Segundo o Dr. Abu Nasser, é um «estado psicótico que afecta os peregrinos de Jerusalém ou da Galileia. Induz um êxtase religioso que os avassala. Sentem-se eufóricos ao verem-se rodeados de tantos lugares santos. Caracteriza-se por megalomania e ilusões de grandiosidade. Os atingidos por esta bizarra mania acreditam frequentemente que são o Messias, Jesus ou o Mahdi, dependendo da sua religião ou seita. Tentam reconciliar Judeus e Palestinianos, falam com Deus e acreditam genuinamente que Ele lhes responde.»
Vem isto a propósito dum turista americano, devoto crente, que, após dez dias de incubação, entendeu saltar alucinadamente dum edifício. Era por certo um daqueles fervorosos evangelistas com linha directa ao Além. A voz hipnótica que o poderia mandar pegar num machado e chacinar -com frenesim desatado - o primogénito e/ou vários familiares avulsos, desta vez, quiçá em atenção à geografia, terá sido menos exigente, limitando-se a recapitular-lhe as escrituras:
«Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo, pois está escrito: Darás a teu respeito ordens aos seus anjos; eles sustentar-te-ão nas suas mãos para que os teus pés não se firam nalguma pedra.» (Mateus, 4:6)Ele não era mas pensava que era. Eventualmente, destilou das meninges uma outra extrapolação ainda mais audaz: "desta vez atiro-me e não acabo na cruz".
Não é por acaso que os maiores especialistas da lógica são os malucos.
Entretanto, se para este cristianismo portátil com auricular e controlo remoto é coisa trivialíssima escutar vozes, já para o comum dos mortais será sempre mais plausível falar com Deus do que reconciliar Judeus e Palestinianos. Mais plausível e, apesar de tudo, mais saudável. Porque para cismar naquela basta experimentar, por exemplo, um breve delírio ou alucinação; enquanto para teimar nesta é preciso estar mesmo doido varrido de todo!
Sem paliativo nem cura.
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