sábado, janeiro 30, 2010

Do Macaco de Sótão ao Macaco de Laboratório


Lendo isto -e nem é preciso ser com muita atenção - percebemos facilmente o que separa o reverendo Richard Dawkins do reverendo Pat Robertson: um espelho.

Ou seja, o fetichismo científico, no essencial, não se distingue do fetichismo religioso. De facto, apenas compete com ele... no acessório.

Fatalmente, a treta evangélica haveria de redundar no evangelismo da treta. Uma peçonha nunca vem só. Na melhor das hipótese (que, neste caso, coincide com a pior) Dawkins é só o upgrade de Robertson, o Robertson 2.0, ou, para usar uma linguagem ainda mais querida ao macaquinho: a "evolução" do Robertson. Ora, a urgência primeira da nova versão é declarar aos quatro ventos e brisas associadas, tanto quanto a obsolescência, a inutilidade da versão anterior. Enfim, coisas do pensamento ortopédico: uma vez na cadeira-de-rodas da ciência, o aleijadinho mental, com a arrogância própria dos novos-ricos, atira fora o deus-muleta. E trata de considerar, com a estupidez gémea siamesa da arrogância, que estar ainda mais (toxico)dependente é estar mais evoluído.
Pelo que, bem vistas as coisas, o upgrade só não é um downgrade porque o nada não tem degraus. Impossível determinar escalas na nulidade. O que disto tudo resulta, deixo ao critério e à inteligência (ou penúria dela) do leitor.

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