Em primeiro lugar, que quero eu enunciar quando digo "O paradoxo do Século XIX"?
Não se trata duma hipótese, duma suposição ou sequer duma interpretação minha de qualquer fenómeno histórico-filosófico. Trata-se, outrossim, da mera constatação dum facto a todos os títulos evidente. E superlativamente intrigante. Nessa medida converte-se num problema. Interpela-nos e questiona-nos (de repente, até pareço o Heidegger)...
Mas vamos ao facto.
Não se trata duma hipótese, duma suposição ou sequer duma interpretação minha de qualquer fenómeno histórico-filosófico. Trata-se, outrossim, da mera constatação dum facto a todos os títulos evidente. E superlativamente intrigante. Nessa medida converte-se num problema. Interpela-nos e questiona-nos (de repente, até pareço o Heidegger)...
Mas vamos ao facto.
No século XIX, a Humanidade (por interposta Europa) proclama-se como a epítome dum progresso inaudito (Hegel, Comte, Darwin, principalmente, balizam os marcos derradeiros desse maravilhoso e radioso percurso), mas, ao mesmo tempo, surpreende-se minada pela doença, consumida pela degeneração, perigosamente ameaçada pelo exício. E este é o paradoxo. No mesmo instante em que a Humanidade se extasia pela putativa conquista do cume, abisma-se sob a vertigem do precipício que descobre, escancarado, diante de si. Ou seja, mergulha na mais pura das contradições: é a torre da evolução e o poço da decadência. Em simultâneo. Dá para avaliar da seriedade e profundidade das belas teorias científicas e filosóficas geradas desta quimera. A bizarria e a extravagância devêm ordem do dia. E então, como se já não bastasse a luta de classes, eis que uns iluminados rivais vão desencantar aos curráis e à observação dos esqueletos a luta de raças. Uma Magna estupidez nunca vem só.
É da génese dessas ideias de progresso e decadência, tanto quanto das avenidas que abriram, que irei tratando adiante, conforme o engenho e o tempo o permitirem.
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