Era preciso estar morto para resistir a uma pérola destas:
«Um embrião é uma coisa descartável, tendencialmente excessiva, que eventualmente nidifica nas entranhas de uma pessoa fértil.»
Não deixa de ser enternecedor um tal axioma. Todavia, se o que a gentil menina pretende é definir o “embrião”, lastimo alertá-la, mas falha redondamente. Nem sequer o distingue de uma lombriga.
E ainda ficamos a interrogar-nos se não estará a confundir o “embrião” com o “amante”.
Mas não menos curioso –e problemático – é o facto desta fórmula apresentar algumas funcionalidades inquietantes. Das inúmeras, cito apenas três, por piedade e economia...
Primeiro exemplo: basta substituir “embrião” por “trabalhador” e “pessoa” por “empresa” e o axioma funciona às mil maravilhas, tendo-se então “um trabalhador é uma coisa descartável, tendencialmente excessiva, que eventualmente nidifica nas entranhas de uma empresa fértil”. O que, como sabemos, já é quase um dogma do nosso tempo. (Ou, se preferir, em vez de "trabalhador" escreva "funcionário" e em vez de "empresa" grafe "ministério" ou "instituto público").
Segundo exemplo: é só comutar “embrião” por “pessoa” e “pessoa” por “planeta”, e lá continua ele, o axioma, todo prático - tendo-se então “Uma pessoa é uma coisa descartável, tendencialmente excessiva, que eventualmente nidifica nas entranhas dum planeta fértil.” O que, estamos fartos de saber, reflecte bem o panorama da globalização aos molhos.
Terceiro exemplo: reveza-se “embrião” por “habitante” e “pessoa” por “região”, e o axioma persiste sem pestanejar – passando nesse caso a ter-se “Um habitante é uma coisa descartável, tendencialmente excessiva, que nidifica nas entranhas duma região fértil”. O que, ninguém duvida, corresponde na perfeição a um dos pilares sagrados da Religião do Lucro.
Conclusão: se falha clamorosamente na definição do embrião, o axioma supracitado é, em contrapartida, deveras perspícuo na definição de outras coisas. A mais irónica delas é que a nossa esquerda moderna - a nossa esquerda urbana, feminina, sensível, idólatra das minorias, dos estrangeiros e dos aleijadinhos -, professa, apregoa e defende com unhas e dentes o neo-liberalismo das entranhas. Quer dizer, é toda solidária e social por fora e toda egoísta e selvático-capitalista por dentro.
Não deixa de ser enternecedor um tal axioma. Todavia, se o que a gentil menina pretende é definir o “embrião”, lastimo alertá-la, mas falha redondamente. Nem sequer o distingue de uma lombriga.
E ainda ficamos a interrogar-nos se não estará a confundir o “embrião” com o “amante”.
Mas não menos curioso –e problemático – é o facto desta fórmula apresentar algumas funcionalidades inquietantes. Das inúmeras, cito apenas três, por piedade e economia...
Primeiro exemplo: basta substituir “embrião” por “trabalhador” e “pessoa” por “empresa” e o axioma funciona às mil maravilhas, tendo-se então “um trabalhador é uma coisa descartável, tendencialmente excessiva, que eventualmente nidifica nas entranhas de uma empresa fértil”. O que, como sabemos, já é quase um dogma do nosso tempo. (Ou, se preferir, em vez de "trabalhador" escreva "funcionário" e em vez de "empresa" grafe "ministério" ou "instituto público").
Segundo exemplo: é só comutar “embrião” por “pessoa” e “pessoa” por “planeta”, e lá continua ele, o axioma, todo prático - tendo-se então “Uma pessoa é uma coisa descartável, tendencialmente excessiva, que eventualmente nidifica nas entranhas dum planeta fértil.” O que, estamos fartos de saber, reflecte bem o panorama da globalização aos molhos.
Terceiro exemplo: reveza-se “embrião” por “habitante” e “pessoa” por “região”, e o axioma persiste sem pestanejar – passando nesse caso a ter-se “Um habitante é uma coisa descartável, tendencialmente excessiva, que nidifica nas entranhas duma região fértil”. O que, ninguém duvida, corresponde na perfeição a um dos pilares sagrados da Religião do Lucro.
Conclusão: se falha clamorosamente na definição do embrião, o axioma supracitado é, em contrapartida, deveras perspícuo na definição de outras coisas. A mais irónica delas é que a nossa esquerda moderna - a nossa esquerda urbana, feminina, sensível, idólatra das minorias, dos estrangeiros e dos aleijadinhos -, professa, apregoa e defende com unhas e dentes o neo-liberalismo das entranhas. Quer dizer, é toda solidária e social por fora e toda egoísta e selvático-capitalista por dentro.
Por uma questão de coerência, devia bater-se, com o pundonor característico, por uma alteração imediata na terminologia da pergunta a referendar: em vez de "interrupção voluntária da gravidez" devia figurar "deslocalização do útero" ou "despejo de excedentário".
PS: Antes de, com cindereliquice trolha, instituírem ou exercerem desabridamente a "tirania sobre as vísceras", as candidatas deveriam certificar-se que não são as vísceras que lhes tiranizam os pensamentos. Ou melhor dizendo, que não estão a ser vítimas colaterais do tradicional conflito de interesses entre o grelo e o útero.
Inclino-me, sem exageros, para a dúvida versada no post-scriptum. A menina deve sofrer desse conflito de interesses, porque mais atrás, revela-se uma romântica incorrigível quando supõe que afinal é no coração que nidifica (novamente a visão do ninho) a gravidez! E assim, também vai descartando amores ao sabor do seu ninho, emendo, coração, emendo, útero, emendo, grelo, emendo, passarinha, emendo,...e se a pequerrucha não tivesse boquinha para não dizer disparates!
ResponderEliminarNão tem emenda.
A menina não será descartável???
ResponderEliminarahahahaha
ResponderEliminarAinda ontem e hoje andei no "razões do não" a falar desses arguentos.
O mais engraçado é que ela apresenta a coisa em termos de lei natural quando o que a sustenta é o mais feroz jacobinismo do mundo às avessas.
Vai ser maldade mas estou com vontade de linkar mais este post.
Ò Dragão: mas olha que ainda ontem pensei cá para mim se não andavas ceguinho e nem davas por esse postalzinho
ResponderEliminarahahahahahaha
Eu sou supeita, já tive debate que chegue com a dama e também já fui corrida.
Mas estes últimos postais tinha-os comentado por aí. Também era preciso estar mumificada para não gozar com a história
":O))))
E, só não recomendo os outros- em estilo macrobiótico- do Natureza do Mal, porque então é que era mesmo muito mázinha
ResponderEliminar";O)
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminaré um grande post
ResponderEliminardas melhores coisas que já vi escritas
tanto a forma como o conteúdo :)
o dragão é particularmente bom quando lhe dá para morder nas canelas de outros bloggers (ou de outros figurões da nossa praça)
(já me pus a jeito várias vezes - só para ver a pirotecnia do dragão - mas ele acha que não mereço o combustível e só solta uns rosnados sem grande convicção)
Zazie, de meu normal, leio poucos blogues. Escapa-me muita coisa. Estou em crer que jóias e preciosidades imensas, infinitas. Autênticos tesouros.
ResponderEliminarNeste caso, o culpado foi o Timshel, que me enviou para o Lutz. O Lutz recomendava que lêssemos. E eu, com toda a boa vontade deste mundo, li.
O resto é decorrente e já pertence ao domínio público.
E o que vale é que o Caguinchas anda bêbado desde domingo passado, a celebrar pelas tascas de Alcântara, porque se o gajo dá com um naco destes, Deus nos acuda. Ou melhor, Deus acuda à pequena.
ehehehe Relmente. Num caso extremo destes, é melhor amordaçar o Caguinchas
ResponderEliminar":O)))
Este post está o máximo.
Qual comuna?...Onde? :O(
ResponderEliminarEste comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarTás enganado. É um bacano esquerdalho e conservador. Um cruzamento de Pet Shop Boy com com Abominável das Neves, em formato dazibao católico.
ResponderEliminarPor muito bem escrito que esteja este post (nesta casa também não se espera outra coisa) saio daqui incomodado com o texto que o motivou.
ResponderEliminarde passagem só para cumprimentar.
ResponderEliminarjá agora deposito aqui esta pérola:
Paulo Macedo manda rezar missa pela DGCI.
O director-geral dos Impostos, Paulo Macedo, encomendou uma missa de acção de graças pela sua Direcção-Geral (DGCI) e pelos funcionários. A invulgar iniciativa tem lugar esta quarta-feira, pelas 18:30, na Sé Patriarcal de Lisboa.
e saio de fininho deste país de doidos...
ESGOTO.
eheheh.
ResponderEliminarO nosso jovem flamejante não perdoa!
Mas também, alguém pode perdoar a estafermos destes?
O problema é que o disparate avulso cada vez ganha mais adeptos. E depois os ignobilmente estúpidos ainda estranham que o pessoal se passe dos carretos e queria voltar a usar métodos antigos.
Ela há "trombas" que só mesmo "ao chapadão".
Essa gaja merecia era que lhe arrancassem o grelo como fazem alguns malucos lá pelas arábias.
Que pena a Mãezinha dela não pensar o mesmo...
ResponderEliminarA golpes de borrachinha romba :D Belo post, Draco.
ResponderEliminarolá jovem flamejante, gostei muito do teu último post, em que coras por baixo da maquillage de kung fu das pocilgas com a admiração de engraxador do nível das gravuras juntas. quando te der de novo a vontade de enfiar os cocantes numa pentelheira, como feliz não proprietário de um útero que te dê conflitos de interesses, não te esqueças por lá de algum trabalhador que vá nidificar nas entranhas dum centro de desemprego fértil. é que do coirão respectivo há a recear que sinta por ele menos amor que pelas amígdalas, embora, claro, só possa sentir por ti um interesse inversamente proporcional à proeminência do teu nariz, gaba-te cesta. por estas se sub-entende que o espírito, a vontade de brilhar e a técnica verbal "pujante" também são inversamente proporcionais à real proeminência da solidariedade com as mulheres pobres e à inteligência.
ResponderEliminar"Pentelheira" denota erudição burguesóide a armar ao fino. O povo diz "pintelheira". O tique de escrever em minúsculas a seguir aos pontos denota modernice coquete.
ResponderEliminarE mulher pobre é, sem sombra de dúvida, a sua digníssima mãe por ter parido um (ou uma) indigente mental da sua envergadura. Bem melhor fizera, a pobre senhora, em ter aspirado a coisa descartável e tendencialmente excessiva que lhe contaminava as entranhas férteis. Assim, ao menos, a "coisa descartável e tendencialmente excessiva" não se tornava "coisa descartável e completamente excessiva" e não vinha para aqui bolsar a sua mongoloidice dançante.
desmascaráste-me. que faro de detective! e a minha pobre e digníssima mãe está completamente de acordo contigo. tanto que depois dos meus quatro irmãos, felizmente menos mongolóides que eu, ainda descartou uns oito, com borrachinha, raspagem e sem anestesia, por não ter dinheiro para nos criar a todos, nem para pagar um aborto decente, nem para se furtar à convivência com o tipo que lhos punha a nidificar (o meu pujante pai). de castigo, era de se lhe arrancar o grelo, não achas?
ResponderEliminarNão.
ResponderEliminarFoda-se! O que ando a perder! Estes devem ser os autênticos monólogos da vagina.
ResponderEliminarEu cá arrancava antes era o marsapo ao pujante exemplar da ganadaria lá da tua terra. E assim se resolvia o problema.
ResponderEliminarNa altura em que nasceste, se calhar ainda se podiam compreender certo tipo de procedimentos em certas situações, mas agora não!
Existe uma coisa chamada planeamento familiar!
Além disso sempre há uma coisa (que hoje está tão na moda) o chamado "buraco alternativo", já para não falar nos famosos alfinetes de peito ou na pi, viste-a?.
ResponderEliminarEnfim quando é para descarregar o epidídimo há muitas alternativas!
Mas pronto, quando se trata de anormaliodes ou cretinos já se sabe que se tem de dar um grande desconto.
Mas diz-me lá, és a bacorazinha do tal blog?
ResponderEliminarhã? quê?...hmm. excelente, o Olympia da Leni Reifenstahl de trás para a frente...
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