segunda-feira, outubro 17, 2005

Nobelice Oblige


Os nossos liberais super-credíveis mai-los respectivos satélites, ou vice-versa, andam para aí com uma grande azia. Por causa do mais recente Nobel da Literatura, cospem.
Ora, dado que não percebiam coisa que se visse de economia, política, filosofia, moral e religião, ciências naturais, ciências físico-químicas, astrofísca, geografia, sociologia, enfim, assim à primeira vista, de nada excepto "inglês", já muito boa gente, algo intrigada, se vinha interrogando sobre a misteriosa área de especialização daqueles verbosos eruditos. Ninguém se atrevia a imaginar sequer que a não tivessem.
Pois agora, finalmente, já se sabe. E não é aquariofilia, astrologia, cartomancia, espiritismo, ágoro-pecuária, moda, nem arranjos florais, como algumas línguas mais viperinas já alvitravam. Não senhor, é literatura. Nem mais: literatura (inglesa, claro está). Diacho!, não fosse eles terem açambarcado toda a inteligência disponível no mercado, teríamos desde logo desconfiado. Até porque todo um lirismo ultrafantasista, - inquilino ora do rococó tardio, ora do paralelipipedismo litográfico -, que, mais que porejava, escorria do seu inesgotável palanfrório, há muito o indiciava. Chiça, que asnos que fomos!...
Só que, vencido este enigma antigo, eis que novas perplexidades nos assaltam. Quando julgávamos que o Nobel atribuído a um anglo-saxónico, - um ariano bom, por conseguinte-, os deixaria eufóricos e clamando vitória, eis que nada disso sucede e, pelo contrário, barricados e trancafiados na sua indiscutível perícia na matéria, desancam a cacete o pobr’inf’liz. Bradam, para quem os queira ouvir, que é um despautério reiterado. Parece que a criatura, à semelhança de outras, terá emitido opiniões pouco lisongeiras para essas duas figuras santas da humanidade: o senhor Blair e o iluminado Bush. Daí, como é natural, decorre necessariamente que o prémio nobel da literatura foi indecentemente atríbuido a este cavalheiro, apesar de inglês, porque o mesmo terá opiniões políticas diferentes das dos nossos catedráticos literários de plantão.
Eu, confesso, de literatura não percebo nada. Deste tal Harold Pinter, não só nunca o li como desconhecia olimpicamente a sua existência na Terra. Por via do prémio ora embolsado, juro-vos que terei o maior cuidado, nos restantes dias da minha vida, em não perder o meu precioso tempo a lê-lo. São hábitos arreigados de higiene mental, queiram desculpar-me. Mas, não obstante, do alto da minha ignorância, sempre julguei que o Nobel da Literatura premiava a obra literária, quer dizer, as peças, romances ou poemas que o homenzinho terá, senão escrito, pelo menos assinado e publicado, como tantos outros, em seu nome. Afinal, parece que não; parece, isso sim, segundo os nossos sabões vigilantes, que distingue as opiniões políticas.
Seja. Aceitemo-lo. Nesse caso, não será ilógico deduzir que distinguirá as opiniões políticas que coincidem com quem paga o prémio; com quem se dá ao trabalho benemérito de desembolsar dez milhões de coroas suecas. Sorte a do Pinter que concordava com os gajos; azar o dos eruditos liberdadeiros que, pelos vistos, discordavam amotinados e contestam, ainda agora, na maior algazarra. A azia, essa, é perfeitamente compreensível: Afinal, o valor de mercado das opiniões do Pinter (reles escritor, não me custa concordar) ultrapassa o milhão de euros, enquanto a deles, superlativos mestres, tal qual a minha, não vale um tostão furado. E isso é de arrasar a vesícula a qualquer um, não é?...
Todavia, pensando bem, é bem provável que tudo isto não passe dum breve mal entendido. Como todos os sábios, os nossos peritos tendem a ser distraídos. Ter-se-ão precipitado. Não se aperceberam ainda dum pormenor fundamental, que uma visita a este blogue de referência (e de erudição não menos acurada) prontamente resolverá... Não resisto e adianto mesmo um pedacinho da iguaria:
«O dramaturgo britânico Harold Pinter venceu o Prémio Nobel da Literatura, tornando-se o 13º judeu a ganhar o Nobel nesta categoria, sucedendo à escritora judia austríaca Elfriede Jelinek, vencedora do prémio em 2004
Como podem constatar, ó inadvertidos, para o Nobel da Literatura, mais determinante ainda que a opinião política, é o pedigree, a raça. Dizei-me agora que isto não é o verdadeiro dois em um: a hóstia e simultaneamente o alka-seltzer.
Quem é amigo, quem é?...

33 comentários:

  1. Oh Dragão,

    A Obração de Pinter é um asco, não vale sequer o papel em que está; rijo demais.

    Se é Judeu, Moicano, ou Confucionista, é problema dele, a mim 'não me aquece nem me arrefece'.

    Já o contrário se passa em relação à 'onda', dita literária, do 'Pintas':
    um vómito.

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  2. pois eu já vi encenações do Pinter em Londres e gostei muito. Li algumas peças antigas como o Silêncio e o Quarto e mantenho-o. É bom e mais do que isso contribui para muito do que de melhor tem o teatro inglês. Agora vê-lo cá ou no cinema (losey-o Criado) é coisa em segunda mão.

    Para o caso não interessa. O que interessa, como o Dragão bem referiu, é que depois de julgarmos que nos tínhamos livrado das críticas leninistas e das campanhas de alfabetização do MFA eis que surgem estes novos liberais a quererem macaquear a coisa.

    Ainda macaqueiam mal, apesar de terem começado pelo primeiro requisito:

    fazer crítica política sem precisar de ler as obras. Ora bem.
    E têm receita tão eficaz que se aplica a tudo. Não faltará muito e ainda se assista a crítica política de receitas de culinária sem necessidade de provar o prato.
    Basta galvaniza-se a plateia desmascarando o traidor esquerdalho que chamou nomes ao Bush- que é um senhor muito distinto e mostrar como ainda por cima o laureado teve o desplante de ser contra a guerra do Iraque sem precisar de ser político.
    O que é gravíssimo porque já nos basta termos políticos profissionais a dizerem o mesmo e o próprio a pedir ajuda a Deus para alhada em que se meteu.

    Estas coisas nunca o estalinismo ideológico as permitiu. E não basta colar a etiqueta para o bom povo de direita não se enganar.
    É também necessário desmascarar todos os liberais que seguiram esta perniciosa linha negra e deram em defender artistas do Index.

    É a boa right hand a actuar.
    E tem benefícios: deu para assistir a seguidores em acto de contrição e outros a vilipendiarem qualquer alma ingénua que depois disto ainda se atreva a ler às escondidas um asco destes.

    Quanto à superioridade de raça às vezes também baralha estes liberais.
    Quando ainda não sabiam que o laureado era um traidor porque não só não o conheciam como nem tinham dado conta da atrocidade política que ele andava a fazer nas suas costas, ainda bateram palmas e até se interessaram muito pelo pedegree judaico. Quanto mais não fosse porque se é judeu é pró-bush, é de direita, logo é dos nossos.

    O problema foi quando outros liberais mais atentos se deram conta da marosca. E aí nem a costela sionista o salvou.

    A causa da liberdade imperialista e o combate ao avanço do comunismo mundial no campo nas artes obriga a todos os sacrifícios.
    Eles agora ficaram mais atentos e se for preciso nem dormem.

    Querem apostar que não tarda nada seguem-se as "expulsões" dos traidores internos?
    É que ortodoxia e imbecilidade são isto. Mudem-se os tempos, mudem-se as trincheiras. Só se lamenta que estas coisas nunca aconteçam em simultâneo para se devorarem mutuamente.
    Era uma das melhores contribuições para o problema da poluição do planeta

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  3. Xiii zazie onde a 'coisa' já vai!!

    A mim não me diz nada que os autores sejam de esquerda ou de direita.
    Nem tão pouco se são Liberais, Conservadores, etc, etc. É-me absolutamente indiferente. Interessa-me autores que me digam algo quando os estou a ler. (Até pode ser um posição egoísta, mas é assim. Sem preconceitos ou outros.)

    E este, tem uma linguagem suja, e sem substância.

    Se ele é contra os EUA ou não, nada. Não me diz nada.

    Sou contra o constrangimento da Arte com base em ideiologia política.

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  4. Ah, mas a minha amiga detesta-o esteticamente e não me custa acreditar que tenha razão. Perdoar-me-á não ir estragar as vistas com tal biltre para compararmos opiniões, mas prefiro fazer fé no seu bom gosto.
    Compreenderá, no entanto, que não é isso que está em jogo. Não é a questão estética, ou seja, literária, que se disseca. Trata-se que os Barnabus (gémeos siameses dos Barnabés), a propósito do Nobel, lançaram anátemas às divergências políticas do tal Pinter; ao mesmo tempo, o bufarinheiro das rabiices desatou em louvas e apologias por causa deste ser mais uma prova manifesta do génio da raça eleita. Traduzindo: uns acham que o Nobel não significa nada porque é concedido a tipos que pensam diferente deles, o outro acha que ele merece o Nobel porque é da mesma raça que ele. Se tivessem cruzado informações antes, talvez se tivesse poupado tanta polémica.
    A nós, presumo que concordará comigo, resta-nos concluir que Rilhafoles abriu as portas e a lorpice anda em concurso. Os brasileiros têm um sambódromo; nós temos um asnodromo. Às escolas de Samba deles, contrapomos com as nossas academias de cretinos.

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  5. E, quanto às «"expulsões" dos traidores internos», eheh nunca tive problemas em ser "expulsa" de lugar algum - antes de o fazerem, já eu sai!!
    :))

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  6. Áh, e esquecia-me do principal: tudo isto em nome da Liberdade! Assim em tom de poema como ainda há pouco tempo um dos educadores dizia: “a liberdade de comprar, de vender, a liberdade de mobilidade, de fazer um negócio, de abrir uma empresa, de fechar uma empresa... a liberdade de tudo, sei lá, há lá coisa mais linda que a liberdade...”

    O poema parece-me que foi deixado no Timshel.

    Valha-nos ao menos que o artista é apenas crítico de Nobel literário, do ponto de vista político e reconhece que bem podia ler uma obra inteira de um escritor que não sabia dizer se era boa ou má “:O))))

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  7. quanto ao Pinter repito, o que li gostei, não seria um eleito nos meus padrões mas também não sou em que atribui Nobel ou liga ao caso. A menos que haja competição interna como foi o caso do Saramago, não ligo. Nem tenho o hábito de ir logo comprar o Nobelzinho de serviço para colocar na prateleira.

    Mas nestas coisas o que gosto de morder é a nostalgia das causas. Neste dilema que o Dragão lançou então pelo-me. A superioridade de raça versus a boa right hand bushista. è muito giro, Porque dava vontade de recuar uns tempos, quando a superioridade de raça destes judeus era pelintra e anátema de outras superioridades de stablishement e ver onde é que eles se metiam...

    era mesmo muito giro. Prinicpalmente para seguidores do ideal do motor do egoísmo no triunfo da vontade ";O)) a la Ayn Rand, que por acaso era judia...

    pois... o povo eleito americano e mais o povo eleito bíblico e coisa e tal... às vezes até parece que estas coisas são muito parecidas, mas enfim...

    Já agora, MP, tu não tens nada a ver com esta história! tu estás lá noutro lugar menos dado a instabilidadezinhas e achaques utopistas como estes ";O)

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  8. Oh Dragão,
    É claro que me cinjo à questão estética da 'coisa'.
    Quanto ao demais, é-me irrelevante; não sou 'trauliteira', nem tão pouco pretendo impôr os meus gostos 'estéticos' aos demais, contudo também tenho direito à minha opinião, e foi essa que expressei.
    Cada qual que assuma as suas responsabilidades.

    Olhe só o naco de m..:

    «Hallelullah!
    It works.
    We blew the shit out of them.

    We blew the shit right back up their own ass
    And out their fucking ears.

    It works.
    We blew the shit out of them.
    They suffocated in their own shit!

    Hallelullah.
    Praise the Lord for all good things.

    We blew them into fucking shit.
    They are eating it.

    Praise the Lord for all good things.

    We blew their balls into shards of dust,
    Into shards of fucking dust.

    We did it.

    Now I want you to come over here and kiss me on the mouth.»!!
    É que já não tem onde meter mais.......!!
    :))
    Cá para mim , o Quim Barreiros tem obra melhor!! AHAH

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  9. EHEH Zazie, podes crer, não sou dada a cruzadas de pseudo Iluministas senhores da Verdade - hum.. parece que sou Relativista ahah :)

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  10. Cara MP, jamais lhe perdoarei! Conspurcou o meu humilde tugúrio com tal naco de "poesia"!.... :O)

    Mas não julguem que eu estou a ser irónico quando digo que não leio prémios nobel: é a pura das verdades. Até o Hesse, tem meia dúzia de páginas que se aproveitam, no "Lobo das Estepes" (as 15 finais). O resto, uma emplastrice pegada. Quando o li, desconhecia que havia sido nobelizado (alguém mo impingiu), mas devia ter logo adivinhado.
    A MP, no entanto, nem se devia misturar nestas polémicas. O lugar dos anjos é no céu. Se eu morasse em Stª Isabel, até (o Abismo me perdoe)quebraria os meus princípios abstencionistas, e votaria em si. E tratava, nem que fosse a pontapé, que toda a freguesia votasse também. :O))

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  11. Bem, passando à frente do poema pateta, para o ano conto ver o tipo lá para as bandas da Sloane Square numa peça de alguém que muito me agrada, o Beckett. E eu nem gosto de "ver" teatro. Por isos é que até prefiro ler ":O))

    Mas a verdade é que o teatro londrino é mesmo outra coisa.

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  12. Agora nós, ó Zazie...

    Caramba, és uma Joana d'Arc!... :O)

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  13. já agora, e por se falar em galardoados, pergunto ao Dragão se também mandava para o lixo o Samuel Beckett.

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  14. ahaha só se for a do Murr como costumava dizer o nosso amigo josé ":O)))

    eu fiquei em estado catatónico-irónico ":O)))
    palavra que até disse a amigos meus para lerem aquilo porque estas coisas do tempo do PREC perderam-se e nem há arquivos. E olha que houve quem me dissesse que bateu aos pontos ":O)))
    até guardaram como relíquia para o armário dos embalsamados

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  15. Oh meu querido Dragão :)

    Obrigada, penhoradíssima :)

    Bjs

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  16. Ora então, falamos de jeanne!
    Homenageie-se então, o criador.

    Falamos em arte que muitos dizem menor e para mim significa muito mais que isso: é a memória de um prazer visual e estético.

    Quem quiser ver...é só subir ao monte e olhar o "génie des alpages".

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  17. Ah-ah, ó Zazie, não sei se já percebeste, mas foste parar ao índex. Por mim, topo matilhas à distância. Faro de lobo. Mas aquilo não tresanda só a Prec e a leninismo recauchutado: fede a fariseísmo e santo-ofício. São os Barnabus! É preciso divulgá-lo. :O)

    Quanto ao Becket, não o deito para o lixo, mas não perco muito tempo com ele.
    No século XX, assim de relance, cito só meia dúzia de exemplos que não foram Nobelizados e ainda bem: Conrad, Celine, Jarry, Borges, Vian, Lovecraft e Kafka. Fernando Pessoa não refiro, porque ele, mais que todos, estava acima dessas merdas.
    E sempre te digo, num barco de literatura em riscos de se afundar por excesso de peso, atirava a outra tralha nobelizada toda borda-fora, sem excepção, e ficava com a tal "meia dúzia".
    A civilização não tem que ver com estes folclores.

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  18. barnabus

    :loooool:

    essa é de antologia

    só por isso não descasco em cima das tuas escolhas literárias, pessoas e merdas afins

    posso ser acusado de estrangeirado mas nessa terra de merda não há nada que valha a pena (ou pelo menos que me esteja a lembrar)

    quanto ao nobel, para mim só quando foi atribuido ao saramago é que perdeu todo o valor (Steinbeck era um nobelizado, atenção)

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  19. Timshel, juízo. As minhas escolhas literárias são inatacáveis.


    Mas fica descansado, ninguém te vai acusar de estrangeirado. Nessa matéria, o veredicto será mais da ordem do "híspido". Ou "rústico". :O)

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  20. Ah, e já me esquecia: Há ainda um tipo, que não sendo literato mas filósofo, escreve magistralmente: Cioran.

    Devias lê-lo, ó Timshel. Com carácter de urgência. Especialmente um ensaio sobre S.Paulo. Estou até a pensar postar alguns trechos para te aguçar o apetite!... :O))

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  21. Olha, a Zazie veio continuar a maratona comentatária para aqui!

    Corrijo-lhe a citação: «O capitalismo não é mais do que liberdade económica. Liberdade de comprar, vender, transaccionar, emprestar, empregar ou empregar-se, contratar, investir ou poupar, importar ou exportar. Liberdade de criar, conceber, correr riscos e de reter os proveitos eventualmente gerados pelas suas apostas ou pela aplicação das suas capacidades.»

    Além disso, não nos podemos esquecer das outras liberdades, as não económicas.

    A liberdade de dizer bacoradas, a liberdade de ser ignorante e a de querer ser ignorante, a liberdade de mentir ou de falar verdade, de inventar, de interpretar, de discordar, de achar que o que os outros escrevem é uma bosta ou a de idolatrar os heróis da moda, a liberdade de ser feliz ou infeliz, amar ou odiar, a liberdade de ser snob, a liberdade de não gostar de liberdade e até de ser contra a liberdade, a liberdade de meter os pés pelas mãos e apontar para o lado, a liberdade de jurar que nunca se terá sistema de comentários e criá-lo no dia seguinte, liberdade de sermos incoerentes, liberdade de não reconhecer a asneira, liberdade de ler branco e dizer que leu preto.

    Só temos um limite que não devemos ultrapassar. A nossa liberdade em nada pode diminuir o espaço de liberdade dos outros.

    São conceitos simples. Vai ver que até era capaz de concordar com eles. Lá no fundo, todos temos uma costela de bons liberais.

    jcd

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  22. Caramba, que a Zazie para aqui tenha vindo não é fenómeno surpreendente. Agora que Vosselência, seu jcd, por aqui ande, a uma hora destas, ainda por cima declamando poesia, deixa-nos a todos de boca aberta.

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  23. Ahahahahahahah!
    Poesia trovadoresca....

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  24. dragão

    estou curioso com esse personagem, o tal cioran, para não ter de andar a pesquisar podias-me de facto facilitar o trabalho

    jcd

    (olha o jcd - o que andará ele a fazer por estas bandas? a respirar um pouco de ar puro?)


    quanto às liberdades que acabaste de enumerar, honra vos seja feita, reconheço que vocês também as praticam. Menos a última: é que a liberdade também é a liberdade positiva pois sem ela, a liberdade económica de um indíviduo pode diminuir o espaço de liberdade dos outros. Mas não vou encher este nobre espaço do dragão com bostas teóricas. Sejas bem-vindo, senta-te e bebe um copo, a casa não é minha mas como bom socialista gosto muito de ser generoso à conta dos recursos dos outros.

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  25. Caro Dragao,

    Muitissimo bom post. Faltam-me os adjectivos (ou o dicionario, vai dar ao mesmo) para esta obra.
    E agora o insulto: merecia um Nobel! ;)

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  26. "Só temos um limite que não devemos ultrapassar. A nossa liberdade em nada pode diminuir o espaço de liberdade dos outros."

    JCD, essa e' que e' a questao dos 45 milhoes de euros. De um ponto de vista logico e pragmatico: sera' que uma sociedade em que os bens sao escassos, os meios economicos sao propriedade privada e distribuidos de forma bastante desigual (nao estou a considderar a propriedade individual: a habitacao, os livros que sao meus, ninguem mos tira!, especialmente os do Pinter!!!, eheheh estou a brincar, nunca li o Pinter),... Sera' que nessa sociedade aqueles que nao possuem, nem influenciam as decisoes economicas e esttrategicas, nao terao a sua liberdade restringida pela liberdade dos mais ricos? Teem de lhes ir pedir um emprego, nao teem? Ficam sujeitos ao arbitrio das decisoes economicas deles, nao ficam?

    Essa historia da liberdade e' um bocadinho mais complicada do que parece 'a primeira vista...

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  27. "ainda por cima declamando poesia, deixa-nos a todos de boca aberta."

    Bolas, o' Dragao, se eu tivesse lido isto nao tinha perdido o meu tempo a escrever o meu comentario tao pedagogico....

    Ja' agora, deixa-me chamar-te a atencao para um mui nobre nobelizado, de seu nome Dario Fo, que meritos literarios 'a parte (eu nem me atrevo a espreitar esse caminho), e' optimo para a higiene mental e cuja leitura (para nao falar de ir ao teatro que e' demasiado apertado para ti) e' um optimo exercicio para os abdominais.

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  28. O Lowlander anda a mangar comigo. Demite-se das suas responsabilidade antagónicas.

    Quanto ao Dario Fo, de que não conheço patavina, hei-de dar uma vista de olhos.

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  29. Ora essa, Timshell! A Google não se importa que a gente consuma recursos...

    aqui há margem para debate:

    «é que a liberdade também é a liberdade positiva pois sem ela, a liberdade económica de um indíviduo pode diminuir o espaço de liberdade dos outros.»

    Escreve sobre isto no timshell que o assunto tem pano para mangas.

    Agora está na hora de ir aumentar o PIB.

    Saudações liberais
    jcd

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  30. olha, o Dario Fo é que acho uma boa patetice... ehehe mas enfim, são gostos e nisto de gostos não há nada a fazer.

    Numa coisa concordo com o Dragão: a leitura precisa de mais parcimónia que gula ";O)

    A leitura e todas as artes. Deve ser um dos raros campos em que não tenho a mania da magnanimidade rabelaisiana
    ":O))))

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  31. Olha o JCD :)

    "He is a jolly good fellow!"

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  32. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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