«Lisboa, 20 de Junho (de 1966) - Fui a Belém fazer o meu relato rotineiro, acerca da situação internacional, ao Presidente da República, e este anunciou-me que ia impor o nome de Salazar á ponte sobre o Tejo.»
(...)
Lisboa. 6 de Agosto - Inaugurada a Ponte sobre o Tejo. oficialmente, ficou designada Ponte Salazar. É uma construção que, além da sua grandeza, será moderna durante os próximos cinquenta anos.»
(...)
Lisboa, 8 de Agosto - Ao cair da noite, quando me encasacava para ir à recepção em Queluz, telefona-me Salazar. conversa morosa sobre matéria de política externa. Depois, falamos da Ponte. diz-me Salazar: "Então não viu o Presidente da Câmara de Lisboa comparar-me a Nuno Álvares!? Já outro dia os vereadores disseram coisas horríveis, e agora temos isto. Se soubesse, tinha-lhe dito para cortar toda a segunda parte do discurso. O que me salva é que não acredito em nada daquilo. O que nos salva a todos é que ninguém acredita.»
- Franco Nogueira, in "Um Político Confessa-se (Diário 1960-1968)"
E foi num portento destes, que eu e a família logo adentrámos o monumento a fora, no segundo dia da sua tumultuosa existência:
Para os leigos, um Opel Olimpia Rekord Caravan de 1955 (exactamente igual, o do meu pai, ao acima exposto). Uma máquina infernal (semi-indestrutível e imune a avarias) que haveria apenas de sucumbir às inundações de 1967. Um tempo em que também os objectos tinham rosto...E experimentavam tragédias.
Dragão,
ResponderEliminarAinda espero pelo post com a Lisboa do seu passado e das suas memórias.
Quanto à ponte sabemos que voltaremos a ter um Portugal independente quando se restituir a verdade e devolver o nome ao legítimo, um pouco de humildade não ficaria mal para quem foi tão humilde.
Pelo menos a casa no Vimieiro já não cai aos pedaços.