Ia a passar no "Ecletico", quando deparo com uma grande indignação. Admiro muito as indignações, quando vêm do fundo e reflectem alma.
Compreendo-a perfeitamente. Em sua honra aqui fica um singelo tributo:
ANTEMANHÃ
O mostrengo que está no fim do mar
Veio das trevas a procurar
A madrugada do novo dia
Do novo dia sem acabar;
E disse: "Quem é que dorme a lembrar
Que desvendou o Segundo Mundo,
Nem o terceiro quer desvendar?"
E o som na treva de ele rodar
Faz mau o sono, triste o sonhar,
Rodou e foi-se o mostrengo servo
Que seu senhor veio aqui buscar.
Que veio aqui seu senhor chamar -
Chamar Aquele que está dormindo
E foi outrora Senhor do Mar.
Fernando Pessoa, "Mensagem"
Hoje, e cada vez mais, como disse o poeta, a minha pátria é a Língua Portuguesa.
A minha pátria e a minha trincheira.
Boa noite.
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