terça-feira, maio 10, 2011

O Concurso da Desordem

Algures, pelo ano da Desgraça de Deus de 2005, vaticinava eu o seguinte:
"Muitas vezes esquece-se que, mais que com ciências e filosofias, a humanidade, por estes nossos dias, atarefa-se, moureja e desunha-se com o aperfeiçoamento duma Teoria do Desconhecimento. A Antipistemologia, permita-se-me o neologismo. Não me espantarei até se a Ignorância devier forma de religião Global. Há indícios alarmantes, tendências avassaladoras, de que a liberalização dos mercados corresponde, nas mentes, à liberalização da asneira. Não é por acaso que o asno sempre foi o companheiro inseparável do almocreve."

Acho isto da "Teoria do Desconhecimento" um must. Aliás, é cada vez mais que evidente o fenómeno. Note-se, entretanto, o tremendo avanço: do conhecimento enquanto possibilidade desceu-se ao Desconhecimento enquanto necessidade.
De certa forma, é o descogito: não penso - desconheço -, logo existo. Em simultâneo, neste descartesianismo de conveniência, parece estar a ocorrer outra mutação sintomática: a dúvida converte-se em dívida. Metódica. Trouxe-nos longe o Discurso do Método: ao Concurso da Desordem.


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