O livro intitula-se "The Jewish Century", é da autoria de Yuri Slezkine e foi premiado com o National Jewish Book Award, pelo Jewish Book Council.
Eu já o tinha notado aqui. No entanto, por peripécias várias, só agora entrei em posse dele e acabei de lê-lo. Segue-se uma segunda leitura, mais pausada (manias que eu cá tenho: os livros são como as mulheres, convém degustá-los repetidas vezes), mas posso já adiantar, sem margem de grande erro, um juízo: é dos melhores livros de História que tenho lido nos últimos dez anos. Façam um favor a vós próprios: leiam-no. Entre tanto lixo que diariamente se publica, de vez em quanto lá surge um pérola.
Por outro lado, é uma obra insuspeita, a quem dificilmente os raivosos querubineiros do costume poderão assacar o seu labéu manhoso do "anti-semitismo". A clareza, a lucidez e a imparcialidade da obra chegam a ser um bálsamo para a alma de quem aprecia esses requintes tão raros nos dias que correm. Não estamos, de todo, diante de mais um balde de farelos de sórdida propaganda. Por isso mesmo, servirá -"The Jewinsh Century" - como manancial para uma viagem que aqui agora principia e que, na medida das minhas parcas possibilidades de tempo e talento, iremos encetar pelo "Século judeu" - que é como quem diz, o "Século Vinte".
Dito isto, caros leitores, segurem-se, coloquem os cintos, que aqui vamos nós...«Sombart's book "the Jews and Modern capitalism" was a response to Max Weber, and most of his argument was intirely -if imperfectly - weberian. Capitalism is inconceivable without the Protestant ethic; judaism is much more Protestant (older, tougher, and purer) than Protestantism; Judaism is the progenitor of Capitalism. "The whole religios system is in reality nothing but a contract between Jehovah and his chosen people, a contract with all its consequences anda all its duties". Every Jew as an account in heaven, anda every Jew's purpose in life is to balance it by following written rules. To follow the rules, one has to know them; hence "the very study itself is made a means of rendering life holy". Relentless study and obedience impel one "to think about one's actions and to accomplish them in harmony with the dictates of reason". Ultimatly, religion as law aims "at the subjugation of the merely animal instincts i n man, at the bridling of his desires and inclinations and at the replacing of impulses by thoughful action; in short, at the "ethical tempering of man". The result is wordly ascetism rewarded by earthly possessions, or Puritanism without pork.»
- Yuri Slezkine, "The Jewish Century" (pp.54)
Assim de relance, e só para terminar o aperitivo, isto lembra-me a definição Freudiana de religião como "neurose obsessiva". Na realidade, o Sigmundo estava decerto a pensar - e, inerentemente, a utilizar como material de laboratório - na religião que mais intimamente conhecia: a judaica. Tal qual quando fantasiou todo aquele labirinto de taras com um Inconsciente-Minotauro lá ao fundo, outra coisa não ensaiava senão confundir consigo próprio todos os outros e, por projecção e amálgama procustiana, o "Homem" enquanto espécie.
Ora, nesses estritos limites, do judaísmo e do indivíduo Freud, a psicanálise não faz apenas imenso sentido: esgota-o todo aí. Aliás, reforçado por esta inquietante sensação de os doidos de vária ordem -psicopatas, esquizofrénicos e paranóicos -, terem tomado de assalto o cockpit e de, em tão alucinante nave tripulada por um tal escol, vagarmos num planeta cada vez menos distinto do manicómio. De resto, bem à imagem da profecia de Shakespeare: cegos guiados por loucos.
Como é que se sai dum pesadelo destes? Comecemos primeiro por tentar perceber como é que se para lá entrou.
- Yuri Slezkine, "The Jewish Century" (pp.54)
Assim de relance, e só para terminar o aperitivo, isto lembra-me a definição Freudiana de religião como "neurose obsessiva". Na realidade, o Sigmundo estava decerto a pensar - e, inerentemente, a utilizar como material de laboratório - na religião que mais intimamente conhecia: a judaica. Tal qual quando fantasiou todo aquele labirinto de taras com um Inconsciente-Minotauro lá ao fundo, outra coisa não ensaiava senão confundir consigo próprio todos os outros e, por projecção e amálgama procustiana, o "Homem" enquanto espécie.
Ora, nesses estritos limites, do judaísmo e do indivíduo Freud, a psicanálise não faz apenas imenso sentido: esgota-o todo aí. Aliás, reforçado por esta inquietante sensação de os doidos de vária ordem -psicopatas, esquizofrénicos e paranóicos -, terem tomado de assalto o cockpit e de, em tão alucinante nave tripulada por um tal escol, vagarmos num planeta cada vez menos distinto do manicómio. De resto, bem à imagem da profecia de Shakespeare: cegos guiados por loucos.
Como é que se sai dum pesadelo destes? Comecemos primeiro por tentar perceber como é que se para lá entrou.
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