sábado, maio 19, 2012

Introdução ao Paradoxo - 1. A Definição

Em primeiro lugar, que quero eu enunciar quando digo "O paradoxo do Século XIX"?

Não se trata duma hipótese, duma suposição ou sequer duma interpretação minha de qualquer fenómeno histórico-filosófico. Trata-se, outrossim, da mera constatação dum facto a todos os títulos evidente. E superlativamente intrigante. Nessa medida converte-se num problema. Interpela-nos e questiona-nos (de repente, até pareço o Heidegger)...
Mas vamos ao facto.
No  século XIX,  a Humanidade (por interposta Europa) proclama-se como a epítome dum progresso inaudito (Hegel, Comte, Darwin, principalmente, balizam os marcos derradeiros desse maravilhoso e radioso percurso), mas, ao mesmo tempo, surpreende-se minada pela doença, consumida pela degeneração,  perigosamente ameaçada pelo exício. E este é o paradoxo. No mesmo instante em que a Humanidade se extasia pela putativa conquista do cume, abisma-se sob a vertigem do precipício que descobre, escancarado, diante de si. Ou seja, mergulha na mais pura das contradições: é a torre da evolução e o poço da decadência. Em simultâneo. Dá para avaliar da seriedade e profundidade  das belas teorias científicas e filosóficas geradas desta quimera. A bizarria e a extravagância devêm ordem do dia. E então, como se já não bastasse a luta de classes, eis que uns iluminados rivais vão desencantar aos curráis e à observação dos esqueletos a luta de raças. Uma Magna estupidez nunca vem só.
É da génese dessas ideias de progresso e decadência, tanto quanto das avenidas que abriram, que irei tratando adiante, conforme o engenho e o tempo o permitirem.

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