O Caguinchas, com esta erudição toda das putas, mais as americanices adstritas, anda a ficar inconsolável. O alívio manual, decididamente, já não o satisfaz. Mas, por outro lado, a verdadeira fobia que desenvolveu em relação às novas modalidades de putaria, continua aguda. Como há vícios que só se podem combater com outros vícios ainda piores, refugiou-se no jogo. Não há tugúrio de batota clandestina que não peregrine, nem casino manhoso que não frequente. O problema é que está a ficar sem crédito em quase todos eles. "Sem crédito", é forma de dizer: na verdade, parece que tem mesmo é a cabeça a prémio.
Enfim, deve ter sido por causa dessas complicações todas que ontem chegou ao pé de mim, cheio de ares furtivos e solertes, reclamando paternidade para o seguinte projecto:
-"Olha-me só esta mina, ó Dragão!..."
Em simultâneo, ia-me mostrando a página de anúncios dum matutino nacional, onde rezava: "Mãe de santo brasileira, joga-se cartas e búzios...telef:...."
E ainda mal eu tinha acabado de ler e avaliar a tal mina, já ele rematava:
-" Pá, búzios deve ser assim uma espécie de dados... Tratas tu deles, que eu trato das cartas!...Depenamos aqueles patos, que é um ver se te avias! E no fim, com um bocado de sorte, juntamos o útil ao agradável e ainda papamos a brasileira!...Ãh?! que é que me dizes: ideia do carulho, não?!..."
E como eu tardasse a sair da estupefacção em que a sua arquitectura temerária me mergulhara, o Caguinchas, todo pintas, reforçou a dose:
-"Oh pá, o filho é santo, quer dizer que deve ser um g'anda anjinjo que até nos agradece por lhe comermos a mãe!... A não ser que não gostes delas maduras!?..."
-"Não, ó Caguinchas: gosto, gosto." - Reagi, finalmente.
E é verdade. Por isso lá fomos os dois, depenar os patos e comer a mãe ao santo.
Sempre me ensinaram que nunca se deve contradizer um doido.
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