terça-feira, novembro 29, 2005

Bananas para Darwin

As concepções do Homem têm variado muito ao longo dos tempos...
Aristóteles, por exemplo, fiel ao seu realismo, em termos lógicos achou por bem considerá-lo (ao homem, claro está) um “bípede sem penas”. Ao que Diógenes, o Cínico, um tipo com raro sentido de humor, depois de se dar ao trabalho de depenar integralmente um frango, foi atirá-lo ao liceu de Aristóteles, em plena classe reunida, acompanhado do seguinte sarcasmo: “Toma, aí tens o teu homem!”
Do Estagirita ficaram-nos ainda outras duas definições marcantes para a posteridade: “O homem é um animal social” e o “homem é um animal racional”. Quanto à primeira, como é óbvio, não parece reunir grande eficácia e provavelmente, à época, Diógenes não terá sabido dela; senão é mais que certo que teria corrido a levar formigas ou, o que seria pior e bem mais traumático, abelhas ou vespas ao mestre de Alexandre. Sobre a segunda, convém um simples reparo: racional, para Aristóteles (e para qualquer filósofo que se preze), não é sinónimo de inteligente. Racional significa apenas capacidade de falar, fazer contas e silogismos não muito complexos.
Veio, entretanto, o Cristianismo, e uma nova concepção de Homem emergiu: A Igreja gastou mil e quinhentos anos em trabalhosas cirurgias plásticas, a tentar fazer dele o filho predilecto de Deus, um anjo (ou demónio, que também é anjo) em potência. Depois, chegou a “Ciência” e, em menos de quatrocentos anos, transformou-o num idiota que anda a chamar pai a um macaco.
Sobre isto, Lichtenberg tem um aforismo digno de Diógenes que, se a memória não me falha, reza assim: “Um livro é como um espelho: se um macaco nele se debruça não pode estar à espera de ver um anjo”. O Cosmos também é uma espécie de livro.
Falta apenas falar da Política. Por regra, anda de braço dado com a “ciência”. É o casal burguês em apoteose. Pela primeira vez, não obstante, aborda e resolve um mistério de séculos: a linhagem materna. Dos pais já tudo sabíamos e fôramos, definitiva e peremptoriamente, esclarecidos; mas faltava a mãe. Nisto, providencialmente, Deus a abençoe, a Política resgatou-nos da ignorância, tanto quanto da angústia inerente a tão penalizante orfandade... O milagre, o prodígio aconteceu por alturas dum episódio indubitável: o macaco foi às putas. E não usou preservativo.
Era ainda uma época pré-científica.

14 comentários:

  1. Eureka! eureka!
    O Dragão descobriu o elo perdido!!!

    Oh! Lucie!...filha da puta e de um macaco!

    Foi dado aqui neste tasco fumegante mais um pequeno passo para o macaco mas um muito, muito grande para a humanidade!
    Bem-haja, Dragão.

    Legionário

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  2. Bom postal, Dragão. O homem moderno acredita piamente que ser racional é descender do macaco! A observação crua do quotidiano torna mais depressa a inversa como proposição correcta. Acho que um homem pode, por descuido, inferiorizar-se ao nível do macaco. Pode transformar-se alegremente num símio — ou por ver demasiado televisão, ou por acreditar nas virtudes do sistema e da «ciência», ou por escrever tratados de sociologia sobre "integração" e "multiculturalismo"; tudo isto lhe pode retirar em lucidez o que decerto acrescenta em agilidade e flexibilidade para saltar de galho em galho — o que também tem as suas vantagens.
    O que eu não creio é que um macaco — por mais polido que seja — alcance nível do Homem. Mesmo que seja um macaco letrado, dos que têm bilhete de eleitor e cartão de descontos do Continente.
    Reconheço, porém, que a uma "humanidade" de macacos é mais fácil impingir essa patranha darwiniana. O homem, quando deixa de crer em Deus, passa a acreditar em qualquer merda.

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  3. Literariamente esta bonito.
    So uma nota: Darwin pode ter dito que o nosso pai e um macaco, mas a ciencia actual com o advento da descoberta do gene argumenta com teste de ADN na mao que na realidade o pai e outro, o macaco e apenas primo.

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  4. "O homem, quando deixa de crer em Deus, passa a acreditar em qualquer merda."

    Pois passa, qualquer mesmo, ate na merda da verdade.

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  5. Mas a verdade e' o ultimo recurso que o homem tenta. Quando tenta. E eis-nos de volta ao Dialogo antiplatonico.

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  6. ahahahahahaha

    quanto ao macaco não sei mas que a que progenitora do político tinha ser puta, disso não tenho a menor dúvida

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  7. Será que cusrta assim tanto descer do 'pedestal'?


    Esta, merece post

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  8. "Mas a verdade e' o ultimo recurso que o homem tenta. Quando tenta."

    Nao acredito nisso nem por um segundo. Primeiro porque nao e licito estereotipar assim o Homem, naturalmente existem valores medios para a humanidade mas o desvio padrao e enorme.
    Segundo porque o facto de alguem nao buscar activamente a verdade nao e prova de que a nao deseje. Trata-se de uma especializacao, uma divisao de tarefas, para obter um optimo de eficiencia global. So porque nao percebo patavina sobre Fisica Teorica nao significa que nao esteja interessado em saber como e quando foi a origem do Universo e dequal e o seu mais pequeno constituinte, simplesmente admito que nao tenho talento para procurar activamente essas verdades, procuro outras.

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  9. Há aqui apenas uma imprecisão: a puta era a macaca porque o DNA da malta assim o diz. Era preta, macaca e puta. Ámen.

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  10. Tens razao, lowlander. Estou de acordo contigo.

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  11. só porque não se percebe patavina de figuras de estilo filosóficas também não se pense que se está à procura da verdade...

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  12. e começo sem perceber se há muita gente ofendida com a macaca ou com a política...

    ":O.

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  13. ainda que fosse capaz de jurar que não há política sem ser macaca mas já o mesmo não se passa com a macaca sem política...

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  14. diria makokas... ou será maCócas?...
    Na Costa do Castelo poderia dizer-se assim:
    - Oh ruiquezas!!!
    - O que tu queres sei eu!
    - Chapéus há muitos!...
    ... ... ...
    Oh Evaristo toma'lá ...
    que amanhã, - Nickles p'a ninguém...

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