracia...
Aprecio imenso o que ele escreve mas ainda não chegou ao click certo.
Tenha calma José e aprenda com o Dragão.
Porquê 1974 e porque não 1961?
ResponderEliminarPorque estava lá Salazar e olhem que a revolta não foi preparada por pessoal do rancho.
Durante todo o mês de Maio e Junho de 74 Spínola, a figura da Junta, foi um herói nacional com direito a manifestações gigantes. Pouco depois deixou de o ser...
ResponderEliminarIsso é a prova de que a Junta teve poder, embora por pouco tempo. Veio o Mal...
Isso de clicks tem sempre clacks em refluxo.
ResponderEliminarNão chego lá com tais truques.
Chego com reflexão sobre o que vejo leio e ouço.
«Foi tão maligno como o 28 de Maio de 1926.»
ResponderEliminarO José ainda está iludido com a democracia...
Peço desculpa se não me fiz entender: a malignidade não existiu nos golpes em si. Existiu depois no caso do 25A. E poderia não existir se tivesse existido outra viragem política diversa da que teve e que o golpe não fazia necessariamente prever que iria suceder como tal.
É isso que tenho vindo a escrever e V. confundem o golpe 25A com o que se passou a seguir.
Sobre o Marcello ficou escrito nos Scannings que fiz do livro sobre o Quarto ano de Governo que Marcello foi um digníssimo herdeiro do que Salazar construíra de positivo.
ResponderEliminarDizer o contrário sem demonstrar não vale.
É preciso ler aquilo e rebater os factos. Não chega a retórica opinativa.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarZephyrus...
ResponderEliminarLançou alguns foguetes certos e outros é para ir apanhar as canas...
A saber:
Peso do Estado na economia:
Salazar: 15%
Marcello Caetano: 20%
Abrileiros: 50%
Deslocação das massas do campo para a cidade.
No tempo do Estado Novo os grandes grupos económicos eram predominantemente industriais após o 25 de Abril é que surgiu o capitalismo de estado (grandes empresas encostadas ao estado ou os rendeiros do regime).
A planificação e ordenamento das cidades começou ainda no início do séc. XX e foi influenciado por movimentos de arquitectura, de estética e arte que romperam por toda a Europa.
Outro factor a considerar é a guerra destrutiva que fez furor na Europa na século XX e que dizimou cidades e por cá devemos dar graças a Deus que as nossas pequenas destruições foram controladas.
Grande parte dos monumento nacionais, o Estado Novo, ainda lhe deitou a mão no momento certo senão hoje restariam apenas ruínas.
A grande falácia abrileira foi mesma essa. Os tugas endividaram-se com dinheiro estrangeiro para comprar solo nacional convertido em bolha especulativa onde os intermediários através de uma corrupção que foi patrocinada com os votos dos crentes democratas consolou os bacanos com milhões e deixaram a tugolândia sugada até ao tutano.
Durante todo o mês de Maio e Junho de 74 Spínola, a figura da Junta, foi um herói nacional com direito a manifestações gigantes. Pouco depois deixou de o ser...
ResponderEliminarIsso é a prova de que a Junta teve poder, embora por pouco tempo. Veio o Mal...
O José há-de desculpar, mas isso, longe de prova, parece mais indício de que, afinal, a dita junta não tinha era poder nenhum...
Em que acreditam afinal de contas, relativamente ao salazarismo que poderia ser preservado em 1974?
ResponderEliminarÉs capaz de escrever tal coisa em modo claro e sucinto?
Estudar com dúvida, realizar com fé.
A estratégia portuguesa no Ultramar foi estudada com dúvida. Uma vez assente, só havia que realizá-la com fé.
ResponderEliminarAs estratégias, uma vez decididas, só se mudam quando mudam as circunstâncias.
Ora, as circunstâncias em 74 eram as mesmas, no essencial, que em 61: o inimigo era o mesmo, e o seu método o mesmo era.
Duas perguntas:
ResponderEliminarCom Salazar no poder, teria acontecido o 25A ?
Com Marcello no poder, Botelho Moniz teria sido metido no bolso?
Considero existir um elemento fundamental desta equação que nao foi abordada pelo José. Sendo essencial analisar tudo o que foi escrito por Marcello e pelos seus contemporâneos (e ninguém faz esse trabalho como o José), creio que temos que nos debruçar tambem sobre os indivíduos que que estao nas posições-chave. A história nao 'e apenas ventos e tendências longas para alem do bem e do mal, o papel do indivíduo 'e condicionado pelo "ambiente" mas mantém-se central.
ResponderEliminarE quem era Marcello nos inícios de 74? Salazar já tinha falado no seu brilhantismo e detectado instabilidade. Isso era visível em 68. Mas o que me parece estar ausente da analise do José 'e Marcello estar psicologicamente destruído em inícios de 74, conforme relatos dos próximos (Miguel Caetano, Balatazar Rebelo de Sousa, Silva Pinto, Feytor Pinto, etc etc), com a saude fragilizada e no recaldo do terrivel processo de saude de sua mulher). E os seus actos (palhaçada 'a volta do livro do Spinola, independencia de Angola combinada com o Governador...). Este já nao 'e o académico brilhante ou mesmo o politico em alta de anos antes. 'E alguém ultrapassado pelos acontecimentos
Miguel D
A putativa destruição psicológica de Marcello é desmentida pelo facto de dois anos depois, no Brasil, ter dado três entrevistas em que explica o que se passou e esse não é um dos factores explicativos.
ResponderEliminarMarcello estava consciente da sua razão.
Sobre o Tomás é que nada veio de explicativo e de relevo.
Sobre os demais, temos depoimentos esparsos de algumas figuras que se borraram no 25A.
E nada mais.
Nem sequer Silva Pais disse nada de jeito.
Borregaram todos e depois fizeram birra.
A Direita suposta que nem sequer o era dessapareceu depois do 25 de Abril e só ficaram alguns pobres resistentes ( António José de Brito, Barradas de Oliveira, Manuel Maria Múrias).
Era essa a nata da Nação que nos iria salvar ou apenas os guardiães de um tempo já perdido?
E Franco Nogueira, claro.Um intlectual cuja acção foi escrever livros sobre o salazarismo, começando por uma óptima biografia que peca pelos mesmos defeitos que vejo aqui: excessiva proximidade afectiva a Salazar.
ResponderEliminarJosé,
ResponderEliminarCreio que me está a dar razão. Se eu digo que não podemos limitar a nossa análise ao que Marcello escreveu e o José me desmente com um livro ou entrevista que ele escreveu ou deu no Rio de Janeiro...
Miguel D
Quando se diz que no dia 25A se perdeu mais que um regime, porque foi o País que desapareceu como era antes, não aceito de ânimo leve tal asserção.
ResponderEliminarO nosso País é o que é e não o que gostaríamos que fosse. E Salazar sabia bem disso.
Quando estava já doente e via a Ponte com o seu nome do quarto onde se encontrava dizia que sabia bem que uma vez desaparecido, o nome sairia imediatamente da peanha.
Isso revela uma lucidez que um Tomás nunca teve na vida, provavelmente.
O nosso País mudou. Mudou mesmo, nos anos sessenta. E mundou com o Mundo que estava em mudança.
Só analisando as causas dessa Mudança perceberemos integralmente o que nos sucedeu.
Até a Igreja mudou.
Eu gostava mais da Missa em latim e os rituais antigos, mas o Vaticano II alterou isso tudo.
O que fazer então? Adaptarmo-nos às mudanças e não ficar a rezingar pelo fim dos Tempos e que o Homem Português já não era o que foi, etc etc.
O Homem português nessa essência deve ser o que sempre foi. Contudo as circunstâncias mudaram.
Tentemos por isso modificar outra vez as circunstâncias e não ficar sempre a chorar por leite derramado.
Para modificar essas circunstâncias há que perceber o que sucedeu.
Porém, como vemos nem isso é pacífico e as análises divergem...
O José distrai-se da sua absoluta proximidade afectiva ao Marcello acusando todos os críticos e excessiva afectividade a Salazar.
ResponderEliminarNão odu razão nem deixo de dar.
ResponderEliminarO que digo é que Marcello não reconheceu essa fraqueza psiclógica como factor de desmoralização.
E por outro lado, objectivamente sabemos que queria demitir-se uns meses antes porque se julgava responsável pela desordem provocada pelo livro do Spínola.
Por isso o que devemos contar é o que ele disse e o que ele fez.
E isso sabemos parcialmente e de modo a não podermos tomar certezas.
Não me distraio assim. Apenas verifico que essa acusação é reversível e com efeito boomerang. Basta olhar ao espelho do que escreves...
ResponderEliminarEu só me considero próximo do que Marcello defendia porque li e leio o que escreveu e disse e fico admirado e admirador.
ResponderEliminarE isso me basta para uma análise do que era nesse aspecto.
Quanto ao Mundo e a Portugal da época tenho estrita necessidade de me socorrer de cábulas para me lembrar o que já esqueci ou o que nunca soube de epifenómenos e circunstâncias explicativas.
Daí os recortes...
Esta discussão começou por causa das "mudanças" nas pessoas. Para mim as pessoas mudam, tal como mudaram nas semanas seguintes ao 25A.
ResponderEliminarMas mudam apenas nas atitudes e actuações concreta, derivadas das ideias que frequentam.
A essência do Homem, ou seja o que o define como ser, provavelmente não muda assim do mesmo modo.
Imputar a outros atitudes e pensamentos que o mesmo pode ter ou não ter, releva de processo intencional, ou seja, um risco de certeza nula. Nunca se saberá se foi assim ou assado.
ResponderEliminarE pode ser isso que estão a fazer com o Marcello.
Eu por mim, também corro esse risco, mas é a tal coisa: prefiro assim, olhar para essa garrafa meio cheia que é o que me satisfaz pelo que sei do indivíduo.
Há mudanças em relação às quais a única adaptação é resistir-lhes, José.
ResponderEliminarPorque toda a mudança se apresenta como definitiva e inevitável, precisamente para que o possa ser mais facilmente. Mas poucas o são realmente.
Em qualquer caso, se bem se lembra daquele texto do Roger Mucchielli sobre a subversão que eu coloquei no Ultramar, o efeito da subversão é mesmo esse: conduzir a uma passividade em relação à mudança.
E desse ponto de vista, o país desapareceu no 25A apenas formalmente, porque já estava subvertido para deixasse correr o marfim também.
ResponderEliminarRepare que isto não é o mesmo que repetir aquela ideia feita que o regime estava podre. O regime não estava nada podre e isso vê-se de comparação com este.
Mas estava a braços com uma campanha de subversão que não soube conter e contra-atacar na Metrópole e cuja, pouca ou muita, capacidade de o fazer foi certamente sabotada por agentes inimigos e outros Costa Gomes...
Portanto, Marcello tem necessariamente a sua parte de responsabilidade nisto.
ResponderEliminarCá para mim, e isto é apenas uma impressão, parece-me que ele, fosse por intriga, por inimizade, por rivalidade, por orgulho, por tudo isso ou coisa parecida, deixou afastar ou afastou certos elementos e apoios dentro do regime vendo-se forçado a recorrer a outros, e caiu assim nas mãos dos agentes manipuladores que não mais o deixaram.
Porque me parece evidente que em toda esta trapalhada Marcello é mal aconselhado e quem o aconselha é o Costa Gomes acolitado pelo palerma do monóculo.
Demasiado simplista, muja. Demasiado simplista porque a mudança de regime não é o mesmo que mudança de país.
ResponderEliminarO regime de Marcello estava podre no sentido de demasiado amadurecido, imprestável para consumo durante muito mais tempo.
O regime actual nem isso está porque nunca chegou a amadurecer qualquer fruto comestível a não ser para os apanhadores de furta que escolhem as árvores enxertadas.
Agora fez-me sorrir! Isso quer dizer o quê, José?
ResponderEliminarAcho que temos aqui, e já venho notando isso com outras pessoas também, uma perspectiva muito diferente ao ver as coisas que me parece de geração.
Acho que as pessoas da altura do José foram tão submergidas naquelas ideias-feitas e naquela impressão de que o regime estava podre que não concebem as coisas de outro modo.
Mas a verdade é que olhando para o detalhe, para o que se fazia - fazia mesmo, obra feita - e para o que se planeava, a maneira como tal se fazia, enfim, olhando para o que sobrou essa impressão não colhe.
Então de comparação com o que está, parece coisa de malucos.
É difícil, e cada vez mais, para quem só e sempre viu o que temos, e conhece um pouco do que se fazia dantes, levar a sério quem diz que o regime anterior estava podre e todas essas ideias-feitas de índole semelhante.
Eu cada vez mais tendo a sorrir quando me dizem isso ou coisas parecidas.
ResponderEliminarPenso que é uma impressão, apesar de falsa, indelével. Não creio que se possa alterar, nem com as provas mais evidentes e mais esclarecedoras de sempre. Porque não há nenhuma que o seja mais que aquilo em que hoje vivemos.
Acho que depois dessa geração passar, aí sim, poderemos começar a falar das coisas como elas nos ficaram e não como apareciam ou pareciam a quem as vivia.
Pode ser isso: a vivência ajuda a perceber melhor...ahahaha.
ResponderEliminarA sério:
O que estava amadurecido demais no regime era o que precisava de ser lancetado: censura e liberdade mais ampla para forças políticas de oposição com direito mais amplo de reunião.
No fundo mudar como fez a Espanha.
Claro que temos o Ultramar e coisa e tal e por isso é que estamos aqui a discutir isto.
Mas precisamente por causa desse problema que tinha que ser resolvido é que sucedeu o que sucedeu.
Isso não invalida o extremo amadurecimento do regime...
Quanto a mim Marcello Caetano compreendeu perfeitamente a necessidade de mudança, nesse aspecto mas não teve engenho e arte para fazer melhor do que fez porque se calhar não poderia fazer-se.
ResponderEliminarSalazar também não conseguiu fazer melhor e a censura ajudou a fortalecer o comunismo, paraoxalmente.
Pode ser isso: a vivência ajuda a perceber melhor...ahahaha.
ResponderEliminarPois. Isso ou o oposto.
A minha impressão é cada vez mais a oposta: a vivência deturpa ou distorce naturalmente a interpretação dos factos impregnando-os com o sentir da época.
Não deixa de ter valor, note-se. Mas é limitado e deve ser encarado com prudência quando leva a contradições.
ResponderEliminarE a contradição está em que este regime é podre, toda a gente o constata, toda a gente se queixa, mas ninguém espera um golpe militar para alterar esse estado de coisas, ao contrário de 74.
Portanto, não creio que possa atribuir-se a essa difusa podridão a razão de ser do golpe. Se assim fosse devíamos esperar um a qualquer momento.
Isto significa que devem procurar-se outras causas. No meu entender essas são, em 74, exclusivamente a propaganda revolucionária que criava a impressão de serem aceitáveis, legítimas e até necessárias tais ideias e correspondentes almejares; ou seja, a subversão.
"No meu entender essas são, em 74, exclusivamente a propaganda revolucionária que criava a impressão de serem aceitáveis, legítimas e até necessárias tais ideias e correspondentes almejares; ou seja, a subversão."
ResponderEliminarO problema de quem não viveu o tempo pode ver-se aí:
Não havia propaganda revolucionária que fosse visível, a não ser para o grupo restritíssimo dos da seita escondida nas catacumbas.
O regime, nisso, protegia-se bem. E acredito até que foi essa super-protecção que estragou tudo.
Tal como com os cristãos em Roma que se escondiam nas catacumbas para celebrar os ritos também a propaganda subversiva só ajudou a criar mais adeptos quando se tornou livre.
A censura mitificou o comunismo e principalmente o socialismo.
É como hoje em dia.
ResponderEliminarO que o Muja diz é pensamento de uma minoria.
O pensamento de uma maioria torna o inverso clandestino.
Por algum motivo estas conversas só existem em blogues e protegidas com nick names.
Não havia propaganda revolucionária que fosse visível, a não ser para o grupo restritíssimo dos da seita escondida nas catacumbas.
ResponderEliminarHmm, então e os estudantes? E a crise académica? E os católicos progressistas?
A propaganda não consiste apenas em livros e panfletos. É tudo. Qualquer acidente, incidente, polémica ou questão pode ser explorada para o efeito com mais ou menos subtileza.
Quanto a minorias e maiorias, pois o objectivo da subversão é justamente tornar a maioria irrelevante e amorfa.
ResponderEliminarEstudantes? Crise académica? Católicos progressistas?
ResponderEliminarAí está: esses meios eram underground, clandestinos.
Como fui estudante nesse tempo posso assegurar que no sítio onde andava os "progressistas" contavam zero. Havia uma na minha turma de vinte e tal alunos que era uma espécie de animal raro e esquisito. Nunca se manifestava como tal e também nada contava para nós.
Suponho que nas outras cidades do país, com a eventual excepção de Porto e Lisboa seria igual.
Católicos progressistas? Isso era em Lisboa e ainda assim coisa para meia dúzia. Quem é que ligava a isso? Os media, isso sim.
Mas...havia a Censura e portanto nada passava desses círculos restritos.
Era assim que funcionava.