Acaba de me ligar o Repórter Flash Berto (nome artístico do Engenheiro-Arquitecto-Diácono & Webmonstro Ildefonso Caguinchas nas suas noveis atribuições, Deus nos proteja). Surgiu um contratempo durante o percurso que eventualmente atrasará a reportagem tão ansiosamente aguardada. Comunicou que se sentiu subitamente indisposto do testículo esquerdo. Teve que encostar, de emergência, à berma e aguardar que a crise passasse. Felizmente, não foi preciso chamar o INEM, porque uma jovem profissional de enfermagem e cuidados "inofensivos" (sic) que aguardava autocarro nas imediações prontificou-se a socorrê-lo por uma módica quantia. Estava mesmo, cheia de brio profissional e fervor deontológico, a fazer-lhe uma respiração boca à... bem, boca à glande ou à gaita, como lhe prefiram chamar, por alturas do contacto telefónico. E via-se que o tratamento porejava rigor e competência, pois ele arfava e mal conseguia articular discurso compreensível (mais ainda do que é normal). Do que consegui decifrar da algaraviada resfolegante, realço a seguinte lamúria recorrente: "Valeu-me este anjo, ó Dragão, valeu-me esta santa e benamérica cricatura!...Nem sei o que seria de mim, neste descampado com uma crise destas, se não fosse ela!..."
De modo a desancalhá-lo daqueles baixios inopinados, e porque o conheço bem, limitei-me a recomendar-lhe, em tom caridoso e inquietante:-"Veja lá, ó Repórter Flash Berto... Veja lá se a enfermeira, por acaso, não é daquelas epilépticas com boca de guilhotina!... "
O terror ainda é o melhor estimulante e desentupidor de vias que se conhece.
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