Os cientistas são uma espécie de novos-sacerdotes ultra laicos e devidamente pasteurizados. Já alguém, por exemplo, viu os jornalistas a irem espreitar (ou a montar mesmo torre de vigia) na sexualidade dos cientistas? Nem por sombras. São absolutamente castos e puros, imunes ao pecado e à prevaricação. Tanto quanto novos-sacerdotes, são também os novos-anjos. Acumulam. E não são vigiáveis, suspeito, porque velam, espreitam, vigiam por todos nós... e sobre todos nós. Desde as entranhas, literalmente, (pelas radiografias, ecografias, microscópios e ressonâncias magnéticas), até aos insondáveis éteres e vastidões galácticas (pelos telescópios e imaginoscópios)... Nada lhes escapa. Escarafuncham, espiolham e esquadrinham sem dó nem piedade, sem intervalo nem cansaço. Porque, na verdade, como todos os dias os novos-sacristães (os jornalistas) não param de nos despejar pelos canais da percepção abaixo, estamos cercados de ameaças e perigos eminentes. Cercados e sitiados. Mais, se queremos ser rigorosos, vítimas permanentes de assédio e assalto. O mais recente, persignemo-nos em cagaço pré-traumático, ei-lo que irrompe dos escalfúrnios recessos siderais: o asteróide assassino!.... Um calhau psicopata que vaga pela exosfera imbuído dos piores intuitos e misantropias. Nas mitologias ancestrais davam nomes a estes fenómenos ambulantes; mas a coisa era embalada numa certa simbologia poética, que lhe conferia um certo sentido cósmico. Agora também tratam de nomear a coisa, só que fica tudo embrulhado em papel de peixaria astrofóbica e remetido a mero acesso meteórico em sofá de matemágica alucinogénia. O nome resume-se a uma sigla. Neste caso, em vez de Tifon, ou monstruosidade que o valha, temos o AP7. Hollywood não faria melhor. Mas, aqui entre nós, assustam-nos ou entediam-nos? Causam-nos o terror ou o bocejo? É para levar a sério ou para descartar pela retrete abaixo? Os dinossauros ainda tinham um meteorito. Nós estamos apontados ao AP7. Que é assassino, psicopata e, eventualmente, racista, machista e anti-semita. Subentende-se. É, seguramente, no mínimo, um pedregulho voador a babar-se de ódio. É para fugir, ou para rir? Como é que os nossos activistas de arremeço (e arre-medo) ainda não estão na rua a ladrar à volátil iminência? A apelar ao boicote, ao cancelamento, ao despedimento imediato e deportação para o limbo do desemprego vitalício? Deve ser o aquecimento mental que o atrai, que diabo!... Acodem, desarvorados, às emissões de CO2, estes projécteis astrais. Lá está: pare, escute e olhe - uma sigla esconde sempre outra. Depois do COVID-19, eis que espreita o AP7... na senda do CO2. Mas, afinal, habitamos um planeta, ou ficámos trancados no laboratório de físico-química do liceu? De combustível à luta perpétua, a adolescência permanente. O acne ou pintelho ideolófago com babete-fralda vitalício.
Os sacerdotes clássicos mantinham-nos na linha com as penas e as recompensas no Além. Moralmente, auferíamos duma certa "liberdade" até lá. Estes novos sacerdotes decidiram acabar com o recreio: é aula, estudo e matéria sem interrupção - desde o berço à sepultura. E a matéria regurgita-se, ad nausea, como revisão da matéria. Nada de pausa nem intervalos. Confinamento e internamento ininterruptos, obsessivos e compulsivos. Obrigatórios! Os novos padres e os novos sacristães entaiparam a porta e calafetaram as janelas. Regime de suspeita colectiva. Sobretudo, nada de distrações, devaneios ou brincadeiras. Banimento do riso, da piada, da conversa e, sobretudo, da ida à casa de banho. As evacuações e despejos são sublimados em forma de cultura (e política). Estamo-nos todos a cagar mesmo uns para os outros (é uma das morais instiladas pelo sermão; uns dos novos deveres e virtudes teologais). Concentração total e absoluta na lição, na nova-prédica iluminada e ofuscante. As penas e recompensas desceram à Terra; são já aqui. Pré-fabricadas. Liberdade agora é sem aspas? Sim, e sem letras: foi cancelada e é apagada da memória todos os dias. Liberdade, igualdade, fraternidade traduz-se, na realidade por reclusão, exclusividade e hostilidade. Reclusão para a maioria, exclusividade para alguns e hostilidade para todos.
Os antigos sacerdotes, da medieval idade em diante, desarrincaram a inquisição? Sim, em paralelo com os tribunais seculares. Estes, ultra-sofisticados, dispensaram ambos: a inquisição não é inquisição nem seculares são os tribunais: fundiram tudo em forma de bufaria apofântica. Inquisição, tortura e execução são simultâneos e instantâneos. E ao gosto do freguês. Chama-se agora informação. Os sacristães funcionam em triplo tandem: delatores, esbirros, e carrascos. Apontam, sentenciam e erradicam. Os sacerdotes consagram e salmodiam: Conforme os deuses e semi-deuses lhes determinam e encomendam. Não do Além, nem dum qualquer Olimpo ou Asgard, mas também cá da terra, dos altares, mansões e fóruns económicos mundiais. É tudo rasteiro. Uma nova religião que rasteja. Que não cria nem sai de cima. Deus, o antigo, grunhem eles, está morto (ou ausente em parte incerta). Não adianta pois pedir-lhe o que os seus sucedâneos de excremento não têm nem conhecem, em tempo ou modo algum: Piedade.
O cientontismo está em alta.
ResponderEliminarSer então um cientonto dos covids e do aquecimento global faz o mundo delirar.