Graças ao generoso contributo dos leitores amplamente peritos em tão inefável e escorregadio assunto, vamos descobrindo, a passos largos, entre arrebatados e embevecidos, o carácter puramente angélico da Ciência. Brevemente, começaremos a mais importante discussão de todas, aquela que vale mesmo a pena: o sexo da Ciência.
Mais?!
ResponderEliminarDass, são humanos os gajos ó Dragão! Também cagam todos os dias. Anjinhos só no paraíso e mesmo assim há par aí um que é vermelho.
Deverá dirigir-se ao Leandro Ribeiro e apresentar-lhe esses veementes protestos. É ele o pai da criança. Eu só a expus na incabadoura.
ResponderEliminarDragão,
ResponderEliminarUma titulação permite-me descobrir a concentração correcta de um determinado soluto numa determinada solução. Posso utilizar uma titulação para me ajudar a decidir quantos mililitros de uma solução de hidróxido de sódio vou utilizar para fazer um sabonete. Também posso utilizar uma titulação para me ajudar a decidir quantos mililitros de outra solução de haxacianoferrato de potássio vou adicionar à sopa para matar a minha mulher.
Diz-me: a titulação é uma menina boa ou uma menina má?
Leandro,
ResponderEliminareu por acaso estava mais interessado no DIY da nitroglicerina. Não se arranja?
Quanto à titulação, claro que é angélica. É um conhecimento absolutamente puro que nos é transmitido por um anjo ou enxame deles, mas que depois é, diabolica ou candidamente, usado pelos homens maus ou bons.
Mas isso é tudo muito complexo. Mesmo no caso do sabonete, pode vir até, depois, um poeta psicopata e tornar-se no serial-killer do sabonete - um tipo sinistro que assassina por asfixia as suas vítimas, enfiando-lhes sabonetes até à laringe, ao mesmo tempo que elabora sonetos macabros que, apenas por um triz, não lhe granjeiam o Nobel. Isso também atesta, presumo, da pureza da poesia.
Ora, aí estamos em desacordo: a poesia não é, de modo algum, pura.
ResponderEliminarRepara: enquanto a titulação não pode, sozinha, inspirar ruis ou amáveis gestos, a poesia, principalmente a da boa, pode inspirar nos homens vis ou cândidos pensamentos. Não deve ser tomada de ânimo leve, a poesia, e defendo até que se tranque num cofre com chave.
O cofre, por sua vez, também não é puro. Sabendo tu bem como é a criatura humana, bem podes prever do que se vai lembrar qualquer homem quando olha um cofre: em fechar lá dentro a Monica Bellucci, para a soltar apenas quando estar acordar em praticar com o raptor o acto do coito.
É preciso é ter cuidado durante o coito, não vá acontecer que haja por ali um sabonete e uma pessoa escorrega.
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Claro que a ciência acontece sozinha. Pura espontaneidade. Não existe nenhuma motivação, interesse ou intencionalidade prévia. É sempre posterior. Pois, pois...
ResponderEliminarPois, mas as criaturas que equacionaram o problema moral aqui aflorado, foram precisamente os...religiosos. Em forma de mito ou de ícone ou ainda de ideia.
ResponderEliminar"Não matarás!"
Quem disse em primeiro lugar, tornando-o mandamento? Com que intenção?
Quem teorizou depois sobre o livre-arbítrio?
Afinal, quem civilizou o selvagem, impondo-lhe a proibição de matar ou comer o próximo?
E a eugenia ariana, praticada por Josef Mengele?
De onde vem a ideia de purificação da raça? Da Ciência. Para quê?
E sobre a poesia má, quem é que se lembrou em primeiro lugar de poupar os Homens aos seus efeitos?
Terá sido a Igreja, sem dúvida.
Mas...será que assim eliminou a produção de poesia má, ou só a tornou clandestina?
Qual a fonte da poesia má?
Quem descobriu e aplicou os efeitos biológicos de determinados compostos químicos, dispensados em massa sobre outras pessoas?
Enfim:
Quem é que põe limites aos angélicos das ciências, neutros como os suíços?
A Moral! Conceito estranho, este.
Filosófico. Religioso.
Dragão,
ResponderEliminarFica portanto - e concordo em absoluto - atestada a natureza angélica da ciência, da santa ciência, e, por outro lado, a natureza potencialmente vil do cientista.
Já a filosofia tem direito a duplo atestado: é angélica a filosofia em si e os que a praticam! Não que sejam mais santos que os outros, estes praticantes, mas porque os volumes de sapiência que imortalizam em papel são tão boas descrições dos mecanismos da natureza que não há o perigo de darem à luz uma bomba de hidrogénio ou um peidinho engarrafado.
Mas como tu bem apontaste, tudo isto é muito complexo. Imagina lá o cenário de um outro assassino, mas desta toma um tal que enfia páginas das Obras Completas de Nietzsche (Vol. II) pelos olhos das vítimas até que lhes saia papel pela boca! Isto tem, aliás, um profundo simbolismo: o assassino obriga a vítima a ver a verdade até que esta lhe saia pelos lábios como se fosse sua.
E depois de tudo isto já estou até a imaginar: o assassino das Obras Completas de Nietzsche (Vol. II) e o assassino do sabonete assumem-se rivais e embarcam numa nau de violenta competição. O mundo aguarda: qual dos dois tombará mais corpos?
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Leandro,
ResponderEliminaressa agora foi patética e estapafúrdia. A filosofia não se assume como pura, nem casta, nem santa e, então, ir buscar um exemplo como o Nietzsche, pior um pouco. Maior arauto da impureza da senhora e de todas as madames não se conhece.
Mas há uma coisa que a filosofia já mandou para o lixo -o mesmo lixo onde estes propagandeiros da santa ciência se locupletam, municiam e banqueteiam - há muito tempo: a razão pura.
É confrangedor o nível de delírio metafísico em que nefelibancam.
Dragão,
ResponderEliminar«A filosofia não se assume»
Ignorava que a filosofia era uma entidade per se, com capacidade de assumir seja o que for, mas já me convenceste que a ciência o é, pelo que me atrevo a dizer que me assumo influenciável neste ponto.
«e, então, ir buscar um exemplo como o Nietzsche, pior um pouco.»
[suspiro]
Era o que estava mais à mão. Ia ser Platão, mas apercebi-me que tenho o Diálogos III emprestado.
[/suspiro]
«Mas há uma coisa que a filosofia já mandou para o lixo (...) há muito tempo: a razão pura.»
Exacto, daí que os volumes de sapiência que imortalizam em papel são tão boas descrições dos mecanismos da natureza que não há o perigo de darem à luz uma bomba de hidrogénio ou um peidinho engarrafado.
Tens de decidir o que defendes, pá: ou nós, como humanidade, devemos procurar conhecer o melhor possível os mecanismos naturais - e aí a ciência só surge como método para o fazer -, com todas as consequências negativas que daí possam advir, ou consideramos que, exactamente por causa dessas consequências, nem sequer o devemos tentar.
Neste último cenário, admito, devemos limitar a nossa busca de conhecimento à filosofia, sociologia e - porque não - à religião.
«essa agora foi patética e estapafúrdia»
Aparentemente não foi o suficiente, visto que fui levado a sério.
Explico: não achei que tivesses real interesse em discutir - seriamente - os assuntos em questão neste blog, pelo que me limitei a escrever uma treta idiota qualquer que desse para que tu pudesses continuar com outra treta idiota qualquer. Era um convite: queres escrever as aventuras do assassino do sabonete e do assassino da [inserir obra filosófica aleatória aqui] comigo?
[leandro bate palminhas enquanto endossa o convite literário!]
«pelo que me limitei a escrever uma treta idiota qualquer»
ResponderEliminarDe facto, Leandro. Mas deixa lá, ao menos és um escritor idiota sincero.
«Mas deixa lá, ao menos és um escritor idiota sincero.»
ResponderEliminarTão evasivo :')
Pelo contrário: sintético.
ResponderEliminar:')
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