A nossa direita colibri anda excitadísissima com a Grécia. A sua mentalidade Casa Pia (este senhor estrangeiro que me paga os ténis novos e umas revistinhas é que é bom, abastece-me da minha rica droguinha e os outros míúdos foleiros e xungas têm é inveja do meu telemóvel novo, e não querem é dar o c... trabalhar!...) encontra-se, todavia, clivada entre sentimentos contraditórios: por um lado, a sua passividade sôfrega instiga-os à submissão e à felação apaziguadora do mais forte; por outro, o facto do tal Siriza se ter tornado o mais forte na Grécia inspira-lhes uma secreta volúpia e um angustiado cíume. E se eles ganham os gadjets sem terem que aturar comboios inteiros de senhores estrangeiros muito bem ataviados e mororizados, alguns deles um tanto ou quanto dados à brutalidade?
Para afastar os fantasmas, concentram-se no ruído. É o costume. Compensam o vácuo mental e disfarçam a volume retal através de barulhos e arrotos diversos. Um dos mais emblemáticos, autêntica ladainha recorrente é que, perfilemo-nos em sentido: "Não se pode perdoar e, tão pouco, facilitar as dívidas aos Estados!" Não pode. Nem por sombras. A flagelação tem que ser rigorosa. Abençoadinho chicote! Então nas mãos de estranjeiros, não é chicote: é uma pluma suave e miraculante. Panaceia benigníssima. Todo o bem provém do estrangeiro; todo o mal reside em nós. Hossana, hossana e ó gaita também!...
E, além disso, porque é que não se pode perdoar a dívida aos Estados esbanjadores, países delapidadeiros, ou o que se lhe queira chamar?
Antes de avançar com a resposta, permitam que me socorra duns graficozinhos muito sugestivos. É de muito bom tom apresentar gráficos hoje em dia... Ora atentem:
Os gráficos em epígrafe mostram a exposição dos bancos alemães (e franceses) à dívida grega nos últimos quatro anos. Verifica-se que eles passaram, hábilmente, duma sobre-exposição a uma exposição insignificante. O que é que aconteceu? Aconteceu que o Estado alemâo passou a dívida dos bancos para os contribuintes. Ou seja, perdoou a dívida aos bancos. Por isso é que agora não pode perdoar a dívida aos gregos: porque o perdão é uma coisa exclusiva dos bancos, coitadinhos, que precisam muito e são muito necessitados. O perdão é como o holocausto: é só para alguns. E neste caso, para que os bancos não fossem assados num holocausto horrível, Santa Merckl os livre e guarde, têm que ser necessariamente os gregos (e outros povos de raça duvidosa, geralmente meridional) a padecer o churrasco.
Mas isto é só enquanto os bancos não recuperam o fôlego (com o dinheiro que o BCE lhes vai dar, por exemplo). Pois (caso entretanto nenhuma bernarda mais séria rebente, bem entendido), o que vai acontecer numa segunda fase também é bastante óbvio: a dívida nas mãos dos contribuintes vai secar, mal-parar-se, etc, num processo de tal ordem que, daqui por uns tempos, os mesmos bancos recompram-na ao estado, por um quinto do preço (estou a ser optimista), mas com a totalidade dos direitos de crédito. O que significa que os otários, vulgo contribuintes, alemães pagam duas vezes à banca por uma coisa que os otários gregos et al pagarão uma terceira. É sempre a aviar.
Estou meio no gozo. Mas, na volta, a realidade ainda será pior. Admirem-se...
É por aí mesmo...
ResponderEliminarTambém já havia denunciado esse esquema.
http://vivendi-pt.blogspot.pt/2012/05/dank.html
As loucuras económicas (à escala global) são tantas sempre na trilogia Estado, Bancos e Povão que se torna verdadeiramente complicado sintetizar tudo o que ocorre e pior ainda uma previsão do que poderá ainda ocorrer.
Este período pode ser comparável aos anos 30 do século passado (actualmente com dívidas maiores e nunca vistas).
Esperemos que esta brincadeira não descambe em uma guerra mundial.
O mais preocupante é que não se encontra facilmente uma filosofia dissidente contra estes estranhos tempos.
ResponderEliminarO povão ainda acredita que a solução para os problemas passa pelo estado e o estado acredita que a solução para os problemas passa pelos bancos.
A minha convicção é que devemos desconstruir a era global e retomar à era local. O mundo poderá ser bastante melhor com milhões de comunidades locais invés de meia dúzia de comunidades centralizadoras.
Um caos organizado por alguns -> a superclasse (alta finança - capital global) pretende 'cozinhar' as condições que são do seu interesse:
ResponderEliminar- privatização de bens estratégicos: combustíveis... electricidade... água...
- caos financeiro...
- implosão de identidades autóctones...
- implosão das soberanias...
{uma nota: depois de 'cozinhar' o caos... a superclasse apareceu com um discurso, de certa forma, já esperado... veja-se, por exemplo, a conversa do mega-financeiro George Soros: «é preciso um Ministério das Finanças europeu, com poder para decretar impostos e para emitir dívida»}
- forças militares e militarizadas mercenárias...
resumindo: estão a ser criadas as condições para uma Nova Ordem a seguir ao caos - uma Ordem Mercenária: um Neofeudalismo.
{uma nota: anda por aí muito político/(marioneta) cujo trabalhinho é 'cozinhar' as condições que são do interesse da superclasse}
Em resumo, Pvnam,
ResponderEliminaruma superclasse sem classe nenhuma. Portanto, os mais desclassificados dos humanos.
Plenamente de acordo. :O)
O mais preocupante é que não se encontra facilmente uma filosofia dissidente contra estes estranhos tempos.
ResponderEliminarNão sei se quer dizer que não se encontra facilmente porque está escondida ou se não encontra facilmente porque não há.
Mas olhe que há e não está escondida. E nem sequer é nova, tem para mais de dois mil anos.
Quer coisa mais dissidente hoje em dia que afirmar-se que se é cristão? Católico então é o equivalente aos eremitas dos tempos passados...
Olhe aqui o advogado de Dieudonné, Maître Sanjay Mirabeau a fazer estremecer os super sapins do Anal+:
http://www.egaliteetreconciliation.fr/Rencontre-avec-Me-Sanjay-Mirabeau-l-avocat-de-Dieudonne-30742.html
Sobretudo a partir dos 13 minutos e uma grosse quenelle aos 19.
Quanto a desconstruir a era global, não sei se estou de acordo consigo. Tanto trabalhinho tiveram os nossos bisavós a dar novos mundos ao mundo e quer agora vir V. tirá-los às pessoas...
ResponderEliminarÉ talvez mais questão de saber o que pode ser global e o que deve ser local.
=Esperemos que esta brincadeira não descambe em uma guerra mundial.=
ResponderEliminarExiste ja uma guerra mundial de m[edia intensidade. Resta saber quando vai demorar ate se desencadear a guerra total. Com ameixas atomicas, muito provavelmente. E esse nao sera o pior dos cenarios.
Hmm... não subestimando nada nem ninguém, inclino-me para cousa mais prosaica: se três grunhos, duas akapas, um citroën e muitos charlies fazem um estado islâmico, cheira-me que vamos ter guerra ao terror servida à la carte para muitos e bons aninhos...
ResponderEliminarConvenhamos que, mesmo não tendo o glamour bélico de um cogumelo sobre Roma ou Moscovo, mas uma guerra perpétua contra um inimigo invisível (a não ser quando aparece na tv) tem a grande vantagem de não ter de construir hotéis de luxo subterrâneos e outras coisas que tais...
Mas nunca se sabe.
ResponderEliminarMais uma vez, fomos tomados por lorpas. Já nem na intrujice nos safamos. O trabalhinho que deu a negociata dos submarinos e vê a gente depois que afinal os andavam a dar, iguaizinhos aos nossos, à borla...
Diz que levam mísseis nucleares e são muito silenciosos pois têm motor diesel híbrido.
A gente mísseis desses não tem, mas aposto que a nossa sardinha vai apreciar o sossêgo (embora exista sempre a questão do pescado invisual) e o ambiente agradecer a poupança. Embora hoje em dia eu tenha dúvidas se ainda compensa ir para o gasóleo.
Os bunkers já estão a ser construídos. Pelo sim, pelo não, acharão os proprietários.
ResponderEliminarA guerra aos gambosinos é um imperativo cibilizacional, portanto, aí não há que enganar.
resta saber é se os andaimes financeiros aguentam muito ou pouco tempo.