Li por aí algures, que um pândego islamita qualquer, com um sentido de humor negro retinto, terá proclamado o seguinte: «Maomé disse: "Eu sou o profeta do massacre».
Bem, já a mim compete-me dizer, salvaguardado o devido respeito e sem querer melindrar a dignidade de qualquer religião, que isso não parece coisa digna de profeta. Profetizar o massacre é como vaticinar a aurora e o crepúsculo. Neste planeta, nos últimos 2000 anos, já faz parte da rotina. Nada tem de extraordinário. Nem, tão pouco, parece ser património exclusivo de qualquer credo, regime, política ou civilização. Em tempo de paz, em tempo de guerra, na cidade e no campo, com dolo ou pura negligência, nunca falta.
Mas Maomé, segundo o mesmo humorista, terá dito mais: « Eu sou o profeta que ri quando mata o seu inimigo».
Ora, isto já parece detalhe idiossincrático de relevo. Um homem vulgar, geralmente, no desempenho de tão radical tarefa, zanga-se, vocifera, urra, espuma-se de raiva e ensaia esgares ferozes e horripilantes. A ciência explica-o através de descargas brutais de adrenalina. Mas nada disto afecta o profecta. Ao rir, coloca-se num patamar acima da mera condição humana. Não está zangado, não o faz por ódio nem em transportes de sanha: procede em ambiente festivo, com grande alacridade e benefício.
Enfim, privilégios dos profetas...
II
Quanto ao efeito que estas declarações causaram na comunidade blogosférica portuguesa, pode dizer-se que caíram que nem uma bomba. Os terroristas sabem-na toda. Em Espanha, para lançarem o terror e algum pânico, tiveram que organizar um massacre de proporções horrendas. Entre nós, à esquerda e à direita, mas sobretudo entre os jovens turcos belicosos, bastou darem uma entrevista. E foi o alarme e a gritaria histérica generalizada.
Aqui, pelos vistos, sai-lhes barato; não são precisos grandes gastos nem operações: ao primeiro sinal, já se borram todos.
Faz-me lembrar uma história que alguém me contou, passada durante a guerra civil angolana. Havia uma brigada das gloriosas FAPLA (exército do MPLA), que era famosa pela ausência de todo e qualquer espírito combativo. Sabedores disso, os guerrilheiros da Unita, sempre que precisavam de reabastecer - ou seja, capturar armamento, comida e fardamento aos regulares (é assim que as guerrilhas fazem), escrevia um bilhetinho à tal Brigada, onde comunicava:
«Estamos a ir no vosso atrás!»
Pânico maior era difícil de imaginar. Num ápice, toda a brigada entrava em regime de pré-debandada geral. Um instinto galináceo apropriava-se das tripas de cada homem. Os tremores e os cacarejos nervosos imperavam. Aos da Unita, pouco tempo depois, bastava-lhes aparecer, dar dois tiros para o ar e era o pandemónio definitivo. Lá fugiam os da brigada em todas as direcções. Largavam armas, largavam equipamento, comida, bagagens, tudo, e davam aos calcantes que só visto. Como a coisa, geralmente, se processava de madrugada, desembestavam estremunhados e semi-nus, esbaforiam-se desgrenhados e choramingantes. Um circo! Uma anedota completa!...
Cá, pelo quadro que se me depara, a coisa não deve andar longe da tristemente célebre Brigada.
Cumpre-me apenas deixar um conselho:
«Tenham cuidado. Pelos vistos, eles estão a vir no vosso atrás!...»
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