quinta-feira, junho 17, 2004
TERMÓPILAS OU O DESFILADEIRO DA HONRA
«Estrangeiro, vai anunciar aos lacedemónios que aqui
estamos, em obediência às suas leis...»
Nas Termópilas, há mais de dois mil anos, Leónidas e os melhores de Esparta, lutaram até à morte. Deixaram-se matar até ao último homem para que a Grécia fosse livre, para que a terra dos seus pais não caísse sob o jugo dos bárbaros.
Cercados - e prestes a serem submersos - pelas hordas avassaladoras e infinitamente superiores em número, dos Medos e Persas, os espartanos não vacilaram.
Xerxes, o grande rei persa, tentou ser magnânimo. Diante de tão pequena oposição, enviou um mensageiro:
"Rende-te e entrega as tuas armas. -Ofereceu.
Leónidas, que era espartano, respondeu como um espartano. Foi lacónico:
-"Vem buscá-las!"
Depois lutou. Lutaram todos. Morreram para que a sua terra não morresse. Para que os seus filhos e netos não fossem escravos. Morreram porque a morte é certa e a vida humana pertence-lhe. Ao homem, de seu, mesmo seu, só resta a honra. Essa é a única coisa que nem a morte lhe pode tirar.
Naquele dia, há muito tempo, Leonidas morreu inteiro, livre, homem. Preferiu morrer como um homem que viver como um escravo. Preferiu dar o peito à morte que virar costas à vida. É preciso coragem, muita coragem, para se ser um homem. Ontem como hoje.
Por mim, gostava de lá ter estado, a rir-me, como todos os outros, do medo e da vida fácil, ao escutar a última ordem de Leónidas, lacónico como sempre, antes do desenlace final:
-"Almoço aqui! Jantar no Hades!..."
Lá, no Hades, onde eles todos agora estão. Quanto a mim, mais vivos que nós.
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