segunda-feira, março 24, 2008

A Indústria do Apocalipse



Temos o apocalipse à escolha em três modalidades, qualquer delas tão garantida quanto fantástica:
- Por criptoterrorismo demoníaco;
- Por pandemias prometidas;
- Por climatério global.
Ininterruptamente, os telejornais brandem-nos e aturdem-nos com uma receita destas. O tempo de querermos construir o paraíso na terra já lá vai. Segundo a nova nomenklatura global, a ideia agora é mesmo explorar e desenvolver o inferno, enquanto se assombra a vida aos pardais com o espantalho do apocalipse. A Nova Ordem Mundial é o Caos. Dá mais dinheiro.
Quanto à metodologia, é simples: primeiro, disseminam-se os venenos e pragas ; depois vendem-se os antídotos e bálsamos.
Mas o mais engraçado é a inversão pimpona na charlatonice: tal qual outrora se bufarinhava a banha da cobra -panaceia para todas as maleitas -, agora bombeia-se e asperge-se a panfobia massificada, ou seja, o medo de tudo e mais alguma coisa, em permanente urgência de toda a espécie de medicações e terapias de emergência. Do remédio para todos os males passou-se, assim, ao mal para infinitos remédios.
Aos Mass-media, entretanto, compete a difusão e "dinamização cultural" dos mass-remedia. Importa conduzir o consumidor à sua transfiguração última: a de junkie do apocalipse. Já não apenas servo do medo, mas toxicodependente.

7 comentários:

  1. o que seria da nossa imprensa senao servissem todas as manhas um novo apocalipse?

    parece me que o enfado é tal que so encontramos animo nos tormentos do fim

    dlm

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  2. Não é assim tão novo o comércio apocalíptico.
    A padralhada há séculos que o servia fomentando a ignorância e o medo,com as missas em latim, a agitação da condenação eterna, a venda de lugares celestiais, etc.
    O que é facto é que com o fim das reservas petrolíferas as pessoas vão ter de encontrar novos meios de propulsão para subirem aos céus.

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  3. A propósito, deixo em seguida um link em que podemos ouvir (e ver) uma breve, mas profunda, reflexão de um dos maiores pensadores (quiçá mesmo o maior) da actualidade:

    http://www.youtube.com/watch?v=9WCQ5K43pcA

    :)

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  4. Aqui no Brasil a epidemia da moda é a dengue. Os governadores estão recebendo milhões de reais (seja em espécie ou em equipamentos) para combater o mosquito transmissor da doença nos seus respectivos estados.

    Enquanto isso, a merda corre solta pelas ruas no país em que somente 25% de seu esgoto é tratado. Estão literalmente passando perfume no cocô.

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  5. Alguns perigos são mesmo reais. É verdade que no passado os padres ameaçavam com o castigo final e diziam que as pestes eram castigo divino. Mas as pestes existiam mesmo e matavam. Não confundamos por isso as coisas: há ameaças bem concretas e a evolução do ecosistema torna a busca de uma solução cada vez mais urgente. Há concerteza outras ameaças que são parte de uma campanha de choque e terror. O perigo maior destes tempos é confundirmos justamente essas duas coisas e não acorrermos a quem grita "Lobo, lobo!".

    Pepino, o longo.

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  6. Apoiado.


    http://bufalobicas.blogspot.com/

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  7. Vou mais longe, apoiado.

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