sexta-feira, abril 21, 2006

Subsídios da literatura a uma crítica literária

Aproveito esta magnífica digressão sobre o tema, para me consorciar através duns humildes subsídios aforismáticos. Uma breve retrospectiva dos críticos vistos pelo monóculo dos literatos. Para desanuviar de outras miragens mais polémicas.

«Mata-o, o cão! É um crítico.»
- Goethe

«Os críticos saqueiam muitas vezes as vítimas que esfaqueiam. Prestai atenção para ver se pouco depois não aparecem cobertos das vestes e das jóias de mediocridade que eles executaram publicamente.»
- Joaquim Nabuco

«Em alguns casos, aceitar a profíssão de crítico é apenas uma forma amargurada de renúncia.»
- Albert Guinon

«A mediocridade é mais perigosa num crítico do que num escritor.»
- Eugene Ionesco

«Um crítico literário é em geral alguém que ladra à porta do circo do editor.»
- Austin O'Malley

«O símbolo dos críticos devia ser o besouro: ele deposita os ovos no esterco de qualquer outro, doutro modo não os podia chocar.»
- Mark Twain

«Até há bem pouco tempo eu estava convicto de uma coisa: que a crítica literária requeria, no mínimo, literatura para criticar.»
- Dragão


É verdade que tenho péssima impressão dos críticos literários. Felizmente, o J.P.George não é desses. Se não estou em erro, é aquele faquir das letras que conseguiu ler toda a Margarida Rebelo Pinto de enfiada e, não esgotado com tamanha penitência, ainda foi capaz de criticá-la. Em suma: coroou o impensável com o impossível.
Haverá limites às faculdades sobrehumanas deste verdadeiro monge de Shaolin da sintaxe? Com que inaudita proeza crítica nos irá estupefazer a seguir? - as fotonovelas da revista Maria? A poesia de Quim Barreiros? A Lista Nacional das Páginas Amarelas?...
Ah, que suculenta -porém mortificante - expectativa!...

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