segunda-feira, fevereiro 05, 2007

O Império dos orifícios

A bem dizer, eu, Dragão, até nem tenho divergências políticas com ninguém. E muito menos convergências, registe-se. Sobretudo porque o conceito presente de política não mo permite. São dias bizarros, estes. Por muito boa vontade que me animasse, seria de todo impossível encetar "diálogos políticos" com quem quer que fosse. Ah, políticos, nem pensar!...
A razão é simples e mais que evidente: não há mercado para a "política". Há mercado para telenovelas, futebóis, casórios da alta, desastres, guerras (de pilhagem e chacina sobretudo), aberrações, catástrofes, música pimba, literatura light e todo um rol de porcarias que não abonam nada em favor do tão apregoado progresso; mas para a política -a política séria, de serviço à cidade, de culto da honra e bom nome, de modelo ético, como ensinava Aristóteles, quero eu dizer-, não há. Ninguém se interessa por isso. A malta gosta mesmo é de futebol, telenovelas, aberrações, descarrilamentos, escandaleira. Adora é cobrir os outros de insultos e injúrias; armar enredos e peripécias; simular casamentos e divórcios; jogadas de envolvimento pelos flancos e esquemas estratégicos infalíveis 4x4x2 ou 4x3x3; esquerdo-direito-op-dois! A política subentende ideias, projectos colectivos, união congregante de interesses, de sonhos, de memórias. Interesses desligados desses sonhos e dessas memórias são apetites sem passado nem futuro, que em nada distinguem o homem do vulgar suíno de engorda. O país desta pandilha actual começa e acaba no próprio umbigo, que, reconheça-se, constitui também astro rei a presidir ao sistema solar.
Que, entretanto, exerçam o umbigo em fogoso tandem com o olho do cu já é uma ginástica que, não raramente, os absorve, e a mim, para ser franco, me ultrapassa.

15 comentários:

  1. Se nã fosse o fintebol entã só podiames era merrer todes.
    Áááiii que desgráaça!
    E viva o nosse Cuaresma...

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  2. «A malta gosta mesmo é de futebol, telenovelas, aberrações, descarrilamentos, escandaleira.», e de meter o dedinho nos orifícios...

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  3. o teu Curesma é cigano

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  4. O Curesma não é cigano porque já paga impostos.

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  5. "a política séria, de serviço à cidade, de culto da honra e bom nome, de modelo ético, como ensinava Aristóteles, quero eu dizer-, não há."
    Caro Dragão,
    Numa aproximação conceptual à "doutrina" Política, permite-me que te diga que Aristóteles simplesmente classificou as três operações de espírito: saber(theorein) fazer(prattein) e criar(poien). Desta classificação saiu a ética, a economia e a polítca. A política, segundo Aristóteles, surge como a constituição da conduta da cidade, ou seja, um estado de organização social que se basta a si próprio. Porém, na sua " Política", e no que diz respeito à inventariação que faz sobre as formas de governo, Aristóteles, não conseguiu estabelecer, com clareza, a fronteira entre ética e política, considerando que "o objecto da ética é uma espécie de política"
    É como Platão um moralista. O seu espírito é dominado pelo conceito de valor. Procura o "bom governo". Desenvolve a teoria de um Estado ideal e não a discrição dos Estados reais.
    A este próposito, P.Baroja y Nessi escreveu o seguinte:
    "A diferênça entre moral e a política está no facto de que, para a moral, o homem é um fim, enquanto para a política é um meio. A moral, portanto, nunca pode ser política, e a política que for moral deixa de ser política".
    Na verdade, para entender a Política de de forma inequívoca, é necessário fazer um périplo pelos seguidores de Aristóteles para perceber o que significa actualmente a "doutrina" Politica. Assim, desde Cícero, Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, Maquiavel, More, Hobbes, Jean Bodin, Montesquieu, Lock, Jean-Jacques Rousseau, Alexis de Tocqueville, Karl Marx, etc...conclui-se que a Política é a "arte de bem governar" que se traduz, de uma forma exacta, pela definição de O. Von Bismarck, considerado um dos génios e o mais habilidoso homem da História: "A política é a doutrina do possível".

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  6. O que se aprende por aqui...
    gosto da forma como explicas as coisas...

    mas

    Oh Akher isso quer dizer
    que vale tudo na politica ???

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  7. "vale tudo na politica ???"
    Pior, na política "o homem é um meio", portanto quanto mais "telenovelas, futebóis, casórios da alta, desastres, guerras (de pilhagem e chacina sobretudo), aberrações, catástrofes, música pimba, literatura light", melhor, nem discutem... nem sequer sabem quanto mais!

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  8. eixo do mel said...
    O Curesma não é cigano porque já paga impostos.

    ó eixo, então os judeus se pagarem impostos também deixam de ser judeus?

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  9. Um dos exemplos clássicos da pseudo-retórica da prevaricação em que se transformou a actual Política (Realpolítik) é-nos contado pela fábula do lobo e do cordeito, de Fredo:

    Um lobo e um cordeiro, movidos pela sede, dirigiram-se ao mesmo riacho.
    O lobo parou no alto, o cordeiro muito mais abaixo. Então, o velhaco do lobo, invadido por um desenfreada gulodice, procurou um pretexto para entrar em litígio:
    - Porque que é que - disse - turvas a água que eu estou a beber? - Cheio de temor, o cordeiro respondeu-lhe: - desculpa, mas como é que eu posso turvá-la? A água que eu bebo passa primeiro por ti.

    Como se vê, não falta astúcia retórica ao cordeiro, que, confrontado com a fraca argumentação do lobo, sabe o que deve dizer para refutar, e vai buscar a opinião das pessoas de bom senso, que concordam que a água arrasta os detritos e as impurezas da montanha do alto para o vale e não do vale para o alto. Perante a resposta do cordeiro, o lobo recorre a outro argumento:

    E aquele, vencido pela evidência do facto, disse: - Há seis meses disseste mal de mim. E o coredeiro replicou: - Mas há seis meses ainda nem sequer tinha nascido!

    Outra bela jogada do cordeiro, à qual o lobo apresenta uma nova justificação:

    Por Hércules, então foi o teu pai que disse mal de mim - disse o lobo.
    E saltou de repente para cima do cordeiro, despedaçando-o e matando-o injustamente. Esta fábula foi escrita para aqueles que homens que oprimem os inocentes com falsos pretextos.

    Esta fábula ensina-nos duas coisas: que quem prevarica tenta sempre encontrar forma de legitimação; que se a legitimação é negada, o prevaricador opõe à retórica o não argumento da força.


    Ofereço um doce a quem fizer uma lista de lobos prevaricadores da recente História "Política"!

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  10. Realmente há muita gente por aqui com pouco para fazer; muito réu-téu-téu sobre tudo, tal qual os políticos da nossa praça e da dos outros. Mas gosto de ver que há gente culta por aqui.
    Susana Serrano

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  11. "quanto mais "telenovelas, futebóis, casórios da alta, desastres, guerras (de pilhagem e chacina sobretudo), aberrações, catástrofes, música pimba, literatura light"

    Bom, perante as evidências, não sabem a sorte que têm!
    Por aqui, o país é retratado por uma televisão rica e a cores, que dá rios de dinheiro de bandeja a quem souber dizer que o primeiro nome de Garibaldi era Giuseppe, a Itália do espectáculo!
    Eheh!

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  12. "f.a." não percebeste a ironia.O que quis salientar foi exactamente que os "perseguidos" ciganos caracterizam-se,entre outras coisas,por não pagarem impostos.Como o Curesma já paga(é obrigado...) "deixou de ser"...Percebido? Eixo do Mel

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  13. Áááiii qe ráácisstaas.
    Áááiii qe ves dô um tiru!

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  14. akher, os teus posts são do melhor.

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  15. O Cuaresma já pertence a uma minoria muito minorca de ciganos que pagam impostos!
    Temos que ligar para o SOS racismo para ter atenção a esta nova "espécie" que ao que parece já começa a estar desprotegida!
    Tadinhos, só faltava esta cena dos impostos para a ciganagem

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