quarta-feira, junho 06, 2007

Convidaram-me para Bilderberg - 1ª Parte


A reunião magna já terminou e eu, mais uma vez, nem me dignei comparecer. Para memória futura, deixo, não obstante, a conversa telefónica que saldou mais uma investida frustrada daqueles bacocos. O episódio decorre no dia 23 do mês transacto...

Telefonou-me o Etienne.

A conversa decorreu em francês, depois em inglês, a seguir em alemão, em russo e, finalmente, terminámos em grego clássico. Embora sabendo que os meus leitores são mais cultos do que eu (o que não é difícil) e quase tão poliglotas quanto o Caguinchas, o que se segue é uma transcrição em português, porque Língua mais bela do que a nossa não existe. E um grandessíssimo caralho das Caldas foda e refoda o filho duma cadela aleivosa que se atrever a ladrazar o contrário!!...

Dragão - ... Etienne quem?
Etienne Davignon - Sou eu, pá, o Davignon!...
Dragão - Ah, és tu, ó Davi!... Não te reconheci o tom melífluo. Então diz lá. Se bem que, pela falinha mansa, já me cheira a esturro... O esturro em que vais ficar se me vens outra vez com convites! Deixa que te avise de antemão: tenho uma agenda muito preenchida.
Etienne Davignon - César, este ano tens que vir. É crucial. Bilderberg precisa de ti.
Dragão - Deixa-te de merdas, ó Etienne! Quantas vezes é preciso dizer-te: quero que Bilderberg se foda! Sabes bem que prefiro Carlsberg. Aliás, para ser franco, até é mais Super-Book, se bem que ultimamente a Sagres nem ande nada má.
Etienne D - Mas César, mon ami, pensa bem. Isto sem ti é um deserto de ideias. Uma tortura desumana, escutar tanta banalidade na andropausa. São esforços sobrehumanos e doses maciças de anfetaminas para um tipo não ressonar a sono solto!...
Dragão - Não posso, ó Davignon. Tens toda a razão quanto ao deserto, mais camelos juntos é difícil, parece Tombuctu em hora de ponta, compreendo perfeitamente a tua angústia, mas nem pensar. Tenho coisas muito mais importantes para fazer. Agora, então, que me tornei uma besta-seller, mal durmo. Tenho livros para despachar, leitores que não me ligam peva, um encadernador que me chama de seu Salvador e uma ucraniana nova ali no «****** Now» que ainda não experimentei. Já não falando na Senhora Dragão, que, se sabe que eu vou a Istambul, pensa logo, e com toda a razão, que vou refastelar-me em turcas, kurdas, arménias e o que para lá houver, pelo que me desata p'r'aqui em fúrias, amuos e birras que nunca mais acabam. Até a estou já a ver, de narinas fumegantes, aos gritos: "César Augusto, tu nem penses em trazer-me um harém cá para casa!" (Aqui entre nós: é claro que eu não penso noutra coisa, mas tenho que fazer de conta que não. Contra o ciúme patológico das mulheres, só mesmo a dissimulação mais estanhada dos homens). Não, ó Davignon, caro donzelo, Istambul não dá. Até Badajoz ainda ia, quando muito Algeciras - arranjava uma desculpa que ia comprar caramelos ou cabedais a Ceuta -, mas Istambul nem pensar. Era uma carga de trabalhos!... Já tenho a minha dose de sarilhos domésticos. Adaptando sábias palavras de sábio mestre: não tentarás o senhor César Augusto e nem só de putas vive o dragão!...
Etienne Davignon - Mas César Auguste, não seja por isso: envio-te o meu jacto particular e podes até trazer a senhora Dragão. A título excepcional, ela até pode palestrar aos conferencistas, será uma honra!...
Dragão - Bem, aí, por um lado, até seria fascinante: ela a sulfatar aquelas bestas com Kant e Heidegger, a centrifugar-lhes aqueles vácuos mentais com a arquitectónica da razão pura e a vocação extraordinária do "dasein", e os tipos, pior que num cacilheiro em alto-mar de borrasca, mais murchos que o Desidério Murcho e quase tão obtusos, sofofóbicos e toinofrénicos quanto ele, a esverdongarem de náusea, aos vómitos - o Durão já de gatas, agarrado ao Balsemão, a golfarem ambos sobre o Guterres, com os lábios inchados este, se é que tal é possível, mas no caso até era, autênticos bexigões batraquioplégicos, quase a fazerem-no levitar pelo tecto da sala, saturados de escorrerem uma baba azeda do jantar transacto, uma mixórdia pré-fecal amariscada que alastrava, aos jorros, sobre as cavalgaduras contíguas e destas, em géiseres não menos abruptos, arfabundos, gorgolejagantes, aos bandalhos limítrofes, num imenso ralo espumejante, em pandemoníaco e (uff!) visceral borbotão. Ah, sim, de facto era bem bonito, um quadro verdadeiramente pitoresco, digno dum Goya, dum Céline, quase dum Hieronymus Bosch. Aquela miúda possessa do Exorcista I, campeã da metabadalhoquice incubofónica, havia de se roer de inveja! Até na cabeçorra a andar à roda era cilindrada! Aquilo pareciam ventoinhas de helicóptero em catadupa!... Mas, por outro, de boleia na bela lá vinha o senão, e lá ficava eu com as asas coarctadas em Istambul, sobretudo à noite. E o pior era que, para levar a legítima, tinha que deixar as ilegais, todas estas suculejantes ucranianas que por cá ficavam, desamparadas, indefesas, à mercê da gula amarinhante dessa ave de rapina que é o meu imediato Caguinchas, energúmeno capaz dos piores abusos, galifão sempre pronto a refastelar-se nos melhores pitéus da coutada alheia! Nos melhores e nos piores, raios o partam, porque o safardana, em estando com os copos, leva tudo de empreitada. Ah, não, uma tal perspectiva interdita-me todo e qualquer raid turístico. Até se me revolve a figadeira, só de pensar nisso!... Quando voltasse, é mais que certo, teria o feudo usurpado e devassado até às cavalariças!... Quando muito, restariam algumas ovelhas incólumes. Com um javardo sacrílego destes à solta, toda a sentinela é pouca!...
Etienne Davignon - Mas, César, porque não trazes também o Caguinchas? Temos a vaga deixada pelo Wolfowitz, e esse Caguinchas sempre parece ser um putanheiro bem mais desembaraçado e consequente!... Já não falando em toda uma estética nasal bem mais apresentável, se é que não é descabida a conjectura ...
Dragão - Impossível, ó Etienne. A senhora Dragão não suporta o Caguinchas. Considera-o mesmo - com absoluta justiça tenho que reconhecer - um ordinarão relapso que devia lavar a boca com sabão e a mioleira com creolina. Devota-lhe ininterrupamente uma embirração implacável, não há como tornear isso. Sabes como são as mulheres... Bem, se calhar até nem sabes, ou já não te lembras, isso aí, ao vosso nível, parece que a especialização é mais rapazinhos, matulões depilados e coisas esquisitas...
Etienne Davignon - Oh pá, sabes como é: Poder a mais e tesão a menos. Já o Divino Marquês explicava isso. Quando um gajo começa a fornicar um país inteiro, perde o interesse pela simples vagina. A indústria derroga sempre o artesanato. Mas tu pensa bem, ó César: já reparaste bem na lista de convidados deste ano? É a nata do planeta.
Dragão - Mais parece a borra. O que não admira... Num planeta que, cada vez mais, lembra um aterro sanitário!...
Etienne Davignon - Vá lá, não desconsideres; foi o que se pode arranjar. Mas sempre se compensa a desqualificação com a quantidade. Em todo o caso, vamos debater o destino da humanidade, os caprichos do mercado, as tendências da moda, as taxas das comissões... Era importante que cá viesses ajudar a moldar o futuro do mundo...
Dragão - Vai dar música a outro, ó barão das quantas! Tu julgas que eu nasci ontem? Mas interessa a alguém essa gentalha que para aí abivacas às expensas do otário? Nem ao menino Jesus! Isso mais parece a feira itinerante das marionetes-chôchas em leasing, o circo voador dos bonifrates vaidosos em leilão, o caravançaral das cáfilas pinóquiais por conta de outro. Tanta monarquia da tripa - tanto símio mascarado com o rei na barriga e o bobo na tola! - só mesmo por obra e graça de São Lucro Miragaitas . Essa malta brava reune-se aí para enfardar, cagar e mijar sob rigorosa escolta armada durante dois ou três dias, e mais quê? Mais nada. Zero absoluto!... Olham uns para os outros, desfilam no púlpito meia dúzia de anedotas, outras tantas patacoadas para boi dormir, palram, untam-se, besuntam-se, delambem-se, comparam as manicures, discutem plásticas e amaciadores de cabelo, cremes e campos de golf, inspiram uns zombies na puberdade vitalícia a partirem montras e apedrejarem polícias, findo o que levantam todos a tenda e retornam, uns ao funambuladouro jet-seita, os outros ao pré-tratamento de resíduos, e pronto, aí tens o teu querido Bilderberg que tricoteia amanhãs choramingas num planeta a chocalhar de ceguinhos e aleijões mentais. Como se um bando de papagaios acéfalos, uma caterva de espanta-pardais engravatados determinasse o que quer que fosse!... Oh pá, vai pentear ateístas!...

4 comentários:

  1. LOL!!...

    Francisco G.

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  2. aahahahah

    Até que enfim que te atiraste a eles

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  3. Pois, pois... e a culpada és tu. :O)

    Dragão

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  4. Tu nem sabes a vontade com que eu andava de te dar um empurrãozinho

    ahahah

    Logo vou linkar com tempo... tenho de gozar isto com todos os vagares

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