segunda-feira, novembro 24, 2008

Tabu



Uma das acusações que pendem sobre Oliveira e Costa, por obra e graça no BPN, é de, segundo li, "branqueamento de capitais". O BPN telecomandava (ou coisa que o valha) um banco esquisito em Cabo Verde. Curiosamente, essa esplêndida aventura financeira coincidiu com o período em que aquele arquipélago se tornou a principal placa giratória do tráfico de cocaína para a Europa. Actividade nebulosa que entretanto ali prossegue, mas cujo protagonismo e primazia se transferiram para uma outra antiga colónia nossa: a Guiné-Bissau.

Depois da descolonização criminosa tem sido o deboche rapinante: uma espécie de joint-venture cleptogógica entre descolonizados e descolonizadores. Entre nós, tem-se assistido (basta olhar para o parque domo e auto) a um proliferar de fast-fortunas verdadeiramente obscenas e típicas dum país de Terceiro Mundo. A podridão que espreita debaixo deste tapete, suspeito bem, mais que inefável, é tabu: nela assentam, tanto quanto os alicerces, as colunas do regime. Um regime que, diga-se em abono da verdade, é inderrubável. Impossível derrubar algo que rasteja.


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