Estados Paralelos

Um artigo a merecer leitura atenta:
«O Estado paralelo na Rússia».

Alguns excertos de aperitivo:

«The rebellion took place after Turkey's foreign policy was radically changed by President Erdogan who apologized to Russia for the destruction of the Russian plane in November 2015 near the border with Syria. This new course intended to restore friendly relations with Russia. Prime Minister Binali Yildirim also designated a course for restoring all working relations with neighboring countries, including Syria and Iraq.

(...)

Instead of Davutoglu’s typically neo-imperial understanding of Turkey as one of the centers of the global Islamic project which caused expansionism and attempts at exporting revolutions, Erdogan and Yildirim de facto returned to the Kemalist paradigm of understanding Turkey as a nation-state first and foremost. The change in foreign policy strategy initiated the intensification of contact with the Eurasian Kemalists. A special role here was played by the Vatan Party of Dogu Perincek who was involved in forging informal ties with Moscow and Damascus. Just when this strategy and alliance began to yield its first fruits, the coup attempt was launched.»

O parágrafo final, que enforma a conclusão, é especialmente assertivo:

«In Turkey, concessions to the forces of hegemony resulted in a “parallel state” which infiltrated the army and organized a coup d’etat. Erdogan is now hastily getting rid of these pro-Western networks not only in the army, but in all spheres of society. Meanwhile, the Russian “parallel state” is successfully busying itself with disinformation on the Turkish question.»

Chamam-lhe o Quarto Poder. A sua influência, por via da dinâmica tecnológica dos tempos, chega a ser avassaladora. Refiro-me aos Mass media, naturalmente. A sua legitimidade  baseia-se  nessa inefabilidade do "direito à informação" da malta e do "dever de informação" dos jornalixeiros de plantão. O problema é que a maior parte do tempo, alguns a totalidade do tempo, desinformam, servem de correia de transmissão a interesses alógenos, cumprem agendas escusas, intoxicam, manipulam e falsificam a opinião pública. Pior: este Quarto Poder, na realidade, funciona como Quinta Coluna. Em nome da "liberdade de expressão", exerce a "expressão por encomenda", a liberdade de conspiração e a impunidade de contrafacção. A feudalização dos mass-media atingiu uma escala global. É como um cancro pervasivo, com especial incidência e agressividade, nos locais cujo impacto geo-estratégico o justifique. Antes do cripto-governo global (que algumas visões iluminadas preconizaram e múltiplos indícios incriminam), assiste-se a toda uma máquina global de embuste. De criação duma realidade paralela de conveniência. A chacina e a desterritorialização físicas são acompanhadas e precedidas do massacre mental e espiritual.

Como qualquer pessoa de bem, o Estado soberano, ou com legítimas e determinantes aspirações a tal, deve preservar a sua dignidade, a sua autonomia e a sua saúde.  Purgar-se e libertar-se de parasitas, envenenadores, traficantes e bacilos infecciosos nem sequer é um dever: é apenas um acto de higiene básica.