quarta-feira, junho 13, 2007

Carne para Frankenstein


Vá lá, seja filantrópico: já doou sangue? Doe também o seu cadáver. E à hora da morte, já sabe, entregue a alma a Deus e o corpo à ciência. Se bem que, entre torturado pelos cornúpetos infernais ou dissecado pelos estudantes de medicina, quer dizer, entre as profundezas e as (nov)altezas, venha o diabo e escolha.

Mas não termina aqui. Falta a melhor parte:
O que nos permite compreender, entre outras coisas, a formosa gesta dos psicopatas particularmente carniceiros, ou dos verdugos profissionais de todas as épocas. Na verdade, a nada mais aspiram do que a humanizarem-se. E com tal fervor, com tanta sofreguidão, que nem esperam que o paciente morra.
Aliás, não deve ser por acaso que durante séculos se constituíram como principais abastecedores - imaginem de quem, isso mesmo: dos estudantes de medicina.
Pois é, iam directos, os presuntos, do patíbulo para a sala de anatomia. Agora vão ter que comprá-los à China. É a globalização.


PS: Quanto àquela parte em que o Barbosa crocita que «em todo o processo inerente ao uso de corpos para estudo ou investigação, os médicos, cientistas e estudantes de medicina têm a máxima consideração pela dignidade pessoal e social do falecido e dos seus familiares», sinceramente, o melhor é eu nem comentar isto. Com todo a respeito e máxima consideração pelo Barbosa, era abrir-lhe o crânio com uma serra eléctrica e enfiar lá dentro dois pingos de bom senso. De outra maneira, está mais que visto, não é possível.

4 comentários:

  1. E que tal se o Barbosa desse o exemplo oferecendo o seu e os da sua família?

    O melhor é irem compra-los à china, pelo menos aí a concorrência desleal não nos será prejudicial, antes pelo contrário, humanizará os nossos "excelentes" futuros médicos.

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  2. Aproveito para te dizer que graças ao teu livro abri uma clareira no Metro, ontem, ao soltar um gargalhar licantrópico de tal magnitude que o panteão nórdico corou e meteu os tomates de lado :D

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  3. Vê lá se ainda te prendem por terrorismo!... :O)

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  4. Da próxima vez que fores tratado no médico por um tipo que nunca trabalhou com cadaveres - depois nao te queixes se saires de lá pior do que tinhas entrado. A funçao é essa: aprenderem nos mortos para nao estarem a aprender (e a errar, errar, errar) nos vivos.

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