Mas calma, nem tudo está perdido. Isto não é nada de sério, é apenas um blogue. Dum reles e ordinário cidadão deste país, também ele reles e ordinário, cada vez mais reles e ordinário, num planeta a virar hospício.
A última coisa que eu gostaria de causar era dúvidas, angústias ou sequer raivinhas. Ainda menos colapsos nas fantasias. Então aí é chão sagrado. Se o homem não tem direito à sua fantasia, não tem direito a nada. E a fantasia é como o sexo: há quem goste individual e há quem goste colectivo, em manada; há quem goste natural e há quem aprecie esquisito, até aberrante. Há até quem ache o aberrante perfeitamente normal. A política, de resto, está cada vez mais parecida com a perversão sexual. Suspeito que se tornou mesmo um departamento seu.
Uns fantasiam com o dinheiro e dizem que é o Mercado; outros fantasiam com a Classe e dizem que é a Revolução ; outros fantasiam com o sangue e dizem que é a Raça ou a Estirpe; outros fantasiam com a razão e dizem que é a Ciência; outros fantasiam com Deus e dizem que é a Igreja; ou dizem que é o Povo Eleito; outros fantasiam com o sexo e dizem que é o Prazer; enfim, há fantasias para todos os gostos e feitios.
Zangam-se comigo quando descobrem que eu não estou lá, a participar na fantasia, a remar com o grupo, a cantar no coro. A deslumbrar-me e a extasiar-me com a fantasia. Mas o que se passa é que, mais alto que qualquer fantasia, há esta minha fobia: a rebanhos. Seja na qualidade de ovelhinha, seja na de cão, seja feito pastor, abomino rebanhos. E o que mais vejo é gente arrebanhada. Gente a clamar pasto e curral a crédito. Isso e carneiros arvorados em alcateia. Ou em bando de salteadores nocturnos.
Não ponho, todavia, minimamente em causa a excelência da fantasia de cada qual. Não me parece que fazer dogma da Raça seja mais estúpido que erigir axioma do Mercado. Ou da Classe. Ou da Razão. Nem menos, tão pouco. Sou, e dei provas disso, o primeiro a insurgir-me contra a discriminação que se faz aos neonazis, como se fossem uns monstros únicos, como se fossem imensamente distintos de qualquer neoliberal, comunista, cientista, socialista ou democrata-novo da paróquia. Por amor à verdade e à franqueza, devo dizer que não distingo grandes diferenças essenciais entre todos esses devaneios. Toda essa gente devia congregar-se em parlamentos, esses asnódromos de eleição, a derimir e a comparar taras e baboseiras. A gritar e a barafustar contra as florestas de pentelhos que lhe envenenam os horizontes. Local mais apropriado para essas ganas e aleives não vislumbro. Os maníacos, desde que devidamente parqueados, até se tornam pitorescos.
Mas, como digo, nem tudo está perdido. Tenham fé. Hei-de regenerar-me um dia destes, hei-de corrigir-me e aderir a uma qualquer moda catita, de casino ou vão-de-escada. Até já sei como, só ainda não reuni coragem. Mas mal ela advenha , vai ser trigo limpo farinha Amparo:
Arranjo uma tômbola e coloco lá dentro várias bolas numeradas, cada número correspondendo a uma fantasia - por exemplo, 1. Mercado; 2. Classe; 3.Raça; 4.Ciência; etc. A tômbola ou um sistema de rifas. Depois é só sortear. O resultado é irrelevante: aquilo vai tudo dar ao mesmo.
Uma vez bem sorteada e rifada a fantasia, abalançar-me-ei ao segundo passo necessário: uma lobotomia. Daquelas permanentes. Confesso: é esta parte que eu ainda tenho alguma dificuldade em confrontar. Agora já há métodos psicológicos, químicos, musicais, já nem requer dissecações ou cirurgias, eu sei. Mas mesmo assim...
O Sr. Dragão anda a acompanhar os últimos acontecimentos no Brasil???
ResponderEliminarOu é o Mundo que está assim mesmo?
Quando alguém peida em Lisboa, outro se caga em São Paulo.
kommando
É só merda então!
ResponderEliminarCaturrinho? Caturrinho, onde está o menino?
Entrou-te pelo cu adentro e já nem sentes?
ResponderEliminar"Entrou-te pelo cu adentro e já nem sentes"
ResponderEliminarCaturro, o mais parecido com um caralho.
oh-oh-oh!
Fiel-Al-Mazem
O Fiel-Al-Mazem está a convidar-me para lhe ir aos entre-folhos, mas tem azar, que não consumo panascadas, nem tampouco nalgas mal lavadinhas.
ResponderEliminarA único breguilha que o Caturro não larga é a minha.
ResponderEliminarComo se tu tivesses aí alguma coisa para tapar, ó capado dos quatro costados...
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