quarta-feira, outubro 19, 2005
A conversa de gigantes
«Galileu acreditou que as teorias matemáticas de onde deduzia as observações representavam a realidade permanente, a substância subjacente dos fenómenos. A natureza era matemática. Esta ideia devia-a, em parte, ao platonismo que havia estado em voga em Itália, sobretudo em Florência, desde o século XV. »
A.C.Crombie, "História da Ciência – De Stº Agostinho a Galileu"
Para Aristóteles, a Fysis (correspondente grego à "natureza" latina e medieval) era de ordem orgânica, ou seja, manifestava um cosmos entendido como "zoon", ser vivo.
Com a Ciência moderna, o organismo degenerou em esquema. Nem sequer sistema, mas multiplicidade, aglomerado de esquemas. Cada ciência tem o seu, sendo certo que a Ciência se pulverizou numa miríade de ciênciazinhas, cada qual às voltas com o seu pequeno osso. A sabedoria antiga, que demandava a plenitude, deu lugar ao saber às fatias, galeria-labirinto de guichés e chafaricas. Uma burrocracia de anõezinhos, moços de frete e malabaristas do conceito. Um circo de barraca armada no Largo da Contingência, para os operários do Bairro da Indústria e para as rameiras do Beco do Progresso. Um rilhafoles completo onde os internados se babam e deslumbram, fixados alhures nas virtualidades mágicas e incomunicáveis da sua monomania.
Entretanto, sobra-nos uma pergunta, talvez mesmo um enigma:
O cerne do pensamento Ocidental residirá nessa discussão entre Platão e Aristóteles que, por entre ruídos, burburinhos e notas de rodapé, atravessa os séculos?
www.ajferrao.blogspot.com
ResponderEliminarwww.ajferrao.blogspot.com
ok, agora sim, agora encontro a ligação. O cosmos Aristotélico como ser vivo e a miríade de equemas que perde a noção de todo.
ResponderEliminarPodias ter dito logo ahahhahaha
beijinhos
Isto está excelente!
Pois pois... o Aristoteles era um verdadeiro sabao...
ResponderEliminarIsto Dragao de fumo e conversa da treta.
No meio desta modernidade frenetica, a miriade de ciencias sao refugios de sanidade.
Não ampute a verdade, ó Lowlander: Não era apenas o Aristóteles que era um génio; o Platão também.
ResponderEliminarDepois julgo detectar um lapso de pontuação no seu texto, precisamente onde -a seguir a "Isto Dragão de fumo é conversa de treta" - coloca um ponto final. Vosselência pretendia decerto ter colocado "dois pontos". E assim, de facto, já o teor faz todo o sentido e colhe a minha inteira concordância.
Esta malta da filosofia pensa e escreve demais. Se tivesse aqui uma caneta à mão respondia a todas as dúvidas com duas derivadas parciais e um operador hamiltoniano electrónico não relativista!
ResponderEliminarExactamente. A nossa função é ter as ideias; a vossa é fornecer a nitroglicerina.
ResponderEliminarCaro Dragao, as observacoes ortograficas estao devidamente anotadas e arquivadas no ficheiro adequado.
ResponderEliminarVoltando a carga: acho curioso um fervoroso defensor da comatosa virilidade masculina ande a demonstrar deslumbramento por esta cambada de gregos...
O meu herói é o Ulisses. Se reparar con atenção, o gajo fode a eito: deusas, ninfas, princesas. mulheres. O único olho masculino que o gajo fode é mesmo o do Cíclope Polifemo, mas fá-lo com um barrote. Quer maior símbolo da virilidade masculina?...
ResponderEliminarDeixe-se de americanices, ó Lowlander. Essa, precisamente, é a perspectiva gay dos gregos.