quinta-feira, junho 14, 2007

Os Anjos do Sexo

O João Gonçalves - a quem aproveito para rogar que não me inunde o tasco com excursões de turistas linkobúlicos - define-o como o "pitbull da esquerda portuguesa". Permito-me discordar em toda a linha. Até porque o próprio, numa ostentação ufana da sua delicada raça, se exibe numa estirpe que de "pitbull" não tem nada. Pelo contrário, todo ele é "poodle", todo ele é colo e canicure em barda; pedigree pal e foie gras, pelo menos, cinco vezes ao dia. Em suma, aquilo a que no bom idioma transmontano se chama um "lambe-cricas" . Coisinha mais vacinada e desinfectada não deve haver.
Bem, mas é claro que tudo isto depende da perspectiva, do ponto de observação. A mim parece-me um "poodle". O seu béu-béu recoquete, o pêlo (das ideias) lustroso e bem tosquiado, a coleirinha colorida, a trela moderna, as patinhas bem tratadas e mimosas, a dentuça hiperactiva apesar de atrofiada, enfim, toda essa panóplia de trim-tim-tim passear na rua, de roda das saias da Madame Cleptocracia à babugem da gamela da Sopeira Situação, nunca me enganou. Mas à generalidade da "direita portuguesa", admito, poderá parecer um "pitbull". Eventualmente, um rothweiller. Àquilo a que eu, num momento de singular inspiração, cataloguei de "direita colibri", aí, Deus os acuda, certamente há-de até figurar um lobo mau ferossíssimo, senão mesmo um demónio da Tasmânia raivoso.
Isto, note-se, quanto ao sujeito. Porque quanto ao nome predicativo do mesmo (na gramática antiga), a discordância beirabisma a frontal refutação. É que se o conceito "esquerda portuguesa" já é um perfeito oximoro na generalidade da dita, no caso do "poodle" em análise, então, o oximoro devém - para lá de paradoxo - patadoxo, taradoxo e taralhadoxo, só para citar a coifa mais visível. Chamar português a um "poodle" destes deve constituir mesmo um dos piores, senão o pior, dos vitupérios com que se lhe pode assestar. Português, por Santa Barbie e São Judas Lacoste - uma rafeirice de gente desta?! Cães sem papá nem mamã a escorarem-lhes o trote e o defecanço na via ápia, mais as respectivas luvinhas ecológicas para facilitação, recolha e acondicionamento do artigozinho esforçado, de teor geralmente fofo e aroma invariavelmente fétido. Português é que nunca!...
Por conseguinte, tudo somado e abreviando, nem pitbull, nem português e mesmo de esquerda só na medida em que a amnésia lho permite. Uma amnésia selectiva, naturalmente. A maior parte do tempo, não se lembra. Do que não lhe interessa apenas. Ignora donde veio, ninguém sabe para onde vai. Suspeito que se Pacheco-pereiriza, mas ao ralenti, a passo gastrópode. Lá chegará, na tese; porque na prática nunca de lá saíu. É só aparentemente que flana, em trânsito, piriquitando entre lounges. O profeta Moisés Marx, de tábua de passar a ferro civilizações em riste, enformara a esquerda, ao contrário do idealismo, como uma praxis. Mas ele, caniche intrépido, já vai nos antípodas de Marx: esquerda doravante é só tese, só pose, halo e halitose, prosápia para engazupar papalvos. Agora Marx é poste de iluminação contra o qual erguer a pata e verter mágoas. Esquerda, de poodle, no seu momento mais intenso e glorioso, é estar catrafilado, co'a língua de fora, na perninha do urbano incauto a dar pinocadas fantásticas, babosas, imaginando uma ménage à trois entre ele próprio, a cadela Laica e o molosso Mercado. E é certamente no exercício de tão mirabolante e obsessivo frenesim que lhe ocorrem, não duvidem, grande parte dos fornicoques e floriloops para espantar basbacantes com que armadilha os passeios. Querem um exemplo sublime?
Podia quase citar por busca aleatória, mas contento-me com este eloquente postal, albardado com esta estupenda frase:
Evidentemente, está a usar de um eufemismo óbvio: Litro por cu. Toda a gente sabe que é assim que os poodles garanhantes, ainda mais metidos a libertoinos, alcançam o nirvana: a dá-lo. Ou a cheirá-lo. Ou ambas as coisas. Sem tabus. Alternativamente. Ou seja, com toda a reciprocidade.
E soletrem bem: dá-lo... chei-rá-lo... Estão a ver? É daí que lhes vem o halo.

8 comentários:

  1. ahahahah!

    o halo ... e o hálito.

    Excelente !

    Eu embirro particularmente com este grande filhinho de uma grande puta deste DO. Penso que ele merece mais do que um simples dó...
    no mínimo um "post" do nosso benemérito Dragão. No mínimo...

    Bem haja!!

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  2. ahahahahahahaha

    Por S. Judas Lacoste, com uma destas é que ele nunca tinha levado

    ":O)))

    Mas aposto que nem a uma mijinha se atreve a deixar aqui.

    Os gajos têm-te respeito

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  3. Um texto accessit, que se aproxima da verdade ontológica da natureza humana de certos seres.

    Que, aliás, merecem simpatia, por causa disso mesmo. Pena, será mais adequado.Bom, vá lá...caridade.

    Sim. Caridade cristã é o sentimento perfeito.

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  4. Texto certeiro e oportuno. Para ver se a criatura vá ganhando algumas características menos canídeas. Como, por exemplo, a vergonha.

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  5. Um gajo mais liberal tem que dar o litro, é convenhamos, sei lá, um status?

    imagine-se eu, viciado em scat-porn, as travessuras que não tenho que fazer...

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  6. Também andas a fazer ultrapassagens pelo lado direito da pia baptimal?

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  7. O Dragão como não se identifica como sendo de direita nem de esquerda pode-se dar ao luxo de cascar em todos. Posição mais confortável não há. Mas, caro dragão, não se esqueça que estes também tem por hábito apanhar no cu.

    Chari Chari

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  8. Está genial !

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