No príncipio do século XVI, o humanista Reuchin surge em defesa da literatura hebraica, contra o projecto dos dominicanos de Colónia que se propunham queimar todos os livros hebreus. Reuchin sustenta que se destruam apenas as obras injuriosas ao Evangelho. Não obstante, a perspectiva que nos transmite da sobranceria religiosa judaica não é lá muito abonatória:
"Todos os dia eles ultrajam, maculam e blasfemam Deus, na pessoa de seu Filho, o verdadeiro Messias Jesus Cristo. Chama-lhe pecador, feiticeiro, enforcado. Chamam haria; fúria, à santa Virgem Maria. Chamam heréticos aos apóstolos e discípulos. E a nós, cristãos, consideram-nos como estúpidos pagãos."
Na mesma época, surge Martinho Lutero. Um verdadeiro meteoro.
«No começo da sua carreira de Reformador, acalenta a esperança de convertê-los. O tratado "Jesus Cristo nasceu judeu", que publica em 1523, está replecto de consideração e de amabilidades em relação aos judeus. Foi o papismo, com as suas idolatrias e escândalos, que se afastou da verdadeira fé. A Igreja, ao confiná-los na usura, ao acusá-los de "utilizar o sangue cristão para eliminar o seu mau odor" e de "não sei que outras baboseiras", impediu-os de viver e de trabalhar connosco. "Se queremos ajudá-los, é a lei do amor cristão que devemos aplicar-lhes, e não a lei papista".» (-Jean Delumeau, "História do Medo no Ocidente")
Ímbuido deste espírito benemérito, a arder num vigor ufano e proselitista, Lutero, como lhe competia, lançou-se na conversão dos incompreendidos judeus. Apenas para descobrir que estes, sem a mínima gratidão, se barricavam contra todos os seus idílios, inexpugnáveis aos seus denodados esforços e imunes à completa hoste das suas veneráveis fantasias. Delapidados vinte anos em árdua e baldada campanha, estala o verniz do Grande Reformador. É já um Lutero frustrado, furibundo, histérico, que, em 1543, publica dois panfletos -"Contra os judeus e suas mentiras" e "Shem Hamephoras". Nestes, em vez da piedade, troveja doravante toda uma cólera despeitada e vindicativa. Algumas tiradas mais eloquentes:
"Todos os dia eles ultrajam, maculam e blasfemam Deus, na pessoa de seu Filho, o verdadeiro Messias Jesus Cristo. Chama-lhe pecador, feiticeiro, enforcado. Chamam haria; fúria, à santa Virgem Maria. Chamam heréticos aos apóstolos e discípulos. E a nós, cristãos, consideram-nos como estúpidos pagãos."
Na mesma época, surge Martinho Lutero. Um verdadeiro meteoro.
«No começo da sua carreira de Reformador, acalenta a esperança de convertê-los. O tratado "Jesus Cristo nasceu judeu", que publica em 1523, está replecto de consideração e de amabilidades em relação aos judeus. Foi o papismo, com as suas idolatrias e escândalos, que se afastou da verdadeira fé. A Igreja, ao confiná-los na usura, ao acusá-los de "utilizar o sangue cristão para eliminar o seu mau odor" e de "não sei que outras baboseiras", impediu-os de viver e de trabalhar connosco. "Se queremos ajudá-los, é a lei do amor cristão que devemos aplicar-lhes, e não a lei papista".» (-Jean Delumeau, "História do Medo no Ocidente")
Ímbuido deste espírito benemérito, a arder num vigor ufano e proselitista, Lutero, como lhe competia, lançou-se na conversão dos incompreendidos judeus. Apenas para descobrir que estes, sem a mínima gratidão, se barricavam contra todos os seus idílios, inexpugnáveis aos seus denodados esforços e imunes à completa hoste das suas veneráveis fantasias. Delapidados vinte anos em árdua e baldada campanha, estala o verniz do Grande Reformador. É já um Lutero frustrado, furibundo, histérico, que, em 1543, publica dois panfletos -"Contra os judeus e suas mentiras" e "Shem Hamephoras". Nestes, em vez da piedade, troveja doravante toda uma cólera despeitada e vindicativa. Algumas tiradas mais eloquentes:
- «Cristo não tem inimigos mais venenosos, mais encarniçados, mais amargos que os judeus.»(...)
- «Quando Judas se enforcou, os judeus talvez tenham enviado os seus servos, com pratos de prata e jarros de ouro, para recolher a sua urina com os outros tesouros, e em seguida comeram e beberam essa merda, e desse modo adquiriram olhos tão penetrantes que descobrem nas escrituras glosas que ali não encontraram nem Mateus, nem o próprio Isaísas (...)»
- «Quando Deus e os anjos ouvem peidar um judeu, quantas gargalhadas e quantas cabriolas!(...)»
- «são usurários, parasitas, estrangeiros que nada deveriam possuir (...), mas que se tornaram nossos patrões no nosso próprio país (...)»
- «Observai tudo o que os judeus sofreram desde cerca de mil e quinhentos anos, e bem pior lhes acontecerá no inferno (...)»
- «filhos do diabo (...) feiticeiros (...)»
- «Seria preciso, para fazer desaparecer essa doutrina de blasfémia, atear fogo em todas as suas sinagogas e, se delas restasse alguma coisa após o incêndio, recobri-la de areia e de lama a fim de que não se pudesse mais ver a menor telha e a menor pedra de seus templos (...). Que se proíbam os judeus entre nós e no nosso solo, sob pena de morte, de louvar a Deus, de orar, de ensinar, de cantar. »
Será que Lutero antecipa Goebbels? Então mas não eram a Igreja Católica (a ICAR, dos ciber-imbecis) e a sua diligente Inquisição os maus exclusivos da fita?
Encantado, Hitler, aquando do seu não menos diligente reinado, colocou em circulação milhões de exemplares dos tratados Luteranos, quer o "Contra Judeus e suas Mentiras", quer o "Shem Hamephoras". Serviam de aperitivo ao "Mein Kampf", possivelmente.
Mas nem no recato das "assembleias de Deus" estaremos em segurança?... Os protestantes, vejam lá bem, tão liberais, tão progressistas, tão abertos à indústria e à iniciativa individual... Quem diria.
Vamos chamar-lhe como? - Sacronazismo?...
A Igreja Católica não tem nenhum documento ofical que endosse qualquer tipo de preconceito racial ou anti-semitismo. Entretanto, os protestantes têm Lutero! Calvino não ficou muito atrás dele em matéria de preconceito, que se estendia também aos negros.
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