quarta-feira, abril 02, 2008

Bananas para Darwin (rep.)

As concepções do Homem têm variado muito ao longo dos tempos...
Aristóteles, por exemplo, fiel ao seu realismo, em termos lógicos achou por bem considerá-lo (ao homem, claro está) um “bípede sem penas”. Ao que Diógenes, o Cínico, um tipo com raro sentido de humor, depois de se dar ao trabalho de depenar integralmente um frango, foi atirá-lo ao liceu de Aristóteles, em plena classe reunida, acompanhado do seguinte sarcasmo: “Toma, aí tens o teu homem!”
Do Estagirita ficaram-nos ainda outras duas definições marcantes para a posteridade: “O homem é um animal social” e o “homem é um animal racional”. Quanto à primeira, como é óbvio, não parece reunir grande eficácia e provavelmente, à época, Diógenes não terá sabido dela; senão é mais que certo que teria corrido a levar formigas ou, o que seria pior e bem mais traumático, abelhas ou vespas ao mestre de Alexandre. Sobre a segunda, convém um simples reparo: racional, para Aristóteles (e para qualquer filósofo que se preze), não é sinónimo de inteligente. Racional significa apenas capacidade de falar, fazer contas e silogismos não muito complexos.
Veio, entretanto, o Cristianismo, e uma nova concepção de Homem emergiu: A Igreja gastou mil e quinhentos anos em trabalhosas cirurgias plásticas, a tentar fazer dele o filho predilecto de Deus, um anjo (ou demónio, que também é anjo) em potência. Depois, chegou a “Ciência” e, em menos de quatrocentos anos, transformou-o num idiota que anda a chamar pai a um macaco.
Sobre isto, Lichtenberg tem um aforismo digno de Diógenes que, se a memória não me falha, reza assim: “Um livro é como um espelho: se um macaco nele se debruça não pode estar à espera de ver um anjo”. O Cosmos também é uma espécie de livro.
Falta apenas falar da Política. Por regra, anda de braço dado com a “ciência”. É o casal burguês em apoteose. Pela primeira vez, não obstante, aborda e resolve um mistério de séculos: a linhagem materna. Dos pais já tudo sabíamos e fôramos, definitiva e peremptoriamente, esclarecidos; mas faltava a mãe. Nisto, providencialmente, Deus a abençoe, a Política resgatou-nos da ignorância, tanto quanto da angústia inerente a tão penalizante orfandade... O milagre, o prodígio aconteceu por alturas dum episódio indubitável: o macaco foi às putas. E não usou preservativo.
Era ainda uma época pré-científica.

3 comentários:

  1. Estou de acordo com o racicínio. O problema é que tem paternidade: é dos jesuítas.

    Eu sei, porque os admiro. Sempre admirei, aliás. Mesmo com o desconto das opus e coisas que tais.

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  2. Caro Dragão,

    Mais frangos do Cão de Sinope tem de cabidela aqui:

    http://toneldiogenes.blogspot.com/2007/10/os-latidos-de-digenes-1.html#links

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  3. Mas que Dragão humorista!!! :)

    Bloguinho nice ao que vejo, deixa lá continuar a ler e aprender... ;)

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