sexta-feira, novembro 30, 2007

Não há duas sem três

Acho imensa piada aos analistas europeus (e, mais que todos, os nacionais) que proclamam a crise económica nos Estados Unidos como se de um problema dos Estados Unidos se tratasse. Como se isso os preocupasse muito, aos americanos. Como se isso lhes tirasse o sono ou ameaçasse rebocá-los a sabe-se lá que precipícios ou íngremes despenhadouros. Há realmente uma amnésia incutida e cultivada em toda esta boa gente. Só isso pode explicar como teimam em não perceber o óbvio: a crise é deles, mas o problema é nosso. Sobretudo da Europa. Aliás, nem era preciso perceber, bastava que não esquecessem com tanta sofreguidão.
Pois se funcionou das outras duas vezes, porque não há-de funcionar desta?
No Kosovo, no Golfo Pérsico, algures, mais tarde ou mais cedo, hão-de arranjar fricção até que salte a faísca. Depois, como de costume, é só trocar a gentinha em excesso pelo rendimento em falta.
Até lá -e suspeito que já não demora muito -, há que aproveitar o espectáculo. Principalmente destes pitorescos rebanhos de geopalhíticos de aviário que por toda a parte balem e retouçam. Compensam a descabelice medieval da mundovisão simbólica - "este é o Reino do Mal e Satã o Príncipe deste Reino" -, com a globovisão patetinha, de barbies maquiabúlicas e maquiangélicas em perpétua viagem, física e mental, por uma excitante disneylândia. Ainda não perceberam com quem estão metidos.

6 comentários:

  1. Estes esquerdistas de aviário são uma nova espécie de Bin Laden.Beberam na cartilha americana e ainda se não deram conta de que eles andam noutra...

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  2. Dragão,
    É isso mesmo que eu queria escrever lá no Blog Contemporâneo, há tempos.
    Não disse porque é preciso saber dizer, etc.etc.
    Ainda bem que diz o Dragão.
    Têm tanto saber, tanto tanto, e não vêm aquilo que até ... eu vejo. Deve ser porque sou pobre de espírito, e pequenina... e eles não.

    Tem tanta razão Dragão, tanta, tanta, tanta...e é tão grave... que pena, não é?
    Mais valia que nós não tivessemos razão e que tudo isto fosse apenas brincar...

    Dito em poucas e simples palavras a minha loucura, que já digo desde o primeira invasão do Iraque: não é petróleo que está em questão: o petróleo é um puro instrumento de poder. O que está em questão é a América ter a Europa reduzida a peçazinha insignificante do seu xadrex, sua escrava. Para isso uma guerra entre o Islão e a Europa - isto é, que o Islão ataque a Europa, é perfeito - perfeitíssimo!!! Tão perfeito que é isso que eles andam a fabricar. Depois vêm logo ''ajudar'', claro, à ''reconstrução da Europa em destroços''. Toda deles.

    Claro que também têm uma punhada de amiginhos por cá a ajudar.
    Quanto à Inglaterra, nada tem a recear...
    Coisas tristes.

    Cumprimentos

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  3. Se a Europa é uma «vaca multicolorida» os EUA (que não são menos «multicoloridos») são, no máximo, um bisonte à solta na pradaria.
    :->

    Vejamos.
    Hoje como no passado, o poder e influência (a sério) a nível mundial baseiam-se, fundamentalmente: poder militar e/ou no poder económico.

    A Europa até tem poder económico, mas, militarmente não é nada de especial.
    E é aqui (e não nos EUA) que começam os problemas que, na realidade, são apenas dois:
    1.Como convencer os europeus (nestas matérias muito mais renitntes que os americanos) de que é necessário fazer um enorme (passe o eufemismo) aumento das despesas e investimentos militares?

    2.A Europa, para se fazer ouvir e, se necessário, «bater o pé» aos EUA (e às restantes potências emergentes) só tem uma solução que é: a «união faz a força» e tornar-se, de facto (no mínimo), uma confederação.

    Eis dois problemas muuuuito complicados!
    :-S

    É claro que «em terra (pode ser com maiúscula até) de cegos, quem tem olho, é Rei.»

    Quanto à análise que o Dragão faz da «crise», permita-me discordar, pois parece-me uma análise demasiado «ligeira» (embora bem disposta).
    A situação não é particularmente brilhante nem LÁ, nem cá (e nem pelo caminho).
    Aguardemos (mas que LÁ já deve haver bastante gente a precisar de benzodiazepinas, ai isso já deve).

    Mas não esquecer que o que hoje é o continente americano (o «Novo Mundo») é também um pouco (muito) de Europa e acaba por ser, em larga medida, uma «criação» europeia.

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  4. Deferido. Permito-lhe que discorde. Mas baixinho.

    :O)

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  5. REEI???
    Então não!!!
    Basta ver van Gogh! Grande Rei!
    Hehehe....... ou acha que ele não tinha ''Olho'' ?
    :)))

    Quem tem ''olho''... mal sobrevive, quanto mais rei!

    Bem, é verdade, também há o olho de Minotauro... mas como sabem esse não era o amigo de Europa...
    :)
    Os cegos é que reinam.
    :)

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  6. ''Mas não esquecer que o que hoje é o continente americano (o «Novo Mundo») é também um pouco (muito) de Europa e acaba por ser, em larga medida, uma «criação» europeia.''

    O problema é que quem se esquece são eles - ou melhor: nem o chegam a aprender.

    Há pouco tempo houve um ou outro simpático professor de renome que escreveu lá pelos EUA, que era necessário voltar a saber alguma coisa ''dos clássicos''! Muito importante, dizia ele, em bela prosa.
    E o que é então ''os clássicos'', para aquela gente?

    ''A ver se voltamos a ler Shakespeare...''- dizia o prof, ''para sabermos um pouco do nosso passado...''.

    _________________________

    Outro exemplo absolutamente dlicioso é ouvir estudantes de filosofia americanos a falar uns com os outros - assim como filósofos formados LÁ, (que não os grandes que tenham estudado mais)...

    Mas enfim, que digo eu... não é LÁ - é CÁ... estou rodeada deles...

    _______________

    Não sei é porquê que ainda falam mal daqueles para quem o mundo começou há uns 6000 e tal anos! Para a maioria da gente que nos rege (lá está), ''o mundo'', na prática, começou... vá... quando muito, desde os Godos.
    :)

    Cumprimentos

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