domingo, maio 27, 2007

A Obra maldita - II

«Em boa fé, parece-me que todos os que regressam da Rússia falam sobretudo para não ficarem calados... Voltam cheios de pormenores objectivos e inofensivos, mas evitam o essencial, nunca falam do judeu. O judeu é tabu em todos os livros que nos apresentam. Gide, Citrine, Dorgelès Serge, etc, não dizem nem uma palavra... portanto chalram... Têm o ar de quem enfia a viola no saco, confunde a baixela; não lhe fazem qualquer mossa. Garatujam, aldrabam, rodeiam o essencial: o judeu. Ficam-se pela superfície da verdade: o judeu. São refinadas embusteirices, é a coragem do dândi; está ali um laço, pode-se cair, não se fractura nada; talvez se arranje uma entorse... sai-se com aplausos... rufar de tambores! Perdoar-vos-ão, ficai certos!...
No momento actual, a única coisa verdadeiramente grave para um grande homem, escritor sábio, cineasta, administrador de finanças, industrial, político (então aqui, a coisa é gravíssima!) é estar de más relações com os judeus. Os judeus são os nossos patrões... aqui, além, na Rússia, em Inglaterra, na América, por todo o lado! Fazei de bobo, de insurrecto, de intrépido, de anti-burguês, de enraivecido cavaleiro andante... que o judeu se está cagando! Galhofices... Tagarelices! Mas não ouseis tocar na questão judaica, se não quiserdes que vos lixem o coiro... »
- Céline, "Bagatelas para um Massacre" (trad. livre)

3 comentários:

  1. Aníbal Fernandes traduziu partes do panfleto numa edição de nome "Vão Navios Cheios de Fantasmas", que compila algumas das páginas menos escaldantes da obra, o que não é fácil...

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  2. Céline, sempre!
    Enfim, não fora ter sido françês e seria perfeito.

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  3. "Enfim, não fora ter sido françês e seria perfeito"
    eheheheheh!

    T'á boa essa ó a.h.!

    Legionário

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