Lisboa, 29 de Agosto de 1963.
«Não há dúvida: os americanos evoluíram alguma coisa, mesmo muito", principia Salazar. «Há ano e meio, há dois anos, julgaram que uma pressão, uma ameaça, um ultimato nos fariam cair, ou pelo menos modificar a nossa política. Bem: já viram que não dava resultado, desistiram. E eles próprios vêem os seus interesses afectados, têm muitos problemas, não sabem como resolvê-los, e estão perplexos. E por isso nos mandam um emisário especial de alta categoria, sem que o tivéssemos solicitado. Muito bem. Mas que nos vem propor? Na conversa consigo e na que teve comigo, reparei que Ball usou repetidamente estas palavras: assegurar a presença, a influência e os interesses de Portugal em África. Ora que significa isto? Que está por detrás disto? Que conteúdo têm estas palavras? A verdade é que se Angola ou Moçambique são Portugal, este não está nem deixa de estar presente: é, está. Presença, para os americanos, quer dizer outra coisa: a língua, a cultura, alguns costumes que ficassem durante algum tempo até sermos completamente escorraçados. Isto e nada, é o mesmo. E o mesmo se quer dizer com a influência e os interesses. Com isto pretendem os americanos dizer que seriam garantidos os interesses económicos da metrópole, isto é, de algumas empresas ou grandes companhias. Mas tudo isto não vale nada. Que a economia comande a política é particularmente verdadeiro quanto a África. Bem vê: quem tem o dinheiro é que empresta, quem produz é que exporta; e quem tem dinheiro e empresta, e depois não lhe pagam, é levado a emprestar mais e mais; e para garantir esses novos empréstimos é depois levado a intervir, a controlar, a dominar as posições chave. E quem produz é que exporta; mas quando lhe não pagam as exportações, reembolsa-se com a exploração do trabalho e das matérias-primas locais. E ao fazer tudo isto é evidente que expulsa a influência e os interesses económicos de outros mais fracos, que nem podem emprestar tanto, nem exportar tanto. É o neo-colonialismo. Ora, meu caro senhor, nós não poderemos comparar a força económica e financeira da metrópole com a dos Estados Unidos. E o senhor está a ver, não está? Os americanos a oferecerem empréstimos baratos e a longo prazo; os americanos a oferecerem bolsas de estudo para formar médicos, engenheiros, técnicos nos Estados Unidos; os americanos a percorrer os territórios com a propaganda dos seus produtos. Em menos de um ano, de português não havia nada. Não, meu caro senhor, uma vez quebrados os laços políticos, ficam quebrados todos os outros. Mas então, sendo Angola parte de Portugal, não podem os americanos investir e exportar? Podem, decerto, mas têm de negociar com uma soberania responsável e com um governo que sabe exigir, ao passo que se o fizerem com um governo africano, inexperiente e fraco, sai-lhes mais barato. De resto, tudo isto está demonstrado: veja a Argélia, veja o Congo. Mas, para nós, o Ultramar não é economia, e mercado, e matérias-primas, e isso os americanos não o podem entender. Bem: este é um aspecto. Mas que quer dizer Ball com os prazos? É evidente que se os americanos estivessem dispostos a aceitar que Angola seja Portugal, não falavam de prazos. Poderiam querer discutir ou negociar connosco uma qualquer construção política ou jurídica que coubesse nos seus princípios teóricos, e depois apoiar-nos-iam sem reservas. Mas não: querem um prazo. Um prazo, para quê? E que se passa findo esse prazo? E enquanto decorre esse prazo, não acontece nada? Deixamos de existir no mundo, não se fala mais de nós? E os terroristas cessam os seus ataques? Ah! mas se os americanos podem garantir que os terroristas depõem aa armas, então é porque têm autoridade sobre os terroristas, orientam-nos, estão em contacto com eles. E os terroristas depõem as armas sem mais nada? Não exigem condições, não apresentam preço, e os americanos não assumem compromissos? Quais, como, para quando? E que promessas fazem ou fariam à Organização da Unidade Africana? E como justificaria esta o seu silêncio sobre nós e a ausência de ataques contra Portugal? Não, meu caro senhor, os americanos continuam a pensar que com jeito, docemente, conseguem anestesiar-nos e impelir-nos para um plano inclinado. (...)
Está claro que se aceitássemos o caminho dos americanos, em troca do Ultramar choveriam aqui os dólares, receberíamos umas tantas centenas de milhões. Ficaríamos para aí todos inundados de dólares e de graça. E sabe? Os que vierem depois de nós ainda haveriam de dizer: afinal era tudo tão fácil, não se percebe mesmo por que é que aqueles tipos não fizeram isto. Mas os dólares iam-se num instante, deixavam uma fábricas e e umas pontes, e depois começava a miséria. Duraria o ouro dois ou três anos. Depois era a miséria, a miséria, a dependência do estrangeiro. E em qualquer caso é-nos defeso vender o país.»
(Declarações de Salazar a Franco Nogueira)
in Franco Nogueira, "Um político confessa-se - (Diário 1960-1968)"
Excelente análise. Mas como sempre, com as coisas de Franco Nogueira, ficamos sem saber se são mesmo de AS ou se mais uma daquelas petas que FN, com a razão do a posteriori, gostava de por na boca de Salazar para se dar ares de intimidade e confidente, que aliás nunca foi no grau que pretende nos seus Diários, Memórias, e outra literatura do género... Mas ainda assim muito bem.
ResponderEliminarQualquer indíviduo minimamente inteligente (e são cada vez menos)sabe que os u.s. andaram a encher os turras de armas para matar portuguêses. A ideia de que foram só os c.c.c.p. é obviamente falsa.
ResponderEliminarE não é necessário declarações seja de quem fôr para imaginar o tipo de pressões que os "libertadores" dos u.s. exerciam sobre os outros incluindo os seus "aliados".
Só os ingénuos é que ainda acreditam que as relações com o "amigo" americano são relações de parceria e não ocupações e colonizações a vários níveis.
Mais, só os idiotas chapados acreditam que quem manda em portugal é o povo português ou até mesmo máfias controladas por portugueses (pois é um dado mais do que adquirido que quem manda em portugal são máfias).
O que o buiça vem aqui dizer para desacreditar o FN é irrelevante!
E depois ainda duvidam que o homem era um génio. O JM embirra com o Franco Nogueira, vá-se lá saber porquê. Quem nos dera ter muitos Francos Nogueiras.
ResponderEliminarBuiça? Eu?
ResponderEliminarEmbirro, embirro. Conheci-o bem. Sei bem o que valeu - foi muito - e o muito que não andou à altura desse muito. Enfim, fraquezas. Talvez, de facto, não valesse a pena notá-lo. É como o pensamento do Dr. Salazar: dispensa apostilas e colagens; está todo no que hoje citou o Euroultramarino.
Pelo contrário, gostaria de conhecer essas fraquezas. Quem, como eu, leu "Juízo Final" com vinte e poucos anos, quem o viu falar num colóquio sobre Salazar em 1992, ficou impressionado pela estatura moral e intelectual de Franco Nogueira e pelo seu portuguesismo. Se o ilustre blogueiro o conheceu e tem coisas para contar, que o faça, para proveito do conhecimento de quem não teve esse privilégio.
ResponderEliminarCaro FSantos
ResponderEliminarComungo nesse plano de admiração e ainda noutros - diplomáticos, políticos e históricos - que porventura lhe serão menos familiares mas que por dever de ofício me fizeram aprofundar uma ideia sobre FNogueira. Conheci-o além disso pessoalmente, em variadas ocasiões e com rasgos vários. Não tenho interesse em desmerecer FN, e confesso-lhe (já acima o disse) que talvez fosse desnecessário o meu áparte em sede de sublinhar o génio presciente de Salazar (que creio fosse a intenção do nosso anfitrião). Daí a canonizar FN vai um grande passo; e mantenho o que escrevi, devidamente explicado: FN foi um grande diplomata, a quem, p. ex. ficava mal no trato a "anglomania" e uma burlesca "hispanofobia". FN foi um político de vulto, mas um carácter desmerecido por doentias vaidades: a de ser um grande literato e a de ser um universitário. Não foi nem uma coisa nem outra, e nem por isso viu os méritos anteriores desmerecidos; entendeu que devia insistir e prestou a sua velhice às honras caricatas de uma universidade privada, à falta de outras das públicas (valham elas o que valerem...). Fraquezas de muita gente, dir-me-á; concedo; todavia, em FN a vaidade fê-lo exagerar: ansiou alimentar a hagiografia e consagrar a lenda do "delfinato" de Salazar (por confirmar e a disputar com outros) e enfeitou-se com as penas do confidente e os segredos do valido. Encheu os ditos Diários e Memórias dessas tesouros, que, infelizmente, quem conheceu e privou com Salazar não confirma, e que a múltipla documentação política e diplomática vinda a lume até contradiz. Escusava de se sujeitar a isto, ficando-se pelo brilho que merecidamente retirara de outras paragens.
E já agora, as minhas desculpas: desconhecia a marcação que já tinha feito no seu post de homenagem a António Lopes Ribeiro quando escrevi o meu...
ResponderEliminar"há falta" (pr'a corrigir acima)
ResponderEliminarObrigado pelo esclarecimento, caro JM. É curioso falar em hispanofobia; confesso que bebi um pouco nessa fonte, embora não me reconheça no termo fobia. Para quem conhece FN praticamente pelo que escreveu e por algumas intervenções públicas fica a imagem de um amor desesperado a Portugal e de uma necessidade enorme de passar uma mensagem de esperança, alertando para o que ele considerava as "ameaças permanentes" à Nação (externas e internas).
ResponderEliminarNão tem nada que se desculpar, e ainda menos se desconhecia o meu postal. Quantos mais formos a falar das coisas que o regime quer calar, melhor.
E ainda uma errata: o colóquio a que me referi uns comentários acima foi na Lusíada em 1990 (e não 1992) e foi coordenado por Jaime Nogueira Pinto. Teve um inusitado destaque na imprensa, do Correio da Manhã ao DN, além, claro de O Dia, que lhe dedicou páginas inteiras.
se fossem os índios e os pretos a colonizarem os europeus é que seria caso para se estranhar o fenómeno civilizacional...
ResponderEliminar":O.
e tecnológico, e tecnológico. Com aquela engenharia toda até podiam ter chegado primeiro à lua...
ResponderEliminarAfinal Salazar era do bloco de esquerda...
ResponderEliminarPara a patetice da questão posta por ab a resposta de Zazie não podia ser melhor...
Será que os asiáticos tinham o direito de ter invadido a Europa e a África e a América, como de facto o fizeram?
Será que os primeiros homens que saíram das profundezas de África tinham o direito de invadir o resto dos continentes? Só coisas que me preocupam...
ò Buiça- o neocon é você, não sou eu.
ResponderEliminarEu apenas referi um facto bué de fácil de se entender- todos os povos tiveram migrações e o mundo foi descoberto por meio delas e pelas viagens.
O colonialismo português ,tal como outros antigos, deriva deste facto bué de fácil de se entender. Foi assim a história da civilização.
Por isso, nestes tempos passados, ainda havia uma cultura, uma língua, um sentido de pátria a preservar nesses locais.
Coisa que os américas da mesma altura não tinham, como não têm agora. Vivem apenas de entrepostos no estrangeiro para defesa dos seus interesses.
O meu caro, gosta deste tipo de colonialismo porque é americano e portanto, do bom.
Eu, a falar verdade, nunca conheci nenhum. Apenas pelos livros e foi com isso que gozei.
Quanto a cenas éticas, passo. Se v- quer alterar a história do mundo, é consigo. Mas, nesse caso, não me parece que esteja a ser muito consequente no presente.
No outro post daquela nojeira de chacinas no Iraque até escreveu que é sempre assim. Que não lhe admira nada porque todas as guerras são assim.E desculpou a barbárie. Agora dá-lhe para os tremeliques africanos...
Pois olhe: aquela barbárie é que não é nada normal nem se pode comparar a nenhuma guerra entre 2 potências. Por uma simples razão- o Iraque não estava em guerra com os EUA.
Foram para lá para os libertar de uma ditadura e lhes ensinar a democracia.
E viu-se como lha andam a ensinar...
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ResponderEliminarE o mp-s também não chegou lá. Esta malta não entende a história e depois descontextualizam tudo.
ResponderEliminarÉ daquelas coisas básicas. Se alguém tinha de permanecer mais tempo e ficar por lá, seriam os primeiros que para lá foram e que por lá nasceram.
Não eram os américas. O resto foi asneira da grande. Todos colonizaram e o país que mais feitos teve na aventura das descobertas foi o que menos proveito tirou disso tudo.
E, ainda por cima, há uns toininhos que são capazes de admirar muito o colonialismo holandês ou o inglês mas envergonham-se do nosso passado histórico.
Na verdade, até penso que sempre foi assim. Nunca se ligou a ponta de um corno ao Império.
Eu cá nem conheço África. O meu pai ganhou um prémio por causa de uma custódia que fez para uma igreja de Lourenço Marques, tínhamos todos direito a viagem e ninguém foi...
Nem os monarcas da época colocaram os pés na Madeira....
eheheh
Mas é claro que faz parte da nossa história e de um tempo em que a coragem e o engenho português ainda existiam.
ResponderEliminarSão estas as nossas raízes.É esta a nossa História.
Ser-se português não é uma fabricação apenas com 3 décadas.
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ResponderEliminarSempre que apanho com essa malta a querer explicar Portugal à custa do seu umbigo, como se fosse o album de família que começou no dia em que nasceu...
ResponderEliminarBasta ir áquela nojeira do "5 dias" (tirando a quinta-feira) para se encontrar esse tipo de "novo-riquismos".
Esses é que fazem a História de Portugal a partir do dia em que houve o primeiro licenciado na família- eles- os doutores e vedetas de esquerda
":O)))
Só uma mini-nota para o ab:
ResponderEliminara superioridade tecnológica pode servir para uma coisa tão simples como velas para navegação à bolina.
Se não tem "técnica" não sai. Fica.
Não chega à Europa, nem chegaria à lua.
«Ser-se português não é uma fabricação apenas com 3 décadas.»
ResponderEliminarExactamente. Até porque isso é mais o "não-ser português". :O)
Caso também ainda não tenha percebido- o colonialismo acabou.
ResponderEliminarAgora só resta o neo-colonialismo. Que não fez qualquer avaria histórica e se desloca por meios mais que massificados.
Apenas mantem aquilo que o ab acha que merecia ser debatido e reflectido no presente: a facilidade de exploração dos mais fracos.
Ou o trabalhinho das hienas, por outras palavras.
ahahaha podes crer, Dragão!
ResponderEliminar"denomina (ao que parece, com algum 'desdem') de 'pretos' e 'índios' estavam "
ResponderEliminarSerá que negros e peles vermelhas, será mais do seu agrado?
"muito menos, que se aproveitassem da escravatura que por lá existia e a transformassem em larga negociata planetária;"
Ah, do mal o menos, pelo menos já admite que a escravatura não foi exportada de cá.
"E, já agora, que direito tinham os europeus de lhe impor a Civilização europeia????"
Devo lhe lembrar que aquilo que chama "civilização" foi importado dos seus queridos povos semitas, a chamada religião de israel adaptada a gentios: o cristianismo! Portanto esta religião espalha a palvra de "deus" (o deus judeu) sobre a forma de envangelização!
Dito de outra forma, rouba-se e mata-se mas tudo em nome de "Deus"!
"Querem ver que a Zazie e compagnons de route acreditam no 'untermenschen' e nos 'inferiores'?????
"
O neo-con aqui é você!
E tem razão, as colonizações foram um erro (histórico e portanto imutável)e portanto era tempo de acabar com elas. Pena é, que você e compagnons continuem a acreditar nelas!
"É que, afinal de contas, os EUA foram à lua. "
Olhe que hoje em dia já nem isso é garantido!
"A obstinação, o 'autismo' estratégico e ausência de pragmatismo dão ás vezes nisto. "
Sim vamos todos nas ondas porque uma delas chegará ao poder, e assim mantemo-nos na tona, nem que seja numa onda de merda! Tá a ver? Como fazem os seus amigos "eleitos"?
Já agora,..., foi assim também que sucedeu na áfrica do sul? Lembra-se? Aquela que juntamente com a frança ajudou a encher israel de armas nucleares? Como ultimamente já não era tão útil foi então abandonada à sua sorte, e acabou na linda coisa em que se tornou agora!
Já abriu (à algum tempo) a caça legal ao branco em áfrica, se fôr para lá agora ainda vai muito a tempo (ainda lá há alguns)!
Ó anonymous pan-exlamativo:
ResponderEliminarv. não sabe ler ou precisa de óculos:
"Caso também ainda não tenha percebido- o colonialismo acabou."
Quanto ao resto v. já respondeu por mim.
A "inferioridade" não está na cor
já agora: eu estava a responder ao Leclerc, ao ab.
ResponderEliminarV. o/a da hiper-pontuação não sei quem é. A menos que seja aquela cronista famosa...
Caro Dragão
ResponderEliminarHá séculos que não faço um comentário nesta fornalha (desde que os comentários foram banidos) mas a fornalha continua bem acesa. Lamento contudo informar que acabou o estado de graça porque eu queria dizer uma coisa sobre a 'confissão' de Salazar: Não basta ter razão, mas é preciso ter razão. Não sou juiz, também não sou adivinho, mas com um Rei, a história teria sido diferente. A descolonização seria pior? Duvido.
Responsáveis? Os ventos da história?
E agora?
Um abraço.
"quem car*lho lhe disse que eu sou neo-não-sei-que-mais?
ResponderEliminarEstá equivocada.
Não, não sou neo-isso-que-você-disse.
Então tá bem. Mas também não é a Vera Roquette?
Logo venho cá ler o resto que agora estou sem tempo.
Inté
só não percebi que é que isso tudo tem a ver com o post e com os meus comentários mas enfim...
ResponderEliminarSe não é a Roquette imita bem
":OP
e acredite que gostei particularmente da passagem da abundância da Cocanha, incluindo as luzidias trutas, os salmões e o whisky a jorrar das fontes.
ResponderEliminarTirava-lhe apenas as baleias, e acrescentava-lhe um niquinho de Bombay Sapphire com 2 pedrinhas de gelo. De resto, para mim, está óptimo.
Caro JSM, sabe decerto que é sempre bem vindo a este meu humilde estaminé. Coloca uma questão muito interessante e de todo pertinente. Conto responder-lhe. Num próximo postal. Há-de fazer-me a gentileza de tentar adivinhar qual.
ResponderEliminarEhEhEh
ResponderEliminarab: quem disse que me chamo Buiça?:o) :ab
Digo-lho eu, porque de resto já o admitiu aqui.
ab: O que se passa é que ando (e não sou só eu) a ficar um bocado desconfiado deste 'anti-americanismo' pavloviano e crescentemente fanático. :ab
Épá, não me diga que andam por aqui comunistas e esquerdistas frustrados pelo fim do "sol" soviético?
Sabe uma coisa ? Quem as faz um dia leva-as de volta e os americanos não são excepção.
ab: ... o seu hipócrita humanitarismo e pacifismo na crítica aos EUA enquanto, ao mesmo tempo, se prostram babados e subservientes frente a toda a sorte de facínoras. :ab
Lá estão os comunistas outra vez.
Sabe o que eu digo do humanitarismo e pacifismo? Que se fo***, assim como os comunistas, americanos e amigos.
zazie:
Caso também ainda não tenha percebido- o colonialismo acabou.
:zazie
Ah sim?
Então e a invasão da europa (com benção de todo o tipo de lixo políticamente correcto) não é uma forma de colonialismo?
Ò Ab, franchement... uma alegria seria mais isto...
ResponderEliminaro resto tenham lá paciência mas vão ter de reler tudo as vezes que forem precisas até perceberem o que eu escrevi.
E o post do Dragão também.
neo- meus caros: a diferença está toda aí.
Parece que ainda nem perceberam que ele fala precisamente do neo-colonialismo. Que é coisa que prescinde de qualquer sentido histórico, ou cultural ou patriótico...
ups! esqueci-me do underscore...
ResponderEliminarsorry, Dragão
mp-s:
ResponderEliminarO que faltou foi aquele capitalismo mais antigo que o resto da malta tinha- a começar pelos holandeses que agora servem de exemplo para tudo mas de quem ninguém se lembra do passado.
Faltou-nos a arte capitalista. Tínhamos engenho, tínhamos arte e coragem mas isto continuou atrasado. Depois foi um passar a perna que até mete impressão.
Os territórios não são apenas títitulos. Há pessoas que só conseguem pensar nas colónias como um território onde nunca nasceu nenhum tuga. Como coisa estrangeira em que se meteu a pata. E depois só houve guerra ofensiva. Nunca existiu defesa de nada nem de ninguém.
Aliás, fazer-se a História de Portugal por manual do PREC é coisa bem mais perniciosa e parece que nem se dão conta. È a tal fantasia do passado por cartilha adulterada. Bem que o José fez uns bons postes acerca disso. Mas não há nada a fazer. Tornou-se dogma inquestionável. Pior que qualquer dogma da ditadura. Nesse tempo, pelo contrário, toda a gente questionava as "versões oficiais".
ResponderEliminarNão me ocorre nada em que possa ter sido vítima de "lavagem cerebral" salazarista.
Mas duvido que pudesse dizer o mesmo se não tivesse resistido heroicamente a essa maltosa toda do PREC
":O)))
Quanto mais não fosse, por uma mera questão cultural devia-se cuidar desse passado.
ResponderEliminarFaz-me impressão esta ideia de "civilizações" sem história. Ou apenas com a boa da historieta valorativa do que é de bom tom e fica bem nas "normas presentes".
«Nunca tão poucos fizeram tanto».
ResponderEliminarMas o facto é que éramos realmente poucos. Muito escasso para uma coisa que, a certa altura, se tornou descomunal.
De qualquer modo, fomos os primeiros a chegar e os últimos a sair. E a nossa maneira sempre foi a nossa maneira. Nunca foi a dos outros.
Grande pornógrafo, sem dúvida, o Franco Nogueira - bem escolhido o título, portanto.
ResponderEliminar"«Não há dúvida: os americanos evoluíram alguma coisa, mesmo muito", principia Salazar. «Há ano e meio, há dois anos, julgaram que uma pressão, uma ameaça, um ultimato nos fariam cair, ou pelo menos modificar a nossa política. Bem: já viram que não dava resultado" - este foi o principal problema: o Dr. Salazar não o viu, não viu a necessidade de descolonizar e menosprezou os americanos. Dois erros que o país pagou caro. Ele caiu da cadeira e a culpa agora é do Soares (um detestável filho da puta, mas essa é outra questão): a ele saiu-lhe barato.
"A verdade é que se Angola ou Moçambique são Portugal, este não está nem deixa de estar presente: é, está." - a imbecilidade arcaica do argumento não merece comentário. Conclui o vate: "Não, meu caro senhor, uma vez quebrados os laços políticos, ficam quebrados todos os outros." Pois foi e porquê? Porque Angola e Moçambique eram Portugal, não precisavam de saber falar português, nem de ler os Lusíadas ou de conhecer Camões: eram. Partilhavam a essência (uma forma de Terra Prometida em versão seminarista). E está claro que para ser português não é necessário (nem convém!) ter "bolsas de estudo para formar médicos, engenheiros, técnicos". O melhor, mesmo, é não ter estudos nenhuns e cavar batatas e rezar o Angelus pela alminha do Senhor Dr. que nos tirou da guerra. Quando "a língua, a cultura, alguns costumes" portugueses não tiverem existência nenhuma fora da Península e da emigração, já sabemos a quem temos de agradecer: ao grande filósofo político da economia internacional (ao Salazar, não ao Arroja).
Depois, a pornografia hardcore: "Está claro que se aceitássemos o caminho dos americanos, em troca do Ultramar choveriam aqui os dólares, receberíamos umas tantas centenas de milhões. Ficaríamos para aí todos inundados de dólares e de graça. E sabe? Os que vierem depois de nós ainda haveriam de dizer: afinal era tudo tão fácil, não se percebe mesmo por que é que aqueles tipos não fizeram isto. Mas os dólares iam-se num instante, deixavam uma fábricas e e umas pontes, e depois começava a miséria. Duraria o ouro dois ou três anos. Depois era a miséria, a miséria, a dependência do estrangeiro. E em qualquer caso é-nos defeso vender o país.»" Na miséria já estava o país: pobre, analfabeto e dependente do estrangeiro (como se vê no miserabilista discurso de calcinhas na mão a gemer que a pilinha dos americanos até é fininha e dói pouco e nós somos machos, não é lá mais enrabadela menos enrabadela que nos abichana - nós somos machões de barba rija). Pontes e fábricas é que não havia. Quanto a vender Portugal, já aqui deixei a minha opinião: vamos a isso - agora até já é marca registada.
Não desmoralize,ó Antóinimo:
ResponderEliminarPara a dispepsia sempre tem o Compensan; e para a diarreia já existe o Imodium Rápido. O progresso é uma coisa maravilhosa.
E viva o PREC!...
ResponderEliminarA culpa é do Salazar.
Bom, caro Dragão, se quer continuar nesse tom de fantasia médico-escatológica, mais vale irmos todos ler a história da carochinha.
ResponderEliminarMas eu percebo-o: saudades dos quioco... é pena é ninguém ter-lhes explicado que eles eram portugueses... bom... porque eram. Há para aí tantas saudades dessas. E há lá coisa mais portuguesa que as saudades. Dizem (os que não falam senão o português) que nem tem tradução (ainda bem: o que é nosso não se partilha, pois, é certo que " é-nos defeso vender o país", como bem notava o Senhor Dr., nas sempre fiáveis memórias de Francisco Nogueira).
Olha! Mas estamos de acordo:
ResponderEliminarViva! E pois é. Mas isso acho que todos já sabíamos - só o esquecemos, temporariamente, para impressionar os leitores.
No progresso é que não acredito. E, aceitando-o como hipótese, dificilmente me maravilha.
ResponderEliminarmp-s:
ResponderEliminarQuanto aos historiadores não me fales de misérias. E esse papagaio que citaste é apenas um jornaleiro que alterna o Delgado.
Ainda assim, sobre o Antigo Regime tens bons estudos do VPV.
E perguntar à família também ajuda, ainda que aí haja versões incompatíveis.
Eu tenho uma ideia muito cinzentona desses tempos. Mesmo muito. Mas a ideia de inexistência de crítica é impensável. Não me lembro de tanta crítica como a que se passava na minha família, perfeitamente dividida entre "opositores" e salazaristas.
E nem me lembro de tanta tertúlia e venda de livros proibidos e passagem de filmes censurados como nessa altura.
Essa foi a minha experiência. Há-de haver muitas outras com a tal MP obrigatória e coisas do género que desconheci.
Até fiz exame da 4ª classe de calções. Em escola da Câmara e em pleno Salazarismo...
Quando muito seria saudades das quiocas, o que não é o caso, porque as quiocas são as mais feias de Angola.
ResponderEliminarJá que você errata os quiocos por quiocas, errato eu também:
ResponderEliminaronde se lê "pois, é certo que " é-nos defeso vender o país"" leia-se "pois é certo que " é-nos defeso vender o país".
onde se lê "Francisco Nogueira" leia-se "Franco Nogueira".
Não foi a subtileza da ironia a absurdificar, foi mesmo a grosseria do engano.
sexo, sexo, sexo... só pensam nisso...
ResponderEliminar":O)))))
O Francisco Franco era um outro que não era nogueira, nem gostava tanto do António (se bem que tivesse chamado por ele uma vez ou outra).
ResponderEliminarOlhe lá,ó Lecrerc:
ResponderEliminaro postal é sobre política externa e sobre um diagnóstico que foi comprovado. Isso de ladrar ao Salazar, é tique pavloviado herdado do PREC e da lobotomia subsequente, que ainda hoje vigora. Essas outras questões não vêm ao caso. Poderemos discuti-las, quando eu postar sobre isso (e, só por causa das tosses, hei-de fazê-lo).
Mas desde já adianto: Se o povinho não queria cavar batatas e preferia ir limpar retretes para Paris, é questão que não me tira o sono nem atormenta minimamente. Nisso, acho eu, o Dr.Oliveira Salazar, como bom realista, deve ter pensado: ai não querem mais vida saudável no campo? Então vão lá para a estranja, dar uma de cafres prós franciús, mas mandem para cá as remessazinhas que isso ainda nos dá mais lucro.
O Salazar,nessa peculiar matéria, foi até um génio pioneiro: em vez de deslocalizar indústrias, deslocalizou a mão de obra, que, por força de abundantes progénies, era coisa que não faltava. E com isso valorizou toda uma série de labregos ambiciosas que subitamente acordaram cheios de fornicoques e gulas burguesas. Pensei que, na sua qualidade de liberal, isto fosse do seu agrado e maravilha.
Mas, afinal, vem-me com argumentos que eu estou mais habituado a ouvir aos comunistas...
Você sabe porque é que os comunistas precisam da indústria e do emprego, e tão desalmadamente o defendem?
Porue sem eles lá se vai a sua (e da família toda) mamazinha no sindicato, a "representar" os interesses dos trabalhadores. Não há parasita que não adore o seu hospedeiro. :O)
Você hoje acordou para o lado taxista, ó Dragão.
ResponderEliminarDeixe-me só dizer-lhe que prognósticos desses são fáceis: é como o caruncho, depois de lhe comer o miolo, a dizer "este móvel vai cair, é uma questão de dias, semanas no máximo". Por essa lógica o diário do Sócrates vai fazer dele uma iluminada pitonisa.
Querer estipular o que se pode comentar e não comentar na caixinha dos comentários é tique pavloviano herdado da PIDE, absolutamente pueril num mundo onde quem manda é o Google.
O génio pioneiro do Dr. Salazar consistiu, afinal, na descoberta do verdadeiro prognóstico depois do jogo.
ResponderEliminarMas eu não me estava a dirigir a si, caro Antónimo. Eu estava a dirigir-me ao Lecrerc, aliás Ab. Sugeria-lhe portanto que repensasse esse seu último, infeliz e descabido comentário.
ResponderEliminarAté porque eu posso estipular o que muito bem me der na real gana nestas caixas de comentários, já que estou superiormente investido desses poderes para-excelsos e semi-divinos. Posso criá-las, extingui-las, censurá-las, filtrá-las, editá-las, etc.
Pretende censurar o meu lado taxista? Vem snobar-me? Dê-se por feliz por não conhecer o meu lado açougueiro.
O último e o penúltimo, já que irrompeu entretanto com mais outro.
ResponderEliminarSff.
Mas,enquanto não repensa, ó Antónimo caro amigo, sempre lhe digo que é melhor acordar para o lado taxista do que adormecer para esse mesmo lado. Galhar (significa "ferrar o galho") enquanto conduzo, ainda resulta em dar com o táxi e a clientela de pantanas. E depois vivo de quê?
ResponderEliminarCobro entradas aqui no blogue?
o Antónimo e os seus eternos preconceitos esquerdalhos.. ai, ai... onde é que eu já li isto...
ResponderEliminarSe estivesse no Cocanha já lhe tinha retribuido a cena da censura com as suas próprias palavras.
Por falar neles. Há aí um tipo dos 5, deve ser o cão, que até faz uma cena mais gira: edita os comentários das pessoas, altera o que elas escreveram, retira-lhe o que bem lhe apetece e depois responde no mesmo comentário.
ResponderEliminarE mais, a mim avisou-me logo que eu estava a comentar demais e o próximo ia apagar.
O apertadinho...
ahahaha a liberdade para os palhaços esquerdalhos é que me dá cá uma vontade de rir
Quem são "os 5"?... :O)
ResponderEliminarCaro Dragão, basta-me o lado que lhe conheço. Não quero mais nenhum. A referência ao taxista enquadra-se no tipo de argumentação e foi convocada com toda a amizade. Traga o açougueiro quando quiser: deve ser tão divertido como os outros. Não respondi no papel de ofendido (ninguém apontará a minha "qualidade de liberal"). De snobs não gosto: são uns wannabe que em nada me entusiasmam. Não se apouque com melindres, homem, que a gente gosta de andar por aqui.
ResponderEliminarehehe os 5 são estes toninhos:
ResponderEliminarhttp://5dias.net/
O único que se safa é o quinta-feira.
Quer-se dizer... mesmo que não escreva nada de jeito sempre é agradável à vista...
":O.
mas o Tim é o terça-feira. Um burgesso que faz favor...
Gaita, Zazie, andas por cada aterro sanitário!... :O)
ResponderEliminarPois no meu entender, a única comestível,como deves calcular, é a quarta-feira.
Comestivel, tragável e papável! Deveras.
Pronto, Antónimo, não se fala mais nisso: se a opção é entre o Pide e os melindres, prefiro o Pide. Até já estou de gabardine, chapéu e óculos escuros.
Pois é assim a vida. Já me pirei. E pronto, para ti a quarta-feira; para mim a quinta e com banquete de superior qualidade, caso essas coisas pudessem ser comparáveis...
ResponderEliminar":OP
e eu também tenho. Era lindo era...
ResponderEliminarahahaha
Cambada de brutinhos
":O))))
O abu é tão orgulhoso das suas raízes transmontanas que até já assinou comentários com o nick: sionistas transmontanos.
ResponderEliminarDeve ter sido record...
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