Dantes, os Gatos Fedorentos, em alguns desarrincanços mais felizes, chegavam a trazer-nos à memória os saudosos Monty Python. Perdiam no cotejo, claro está, por esmagamento e goleada. Mas não deixava de ser honroso para o quarteto debutante.
Agora, cada vez mais, numa vertigem mixordeira, rivalizam com o Herman José de fresca data - o louro. O do pink freak-show. E o mais triste é que continuam a perder no confronto.
Só há mesmo um item em que o suplantam por larga margem: na velocidade de deterioração. Já no mau cheiro da galhofice cadavérica, falida, inclino-me para o empate.
Saldo actual? De pinga-humores, os fulanos regrediram a gatos-pingados: Piada fácil e requentada em ambiente de auto-velório.
Agora, cada vez mais, numa vertigem mixordeira, rivalizam com o Herman José de fresca data - o louro. O do pink freak-show. E o mais triste é que continuam a perder no confronto.
Só há mesmo um item em que o suplantam por larga margem: na velocidade de deterioração. Já no mau cheiro da galhofice cadavérica, falida, inclino-me para o empate.
Saldo actual? De pinga-humores, os fulanos regrediram a gatos-pingados: Piada fácil e requentada em ambiente de auto-velório.
A ideia, penso eu, para ter graça, era gozarem com os ratos. Não era transformarem-se neles.
Oribem. Estou a ver o pograma. Já tenho visto os outros.
ResponderEliminarQue posso dizer? Que é pobrinho? É.
Que é de galhofa falida, algumas vezes? É.
Que fazem uma piada boazinha por pograma? Também é.
Mas ainda agorinha o RAP imitou um bebedolas com graça. Não vejo ninguém que o faça melhor. Nem o Solnado - o último dos nossos grandes cómicos- o faria melhor.
Enfim, pobrinhos mas honrados. Até no humor.
O estatuto é inversamente proporcional à qualidade.
ResponderEliminarEnfim passaram de cómicos a apresentadores de programas de variedades! Onde é que eu já tinha visto isto?
Fazer humor com jeito e para todos é coisa difícil.
ResponderEliminarEm Portugal, não há muitos cómicos, como aliás não há em lado algum. São raros e apreciados por isso mesmo.
Que me lembre, em Portugal e nos últimos quarenta anos, contam-se pelos dedos das mãos, os que se aproximaram dos standards mínimos da comicidade para encanto geral.
No teatro revisteiro, dantes, apareciam alguns pretendentes.
Assim de memória, tirando o Graça com todos dos Parodiantes de Lisboa, quem tínhamos?
O Raul Solnado, nos anos sessenta.
Antes tivéramos o António Silva e o Vasco Santana. Comediantes, antes de cómicos.
Depois do Solnado e da Graça com todos, apareceu, em pleno alvor da Revolução, um naipe de interessados em ocupar o lugar da ribalta do riso fácil.
Camilo de Oliveira, Nicolau Breyner, et al, deram lugar, nos anos oitenta, a uma estrela em ascensão: Hermann José.
O começo deste pretenso cómico foi penoso. O ocaso, afigura-se igual.
Hermann brilhou poucas vezes, no humor. Em duas delas, valeu a pena: na apresentação diária de um concurso de roda da sorte e nuns sketches nas caves do vinho do Porto, no Hermanias ou coisa que o valha. Humor genuíno e de bom tom.
Depois disso, armou-se em Conan O´Brian e estatelou-se.
Além disso, vivia à sombra de argumentos alheios, das Produções Fictícias que originaram o tipo de humor em voga nas tv´s: o da contra-informação.
Neste pequeno caldo de cultura que começou a aquecer no início deste século, surgiram os Fedorentos, pela escrita de blog e depois em aparições esparsas, promovidas pelos bem pensantes dos media.
Será preciso não esquecer nunca que os media, então e agora, estão intelectualmente dominados por uma clique que à falta de melhor diríamos herdeiros do O Jornal, do Tal & Qual e do Sete.
O humor que se faz actualmente em Portugal é herdeiro do Sete. Mesmo a tentativa pífa da Sic com os Malucos do Riso, paga tributo a essa gente do meio.
Um humpr ordeiro qb; sem ponta de génio genuíno e apenas engraçadinho.
É esse o drama dos Fedorentos e dos que se seguirão.
Se me perguntassem a origem desta tragédia autêntica, diria: somos um povo de bons costumes e deixámo-nos liderar por ineptos.
warsalorg:
ResponderEliminarPosso dizer que nunca vi um único sketch de Seinfeld. Nunca quis ver.
Na altura em que começou ainda comprava a Rolling Stone. Nem assim.
Comecei depois a ler em blogs ( no Pastilhas) que havia quem apreciasse e recomendasse. E segundo lia, não havia melhorzinho. Nem os Python lhe chegavam.
Terá sido por influência desse feldspato que a mica se transformou em relógio de quartzo?
Não sei. Sei apenas que a influência dos media anglo-saxónicos, particularmente da tv, é esmagadora. As pessoas se calhar nem se dão conta.
Esse fenómeno dos imitadores da tal stand up comedy ( a única de que me lembro de gostar era a de Lenny Bruce, por via do filme e a de Steve Martin, esse sim um verdadeiro cómico), começou assim a proliferar como cogumelos na humidade.
Reconheço que há alguns de jeito. Outros aproveitaram a onda e até já fazem anúncios pindéricos ( vocês já viram aquele da galinha que faz que voa mas não voa? Aquilo é uma idiotice pegada, não haverá ninguém que lho diga?)
E então aparecem os Fernando Rocha, símbolos perfeitos da nossa mais perfeita boçalidade, tavestida de humor escatológico.
Foda-se.
O humor é capaz de ser a coisa mais séria deste mundo.
ResponderEliminarAlgumas das maiores obras literárias do espírito humano são puros exercícios de humor:
"As viagens de Guliver"; "D.Quixote"; "Pantagruel"; "Histoire de Juliette" e quase todo o Sade; todo o "Ubu"; "A Viagem ao Fim da Noite"; etc, etc,etc.
O humor mais elevado é, como dizia Breton, cruel. Ou seja, negro.
A última coisa que pretende é ser "engraçado" ou "fazer rir". Definitivamente, não cabe no entretenimento. pelo contrário, sabota-o, conspira contra ele. É inquietante. É, acima de tudo, subversivo.
O humor é cousa séria, de verdade, seja negro ou às cores.
ResponderEliminarUm dos livritos de colecção que guardo, é de Freud sobre o humor - Le mot d´esprit et ses rapports avec l´insconscient. Tem trinta anos dentro da estante.
De vez em quando sai para apanhar um bom ar, como agora.
Vai esta, perfeita no meu entender:
Dois judeus encontram-se num vagão( calma, o livro é de 1930, na tradução da Gallimard), na Galiza.
Para onde vais?- pergunta um. Para Cracóvia, responde o outro.
Ah! Que mentiroso me saiste! Exclama então, o primeiro. Dizes que vais para Cracóvia para que eu acredite que vais para Lemberg. Mas eu sei que tu vais mesmo para Cracóvia. Então, porque é que me mentes?
Haverá uma subtileza exagerada, nesta historieta?
J´en sai pas.
Os Monty Python não tinham outros recuros: os Monty Python eram e são letrados. A diferença é esta. O Terry Jones é um grande medievalista.
ResponderEliminarPor cá, a tradição vem da revista.
Ainda assim gostei muito do Hernam, no passado. E teve alguns nºs de antologia.
Quanto aos gatos quase nunca vejo. Achei piada ao 1º reclame do Montepio com o tipo anormalzinho a fazer aqueles trejeitos e o estalido com a boca. Esse sim, matava-me a rir sempre que apquilo passava.
E, tirando o RAP, os outros não têm jeitinho nenhum.
Agora no que toca a sentido de humor, os ingleses estão em primeiro lugar.
E não é só por tradição dos Monty Python, eles são mesmo assim.
Já tive ataques de riso no metro com pequenos apontamentos desse género. Entre o nonsense, com ar sério e a total anormalidade da coisa.
Agora tenho de contar um:
ResponderEliminarUma vez vinha o metro apinhadíssimo e um daqueles snobs da city sentado mesmo ao meu lado. Uns rapazes (com bom aspecto) mas ar de estudantes, vinham em pé, na direcção do gentleman.
Um deles, para passar o tempo, sacou de uns amendoins e começou a descascá-los e a comê-los.
Às tantas, saltam os amendoins para cima do snob da city que ficou com um ar todo enxofrado.
Aí, o rapaz, com um ar que só aqueles sacanas conseguem ter, vira-se para o senhor, todo atrapalhado, pede-lhe desculpa e, para a remediar a situação, pergunta-lhe: sorry, do you want one?
Ahhahahaha
Eu nem sei como me aguentei. O tipo da city, ainda mais enxofrado com a estupidez da pergunta e os rapazes com ar entre o irónico e o atrapalhado
“:O))))
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarehehe essa história dos judeus está muito bem apanhada.
ResponderEliminarO humor é uma coisa muito difícil. Tem de se ter muita inteligência para se conseguir.
Por falar nisso, aqui na blogosfera, quem tinha muito sentido de humor era aquele malandro do Alexandre de Espada à Cinta... que será feito do gajo? Ainda ontem fui lá recordar umas passagens.
ResponderEliminarNão me lembro de alguma vez ter lido ironia, por cá, que chegasse àquele nível.
eheheeh
Aí até eu reconheço: os ingleses são um caso sério no humor.
ResponderEliminarNão é por acaso que, em minha opinião, é um inglês que escreve a quintessência da coisa. Não digo quem, porque, ao contrário do que alguns lorpas dizem,não tenho presunções a educador da classe otária. Aliás, quero que todas as classes se fodam!
A negrito e sublinhado, o verbo em f.
f.
ResponderEliminar