sábado, janeiro 07, 2006

Fenomenolatria

Por falar em mulheres, é Breton, na sua “Antologia do Humor Negro”, que atribui a Baudelaire uma singular e buriladíssima tara por mulheres-fenómeno –entenda-se, anãs e gigantes. Um anti-procusta por excelência, o poeta das “Flores do Mal” - ou seja, um obsidiado por seres fora do padrão (naquilo, aliás, como em tantas outras coisas).
A este respeito, o Le Gaulois, de 30 de Setembro de 1886, lega-nos um retrato deveras elucidativo: «Passava da anã para a gigante e insultava a Providência por ter recusado a saúde àqueles seres privilegiados. Perdera já algumas gigantes com tísica e duas anãs com gastrite. Suspirava, ao contar isto, caía em silêncio profundo e terminava, dizendo: “Uma destas anãs tinha apenas setenta e dois centímetros de altura. Não se pode ter tudo, cá neste mundo”...»
Pois não. E é uma chatice!...
Também eu, durante anos, rondei mentalmente as tendas dos circos.

10 comentários:

  1. É a chamada atracção pelos semelhantes.

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  2. ahahaha acredita que quando falei das anãzinhas estava a pensar no Baudelaire

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  3. quem não sentir atracções inconfessáveis, que atire a primeira pedra!!!

    morggie

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  4. Calculei isso, ó Zazie. Daí o postal. :O)

    E ainda bem que a minha amiga "anónima" não se zangou comigo. Sugiro apenas que adopte um qualquer pseudónimo, para não se confundir, sobretudo no género, com os anónimos avulsos que por aqui passam.

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  5. é engraçado

    um personagem do Kundera tinha uma mania semelhante

    vou ver se descubro essa passagem para fazer um post

    em momentos de falta de inspiração, é óptimo poder vir aqui buscá-la :)

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  6. Dragãozinho,
    cogito, ergo...

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  7. Durante uns tempos também eu ficava colado ao televisor de cada vez que por lá aparecia a Maria de Belém...

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  8. As obsessões não passam assim tão facilmente...

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  9. E o Dragão é daqueles que tende a obcecar-se com tudo, política, mulheres...

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  10. É curioso que as pessoas se concentrem nas anãs e esqueçam as gigantes. Para ser sincero, é uma especial atracção por estas que, de algum modo, partilho com Baudelaire. Bem como contorcionistas, trapezistas e malabaristas, naqueles trajes reduzidos e cintilantes... Daí, aliás, a minha paixão pelo circo.
    Julguei que tinha ficado claro.

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