sexta-feira, junho 25, 2004
O Cultivo da Bondade
Um site interessante sobre a História da América:
http://www.digitalhistory.uh.edu/database/article_display.cfm?HHID=563
Philip Sheridan, general da Guerra Civil (como Custer) e destacado director das Campanhas Índias, foi aquele simpático personagem que disse, a determinada altura:
"Um Índio bom é um índio morto."
Foi coerente com a sua tese.
Mas, este insuspeito apóstolo duma colonização radical, como foi a Norte-Americana, teve, contudo, o desassombro de reconhecer, (em relação aos mesmos índios que tanto ajudou a benignizar):
«We took away their country and their means of support, broke up their mode of living, their habits of life, introduced disease and decay among them, and it was for this and against this that they made war. Could anyone expect less?»
Acho que é o porta-voz indicado e eloquente bastante para responder a algumas das questões e dúvidas que os sempre bem-vindos e gentis comentadores deste blogue se dignaram colocar-me.
é esta a história da humanidade. Desde a Suméria, se quiseres. Saiu-se da "ilha adamita" expandiu-se pelo mundo desconhecido. Foi a história do colonialismo. Na América, em África, por todo o lado. Não tem uma só face essa moeda. Foi bárbara e cruel como eram os tempos. E houve casos de extermínio e outros nem tanto, e uns reagiram e outros nem tanto. Could anyone expect less?Nos nossos dias sim. Espera-se que não se repita o extermínio e o modo de aculturação pode ser paradoxal mas é apenas este: "corupção" cultural. Muito bem-estar, muito hamburguer; muita ligação em rede; muito livre circulação de famigerado metal. Se assim for pode haver preservação de raízes. De outro modo é o caos da intolerância.
ResponderEliminarDa intolerância dos puristas. Sempre dos puristas...
é esta a história da humanidade. Desde a Suméria, se quiseres. Saiu-se da "ilha adamita" expandiu-se pelo mundo desconhecido. Foi a história do colonialismo. Na América, em África, por todo o lado. Não tem uma só face essa moeda. Foi bárbara e cruel como eram os tempos. E houve casos de extermínio e outros nem tanto, e uns reagiram e outros nem tanto. Could anyone expect less?Nos nossos dias sim. Espera-se que não se repita o extermínio e o modo de aculturação pode ser paradoxal mas é apenas este: "corrupção" cultural. Muito bem-estar, muito hamburguer; muita ligação em rede; muito livre circulação de famigerado metal. Se assim for pode haver preservação de raízes. De outro modo é o caos da intolerância.
ResponderEliminarDa intolerância dos puristas. Sempre dos puristas...
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ResponderEliminaré esta a história da humanidade. Desde a Suméria, se quiseres. Saiu-se da "ilha adamita" expandiu-se pelo mundo desconhecido. Foi a história do colonialismo. Na América, em África, por todo o lado. Não tem uma só face essa moeda. Foi bárbara e cruel como eram os tempos. E houve casos de extermínio e outros nem tanto, e uns reagiram e outros nem tanto. Could anyone expect less?Nos nossos dias sim. Espera-se que não se repita o extermínio e o modo de aculturação pode ser paradoxal mas é apenas este: "corrupção" cultural. Muito bem-estar, muito hamburguer; muita ligação em rede; muito livre circulação de famigerado metal. Se assim for pode haver preservação de raízes. De outro modo é o caos da intolerância.
ResponderEliminarDa intolerância dos puristas. Sempre dos puristas...
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ResponderEliminarAqui vai mais um discurso de correcção política:
ResponderEliminarO "Purismo", o radicalismo nas ideias e nos actos, não leva em conta as subtilezas de pensamento ou de acção.
Se é verdade que os índios resistiram enquanto puderam, também é verdade que se foram aculturando. Mantém as suas reservas onde podem cultivar o tal purismo, mas acedem à tv, aos talk shows da Oprah Winfrey ou do David Letterman ou do Jay Leno ( estou a falar de cor, porque embora já tenha visto as palhaçadas do Jay Leno, actualmente nãp vejo) e ainda consomem hamburgers, abastecem-se nos 7/11 ( não sei se ainda existem) e enfeitam os velhos Chevy com penas.
Tal fenómeno é de agora como o foi na época do Sitting Bull. Paradigma disso é o Neil Young, descendente de índios e de uma habilidade rara para a composição musial. É um dos meus poucos heróis.
O que me assusta são certos radicais tipo Timothy MacVie que para se rebelarem contra a América, entendem que devem fazer saltar prédios de vários andares com pessoas dentro. Ou o Unabomber que achou por bem enviar cartas armadilhadas a certos individuos que entendia como corruptos e desvirtuados do seu ideal puro.
Para veres onde quero chegar, fica aqui um excerto do seu "Manifesto":
"The Industrial Revolution and its consequences have been a disaster for the human race. They have greatly increased the life-expectancy of those of us who live in "advanced" countries, but they have destabilized society, have made life unfulfilling, have subjected human beings to indignities, have led to widespread psychological suffering (in the Third World to physical suffering as well) and have inflicted severe damage on the natural world. The continued development of technology will worsen the situation. It will certainly subject human beings to greater indignities and inflict greater damage on the natural world, it will probably lead to greater social disruption and psychological suffering, and it may lead to increased physical suffering even in "advanced" countries."
Em nome do purismo idealista, isolou-se numa cabana e entretia-se a mandar as cartas-bomba, para vingar as ideias.
Talvez valha a pena uma espreitadela:
http://www.thecourier.com/manifest.htm
Do Neil Young também gosto.
ResponderEliminarSe o que resta dos Sioux, por exemplo, tentassem viver como Sioux, matavam-nos. É difícil de perceber isto?
Não vejo em que é que determinados indivíduos radicais que recorrem a acções ultra-violentas têm a ver com aquilo que eu tenho aqui tentado transmitir.
Consegues ver a borbulha, o furúnculo, mas recusas-te a admitir a doença? Achas que é um mero capricho dermatológico?
O Unabomber é violento, psicopata. Pois. E a sociedade americana que o cria, é o quê?
O Bin Laden, ou lá quem é, é genocida, etnicida assumido. Pois é. Faz comunicados onde se vangloria disso. Mas donde surgiu? Quem o treinou e lhe forneceu tais ideias? Matar russos era fixe, eram comunas, aí o fundamentalismo dava um jeito do caraças. Toca de adubá-lo. Andam Frankensteins à solta? Pois andam. Quem os criou? Fui eu?
Tens não sei quantos canais de televisão, jornais a soldo, literaturas de pacotilha e encomenda, a debitarem vinte e quatro horas por dia, 356 dias por ano, incitações à violência, à concorrência, à vitória a qualquer preço, vae victis, Ter é poder-saber-a única coisa que interessa, matar é cool, destruir é fundamental, roubar é essencial desde que promovido a desígnio nacional, virar o mundo de alto a baixo é que é cultura, acelerar, correr mais depressa, consumir mais, não pensar, não ter tempo a perder, o ego é Deus, o outro que se foda, conspira contra mim, o mau diverte-se, - e depois qual achas que vai ser o resultado? Tem-lo aí. Todos os dias. Se fosse só o Unabomber...E os gajos que sobem aos campanários e atiram a eito? E os míudos que armam chacinas nas escolas? E os cidadãos que diariamente armam massacres nas auto-estradas? E o nível de depressões, paranóias, psicoses, etc, do nosso belo mundo ocidental? Sabes que os psicólogos, uma data deles americanos, já falam (como o Freud já falava) não em bem-estar, mas em mal-estar na Civilização? Empaturramo-nos todos os dias de violência, de ódio, de inveja e cobiça cegas, de ganância desvairada, obscena. Intoxicamo-nos em indiferença, em estupidez e em histerismo light, para aguentar o ritmo, o stress.
Sabes isto tão bem quanto eu. Vamos discutir sobre quê? OLha, vai tentar defender os teus filhos, ensinar-lhes alguma coisa de válido, que é o que eu tento com os meus. Sabendo, se calhar, como os Sioux, que estamos condenados à derrota.
Um dia destes morro. A única vitória que me interessa é não ter vergonha de mim à hora da morte.
VOu para o fimdesemana e em breve vou desligar da net, mas ainda há tempo para isto:
ResponderEliminarO radicalismo, terrorista ou não, segue a via lógica da contestação aos sistemas. Os Unabomber´s e McVie´s americanos têm réplicas noutros lados, mas partem todos de uma base de apoio: a transformação social por entenderem que existe a tal "doença". E existe, claro.
MAs o Homem é como é. A catalogação dos vícios humanos está feita: Soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça.
Estes traços característicos da raça humana não mudam com os tempos ou as latitudes. Daí que tenhamos sempre os mesmos problemas a enfrentar, desde os primórdios da humanidade. A "doença" vem daí. A cura, vem dos antídotos. Humildade; caridade; castidade( acho que este vem a mais, mas enfim...); calma; temperança; generosidade; diligência.
O bem de cada um pode ser o bem de todos, se todos respeitarem o bem de cada um. Isto é paleio fiado, mas é do bom. Não é moral embaratecida.
O que quis dizer foi apenas que o radicalismo de algumas ideias conduzem à destruição, numa lógica imparável de "purismos" e logo que se detecta a impossibilidade da mudança " já e agora". Foi esse o problema das extremas- da esquerda ou da direita.
ResponderEliminarO anarquismo é uma impotência e um desconsolo, porque é uma utopia.
Então qual a alternativa? Reflectir e ficar quieto, frustrado para sempre? Ou reflectir e concluir que talvez a razão não seja assim tão radical?!
Assim, prefiro parar e reflectir e contemporizar. Traz mais paz de espírito saber que o mundo não muda assim do pé para a mão e a caminhada da humanidade vai-se fazendo com todos, mesmo os que a pretendem destruir à conta das mudanças. As guerras devem evitar-se, mas a verdade é que acontecem, porque também em nós mesmos há sementes para elas e em barda.
Já lá cantavam o Lennon-McCartney, no Revolution:
"You say you want a revolution
Well you know
We all want to change the world
You tell me that it's evolution
Well you know
We all want to change the world
But when you talk about destruction
Don't you know you can count me out
Don't you know it's gonna be alright
Alright Alright
You say you got a real solution
Well you know
We'd all love to see the plan
You ask me for a contribution
Well you know
We're doing what we can
But when you want money for people with minds that hate
All I can tell you is brother you have to wait
Don't you know it's gonna be alright
Alright Alright"
E assim, lá vamos, cantando e rindo, conscientes de que há valores que podem bem substituir um idealismo frustrante- porque utópico.
Vivendo com honestidade e sendo vertical nos princípios que escolhemos, já vamos por algum lado decente e podemos ensinar isso aos filhos, pelo menos.
BOm fim de semana.
por acaso tive um fim de tarde com umas conversas sobre um tema paralelo: as raízes dos prazeres da guerra na aristocracia islâmica. E uma das coisas mais curiosas, por oposição ao cavaleiro cristão medieval, é precisamente a associação entre a guerra e o erotismo, os prazeres da sensualidade. Todo um manancial de alegorias em que a guerra é vista como um espectáculo orgástico, e a morte, à semelhança de Battaille um paralelo com a sexualidade. O cristão desconhecia estas subtilezas entre prazer e dever, entre ser e ter. A literatura erótica é a das abadessas nos mosteiros. Funciona por sacrifício feminino.Recebe. A deles é viril, um tanto homossexual, em torno do mestre mas o maior prazer está no dever: está na iniciação da futuwwa. É ela que leva ao Paraíso.
ResponderEliminarPor isso torna-se um tanto primário fazermos um historial da ter por oposição ao ser ou da ética por oposição ao prazer porque houve e há mundos em que essa dicotomia não se coloca da mesma maneira.
O dever do Samurai ou o dever da Djihad implica uma disciplina: a futuwwa mas ela própria se alimenta dos maiores prazeres terrestres.
Quando o nosso Dragão insiste que se perde o ser pelo ter está a simplificar demais. O ser e o ter existem em simbiose numa série de filosofias/religiões como a do islão e não são os EUA o grande satã dos prazeres. bem pelo contrário. A subtileza do ideal islâmico sempre foi muito mais purista, e muito mais guerreira (e perigosa, idem)
";O)
Sorry pela repetição dos comentários que também não acho que seja assim tão importante repetir purismos ":O)))
mas a nível pessoal compreendo perfeitamente o que ele sente. E sei bem o que significa essa questão do que se tenta transmitir aos filhos. Chame-se espírito "Sioux" ou "código de honra da seita das zundaps gamadas" eu também acredito nisso. E também sei que é quase incompatível com o nosso mundo, ou com a necessidade de triunfo para não se ser esmagado. Claro que sei. Mas essas coisas prefiro dar-lhes uso pessoal. E sem lamentos. E também acredito que é o principal. E é algures por aí que entram os tais valores de coragem de que falei há tempos... mas adiante. ";O)
ResponderEliminarbom fim-de-semana amigo José ";O))
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