Ao passear os olhos pela bogosfera e pela imprensa dos nossos dias, especialmente diante das plumas de certos gurus, ocorrem-me muitas vezes as palavras que um certo senhor escritor nos legou. Aqui as deixo:
«O princípio do diabo continua de pé. Ele tinha como sempre razão quando virou o Homem para a matéria. Foi um ver se te avias. Em dois séculos, tolo de orgulho, inchado pela mecânica, ele ficou impossível. Assim o vemos hoje em dia, desvairado, saturado, bêbado de álcool, de gasolina, desconfiado, pretensioso, o universo com um poder em segundos! Assarapantado, desmedido, irremediável, carneiro e touro à mistura, hiena também! Um encanto. Um pobre olho do cu tapado vê no espelho um Júpiter. Ei-lo o grande milagre moderno. Uma fatuidade gigantesca, cósmica. A cobiça povoa o planeta de raiva, de tétano, em sobrefusão. Acontece forçosamente o contrário do que se queria. Qualquer criador à primeira palavra fica hoje esmagado pelos ódios, triturado, pulverizado. O mundo inteiro torna-se crítico, logo terrivelmente medíocre. Crítica colectiva, iracunda, lacaia, tapada, escrava absoluta.»
Agora vem a charada: aposto que não adivinham quem escreveu isto.
Digo apenas que já morreu há um bom par de anos.
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