domingo, dezembro 28, 2014

Absurdotomia dum hipopote

"Objecção contra a ciência: este mundo não merece ser conhecido."
                                                                                           E.M.Cioran



Um tipo vai ali passar o Natal e quando regressa descobre que o taxaram de protozoário, zero invejoso e, pasme-se, "pintelho anónimo"... Todo este vitupério hirsuto, ao que parece, em defesa de Carlos Abreu Amorim e da "classe política em geral".
Bem, tomo o "protozoário" por verborreia snob de um oxiúro. É sabido que as lombrigas, do alto ambulatório dos seus aquários ilustres, gostam sobremaneira de diminuir, menoscabando, os humildes peões. Não é para ser levado a sério. Mera basófia de verme motorizado, enfim.
Idêntica condição poderemos atribuir ao "Pintelho anónimo" (o helminto queria muito provavelmente dizer pentelho, capilaridade púbica). Porque, em bom rigor, o anonimato é inerência do pentelho. Ninguém, em seu perfeito juízo, consegue numerar os seus cabelos íntimos, quanto mais baptizá-los. Dispensava-se, pois, a redundância. Mas como estamos perante um parasita particularmente afectado. não é descabido presumir que arraste a sua pedantícia farfante ao ponto de distinguir o simples pentelho do "pentelho de tal". Para quem tem como horizonte máximo o orifício anal do hospedeiro...
Agora, senhores, "zero invejoso" é que me intriga e aturde. Ainda mais quando se trata, segundo a acusação, duma nulidade invejosa que, alucinadamente, inveja aquilo que despreza.  Caramba, ou bem que inveja, ou bem que despreza, não será? Mesmo a raposa perante as uvas distantes, não inveja: cobiça; e não despreza, desdenha. Ora, vai um abismo de distância entre um dragão e uma raposa. Tanto quanto ser a mais rotineira das realidades invejar-se aquilo que se ambiciona, não aquilo que se despreza. Despreza-se, neste país e neste mundo, a pobreza, a antiguidade, a honestidade, a coerência, a lealdade, a ingenuidade, a fraternidade, a verdade e a justiça mais que tudo; ora, não consta que alguém as inveje.
Claro que o helminto, no seu desfile jactante, cavila que lhe invejamos o pedestal, que lhe cobiçamos a atmosfera, que, enfim, conspiramos na sombra para lhe usurpar a gulodice. Mas, pronto, isso são as angústias naturais do parasita.
Todavia, ainda assim, admitamos, ab absurdo, que nos assolava a tal invejosice tão ao gosto do argumentário pimba. E ponhamos de parte a "classe política em geral", que é termo algo nebuloso e abstracto; atenhamo-nos concretamente ao hipopótamo em questão, digo questinha. "Zero invejoso", porém, é demasiado genérico, quiçá metafísico; convém especificar. Inveja de quê?  
Eu proprio fui assertivo e específico quando circunscrevi  a figura no grau de toucinho. Se ainda fosse liberal, estaria naturalmente bacon, mas como deixara de o ser, impunha-se destituí-lo de todo e qualquer anglicismo. O que fiz com alguma caridade, dada a quadra. Banha ruidosa,  embora mais realista, teria sido bem pior; e catalogá-lo na ordem dos presuntos ou fiambres indiciaria, claramente, um mero exercício de wishfull thinking. Pelo que ficou toucinho. Voador, bem entendido. E ficou muito bem, ninguém duvide. 
Por conseguinte, se eu desprezo este paquiderme palramentício porque - segundo a hipótese absurda do mesmo, ou dalgum colega, familiar ou adepto - o invejo, elucidem-me, se faz favor: Que qualidades invejáveis o habitam? Invejo-lhe,  exacta e concretamente, o quê? O físico atlético? A fotogenia? A estatura moral? A coerência inoxidável? A cultura vastíssima? A tolerância almocrévica? A inteligência aparatosa? A tribunícia parlapatita? O apetite voraz? O poder a reboque? A irresistibilidade junto do belo sexo? A coluna no Correio da Manhã? O trampolim no Blasfémias? A  manjedoura do erário? A alcatra na bancada? O hipismo eleitoral? O charme boçal? Em suma, o quê?!
Pois, já agora convém que eu saiba, já que não sei mais nada,  porque raio ou carga de água um tal aglomerado de parvoíce enxertado num tão rotundo cepo de corticite imarcescível, não sendo digno de mais nada, é apenas digno de inveja. Curioso, no mínimo, não?!...

8 comentários:

  1. Ora cá tamos no exercício mais esplendoroso da escrita demolidora ao anti-humorismo.

    Este exercício facínora retoma o melhor do autor do blog: a invenção de sarcamos retóricos com grande capacidade hilariante.

    Welcome back my friend, to the show thar never ends...

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  2. Se ainda fosse liberal, estaria naturalmente bacon

    ahahahaha

    É um retardado mental que diz sempre a mesma treta e só fala em taxistas.

    Deve ser um enchido de segunda.

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  3. ehehe

    O Dragão está mesmo de volta.

    « A tribunícia parlapatita? O apetite voraz? »

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  4. E só isto draguinho? Foi para isso que tivestes aquele tempo todo a afiar o machado? E melhor comprares um novo pá.

    Já agora na lista de cousas a catalagar(sic) esqueceste-te da atenção.

    Até sempre amigo protozoário, um abraço para ti e para o bando de amebas que por aqui pululam as palminhas.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. 'Tivestes 'tivestes... Os ciganos dizem 'tivetes porque sabem melhor gramática.
    Ano bom!

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  7. Mozart em prosa!|

    o velho Dragão chamuscou-o todo.
    não deve voltar o helminto :)
    Um bom 2015!

    cfr

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  8. marina ameba8:51 da tarde

    penso que o piolho sarnento estah a pensar nos 15 minutos de fama do caa lah na entrevista e naquelas tvs q ninguem ve . inveja de reality show endogamico ? q pobreza de espirito , a dos piolhos . aposto que ateh grudam na pub.

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