«Ora toda a América económica se explica por esta palavra - feudalismo industrial.
Diz-se, na América há um constante aumento de tráfico, de receitas: não há aumento; há deslocação em proveito da alta finança - com detrimento das pequenas indústrias produtoras.
Logo que na ordem económica não haja um balanço exacto de forças, de produção, de salários, de trabalhos, de benefícios, de impostos, haverá uma aristocracia financeira, que cresce, reluz, engorda, incha, e ao mesmo tempo uma democracia e produtores que emagrece, definha, e dissipa-se nos proletariados; e como o equilíbrio não cessa, não cessam estas terríveis desuniformidades.»
- Eça de Queiroz, "Prosas Bárbaras"
O tal feudalismo económico não só está de boa saúde como se propagou à escala global. E é curioso assistir, ao longo dos últimos cem anos, a todo um processo de instauração hegemónica de esquemas políticos cada vez mais liberais servindo apenas de maquilhagem a super-esquemas económicos cada vez mais opressivos e tirânicos. Note-se a ironia perversa: somos cada vez mais livres politicamente, ao mesmo tempo que a política é cada vez menos autónoma e determinante - é cada vez mais títere, serviçal e escrava. Para que serve então a democracia, para que serve então o voto? Se a escolha é sempre uma escolha em segunda mão e o resultado da escolha, no essencial, é indiferente. Para que serve então a democracia se o demo que serve não é o povo mas o outro, o da alta finança?
Melhor: que deliberação genuína possui um povo credito-dependente em elevado grau? A mesma liberdade que um junkie tem em relação ao seu abastecedor.
Querem fazer uma revolução? Larguem primeiro a droga, pá!... Comecem por reaprender a posição vertical.
Melhor: que deliberação genuína possui um povo credito-dependente em elevado grau? A mesma liberdade que um junkie tem em relação ao seu abastecedor.
Querem fazer uma revolução? Larguem primeiro a droga, pá!... Comecem por reaprender a posição vertical.
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