domingo, setembro 02, 2007

Da Dispersão


Símbolo é uma palavra de origem grega. Symbolon, em grego, significa sinal de reconhecimento, contra-senha, presságio. Por seu turno, symbolé significa encontro, confluência, encruzilhada, convénio, etc. A bandeira nacional, por exemplo, é um símbolo. Como símbolos são o hino, o crucifixo ou o rei, caso reinasse. Podemos assim constatar que a semântica de símbolo se manteve relativamente inalterada ao longo dos séculos. Hoje, como há milénios atrás, o símbolo continua a constituir-se como marca de reconhecimento colectivo, bem como ponto de encontro e confluência.
O contrário de símbolo (symbolon/symbolé) - no grego - é diabolé. Que pode traduzir-se por "dispersão", "desencontro", "desunião", "separação". É desta palavra que deriva, com toda a propriedade, o termo "Diabo". Que, como bem sabemos, protagoniza, na mitologia cristã, todas essas faculdades desagregantes e corruptivas.
Bem visto, entre symbolé e diabolé o que se inverte são os prefixos - syn ou dia (syn: simultaneidade, concórdia, conjuntura; dia: separação, divisão, contrariedade), dado que a raíz permanece a mesma: bolé - do verbo ballw: lançar, arrojar-se. Ou seja, em ambos os casos o que se processa é uma determinada dinâmica, uma convergência ou divergência de movimentos. Dito doutra forma: a mesma substância pode lançar-se numa direcção construtiva, ou em mil direcções destrutivas - na medida em que conflua ou se disperse, quer dizer, na proporção em que se congregue em redor do símbolo ou se desagregue atrás da diabolia sedutora.
Portugal, o teu mal chama-se dispersão. O teu que é o nosso.

5 comentários:

  1. não deixa de ser significativo que só vejas uma direcção construtiva e mil direcções destrutivas

    suponho que a direcção construtiva seja aquela que só tu vês e que as outras mil sejam as que os outros vêm

    já pensaste que se os outros pensarem da mesma maneira existem mil direcções destrutivas (das quais tu também fazes parte) baseadas em mil direcções construtivas

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  2. Eu disse que via alguma coisa? Não sou eu que sou dado a visões.

    Mas para autoproclamado católico esse comentário é uma delícia.

    Quando não perceberes, pergunta. Ou a humildade é reaccionária?

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  3. "Mas para autoproclamado católico esse comentário é uma delícia"

    parece-me que a tua visão do catolicismo é uma entre as muitas outras visões desfocadas de que enfermas, a mais interessante das quais dever ser sem dúvida aquela em que vês elefantes cor-de-rosa

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  4. Não me parece que um animal que usa antolhos seja o mais indicado para montar consultório de multi-ópticas.
    Elefantes cor-de-rosa, com algum esforço, ainda consigo imaginar; agora solípede oftalmologista, nem sob efeito de alicinogéneos.

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  5. As nações deviam convergir em objectivos comum dentro de fronteiras para terem melhor capacidade para divergirem na prossecução múltiplos objectivos fora delas. A nação deveria ser o nó de onde se cruzam, harmoniosamente, todas os interesses que essa nação move. No entanto a "nacinha" está sempre demasiado ocupada a estripar-se internamente de interesses que ela considera menores para que algo consiga manter-se nela tempo suficiente para frutificar, quanto mais sair dela. Portugal é como uma árvore de fruto que produz fruta que passa de verde a podre, sem que nunca tenha oportunidade de produzir algo maduro...

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