quarta-feira, novembro 07, 2007

Setenta vezes sete




Começo com uma breve fábula ilustrativa.

Estava um conceituado judeu, devidamente abrigado, deveras pensativo e atarefado de roda duma folha de cálculos. Chega um gentio seu amigo, visivelmente tomado de grande aflição, e brada-lhe:
-"Estão-te ali a chacinar a família, Jacob! Acode-lhes! Vai depressa, homem!..."
Responde o bom hebreu, sem dar sinal de qualquer perturbação:
-"Não me interrompas. Não vês que estou a trabalhar?..."
Estupefacto, o outro redobra no apelo:
-"Mas então massacram-te a família, fuzilam-te os amigos, e tu não fazes nada? Que vejo eu, continuas como se nada fosse?! Nem mexes uma palha para os ajudar!... Mas que raio de homem és tu?!..."
-"Então - retruca, enfadado, o eleito - se eu agora lá fosse só conseguia era ser massacrado também. Do mal o menos: haja alguém que sobreviva. Se por coincidência esse alguém sou eu, só posso dar graças a Iavhé."
-"Mas que interesse podes ter tu em viver a um tal custo? Que sentido te resta na vida, rodeado de campas e fantasmas?..."
-" Sobrevivo para relembrar, para fazer o registo! É imperativo. Cultivamo-lo desde a noite dos tempos."
-"Ah, parece-me que, finalmente, entendo: assentas datas e números para mais tarde pedir justiça, não é isso?!"
-"Justiça é um conceito muito volúvel e abstracto, meu caro. Digamos antes que se cumprem desígnios do Senhor Deus de Israel: a eles compete-lhes serem massacrados; a mim compete-me calcular e cobrar as indemnizações. Por eles eu já não posso fazer nada, mas eles ainda podem fazer muito por mim.
E como o gentio pasmasse, o hebreu colmatou, sibilino:
-"Então, porque te assombras? São as Termópilas à nossa maneira: uns sacrificam-se em holocausto para que outros lucrem e floresçam."


Moral da história: "Matei um homem porque me feriu e um rapaz porque me pisou. Se Caim foi pago sete vezes, Lamec sê-lo-á setenta vezes sete." (Génesis, 4, 23-24) Ou, em português mais lhano e chão: "Cá se fazem cá se pagam". E neste caso, naturalmente, com juros.

30 comentários:

  1. «a eles compete-lhes serem massacrados; a mim compete-me calcular e cobrar as indemnizações. Por eles eu já não posso fazer nada, mas eles ainda podem fazer muito por mim.»

    Que maravilha, Dragão. Só tu para arrumares estas hipocrisias no lugar certo.

    ahahaha

    Estava à espera deste postinho. O resto é palha, ninguém chega a esta ironia.

    ResponderEliminar
  2. Pronto.A Zazie veio-se.

    ResponderEliminar
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  4. e o jacó, bolçou a semente de girassol ou peidou-a?

    ResponderEliminar
  5. No outro dia, li um postalzito de Pedro Arroja, sobre uma coisa pequena, relacionada com o facto de os judeus, por tradição, estarem afeitos a determinadas condutas. A coisa até se copia,porque o postal é pequeno e sem dano de maior:

    "No post existe uma luta, o comentador tric lembra a situação que se vive em Espanha de tensão entre o Estado e a Igreja. O Estado laico tem vindo a afastar a Igreja da vida pública. A Igreja reagiu canonizando, no domingo passado, 498 mortos da Guerra Civil.
    Porém, um dos aspectos mais salientes desta luta é a intromissão dos judeus. Sempre prontos a encontrar uma brecha por onde possam entrar e dividir, os líderes judeus de toda a Europa - no mesma semana da canonização dos mortos pela Santa Sé - reuniram-se em Madrid para lembrarem os mortos da Inquisição espanhola e, segundo eles, celebrarem o reavivar da vida judaica em Espanha (vivem em Espanha 15 mil judeus).

    Esta iniciativa da comunidade judaica merece dois reparos. Primeiro, entre os grandes advogados da laicidade do Estado no Ocidente estão frequentemente intelectuais judeus, e compreendem-se as razões. Porém, o sucesso que eles tiveram em fazer triunfar as suas teses em vários Estados cristãos, não conseguiram tê-lo em fazê-las triunfar no seu próprio Estado. O Estado de Israel é o mais confessional e discriminatórios de todos os Estados de inspiração judaico-cristã.
    Segundo, foi na Península Ibérica que os judeus foram melhor acolhidos e tratados ao longo de toda a sua longa história, por entre os múltiplos povos e lugares em que viveram. É claro que, mesmo aqui, acabaram por dar motivos para serem expulsos, primeiro de Espanha (1492), e depois de Portugal (1521). Mas isso foi o que eles fizeram em todos os países que os receberam durante a sua história de milénios. E que voltam agora a fazer em Espanha, mais de cinco séculos depois. Está-lhes literalmente na massa do sangue."

    Pois bem. Este texto, originou um solene rasgar de vestes de um tal Viegas, que escreve por vezes sobre comidas em lugares exóticos e foi logo acolitado pelo pequeno avô cantigas que veio, pressuroso, militar mais uma vez a causa ateísta contra os cristãos- que nunca contra os decendentes de Jacob.

    O que me espantou foi a violência do ataque ao Arroja. Houvesse covas de leões e o pobre Arroja ficaria bem pior que o Daniel que lá esteve.

    ResponderEliminar
  6. A mim não me espantou a violência do ataque, ainda que não concorde com o post dele, como aliás o manifestei lá.

    Essa violência, vinda de jacobinos ou de rábulas de Viegas tomadas de empréstimo ao politicamente correcto (o "eles" como disriminação do "Outro, coisa básica e pre-homo-sapiens) está aí para dar cartas.

    Mas falta-lhes serem consequentes- deviam converter-se em massa.

    Enquanto o não fizerem só podem ser alvo de chacota e tratados como falsos ateus, portugueses de empréstimo, renegados das suas origens, bodes à boleia da bolsa.

    E unem-se sempre: endemoninhados, jacobinos, hayequitos; frankenstoinos científicos; comunas; politicamente correctos e tolerantes como a Côncia que diz que não tolera racismos.

    Esquecendo-se das mais malévolas rábulas em que é useira, quando se trata de católicos

    ResponderEliminar
  7. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  8. Merecem-me mil vezes mais desprezo que todos os pencudos da vitimização juntos. São os "filhos de um bode menor".

    ResponderEliminar
  9. Isso foi onde? Gramo à brava o insólito. Um judeu-novo a rasgar as vestes é sempre um espectáculo imperdível.
    O link disso! O meu reino por esse link!...

    :O))

    ResponderEliminar
  10. ehehe~

    Eu sabia que tu ias gramar .Até estive para te deixar como presentinho de regresso a casa.

    Espera aí que já te dou o link. Vais matar-te a rir com a rábula do nosso Tim que também foi lá para o desagravo.

    Já tive ataques de riso na rua ao lembrar-me da cena.

    ResponderEliminar
  11. http://origemdasespecies.blogspot.com/2007/11/obrigado-por-cada-linha.html

    O resto foi tamanho circo que até basta escrever: "Pedro Arroja anti-semitismo" no Google que saltam as dezenas de indignados

    ":O))))
    Mas o patusco das espécies precisou que estivesses por cá para gozar com aquilo.

    Quem se lembra da outra rábula das velinhas quando os descamisados esquerdalhos foram para lá mandar vir à conta do "nós vamos". E ele correu com eles a pontapé, porque nós somos nós e ponto final.

    E tinha razão. Só que agora, pegou no "eles" para negar o mesmo "nós" e acha que dizer-se eles, os judeus é o mesmo que chamar paneleiro ou preto a alguém.

    ahahaha

    E toda essas avantesmas toinas da blogosfera abanaram a cabeça a dizer que sim.

    ResponderEliminar
  12. Isto agora é assim, quando se falar em rabinos está-se a fazer pior que meter a paneleiragem, a pretalhada e os brasileiros no mesmo saco- esá-se a separá-los disso como a escala mais baixa da indigência de raça ou tara.

    Tudo para os discriminalizar e dar direito a 2º holocausto só para eles.

    ResponderEliminar
  13. ó dragão de merda

    só consegues ler duas linhas e cansas-te logo?

    continua lá a ler a Bíblia,

    depois do Génesis 4, 23 e 24 vem o 25 que diz, passo a citar (Génesis, 4, 25):

    "Mais tarde Eva teve outro filho a quem chamou Sete. Sete foi pai de Enos. E foi a partir de então, durante a vida deste, que se começou a invocar Deus como Senhor ."

    Lê bem (e escreve uma dúzia de vezes):

    "E foi a partir de então, durante a vida deste, que se começou a invocar Deus como Senhor."

    Tu ainda estás na época das bestas (ou não fizesses honra ao nome): a época em que ainda não se invocava Deus como Senhor. E por isso escreves o que escreves.

    ResponderEliminar
  14. Apenas 3 coisas são eternas:

    Os diamantes
    Os judeus
    A sua vingança

    ResponderEliminar
  15. Em contrapartida, tu, glutão das hóstias, lês as linhas todas incansavelmente e nem duas percebes.

    E que o Set foi pai do Enos já toda a gente sabe. Só ninguém sabe quem foi a mãe.

    Quanto ao "Sete" de que falas, é confusão tua, ó tonsurado mental: esse foi pai, não do Enos, mas do "Oito", que, por sua vez, engendrou o "nove", pai, por seu turno, do "Dez". Tudo isso de punheta. E assim nasceu a Cabala (ou "chabala", como usa dizer o Engenheiro Ildefonso Caguinchas).

    ResponderEliminar
  16. Ó Tim, eu sei pouco da Bíblia mas o Antigo Testamento é histórico e tem outros exemplos bem posteriores ao Génesis.
    Estou-me a lembrar dos espiões à Terra Prometida e daquela exclusão de uma tribo no deserto; ou das àguas da discórdia.

    ResponderEliminar
  17. E assim nasceu a Cabala (ou "chabala", como usa dizer o Engenheiro Ildefonso Caguinchas)

    ahhahahaha

    ResponderEliminar
  18. o Sete foi pai do Oito

    ":O))))

    ResponderEliminar
  19. Arroja(do) mas verdadeiro.
    É preciso lidar com gente dessa para ver como são, doutra forma parecem sempre injustas e racistas as alegações que deles se fazem.

    Experiência própria! Batem quase sempre todos os outros na ausência de carácter. É mesmo "genético".

    Quanto ao viegas, tem de agradar aos donos, senão não lhe vendem os pedaços de merda escrita que são os seus "livros".

    ResponderEliminar
  20. O post continha erros e por isso até apaguei outro que tinha feito, dedicado ao Tim.

    De qualquer forma, nenhum dos erros justificava aquela berraria e rasgar de vestes tão hipócrita.

    Os erros até deturpavam as coisas. A expulsão dos judeus em 1496 deveu-se a uma imposição diplomática por causa do casamento do D, Manuel; já não existiam judiarias quando houve o massacre de 1506; durante os 300 anos que por cá permaneceram, nas judiarias com lei autónoma, não há registo de problemas.

    Em relação à historieta dos rabinos e das beatificações a granel, também não encontrei motivo para nada.

    São livres de fazer conferências, e estudos de legados históricos, é mesmo o mais sensato e interessante que se pode fazer.

    Se quiserem aproveitar em Outubro para doutrinar os seus com a Inquisição, também é lá com eles.
    .....
    Fora isto o que estes anormais precisam de esclarecer é que história é essa dos racismos e anti-coisos do ódio às batatas fritas.

    Porque se é por telepatia do que vai na alma e denúncia de crime de ódio, como se defende e não por actos concretos, então são eles que estão a ressuscitar o espírito inquisidor.

    ResponderEliminar
  21. A propósito da paternidade de setes oitos e noves:

    Why is nine affraid of seven?
    Because seven eight nine...

    ResponderEliminar
  22. À altura, contribuí com isto:

    http://cafepuroarabica.blogspot.com/2007/11/judeus-mas-quais-judeus.html

    já que o tema tem sido tão recorrente, falemos de judeus. Só que nunca vi nenhum.

    ResponderEliminar
  23. É verdade, também penso que por cá só mesmo quem conhece judeus em privado é que sabe o que isso é.

    Eu conheço por essa via. Mas nunca vi por lá nenhum marrano, como o das Espécies.

    ResponderEliminar
  24. É.Estive a contar.A Zazie veio-se 5 vezes.Claro que isto faz ciúmes.

    ResponderEliminar
  25. É.Estive a contar.A Zazie veio-se 5 vezes.Claro que isto faz ciúmes.

    ResponderEliminar
  26. Um papagaio gago. O dedinho nervoso lembra alguém.

    ResponderEliminar
  27. Para polir o nível intelectual desta marrana discussão, tenho apenas a proclamar que sete vezes setenta é quatrocentos e noventa.

    Já o Sete ser pai do Oito é uma grande parvoeira pois como toda a gente sabe os números surgem por geração espontânea e, ainda que escabrosamente, obscenamente, militem, com uma dedicação quase ascética diriam alguns, na sublime arte da putaria, são mais estéreis que um monte de cinzas vasectomizado.

    ResponderEliminar

Tire senha e aguarde. Os comentários estarão abertos em horário aleatório.