Conforme o quadro em epígrafe, no ano de 2006, só em Nova Iorque, as grandes farmacêuticas sacaram ao estado americano, através do programa Medicaid, em psicotrópicos receitados a crianças e jovens, qualquer coisa como USD 82.8 milhões. Algumas dessas drogas nem sequer estavam aprovadas pela FDA (Food and Drugs Admininistration - o Infarmed lá do sítio) para uso de crianças. A lista de efeitos colaterais é um mimo: diabetes, hiperglicémia, ginecomastia, tendências suicidas, coma, aumento de peso, descoordenação motriz, doenças do fígado ou pâncreas, etc. Quanto aos medicamentos, inserem-se quase todos na categoria dos antipsicóticos e pretendem tratar desafinações mentais das seguintes marcas: autismo, doença bipolar, défice de atenção, esquizofrenia, desordem hiperactiva et al.
Isto passa-se nos Estados Unidos. Mas na Europa existe actualmente uma tendência semelhante. O que significa que por cá a coisa também já marcha. Podemos mesmo testemunhá-lo a cada passo. Qualquer sopeiro, cabeleireira ou balconista, diante dum catraio que não ambule num estado vegetativo entre o zombie e o semi-cataléptico (isto é, que não interprete na perfeição um micro-adulto actual), desata a bradar, erudita e esbirrótica : "hiperactivo! Ele é hiperactivo! tem que levá-lo ao pedopsiquiatra!..." Há detectores psicométricos destes, no mínimo, de vinte em vinte metros. A não ser, bem entendido, que a criancinha seja de cor menos clara. Nesse caso, pelo contrário, todos concordam que estão diante dum jovem cheio de potencialidades, a desbordar-se em manifestações precoces de génio artístico. A começar nos professores.
Que conclusões podemos tirar disto? Que a nossa bela sociedade ocidental, o nosso tão celebrado modo de vida anda a criar autistas, esquizofrénicos, bipolares, alienados e frenéticos de empreitada? Sim, porque das duas uma: ou os anómalos pueris existem de facto às fornadas, exigem terapia e vigilância médica e, nessa medida, a sociedade é disfuncional (porque engendra proles avariadas à razão epidémica); ou as anomalias são forjadas por um excesso de psicopoliciamento pedagógico ao serviço dos interesses mercantis duma determinada mega-indústria mafiosa, acangotada por sua vez na própria desagregação familiar instituída, e, nesse caso, além de disfuncional, a sociedade é intrinsecamente criminosa, ameaçadora, minotáurica e nociva. De facto, nem sociedade se deve considerar, mas, ao invés, anti-sociedade. E merece, ela própria, em bloco, de urgência, tanto quanto um antipsicótico colectivo, um clister geral de alto a baixo.
No entretanto, agrava-se a suspeita: andam a tratar-nos da saúde. E começam cada vez mais cedo.
Antigamente curavam-se essas "disfunções" infantis usando-se o chinelo, o cinto ou a vara de marmelo Hoje resolve-se tudo com muita "pisicologia" e drogas.
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